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NARRATIVA:
Só mais um dia, porém em duas visões.
SÃO LEOPOLDO
2018
“E sua alegria se tornava inquieta,
batendo as asas dentro dela, como
quem busca uma chance de sair
voando.” Chimamanda, (p. 72).
VISÃO DA DIENNIFER
Sair de casa, sem rumo e sem intuito, pode ser um desafio para tantos
e tantas, porém, para mim, era maior: escolhi um dia de chuva. Mas, apesar do
aconchego do lar em dias como este, me propus a esta aventura. Saí com meu
guarda-chuva, e minha cabeça avoada, achando que estava plenamente
preparada para o que o mundo lá fora me reservava de inusitado e (im)previsto,
mas logo percebi: esqueci e saí de chinelo. Pois bem, a chuva batendo gelada
em meus dedos desprotegidos me fez refletir sobre a minha falta de atenção
com, basicamente, a maioria das coisas que faço no meu dia a dia.
Apesar da chuva batendo, o dia não estava fresco, e muito menos frio.
Estava um dia abafado, como estes regulares de verão quando chove; o céu
estava em uma cor acinzentada, o que particularmente acho bonito de apreciar,
pois esse tom de melancolia agrada aos meus olhares. Imaginei naquele
momento, embaixo daquela chuva, todas as pessoas que, por algum motivo,
estavam à olhar aquele dia como eu, e me peguei imaginando se algumas delas,
nesse momento, ao redor da cidade, estaria apreciando esse tom melancólico
que o dia nos oferecia.
Passei mais um tempo naquela praça, ouvindo os sons altos dos carros
no asfalto, dos cachorros latindo, das conversas paralelas, de uma fruteira
anunciando as ofertas do dia, de passos apressados, de passos lentos, da chuva
fraquinha batendo no meu guarda-chuva, e me entediei.
Procurei seguir caminho pela rua principal da cidade, para o lado onde
fica a Lagoa Armênia, o ponto turístico mais procurado por lá. Percebi as ruas
mais vazias para aquele lado, visto a distância tomada da área comercial. Mas
foi ali que tive um último encontro, caminhando pela rua. Naquele ponto da minha
caminhada a chuva tinha cessado, e eu estava perto de uma pracinha da cidade,
e avistei uma quantidade exorbitante de crianças naquele lugar, e logo avistei
algumas professoras, concluindo ser um passeio de escola. Tentei não julgar
naquele momento, mas somos humanos, e fazemos isso com frequência, e me
peguei pensando de quem foi a genial ideia de trazer crianças na pracinha após
um período longo de chuva. Mas isso não pareceu importar para elas, as
crianças, pois brincaram como se estivesse tudo seco e impecável, e me peguei
refletindo sobre essa parte inicial da nossa vida, como tudo é bom, nada tem
defeitos, e conseguimos nos agradar com facilidade.
Por fim, voltei à minha casa, pensando sobre como tornaria essa
narrativa algo interessante de se ouvir ou ler. Mas percebi que nem tudo precisa
ser interessante, nem tudo precisa de propósito, e nem tudo precisa de um fim
lindo e emocionante, ou drástico, ou engraçado. As coisas simplesmente
precisam ser.
VISÃO DA VERÔNICA
Eu não sei se isso terá um significado para quem ler, se vai ser
emocionante, ou vai soar desnecessário e sem sentido para alguém. Mas, isso
fez com que eu pensasse, pelo menos um dia em mim e na minha vida, pois tudo
passa tão corrido pelos nossos olhos, que nem percebemos o valor e o
significado que possuem.
REFERÊNCIAS NA NARRATIVA: