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11/05/2023, 10:05 Unicesumar - Ensino a Distância

MAPA - TEOL - ÉTICA CRISTÃ E RESPONSABILIDADE SOCIAL - 52/2023


Período:08/05/2023 08:00 a 02/06/2023 23:59 (Horário de Brasília)
Status:ABERTO
Nota máxima:3,00
Gabarito:Gabarito não está liberado!
Nota obtida:

1ª QUESTÃO

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11/05/2023, 10:05 Unicesumar - Ensino a Distância

Explosão é vista na capital ucraniana Kiev no dia 24 de fevereiro


- Foto: Gabinete do Presidente da Ucrânia via EBC (https://jornal.usp.br/atualidades/guerra -na-ucrania/)

RACIONALIDADE COMBATIVA E FÉ CRISTÃ

Desde o dia 24 de fevereiro o mundo está em pânico devido à invasão da Ucrânia pelos
exércitos da Rússia. É comum ouvir pessoas indignadas: “Isso não é possível! Logo agora que estávamos
pensando que o mundo iria começar a se recuperar da Pandemia de Covid.” Além das cenas de violência, da
conflagração generalizada e de mais um povo vivendo situação de êxodo e migração, ainda temos que lidar
com as diversas crises consequentes de um mundo globalizado. Como as altas e baixas nas bolsas de
valores, alterações cambiais, aumento da inflação, redução do poder de compra, aumento de valores de
combustíveis e diversos aproveitadores que tiram vantagens de situações como esta, aumentando a
violência e exploração mundo afora.
Diante disso perguntamos: O que leva as pessoas à guerra? Será que existe uma espécie de
racionalidade combativa? De forma ampla, podemos analisar essa questão a partir das racionalidades. No
geral elas limitam ou ampliam a capacidade de lidar com as múltiplas percepções da realidade. Elas
explicam “porque fazemos o que fazemos” e, nesse caso, podem ajudar a entender o sentido das guerras.
Um dos principais problemas é a forma de pensar. As sociedades assumiram o pensamento sintético
segunto a racionalidade Aristotélica (Premissa Maior, Premissa Menor, inferência lógica e a Conclusão) . Na
prática a metodologia de Aristóteles propõe uma operação matemática (processo dedutivo) sempre
orientado para a síntese. Essa racionalidade é dirigida para eliminação das diferenças e para a consequente
obrigatoriedade da síntese. Com isso a operação matemática sempre aplica reduções para que a dedução
seja concluída.
Essa lógica é altamente combativa. É o fundamento do cartesianismo, da dialética, e o
fundamento lógico de diversas formas de reflexão, inclusive religiosas. Ela propõe a resolução de conflitos
pela eliminação das diferenças. Parece certa, mas quando aplicada a seres vivos, estabelece um determinado
grupo pela eliminação dos Outros.
Essa lógica também fundamenta a religião Cristã? Será que essa lógica é praticada em igrejas da
atualidade brasielira? Será que as comunidades que caminharam com Jesus partilhavam dessa lógica
combativa?

A partir do texto acima, pede-se que seja elaborado um texto em formato de Resumo Expandido sob o
título: Racionalidade Combativa e Fé Cristã. Deverá ter no máximo 500 palavras, ser escrito com fonte
Arial tamanho 10, espaçamento simples, com negrito apenas no título do resumo.

O Resumo Expandido deverá conter dois parágrafos: o primeiro com os ítens 1 a 6 e o segundo (no mesmo
parágrafo):
1. Uma breve apresentação do tema explicando a relevância do tema para pesquisa.
2. Problemática apresentando o que será estudado. Em nosso caso, tratando da incompatibilidade entre as
Racionalidades combativas e a Fé Cristã. Também é importante diferencias Fé Cristã (atual) de Comunidades
dos tempos de Jesus.
3. Objetivos apresentando os alvos a serem alcançados. Em nosso caso, identificar e diferenciar as
racionalidades combativas da Fé Cristã e das Comunidades dos dias de Jesus.
4. Metodologia: Neste caso será uma pesquisa aplicada, qualitativa, exploratória e bibliográfica. (Serão
consultados artigos científicos e livros sobre a temática) 5. Fundamentos e Referenciais de pesquisa
apresentando a origem dos dados a serem estudados. Os referenciais teóricos utilizados para fundamentar
a pesquisa. Neste caso, a Bíblia, os artigos sobre a guerra e o Livro texto da Disciplina, por exemplo. Pode
colocar o que será encontrado em cada bibliografia.
6. Hipótese apresentando as expectativas da pesquisa. Nela você colocará suas conclusões iniciais. Por
exemplo: Espera-se que essa pesquisa identifique e diferencia a Fé Cristã, As comunidades nos tempos de
Jesus e a Racionalidade combativa.
7. Constatações e resultados da pesquisa onde serão apresentados em um parágrafo breve a
compreensão final sobre o assunto estudado. Espera-se que, a partir da pesquisa o(a) estudante se
posicione sobre a relação entre a Racionalidade Combativa e a Fé Cristã.

Auxílio extra:
- A racionalidade combativa pode ser estudada a partir do pensamento sintético de Aristóteles. Para isso é
preciso entender o processo lógico da síntese e suas relações com seres vivos.
- A Fé Cristã é um termo amplo usado para designar a compreensão das igrejas na atualidade. Há muita
diversidade, mas ainda assim é possível identificar se as comunidades de fé, no geral, compartilham de
ideais sintéticos da racionalidade combativa. É possível identificar se as pessoas nas igrejas seguem
princípios de separação, exclusão dos diferentes e síntese dos escolhidos?
- Ao estudar os evangelhos é possível identificar uma racionalidade combativa? Excludente e Sintética? Ou
será que os evangelhos apresentam um olhar mais integral de aceitação e inclusão das diferenças mantendo
a realidade diversa, sem síntese? Você pode usar textos bíblicos que fundamentem sua opinião.

Texto auxiliar para pesquisa:

A FÉ CRISTÃ FRENTE ÀS RACIONALIDADES SECULARES


Pf. Dr. Eduardo Sales de Lima

Desde o dia 24 de fevereiro o mundo está em pânico devido à invasão da Ucrânia pelos exércitos
da Rússia. É comum ouvir pessoas indignadas: “Isso não é possível! Logo agora que estávamos pensando
que o mundo iria começar a se recuperar da Pandemia de Covid.” Além das cenas de violência, da
conflagração generalizada e de mais um povo vivendo situação de êxodo e migração, ainda temos que lidar
com as diversas crises consequentes de um mundo globalizado. Como as altas e baixas nas bolsas de
valores, alterações cambiais, aumento da inflação, redução do poder de compra, aumento de valores de
combustíveis e diversos aproveitadores que tiram vantagens de situações como esta, aumentando a
violência e exploração mundo afora.
Diante disso perguntamos: O que leva as pessoas à guerra? Será que existe uma espécie de
racionalidade combativa? De forma ampla, podemos analisar essa questão a partir das racionalidades. No
geral elas limitam ou ampliam a capacidade de lidar com as múltiplas percepções da realidade. Elas
explicam “porque fazemos o que fazemos” e, nesse caso, podem ajudar a entender o sentido das guerras.
Para melhor definir e entender nossa abordagem, primeiro precisamos separar alguns termos. Por
Racionalidades Seculares estamos tratando especificamente da mentalidade principal na formação do
pensamento das sociedades contemporâneas. Claro que existem várias formas de pensar, todavia, estão
limitadas pelas formas de compreensão. Todavia, na prática, a forma de pensamento sintético popularizada
principalmente após Aristóteles, tem grande influência sobre o mundo. Ela é baseada em operações
matemáticas e funciona por meio de um processo dedutivo. Ou seja, diante de várias possibilidades, aquelas
consideradas piores são excluídas ou reunidas de forma a produzir uma síntese que seria a verdade
resultante. Esse tipo de reflexão influenciou toda a humanidade, inclusive a teologia.
Na guerra, a reflexão sintética pode ser vista pelo confronto entre duas potências (premissas)
donde a inferência lógica resulta na síntese onde “os melhores” vencerão. Esse pensamento não funciona
somente nas guerras, mas também nos vestibulares, e nas vagas de emprego. Também é assim no mercado,
entre as empresas, na política, nas religiões. E, de certa forma, em toda a vida ao nosso redor. Trata-se de
uma forma de pensar, agir e entender, por isso uma racionalidade. É o fundamento de lógicas de seleção e
exclusão. Sua racionalidade valida as tomadas de decisão com ideais de qualidade. O problema surge
quando essa racionalidade é aplicada às relações sociais. Neste caso, torna-se uma forma racional de validar
a violência.
Dito isso, vamos ao segundo conceito importante para nossa reflexão: O que são as
Comunidades dos Seguidores de Jesus?
Ainda não eram cristãos no sentido moderno do termo. Embora seguissem a Jesus, eram, na maioria judeus
e alguns gregos. Os principais textos para entender as características dessas comunidades são os
testemunhos dos evangelhos e as diversas correspondências, principalmente entre o Apóstolo Paulo e as
primeiras comunidades cristãs-gentílicas.
Naquela época a racionalidade secular era dirigida por valores sintéticos e absolutistas. Em seu
contexto, a dominação e o imperialismo impuseram a Pax Romana como instituição fundada na força,
submissão e exclusão dos diferentes. Diante dessa realidade os judeus propuseram diversas revoltas antes e
depois de Jesus, todas com o intuito de libertação da subjugação política e ideológica. O que não estava
resolvendo porque os grupos de resistência partilhavam da mesma racionalidade que os opressores.
Independente da identificação religiosa dessas comunidades, pode-se afirmar que estavam sendo
orientadas a não seguir as racionalidades seculares (Rm 12:1-2; Jo 3:1-12; Mt 5:20; Mateus 5-7; etc...). E foi
justamente a mudança de racionalidade que possibilitou um choque cultural que abalou o mundo. As
propostas da comunidade dos seguidores de Jesus eram baseadas em outra racionalidade, uma proposta
integralista e não combativa.
Desde o começo Jesus propõe que seu ministério é de revelação e não de confronto militar. O batismo de
Jesus aponta para esse ministério (Mt 17:15), assim como a identificação de Jesus com a vontade do Pai (Mt
7 :21; 12:50; Jo 6:40; Jo 10; 17). O chamado dos discípulos demonstrava publicamente a que Jesus veio, e foi
para incluir. Não era uma escolha/seleção entre os puros e religiosos dedicados, mas uma abertura, um
caminho de acesso para as pessoas simples do povo, inclusive de opiniões políticas diferentes. Exemplo
disso foi a escolha de Mateus, um cobrador de impostos (trabalhava para Roma), e Simão, um Zelota
(opositor ao império romano). Nesse chamado não foi exigido nenhum compromisso religioso além do
desejo e compromisso de seguir.
Jesus não propôs afrontas políticas ou algum tipo de revolta civil. E quanto seus discípulos seguiam a
racionalidade excludente e violenta, eram instruídos a largar as espadas (Mt 26:52). Não tinha como pregar
uma racionalidade inclusiva e destruir os opositores. Dessa forma a comunidade dos discípulos de Jesus
sempre esteve de braços abertos, até para os fariseus e autoridades políticas como Nicodêmos, por
exemplo (Jo 3).
A racionalidade do cristianismo pregada por Jesus confronta as tradições religiosas e políticas
baseadas em racionalidades sintéticas e excludentes. Jesus pregava contra essa racionalidade quando
andava entre “prostitutas e publicanos” (Mt 21:31-32). Inclusive, podem ser contados entre os discípulos,
como é o caso de Mateus e de Maria Madalena. Claro que deveria haver muitos outros e outras como o
endemoniado Gadareno que se dispôs a seguir Jesus.
O maior confronto, entretanto, era a comunhão de mesa. Quando Jesus se dispunha a comer com
“publicanos e pecadores” (Mt 9:10-11) afrontava à racionalidade secular baseada na lógica excludente e
sintética praticada por alguns religiosos do judaísmo da época. Quando apresenta a parábola do “Bom
Samaritano” (Lc 10) ou quando o evangelho relata que o único dos leprosos curado que retornou era um
Samaritano (Lc 17:16), confronta a racionalidade secular. Tudo isso porque a racionalidade cristã deveria ter
um sentido diferente (Mt 5:20), pois não era uma lógica sintética focada em separar os bons dos ruins, os
certos dos errados, os puros dos impuros, mas estava voltada para inclusão de todos na e pela Graça de
Deus.

Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos
inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer
o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que
recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos,
que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o
vosso Pai celeste. (Mateus 5:43-48, ARA)

É uma racionalidade que prega o amor e o perdão mesmo diante da espada e da violência (Mt
2 6:52). A lógica dos evangelhos é muito próxima do pensamento inclusivo oriental que entendia toda a
realidade conectada. Até mesmo as afrontas ou rivalidades dialéticas eram interpretadas de forma
harmônica e não-combativa (Jo 11:4). O auge dessa mensagem foi a tradição das palavras da Cruz, onde
mesmo sofrendo todo tipo de escarnio e violência Jesus orou para que Deus perdoasse seus agressores (Lc
2 3:34).
Há vários textos sobre essa racionalidade integralista, voltada para o cuidado e aceitação das
diferenças. Essa é a essência da graça, que não é por nenhum mérito humano. Todavia, resta uma pergunta:
Se esta é a racionalidade dos evangelhos, então qual o motivo das disparidades na racionalidade cristã
atual?
Em razão dessa pergunta, deixei a definição sobre o que é a Fé Cristã por último. Primeiro, é
patente que ela precisa ser diferenciada dos Seguidores de Jesus. Nela reunimos as igrejas e comunidades
de fé que se proclamam cristãs. Podemos reunir toda a igreja de forma generalizada. Agora, a diferenciação
se deve principalmente à racionalidade.
Na tradição histórica do cristianismo a comunidade dos discípulos de Jesus se aproximou de
diversas estruturas ideológicas configuradoras da vida. O imperialismo e políticas romanas, os diversos
imperialismos e políticas mundo afora, antes e após as Reforma Protestante. E mais recentemente, desde o
século 19 vários movimentos de renovação da espiritualidade, incluindo a recente emergência do
pentecostalismo como ramificação da igreja. Apesar de todas as alterações que surgiram com esses

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movimentos, a racionalidade combativa sempre esteve presente na Fé Cristã. Seja pela eliminação dos
hereges, ou pelas concorrências entre comunidades de Fé, ou ainda por disputas diversas por poder. Sim,
desde cedo percebe-se o distanciamento e abandono da racionalidade dos evangelhos em razão de
racionalidades seculares. Todavia, não se deve tomar essa afirmação como integral porque é possível que a
racionalidade dos evangelhos semroe esteve presente em pessoas dispostas a seguir a mensagem dos
evangelhos.
Atualmente, o cristianismo sobrevive às mudanças da “pós-modernidade”, mas não sem baixas.
Os valores e ideais continuam processos de identificação com racionalidades seculares e, desde tempos
memoráveis, a racionalidade sintética e excludente continua conquistando adeptos, inclusive dentre os
novos “seguidores de Jesus”. O que se apresenta na atualidade são diversas formas de cristianismo
sincrético, não com outras religiões, mas com a racionalidade secular. E com isso, valores centrais como a
racionalidade inclusiva fundada na Graça e testemunhada nos evangelhos continua sendo abandonada.
Todo esse texto responde às questões iniciais com uma provocação final: Será que as
comunidades de fé atuais ainda podem se chamar de Cristãs? Será que ainda há compromisso com o
seguimento de Jesus? E será que a violência e as guerras podem ser frutos não desejados desses
cristianismos de racionalidade secular?

ALTERNATIVAS
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