[1] O documento discute as dificuldades da inclusão social de pessoas com deficiência e como a sociedade as vê de forma preconceituosa e segregadora.
[2] A autora critica as leis de inclusão por terem um viés discriminatório e aponta que a prática da inclusão nas instituições ainda precisa melhorar.
[3] Também destaca a importância de se olhar a pessoa com deficiência de forma holística, considerando seus desejos e capacidades, e não apenas suas limitações.
Descrição original:
Título original
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA E SUA RELAÇÃO COM O SOCIAL
[1] O documento discute as dificuldades da inclusão social de pessoas com deficiência e como a sociedade as vê de forma preconceituosa e segregadora.
[2] A autora critica as leis de inclusão por terem um viés discriminatório e aponta que a prática da inclusão nas instituições ainda precisa melhorar.
[3] Também destaca a importância de se olhar a pessoa com deficiência de forma holística, considerando seus desejos e capacidades, e não apenas suas limitações.
[1] O documento discute as dificuldades da inclusão social de pessoas com deficiência e como a sociedade as vê de forma preconceituosa e segregadora.
[2] A autora critica as leis de inclusão por terem um viés discriminatório e aponta que a prática da inclusão nas instituições ainda precisa melhorar.
[3] Também destaca a importância de se olhar a pessoa com deficiência de forma holística, considerando seus desejos e capacidades, e não apenas suas limitações.
QUINTÃO, D. T. R. Psicologia e Sociedade: Algumas reflexões sobre a pessoa
portadora de deficiência e sua relação com o social. Canoas/RS: Centro Clínico Thiago Würth - Instituto Pestalozzi , 2005.
Denise Teresinha da Rosa afinal de contas a lei apenas obriga que
Quintão, psicóloga especialista em uma demanda seja cumprida, mas a Psicologia Organizacional e do assistência a ser prestada nesse sentido Trabalho, traz nessa obra algumas ainda é precária. A sociedade ainda reflexões histórico-sociais e políticas possui muita dificuldade na realização sobre a pessoa portadora de deficiência, da inclusão, seja ela no campo apontando as dificuldades da inclusão comunitário ou corporativo, pois vividas em diversos contextos sociais. algumas deficiências são mais As leis relacionadas à inclusão e “preferíveis” que outras. Um exemplo proteção social (ECA, Lei de Diretrizes disso, que a autora traz no texto, são as e Bases da Educação Nacional, Leis empresas escolherem contratar pessoas trabalhistas e etc.) por si só, na visão da com uma deficiência “visível”, um autora, possuem um caráter “portador”, pois assim é mais fácil de discriminatório e/ou segregador. identificar essas pessoas. Mas a gente se Partindo desse ponto de vista, pergunta, o que de fato está por trás concordamos que para existir inclusão dessa escolha? Seria, talvez, o fato de social é necessário haver o principio de que essas pessoas devam ser tratadas de exclusão. O fato é que, durante muito forma melhor ou pior do que os tidos tempo, todo aquele dito “diferente”, como “normais”? Ou simplesmente para “especial” ou mesmo “anormal” é mostrar que possuem colaboradores vitimizado, excluído e considerado deficientes e cumprem seu “papel incapaz perante a sociedade, quando na social”? verdade é apenas um sujeito que possui Ainda na contemporaneidade, suas limitações, sejam elas físicas ou Quintão coloca que, o surgimento de mentais. ONGs (mantidas através de doações e Nos tempos atuais a prática da trabalhos voluntários) que prestam inclusão (principalmente nas atenção aos portadores de deficiência é instituições, como indústrias e escolas) uma demonstração de um sintomas de ainda não é levada tão a sério, há (pré)conceitos sociais distorcidos, visto sempre uma necessidade de revisar que as verbas advindas das autoridades essas práticas, pois as instituições visam governamentais “garantidas” por leis apenas inserir o sujeito no local sem demoram a chegar, e esta situação prestar nenhuma atenção para suas apenas reflete a desvalorização, por necessidades e/ou demandas. Aqui parte das autoridades, para com essas estamos vendo os princípios da pessoas necessitadas. Aqui fica nossa exclusão agindo de forma silenciosa, critica aos órgãos do governo que se dispõe a gerir os recursos financeiros também uma ruptura de paradigmas pilares de instituições que prestam estéticos impostos. Assim, concordamos atenção aos portadores de deficiência, e e reforçamos a ideia de que a “esquiva” que são negligentes frente à realidade da sociedade para com pessoas social vivenciada nas comunidades do deficientes é uma forma de restaurar um país inteiro. As ONGs, ao nosso ver, ideal de perfeição social, então o ato de proporciona uma interação social e cria excluir o diferente é apenas um reflexo vínculos com a comunidade, mas, ao de afastar aqueles que não mesmo tempo, retira do Estado uma correspondem às caricaturas utópicas e função que é direito de cidadania dessas padronizadas de cada sociedade. Vale pessoas. lembrar que o questionamento do Quintão traz alguns autores, como contrário (como o deficiente vê a Eizirik, Walter Benjamim, Foucault e sociedade) é algo a ser analisado, afinal Ferreira , para conceituar alguns de contas os “normais” é que são aspectos de desagregação e deferentes, visto por outra ótica. esfalecimento social, a fim de A subjetividade entra como um contextualizar as facetas históricas e ponto interessante, diríamos até sociais a respeito da aceitação e/ou importante, na construção da identidade exclusão social frente à problemática do sujeito humano que escreve sua dos deficientes, que ocupam um “não- história no contexto em que está lugar”, perante a sociedade. Dito isso, inserido. Apesar de ser uma verdade concordamos que o portador possui um que a história social se esquece dos sentimento de exclusão muito grande excluídos, pensamos que este fato é devido ao histórico social que algo relativo, pois, entre em algumas carregamos de segregar todo aquele que convenções sociais, trazer a tona é diferente de nós. histórias de indivíduos esquecidos é um A problematização das relações ato de generosidade, bondade e mesmo sociais, frente ao portador de deficiência motivador. física e/ou mental, começa em um A autora dessa obra caminha principio de simples nomenclaturas brevemente em contextos históricos designadas a esses sujeitos. Aqui a diferentes e critica algumas “formações autora traz a ideia de que o sujeito sociais da mente”. Tendo uma visão “portador” é aquele que leva, carrega, biopsicosocial, o tema a ser tratado segura a dor consigo e que a ainda precisa ser muito discutido e “deficiência” traz a ideia de algo debatido pela sociedade em geral. imperfeito, falho, defeituoso. Todas Órgãos públicos, instituições e essas “nomeações” remetem claramente comunidades precisam ater-se aos a imagem que se formula na cabeça das fatores que foram desenvolvidos ao pessoas, de um alguém que possui logo do tempo para que chegássemos imperfeições humanas, em seu corpo onde estamos e de fato passar a olhar o físico, e que são visíveis sem maiores sujeito como alguém que possui direitos esforços. Claramente percebe-se não só e deveres, desejos e sonhos, e não uma imagem narcísica que não é aceita apenas ver suas limitações, sejam elas socialmente, por ser diferente, mas físicas ou mentais, acolhendo e respeitando sem olhar de desvalor e autonomia aos sujeitos excluídos, assim, desvalia. Acreditamos que esta é a nossa fazendo com que eles sejam cada vez função quanto Psicólogos, por isso é mais ativos e construam sua própria necessário que textos mais acessíveis história como cidadãos participantes. sejam escritos e debates sejam feitos, Recomendamos esse texto para para que o portador de deficiência profissionais ou estudantes das áreas consiga enfim se relacionar com o meio sociais e de ensino (assistente social, em que vive de forma livre, se psicólogo, professor), e pessoas que expressando sem que necessariamente possuam algum entendimento técnico a haja um olhar julgador ou condenador respeito do tema abordado, devido a sua sobre ele. linguagem um pouco rebuscada, e Entendemos a necessidade de tenham interesse no tema. atentar-se para a visão do portador de E por fim deixamos queremos deficiência perante a sociedade como ressaltar que o texto trata de uma uma forma empática de pensar sobre o reflexão histórica sobre as concepções tema e vemos que é preciso sensibilizar sociais, a cerca dos portadores de a população para que esta se mobilize deficiência, que refletem diretamente no na realização de uma inclusão comportamento das pessoas frente as humanizada, agregando e dando aceitações de si mesmos e dos outros.
Ana Jessica de Oliveira Lima, Rafaela Andrade de Oliveira são acadêmicas do
curso de Psicologia pela União Metropolitana de Educação e Cultura, UNIME.