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RACIONALIDADE TÉCNICA E FORMAÇÃO DOCENTE

Vejamos, na configuração atual das políticas de formação docente, a


racionalidade técnica1 tem sido o eixo norteador dessas políticas com o ordenamento
macroeconômico, resultado das tentativas de reforma empresarial da educação, iniciada
nos anos 90(FREITAS, 2018). 1990 década marcada por vastas reformas na legislação
educacional, por exemplo a Lei 9.394/1996, que levam a compreender a situação atual
das políticas educacionais brasileiras para a formação de professores.

O princípio basilar desse modelo se resume à solução instrumental de problemas


da prática profissional “mediante a aplicação deum conhecimento teórico e técnico,
previamente disponível, que proceda da pesquisa científica” (CONTRERAS, 2012, p.
101). Concepção sustentada pelo modelo de ciência aplicada, que atua no
desenvolvimento de estratégias e procedimentos técnicos para análise e diagnóstico dos
problemas, bem como para o tratamento e solução desses problemas.

Pereira (1999), refletindo sobre formação de professores licenciados, no Brasil,


diz que ela, quando baseada no modelo da racionalidade técnica, mostra-se inadequada à
realidade da prática profissional docente. As principais críticas atribuídas a esse
paradigma são a dicotomia entre teoria e prática na construção profissional; a crença de
que para ser professor o essencial é o domínio de conteúdos e de um instrumental técnico,
que favoreça a transmissão desses conteúdos; e o pouco espaço no currículo formativo
para os aspectos de contextualização, criticidade e formação emancipatória.

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Pode-se afirmar que as organizações internacionais tais como a OCDE e a Unesco contribuem para
inculcação dos princípios de racionalização nas políticas de formação docente. Esta questão se insere no
contexto da Nova Gestão Pública (NGP) e dos novos modos de gerenciamento dos sistemas escolares
propostos nas décadas de 1980 e de 1990, que apresentam a “eficácia” e a “eficiência” como princípios
norteadores da gestão educacional cumpridora de metas estabelecidas pelos governos e, ainda, alinhada às
novas necessidades da sociedade da informação e do conhecimento, no sentido da formação para o trabalho.
Constata-se que a ideia que circula internacionalmente sobre professores excelentes está fortemente
associada a cultura de performatividade e gestão para resultados; ignorando-se que o desempenho
educacional é resultado de um conjunto de outros fatores intraescolares e extraescolares (SARAIVA e
SOUZA 2020, pág 130).

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