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Resumo:

Amônia e seus
efeitos tóxicos
sobre peixes.

André Maurício.
“O sucesso da piscicultura está diretamente relacionado com as condições físicas e químicas
do solo e da água onde ela está instalada.” (Urbinati e Carneiro, 2004).

Em criação de peixes em cativeiro, diversos fatores devem ser monitorados e compreendidos


para a manutenção da saúde dos animais; dentre os principais:

 Temperatura;
 Oxigênio dissolvido;
 Concentração de H e OH- dissolvidos na solução(pH);
 Dureza em carbonatos(kH);
 Concentração de resíduos metabólicos(Ex: Amônia).

Esses parâmetros devem ser mantidos de acordo com as necessidades de cada espécie
mantida.

Em estudos realizados com Piaractus mesopotamicus (pacu), Prochilodus lineatus (curimba) e


Astyanax altiparanae (lambari do rabo amarelo) sob concentrações subletais de amônia
durante 24 horas, foi observado que as espécies apresentaram alterações significativas nos
valores de hematócrito(valor/quantidade de glóbulos vermelhos no sangue), concentrações
plasmáticas de sódio e glicose, bem como alterações histológicas nas brânquias. Níveis
subletais de amônia afetam o crescimento e o processo de reprodução dos peixes.

“Os peixes confinados normalmente recebem alimento com altos níveis de proteínas.”

As proteínas são as biomoléculas mais abundantes existentes, são moléculas fundamentais em


diversos processos biológicos. As proteínas são formadas por unidades monoméricas
chamadas aminoácidos, e estes, por sua vez, conectam-se entre si por ligações chamadas
ligações peptídicas. Existem 20 aminoácidos diferentes, estes podem ser reunidos em um
gigantesco número de combinações, possibilitando a formação de uma enorme gama de
proteínas diferentes.

A estrutura fundamental dos aminoácidos é formada por um átomo de carbono central (α),
ligado covalentemente à um grupo amino (NH2), à um grupo carboxílico (COOH), um átomo de
hidrogênio e uma cadeia/radical lateral (denominado R), cuja qual apresenta uma estrutura
particular em cada aminoácido.
Parte dessas proteínas presentes nas rações é absorvida pelo organismo do peixe e
convertida em proteína animal, porém, uma parte é eliminada. Estes resíduos proteicos
excretados possuem nitrogênio orgânico na forma de amônia, que é a principal forma de
excreção de nitrogênio dos peixes.

Em cativeiro, sem o devido tratamento da água, ocorre um contínuo aumento dos compostos
nitrogenados no ambiente devido ao processo de alimentação e excreção dos peixes, e do
processo de decomposição do alimento não ingerido. A produção de resíduos nitrogenados no
ambiente depende diretamente do tipo de alimentação utilizada e das condições gerais do
ambiente.

Os processos de nitrificação(oxidação da amônia) ocorrem em condições aeróbicas. A redução


do nitrito para amônia é chamada desnitrificação e ocorre a em condições anaeróbicas,
próprias de ambientes onde ocorre a decomposição de matéria orgânica.

Assim que introduzida no ambiente aquático, a amônia é oxidada por bactérias do gênero
Nitrosomonas, e se torna nitrito (NO2-); o processo é denominado nitratação. Em seguida, o
nitrito, sofre uma oxidação por ação de bactérias do gênero Nitrobacter, sendo transformado
em nitrato (NO3-); o processo é chamado nitrosação.

A amônia e o nitrito são compostos tóxicos para os peixes mesmo em baixas concentrações, já
o nitrato só se torna tóxico em altas concentrações no meio. Em cativeiro, é necessária a
utilização de filtros biológicos com bactérias nitrificantes para que amônia e o nitrito sejam
processados à sua forma menos tóxica, o nitrato.

A amônia dissolvida não ionizada é representada como NH3; a forma ionizada é representada
como NH4+. A soma de ambas as formas e pode ser representado como NH3 + NH4+ e é
denominada Amônia Total.
O nível de toxidade da amônia sofre influência direta dos valores de pH e temperatura do meio
aquático em que está inserida. Estudos realizados no século XX correlacionam o nível de
toxidade da amônia com as variações de temperatura e pH, concluindo que aumentos desses
dois parâmetros fazem subir o nível de toxidade da amônia.

*Estudos realizados com salmões observaram que níveis não letais de amônia (níveis tóxicos
mas que não conduzem o animal à morte) produzem considerável hiperplasia (aumento da
quantidade de células de um tecido) das guelras, tornando-as menos resistentes à infecções
bacteriológicas. Outras pesquisar demonstram que tecidos de intestinos, fígado, pele e rins
podem ser danificados após longas exposições às concentrações subletais de amônia total. Os
prejuízos causados às guelras podem interferir no funcionamento normal do sistema
respiratório, podendo levar o peixe à uma morte por asfixia.

O nível de toxidade da amônia, com sua respectiva alteração de acordo com temperatura e pH,
são descritos em tabelas de leitura que acompanham testes industrializados específicos para
uso em aquários:
Fontes:

Artigos:

“A influência dos valores de pH e temperatura sobre a toxicidade da amônia e sua importância


na definição de padrões ambientais para corpos d'água”

“Toxidade aguda da amônia, nitrito e nitrato sobre juvenis de camarão rosa”

“Toxidade e efeitos da amônia em peixes neotropicais”

Livros:

“Bioquimica Básica - Motta, 2005”

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