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Tiago Rivaldo

Nascido em 1976, o porto-alegrense começou a fotografar quando estudava Comunicação


Social na PUC-RS. Foi assistente dos fotógrafos Raul Krebs e Paulo Garrido e passou a se
interessar por fotografia artística, integrando, ao lado de outros seis artistas, o Clube da
Lata, que operou na Capital entre 1998 e 2002. Em 1999, quando já estudava no curso de
Artes Visuais da UFRGS, Rivaldo foi selecionado pelo Programa Rumos Visuais Itaú
Cultural e, dois anos depois, mudou-se para o Rio de Janeiro.

Além de ministrar cursos, palestras e trabalhar com cinema, Rivaldo tem uma produção
artística voltada às relações do corpo com o lugar e o tempo. Enquanto mantém o interesse
pela presença própria e do outro na fotografia, também realiza ações urbanas explorando a
participação das pessoas. Sempre buscando intervir na ordem cotidiana, em situações em
que a fotografia ainda está envolvida, mas deixa de ser assunto principal.

Em Via de Mãos Dadas nº1, Rivaldo leva sua bicicleta ao encontro de outro ciclista. Ele
retira uma das rodas traseiras e propõe encaixar sua bicicleta à outra. Do desafio de tentar
pedalar em dupla, surge uma performance que Rivaldo reedita seguidamente e cujos
registros em fotos podem ser conferidos no seu Tumblr:

- É preciso aprender a andar. Demora, mas a gente consegue. Disso vem minha vontade da
intervenção urbana e do aspecto performático para chamar a atenção para algo estranho,
pensando na transformação da percepção. Quero que o trabalho toque o outro e não
simplesmente resulte em algo que se coloque na parede para ser visto. Quero que o público
se envolva na construção do trabalho.
Se pudéssemos sintetizar a obra de Tiago Rivaldo em uma única palavra, esta seria...
síntese. Antes de ser reduzida a mero recurso tautológico, a síntese como síntese
considera as variações em torno da ideia de condensação – temporal e espacial –
entrevista nos trabalhos do artista. Tais variações dão‐se de múltiplas formas e serão
organizadas aqui em três abordagens distintas e permeáveis entre si.

A primeira delas refere‐se a um conjunto de trabalhos, produzido ao longo da


primeira década do século XXI, no qual Rivaldo fabrica artesanalmente dispositivos
fotográficos e, munido deles, passa a realizar deslocamentos no ambiente urbano –
em especial, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, bem como nas rodovias que
conectam as duas cidades. Integram esse grupo obras como Road movies e
SubinônibuS (ambas de 2000), Câmera obscura vestível, nº1 (2000‐2001), Túneis
(desde 2001), Volante Rio–PoA–Rio (2005) e Obscura para dois. Com exceção dos
dois últimos – que, apesar de apresentarem o mesmo procedimento que caracteriza
todos os outros, suscitam questões que nos conduzem às outras duas chaves de
acesso, comentadas mais à frente – os trabalhos, em sua maioria fotográficos,
apresentam imagens impregnadas de duração, uma vez que, por motivos técnicos, a
fotografia de uma pinhole necessita de longa exposição. As fotos, com isso,
apresentam uma atmosfera densa, resultante do percurso do artista sintetizado em
uma única imagem. Cada foto – e isso impõe às suas imagens uma diferença radical
em relação às fotografias instantâneas produzidas por câmeras digitais – revela‐se
como um aglomerado de imagens, todas consolidadas em uma só. Os trabalhos não
refazem nem representam percursos, mas os revelam, condensados e sintetizados
em uma única imagem. Cada fotografia apresenta‐se a nós como puro
deslocamento.

Horizonte de nós dois, 2011 (in progress)________


OBRAS:

Esperando Cravan, 2003–2012

Personal DJ | Baile da mudança, 2012

Intervenção na qual o público é convidado a dançar utilizando caixas de papelão posicionadas entre os pares.
Estas caixas são preparadas para que em seu interior se projetem imagens em câmera obscura. O fenômeno só
acontece neste objeto se duas pessoas o usarem, pois assim vedam as entradas de luz para que a projeção
natural aconteça. Dessa maneira cada pessoa vê a paisagem que está atrás de si projetada de cabeça para
baixo sobre o rosto do outro e vice-e-versa.

Obscura Vestível n.º 2, 2001-2012

Ação performática em que eu me desloco pelo calçadão de Copacabana com uma camera obscura ‘vestível’.
Em imagens invertidas e redimensionadas que se projetam em um anteparo no interior da câmera, experiencio
uma sensação de desorientação.

Via de mãos dadas, n.º2, 2010

Eu e Renato fazemos bolhas de sabão com nossas próprias bocas nos encarando frente-a-frente, de perfil para
a câmera. As bolhas produzidas por um destroem as do outro com um simples toque. Em alguns momentos se
transformam em uma só que passa a ser preenchida por ambos até que sua fina pele estoure e se reinicie o
processo.

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