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OFICINA

GAMBIARRAS
URBANAS
O uso de gambiarras como prática estética na
cenografia
Grande
Artifício da Artistas da área técnica, visual e sonora da cena
Mecânica fazem da gambiarra uma arte de existir, de

Brasileira transformar e compor possibilidades de ima-

Inventando para gens cênicas. Nesse sentido, pensar a cidade

Arrumar, também seria pensar nessa grande bricolagem


entre paisagem material existe e fricção entre
Recuperar ou o real e o ficcional da ação cênica que rompe o
Realizar espaço do cotidiano.
Algo.
(ditame popular virtual)

Na prática da cenografia, nos teatros, espaços ditos alternativos, na rua, na chuva e na


fazendo, a gambiarra aparece quase como patrimônio da práxis cênica nacional. Quem
nunca comprou uma fita isolante pensando que a partir daquele dia daria jeito no pro-
blema? Prática cotidiana cultural daqueles que trabalham com as mãos, a gambiarra
significa não apenas “um jeito”, mas retrata uma forma de existir no perrengue, ao mes-
mo tempo em que revela questões políticas e de alteridade. União entre técnica, corpo
e arte, a gambiarra pode também ser olhada do ponto de vista sustentável: nas visuali-
dades da cena trabalhamos com a materialidade e, muitas vezes, com materiais como
plástico, de difícil decomposição. Nesse recorte, pensar a gambiarra é também pensar
no reaproveitamento de materiais, intencionando assim uma economia criativa na área
que ressignifica o uso desses, além de permitir acesso à outros artistas que, por vezes
não conseguem compor a visualidade de seus espetáculos por falta de renda. A gambiar-
ra aqui não é vista a partir de um olhar romântico à precariedade da produção cênica
brasileira, pelo contrário: ela é ferramenta política de visibilização dessa situação, e não
só. É a possibilidade de pensar o corpo político-social daqueles que trabalham na área
das visualidades e sonoridades da cena.

“A gambiarra como mediação não consiste em uma forma de resistên-


cia exclusiva de um lugar precário – como se um ou mais sujeitos
estivessem superando condições adversas para alcançar um patamar
de produção técnica mais elevado. É, na realidade, uma cosmotécni-
ca decolonial (Mignolo, 2011) que emerge a partir da precariedade.
Nesse sentido, nem tudo é gambiarra: mas ela pode ser a chave para
entender o encontro entre o real e seu virtual. Mesmo no processo
de evolução das espécies, enxerga-se algo de bricolagem: “a junção
de partes e itens em conjuntos complicados, não porque preencham
qualquer projeto ideal, mas simplesmente porque são possíveis” (Va-
rela et al., 2001, p. 255)”

In: “Por uma epistemologia da gambiarra: invenção, complexidade e paradoxo nos


objetos técnicos digitais” de José Messias e Ivan Mussa.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

- Introdução à cenografia, discussão do conceito de cenografia. História e desenvolvi-


mento do espaço cênico.
- Espacialidade, corpo e ação cênica no espaço urbano.
- O uso de gambiarras como princípio estético.
- Noções básicas de figurino e gambiarras possíveis.
- Noções básicas de iluminação e gambiarras possíveis.
- Noções básicas de cenotecnia e gambiarras possíveis.
- Criação de um experimento cênico urbano.

METODOLOGIA

A oficina será desenvolvida através de aulas expositivas, exibição e análise de ma-


terial audiovisual, realização de atividades práticas de desenho e colagem, discussão de
textos indicados e realização de exercícios teóricos e práticos. Através da composição
visual cênica final, os participantes entrarão em contato com as diversas poéticas ligadas
às visualidades da cena, podendo a partir da prática, experimentar o que foi vivido em
cada módulo.

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DA OFICINA

A oficina está dividida em 5 módulos com duração de 6horas/aula síncronas além de


atividades assíncronas. O módulo final é destinado à criação das ações cênicas que serão
desenvolvidas pelos participantes a partir do que foi experienciado em cada módulo.

Dia 01 - Abertura da oficina, apresentação dos participantes e da proposta do curso.


Dia 02 - Módulo I: Conceitos Iniciais de Cenografia, professora: Elaine Maia Nasci-
mento
Dia 03 - Módulo I: Conceitos Iniciais de Cenografia, professora: Elaine Maia Nasci-
mento
Dia 04 - Módulo II: Experimentos em Iluminação, professora: Hedra Rockenbach
Dia 05 - Módulo II: Experimentos em Iluminação, professora: Hedra Rockenbach
Dia 06 - Módulo III: Experimentos em Figurino, professora: Adriana Barreto
Dia 07 - Módulo III: Experimentos em Figurino, professora: Adriana Barreto
Dia 08 - Módulo IV: Experimentos em Cenotecnia, Fernando Marés
Dia 09 - Módulo IV: Experimentos em Cenotecnia, Fernando Marés
Dia 10 - Módulo V: Ateliê de Criação
Dia 11 - Módulo V: Ateliê de Criação
Dia 12 - Live/Fórum final com todos os participantes e professoras.

*No Módulo V: Ateliê de Criação, será proposto que os participantes desenvolvam suas
produções sob a supervisão de professores.
Elaine Maia Nascimento

Elaine Nascimento atua como cenógrafa, atriz e performer. Integran-


te da Cia Balacochê de Teatro, é também criadora do Espaço Luná-
ria, onde desenvolve experimentações relacionadas as espacialidades
gestadas pelo corpo em ações cênicas performativas. Doutora em Ar-
quitetura e Urbanismo pela UFSC, possui mestrado em Artes Cênicas
pelo PPGT UFBA (2014) e mestrado em Arquitetura e Urbanismo pelo
PosArq UFSC (2018). Pesquisa sobre a encruzilhada arte, arquitetura
e cidade a partir das Urbgrafias: cartografias de ações artísticas como
possibilidade de escuta do corpo que faz cidade cotidianamente. Den-
tre suas produções, foi responsável pelo projeto “Encruzilhadas Bra-
sil-Itália” que levou atores brasileiros para trabalhar no Stage Interna-
zionale di Commedia Dell’arte (Estágio Internacional em Commedia
Dell’arte), promovido pela Scuola Internazionale dell’Attore Comico
(Escola Internacional do Ator Cômico), sediada em Reggio Emilia, Itália e regido pelo mestre de Comme-
dia Dell’arte Antonio Fava; também foi autora do Projeto Agoniza mas não morre - ganhador do Prêmio do
Fundo Municipal de Cultura de Florianópolis 2018 e da temporada subsequente do trabalho, além de ter sido
responsável pela produção dos espetáculos cearenses “à2” e “Os Impostores”, dentre outros. Como atriz teve
experiência em oficinas ministradas por Durozier Maurice (ator do Theatre Du Soleil), Carlos Simioni (Grupo
LUME) e PLATFORM 88 de Paris (Mímica Corporal Dramática). Pelo escritório Estúdio Craft produziu e
concebeu o projeto expográfico de exposições como “A Falta que Você Faz”, exposição realizada pelo Co-
mitê Internacional da Cruz Vermelha; “Reinventando a Marchetaria”, exposição com a obra do artista Silvio
Rabelo; “Pinturação - Sérgio Pinheiro”, exposição da obra do artista Sérgio Pinheiro e “A Palavra e o Traço”,
exposição biográfica contando um pouco da história do arquiteto e letrista Fausto Nilo.

Fernando Marés

Fernando Marés, ator e cenógrafo. Mestre em teatro pelo PPGT/


UDESC - 2014. Atua como profissional desde 1980 para companhias
de teatro dança, música, cinema e instituições culturais como Centro
Cultural Teatro Guaíra. Faz a cenografia de ‘TODOMUNDO’ última
produção do Teatro de Comédia do Paraná antes da pandemia com
direção de Rodrigo Portela. Se destaca também a Companhia brasi-
leira de teatro com sequência de sete trabalhos e direção de Márcio
Abreu. Atua como cenógrafo e ator na Cia Iliadahomero, estreia o Can-
to 5-Odisséia de Homero em 2017.Colaborou como cenógrafo com
diversos diretores como Aderbal Freire Filho, Luis Carlos Ripper, Ade-
mar Guerra, Francisco Medeiros, Felipe Hirsch., Márcio Abreu entre
outros.Em 2003 leva os trabalhos de seus alunos de ateliê de cenogra-
fia na mostra de estudantes na Quadrienal de Praga. Em Quadrienal de
Praga 2015 participa da mostra de Países e Regiões. Entre reconheci-
mentos de trabalho cenográfico destaca-se dois prêmios Shell de ceno-
grafia para ‘Esta criança’ e ‘Krum’, direção de Márcio Abreu.
Emanuele Weber Mattiello

Emanuele Mattiello. Sou artista catarinense que trabalho com variadas


linguagens artísticas e em rede com profissionais de todas as regiões
do estado de Santa Catarina pela “EM Produções – criações em rede”
(a qual coordeno). Tenho paixão pela produção, gestão, programação,
curadoria, pesquisa, mapeamento, formação, e história das artes em
Santa Catarina, e, no campo do teatro/circo/artes da cena também
amor pela atuação, palhaçaria, direção, ruas, artes em contextos co-
munitários. Estou doutoranda no PPGT-UDESC (orient. profa. Fáti-
ma Lima) onde pesquiso imagens dialéticas e montagens alegóricas
nas ruas a partir de Walter Benjamin. Na dissertação contei a história
do Cirquinho do Revirado (Criciúma-SC) sobre o teatro de rua Júlia.
ATUALMENTE estou envolvida na finalização de alguns projetos de
produção, coordenação editorial ou pedagógica, dos quais destaco: 1.
I Semana de Direção de Arte de SC (com Leandro Lunelli); 2. Grupo e Cursos do Teatro Comunitário do Ri-
beirão da Ilha (com Guilherme Porte); 3. Livro O Patrimônio do Circo de Lona em SC (com Cris Villar); 4.
Plataforma Portal do Circo SC (com Cris Villar); 5. Cena Criativa: video-docs sobre o impacto das políticas
culturais em iniciativas teatrias SC; 6. Livro Guia de Fontes de Financiamento para Cultural em SC – autora
e organizadora (ed. Udesc); 7. BERRO: laboratório criativo de artes, memória e comunidade; entre outros.
TRABALHEI na equipe de coordenação estadual do Programa Cultura do Sesc/SC (2016 a 2019) (Analista:
curadora, gestora, produtora, programadora, e coord. pedagógica) em projetos internacionais, nacionais, esta-
duais e municipais como Palco Giratório, , Coord. Pedag. dos Cursos de Artes (com mais de 4mil discentes em
SC), Mostra EmCenaCatarina, Baú de Histórias, Mostra Sesc de Cinema, Mapeamento das Artes em SC com
IDCULT.Sesc, Rede Sesc de Galerias etc. Trabalho como produtora, curadora, professora, atriz. Sou membra
e fundadora do Grupo Imagens Políticas (Udesc - desde 2010) e curadora do Cine Imagens Políticas (desde
2012). Nasci e morei em muitas cidades do Oeste-SC e hoje resido em Florianópolis-SC. MEMBRA: ABCR,
FECATE, CINEMATECA SC, etc.
Adriana Barreto

Adriana Barreto é figurinista e artista visual. Possui graduação (2005) e


Mestrado em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Santa Catari-
na (2008) e é Formada no curso de cenografia e figurinos pela SP Esco-
la de Teatro, com coordenação de J.C.Serroni, São Paulo, (2019). Desde
2011 desenvolve coleções e figurinos para diversas situações artísticas
(performance, audiovisual, dança, teatro, circo, etc.) além de desenvol-
ver um projeto “work in progress” autoral. É assistente de figurinos para
Anne Cerutti, no espetáculo “ A pane” dirigida por Malu Bazán, Sesc
Santana, São Paulo,com estreia adiada para o 1° semestre de 2022. Já
fez figurino e adereços para espetáculos como: (com Cynthia Margare-
th) para “4,5,4,3...um passo de cada vez”, espetáculo solo com con-
cepção e atuação de Cynthia Margareth, Fiac -Bahia,Goethe-Institut,
Salvador, 2019; para “e.f.e.i.to , dirigido por Flávio Desgranges, Sesc
Prainha, Florianópolis, 2019. Atuo também como assistente de figurinos para Anne Cerutti, no espetáculo
“o beijo no asfalto” dirigido por Bruno Perillo - Circuito do Sesc, São Paulo, 2019-2020; para J.C. Serroni na
ópera “A Flauta Mágica”com a Orquestra Acadêmica de São Paulo e o Coral da Cidade de São Paulo,dirigido
por Rodolfo García Vázques, Teatro Bradesco, 2019. No cinema, trabalhou como figurinista para o filme de
curta-metragem “Polaris” uma co-produção Brasil/Suécia rodado em São Paulo e Estocolmo, 2018; e para
o filme de curta-metragem “ o casamento de Clarisse e Bataille” de Aline Dias e Julia Amaral, Florianópolis,
2016. Ainda em Florianópolis foi figurinista para “Mais sobre aquilo que prefiro acreditar que seja agora”,,es-
petáculo de dança dirigido por Jussara Xavier, Florianópolis,2016; para o espetáculo” Ignorãça”, Florianópolis
, 2014; para “Assemblage”,Florianópolis, 2013 que recebeu o prêmio de melhor figurino no FITUB Festival
Internacional de Teatro Universitário de Blumenau em 2014. Foi vencedora do edital de figurinos do Ceart-
Udesc 2013 para a montagem Assemblage dirigida por Jussara Xavier, Florianópolis, 2013. Na Área de Educa-
ção atuo na Orientação de Tccs para alunos do Curso: Especialização em Educação na Cultura Digital-UFSC,
Florianópolis, 2016; na Oficina de “Fantasias e FIgurinos “ para crianças entre 6 a 17 anos na fundação Seede,
em Florianópolis, 2014. Foi também professora de Artes para turmas do Ensino Fundamental de 1° ao 8° ano
na Escola Expressão, no ano letivo de 2009.
Hedra Rockenbach

Sound designer, musicista, iluminadora, coordenadora e diretora téc-


nica de espetáculos. Possui formação incompleta em arquitetura pela
Universidade Federal de Santa Catarina, e em música e artes plásti-
cas pela Universidade do Estado de Santa Catarina. Por ter formação
multidisciplinar, Hedra desenvolveu um trabalho singular ao campo
das artes cênicas no qual luz e som são criadores de dramaturgias e
extensão da ação dos performers. Desde 2016 também atua no audiovi-
sual criando trilhas sonoras para longas e curtas metragens. No cinema
vem explorando as relações entre som ambiente, ruído, voz, elementos
sonoros e música, para ampliar o potencial narrativo da confluência
entra som e imagem. Atuou profissionalmente de 1995 à 2020 junto
ao Grupo Cena 11 Companhia de dança, participando de todas as suas
produções nesse período como responsável pela ambientação sonora,
sendo também, a partir de 2003, responsável pela ambientação cênica (luz e cenário). Além de seu trabalho
com o Grupo Cena 11, Hedra trabalhou em parceria com outros grupos e artistas, como a Téspis Cia. de
Teatro, a Karma Cia. de Teatro, a Key Zetta e Cia., a Camerata de Florianópolis, o Projeto Corpo, tempo e
movimento, Luis Ferron, a Eranos Círculo de Artes, Alberto Heller e a Cia. Lápis de Seda. No cinema fez a
trilha dos longas MARES DO DESTERRO (Sandra Alves - Vagaluzes/2020) e CORPO VODU (Will Mar-
tins- Novelo Filmes/2016), o documentário HOMENS PINK (Renato Turnes - La Vaca/2020) e os curtas de
animação MERGULHO e CORAÇÃO INBOX (Eranos Círculo de Artes/2020). Ao longo de sua carreira, a
artista recebeu vários prêmios, dentre eles o APCA (2014, 2012, 2007, 1997); Prêmio Bravo (2007), Prêmio
Sérgio Motta de Arte e Tecnologia (2007), Transmídia Itaú Cultural (2003), Prêmio do VI Festival Nacio-
nal de Teatro de Limeira (2010), e, pela trajetória de pesquisa recebeu a Ordem do Mérito Cultural 2014 do
Ministério da Cultura e do Governo Federal. Hedra também foi contemplada por editais e prêmios nacionais
e estaduais como Rumos Itaú Cultural, Funarte Klaus Vianna, Funarte Petrobrás, Funarte EnCena, Funarte
Mambembe de Dança, Elisabete Anderle. Referência em ambientação sonora para Dança no Brasil, viaja pelo
país e exterior com espetáculos.

FICHA TÉCNICA

Produção Geral Emanuele Weber Mattiello


Proposta Pedagógica Elaine Maia Nascimento
Design Gráfico Elaine Maia Nascimento
Formadoras/es Adriana Barreto
Elaine Maia Nascimento
Ferando Maré
Hedra Rockenbach

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