Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ORIENTADOR DO PROJETO:
Profa. Dra. Crígina Cibelle Pereira
ORIENTADORA DA MONOGRAFIA:
Profa. Dra. Maria Edneide Ferreira de Carvalho
1. IDENTIFICAÇÃO ................................................................................................... 05
1.1 Título do Projeto ............................................................................................... 05
1.2 Autor(a)............................................................................................................... 05
1.3 Orientador(a) do Projeto................................................................................... 05
1.4 Orientador(a) da Monografia ........................................................................... 05
1.5 Unidade/Universidade ....................................................................................... 05
1.6 Linha de Pesquisa .............................................................................................. 05
1.7 Período de Duração ........................................................................................... 05
2. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 05
2.1 Delimitação do Tema ......................................................................................... 05
2.2 Justificativa ........................................................................................................ 11
3. OBJETIVOS ............................................................................................................ 11
3.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 11
3.2 Específicos .......................................................................................................... 12
4. QUESTÕES DE PESQUISA ................................................................................... 12
5. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 15
6. METODOLOGIA .................................................................................................... 27
7. CRONOGRAMA ..................................................................................................... 31
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 32
5
1. IDENTIFICAÇÃO
2. INTRODUÇÃO
que o trabalho se tornasse mais produtivo. Quantos desses trabalhadores também não
eternizaram em suas memórias esses momentos. Quantas estórias ali se teciam quantos
ensinamentos, aprendizados saberes sobre nossa cultura eram transmitidos, valores,
crenças, costumes. Desses momentos, hoje, apenas fazemos a leitura em livros dos
relatos ou ouvimos alguém falar sobre quem as contava, mas por aqueles senhores e/ou
senhoras que narram se dispõe á contar muito pouco são ouvidas, pouco por sinal, pois
por conta da correria, por falta de tempo muitas das vezes, demanda de trabalho ou
algumas circunstâncias e exigências que nos são postas acabam nos distanciando cada
vez mais daqueles que ainda praticam essa arte, pois já não paramos para ouvir as
estórias, memórias e histórias de vida desses que já viveram muito e tem uma vasta
experiência de vida.
Então, nos contentamos, muitas vezes apenas com os relatos presentes nas
leituras que realizamos ou com o que ouvimos por outros de forma bem superficial,
relatos de um tempo bom, do quanto era divertido e de como o tempo demorava passar
e ao mesmo tempo como passava tão rápido enquanto as estórias iam sendo tecidas,
narradas. Quanto tempo se passou daquela época para os dias atuais. Mas quantos
momentos ainda se fazem presentes na memória dessas pessoas, senhores, senhoras,
desses guardiões de saberes que de forma direta ou indireta apresentam algum
significado em nossa vida por deterem os sabres de um povo de nossa cultura, de nossa
história e ainda de nossa região. E o quanto perdemos muitas das vezes, por deixamos
em segundo plano esse habito de ouvir histórias por aqueles que detêm os mais diversos
saberes e conhecimentos.
Como sabemos, nossas vidas são feitas de histórias. Ao longo do tempo o que
passamos, vivenciamos as experiências que adquirimos os momentos marcantes ou não,
ficam guardados em nossa memória. Assim também são as estórias que ouvimos que
nos contam sejam elas contadas por nossos avós, pais, familiares, contadores de
histórias ou não, histórias orais que são passadas de geração para geração, histórias que
fazem parte do que somos de nossa cultura do nosso povo.
A contação de estórias por ser uma prática muito antiga apresenta grande
relevância para a história da humanidade, para a formação de todo e qualquer sujeito.
Pois desde a existência da humanidade, a contação de histórias orais se faz presente. O
conto da tradição oral é um dos instrumentos que há muito tempo é utilizado para
transmitir conhecimento. Segundo os estudos realizados, é através, e por meio da
tradição oral que muitas das sociedades conseguiram preservar sua cultura. O conto da
tradição oral, além de ser um entretenimento, considerado por muitos como um simples
8
passa tempo após uma árdua jornada de trabalho em que as pessoas se reunião para
contar e ouvir histórias desempenhava também um importante papel durante as
atividades realizadas, pois os contos desenvolvidos nas atividades de mutirão
auxiliavam na manutenção do ritmo do trabalho coletivo, espantando dessa forma a
fadiga e o tédio (AYALA, 2011).
De acordo com os estudos realizados, a contação de histórias se configura
como um ato de resistência e ainda de preservação identitária. E mesmo com as
mudanças e transformações que surgiram com o passar do tempo, os avanças as novas
tecnologias, a arte de contar histórias permanece até os dias atuais (BUSSATTO, 2006),
não mais com tanta frequência como antes por consequência dos avanços ocorridos nos
últimos anos, mas continua sendo uma prática que ocorre em vários ambientes seja no
núcleo familiar ou em outros.
A arte de contar e ouvir histórias, antes de tudo, é uma troca de experiências
entre o narrador e o ouvinte. Através da arte de ouvir e contar, podemos compreender o
passado o presente e o futuro, e de alguma forma nossa vida, dos nossos antepassados
da comunidade, da cultura de um povo, enfim, nas estórias contadas e ouvidas
adquirimos conhecimento sobre as diversidades da sociedade em que estamos inseridos.
Segundo Rondelli (1993), “conta histórias pode ser uma ferramenta para o imaginário”.
Sobre as narrativas orais essa mesma autora, ressalta que mesmo com roupagens
diferentes, caras, jeitos, trajetos elas não deveriam jamais perder sua condição primaria.
Pois, tanto a narrativa oral como os contadores de histórias das tradições orais são
importantes, apresentam um grande significado para a sociedade em geral. Mesmo com
as transformações ocorridas.
Portanto o conto da tradição oral, essa arte que atravessa o tempo e que á
muitos encantou e encanta até hoje, trazendo contribuições positivas para a vida tanto
daqueles que se dedicam a contar como também para aqueles que de certa forma se
dispõe a ouvir, merece e deve ser valorizada, além de tudo deve ser guardadas para
depois ser transmitidas, narradas. Nesse sentido, com um olhar reflexivo sobre a
temática dissertamos nessa pesquisa alguns aspectos que consideramos relevantes e que
nos inquieta.
Como sabemos, vivemos hoje em um momento onde as pessoas estão cada vez
mais informadas, conectadas pelos diversos meios de comunicação, pois os avanços
tecnológicos que facilitam e muito nossa vida, as transformações ocorridas nos últimos
anos, o surgimento da industrialização e muitas outras mudanças ocorridas, essas,
precisas e inquestionáveis, fizeram e estão fazendo com que o homem adquira cada vez
9
também para que suas memórias fiquem registradas, desse modo fazendo com que
outras pessoas que não o conhecem adquiram conhecimento sobre ele, sobre suas
histórias, seu conhecimento cultural sua identidade, oficio e sobre a importância que ele
apresenta para a comunidade e para a nossa região. Um aspecto importante e que me
inquietou e fez nascer essa pesquisa foi, após ler artigos, dissertações e teses em que se
percebeu que os autores apresentavam contos históricos da tradição oral que o contador
conta. Os autores reconhecem que o contador é um grande mestre da tradição oral, ou
seja, da contação de histórias orais e da nossa cultura popular. Segundo Rodrigues
(2008), ele é um detentor de saberes, conhecido na comunidade, visitado por alunos,
professores da cidade e até por universitários, alunos de graduação, mestrado e
doutorado da região é ainda considerado o mais importante contador de histórias da
região, se não o mais.
Essa pesquisa se justifica também pelo fato de ter vivenciado experiências com
uma contadora de histórias da tradição oral, detentora de saberes que ao narrá-los
prendia a atenção dos ouvintes, despertava a curiosidade, o riso e transmitia valores,
costumes e vários conhecimentos. Além de tudo, esse trabalho se justifica pela
necessidade de valorizamos, preservamos as memórias e a identidade daqueles que
guardam no baú de suas memórias, os saberes e as raízes de seu povo. Como também
de ressaltar a importância e riqueza que tudo isso tem para a comunidade de um modo
geral e para nossa região, pois e necessário e de fundamental importância um estudo
sobre a temática na região.
Acreditamos que esse trabalho contribuirá de forma significativa para aqueles
que almejam se aprofundar no assunto, ou seja, se interessam pela temática. Esperamos
que essa pesquisa seja mais uma que possa contribuir para outras pesquisas na área. E
ainda que nos faça refletir sobre o quanto e de estrema relevância está arte milenar para
nossa formação enquanto sujeitos inseridos no mundo.
3. OBJETIVOS
4. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
sobre sua história de maneira bem superficial, como é o caso da tese de doutorado de
Maria Edneide Ferreira de Carvalho (2021) cujo título é, Quando (re) lembrar é (re)
existir: descortinando identidades étnico-raciais em memórias e narrativas de mulheres
negras no alto oeste potiguar, a autora reconhece o contador de histórias como um dos
grandes mestres em cultura popular da região, mas não se aprofunda. Apesar do
objetivo de sua pesquisa ser outro, ou seja, o foco de seu estudo é analisar a construção de
identidades étnico-raciais e culturais em narrativas de mulheres negras, do Alto Oeste
Potiguar, seu trabalho foi um dos que apresentou um pouco da vida do contador. Em
outro trabalho, dissertação intitulada, Pelas veredas do popular: um estudo sobre
memória, identidade e narrativa histórica no contexto escolar (2010) dessa mesma
autora, a cultura popular, memórias, identidade e histórias são temáticas que se
encontram presentes, a autora cita o contador de histórias. Mas, o objetivo do trabalho
conforme a autora é refletir sobre a inserção da cultura popular no contexto escolar e
ainda entender o papel da memória no resgate de determinadas manifestações culturais e
de fatos históricos, além de compreender a construção de identidades, através do
diálogo entre os executores dos projetos e os informantes considerando a relação
identidade e cultura popular. Nesse trabalho, a autora visibiliza a importância e
relevância da cultura popular no âmbito escolar.
Buscamos em outro trabalho, artigo de Lilian de Oliveira Rodrigues (2008)
intitulado, Memória, narrativa e identidade regional: um estudo sobre contadores de
histórias do Alto Oeste potiguar, o contador de histórias também é citado. A autora
reconhece como um dos grandes contadores de histórias orais da região, mas o foco
principal ou objetivo de estudo de seu trabalho centra em relacionar um dos contos do
contador com outro conto de outro contador de histórias orais da região. Em outro
trabalho, cujo titulo é Cacimba de histórias: vidas e saberes dos contadores de histórias
tradicionais de cidades da Bahia, autoria de Roberta da Costa Nazário e Francisco Fabio
Pinheiro de Vasconcelos, os referidos autores também se debruçam a estudar sobre a
temática, ressaltam a importância e relevância que tem os contadores orais e os saberes,
conhecimentos, que eles detêm. Porém o objetivo do trabalho é analisar a história de vida e
os contos da tradição oral dos mestres ou contadores de histórias do interior da Bahia. Já em
outro trabalho intitulado, A identidade social do idoso: memória e cultura popular de
Silvane Aparecida de Freitas e Maria Jacira da Costa em suas abordagens ressaltam a
importância de valorizar a cultura popular do idoso e resgatar através de suas memórias
histórias, causos, lendas, ditados, que eles contam como também sua cultura. Um dos
aspectos apresentados pelas autoras através da realização do estudo foi contribuir para
14
objetivos e um novo olhar. Que não esse. Um olhar que nos faz enxergar outros
conceitos, teorias que são fundamentais e precisamos nos apoiar para o
desenvolvimento dessa pesquisa.
Portanto centradas nos pressupostos teóricos dos autores: Bosi (1994) com suas
teorias centradas nas memórias de pessoas idosas e nas histórias de vida desses sujeitos;
em Montenegro (2007); Portelli (2016); sobre história oral e memória; Ayala (2005) e
Canclini (1983) que disserta sobre cultura popular; sobre identidades buscamos em
Bauman (2005); Hall (2011; 2014); Silva (2013); sobre a arte de contar histórias em
Bussatto (2006); narrativas orais em Rondelli (1993); conto popular em Lima (1984);
entre outros autores que apresentam grande relevância para o desenvolvimento do
trabalho. Apresentamos nessa pesquisa a história de vida do contador de histórias orais.
5. REFERENCIAL TEÓRICO
conceitos e definições, ao cita, Ayala (2005); Canclini (1983), entre outros. Recorremos
a esses autores por apresentarem em suas teorias questões relevantes sobre a temática,
das quais nos deu suporte para desenvolvemos essa seção.
Propor um trabalho sobre cultura popular, em primeira instância não é nada
fácil. Mais desafiador ainda é conceituá-la, defini-la. Pois, a controvérsias em relação ao
termo culturas populares. No entanto, não há apenas um único conceito, uma única
definição para o termo cultura popular, existem vários e muitos são os estudiosos que se
propõem a conceituar, define. Para esses estudiosos também não é fácil tal definição,
que caminho seguir? Qual conceito utilizar? Muitas são as divergências entre esses
estudiosos e várias são as questões que abrangem o campo da cultura popular como
também várias são as problemáticas que surgem a respeito das culturas populares.
Para adentramos de forma mais clara e precisa nas discussões sobre cultura
popular, primeiramente apresentaremos o que alguns autores apresentam em seus
trabalhos sobre cultura popular, ou seja, o seu significado. Segundo os estudos
realizados, o termo cultura popular esta relacionado a “um conjunto de elementos
culturais cultivados por um individuo ou grupo em uma região ou na sociedade”. Em
outras palavras é um conjunto de elementos pertencentes, praticados por um grupo de
pessoas em uma determinada região ou ainda na sociedade. Entre esses elementos estão
ás várias manifestações intelectuais, artísticas, danças, arte, literatura, cantos, contos,
lendas, cantigas, fabulas, valores, crenças, costumes e muitos outros saberes. Partindo
dessa perspectiva e nos baseando em autores que discutem sobre a cultura popular,
desertaremos no tópico a seguir alguns conceitos e abordagens relacionados á cultura
popular.
5.3 Cultura popular: alguns conceitos e abordagens
A cultura popular sempre esteve presente na sociedade, no entanto, sem vias de
dúvidas a cultura popular foi a algum tempo atrás essencial na vida de muitas pessoas e
ainda hoje de forma direta ou mesmo de forma indireta continua sendo essencial em
nossas vidas. Por ser composta de um conjunto de crenças, valores de um povo, é de
grande importância para a sociedade, como também para a formação pessoal,
intelectual, moral do sujeito sendo relevante para o seu desenvolvimento da capacidade
de se relacionar com o outro.
Conforme os estudos realizados, múltiplas são suas origens e cada região
possui a sua. A cultura popular surge através da interação entre pessoas de diferentes
regiões e ainda da “necessidade do ser humano se enquadrar ao ambiente envolvente”.
Por tanto, a cultura popular surge por meio das tradições, costumes, sendo ela
17
Então, como ressaltado pela autora a cultura popular se constrói ao longo dos
tempos, pois cada indivíduo ou um grupo de pessoas inseridos no meio social
constroem a suas próprias formas culturais que consideram legítimas, de acordo com a
referida autora. Por outro lado a autora enfatiza que na visão dos estudiosos, essas
formas culturais podem ser consideradas “uma cultura pobre.”
No próximo tópico trataremos do conto popular, esse que se encontra enraizado
na cultura popular. De acordo com alguns autores, o conto é uma narrativa oral cuja
origem até então é desconhecida por alguns estudiosos. Mas isso não o impede de
exercer seu papel no meio em que nos encontramos inseridos. Pois, desde muito e muito
tempo atrás o conto se faz presente na sociedade, para melhor dizer, desde os tempos
mais remotos que podemos imaginar ele existe. Encantou muitos, e sem sombra de
dúvidas ainda continua a encantar, seja quem for não importa, sejam crianças, adultas,
pessoas mais velhas que já viveram um pouco mais, que detém uma riqueza depositada
em sua memória, ou seja, traz uma bagagem cultural inquestionável, o conto está ali,
fazendo rir, chorar, ensinando, transmitindo conhecimentos, saberes, valores, crenças e
muito mais.
5.4 Conto popular: é lazer é arte que se faz dentro da vida
O conto popular é uma narrativa oral, contada por várias pessoas e em várias
comunidades do nordeste brasileiro como também em outras regiões. De acordo com
estudos realizados, não existe especificamente um único autor, ou seja, narrador para o
conto sendo ele contado por qualquer indivíduo. Criado á muito tempo atrás, passado de
geração a geração, o conto popular pode ser recontado, por esse motivo vai sofrendo
“modificações ao longo do tempo”.
Surgido de forma bem espontânea, o conto é um gênero mais antigo da tradição
oral do qual temos informação, é uma manifestação cultural e apresenta uma linguagem
informal ou ainda típica da região em que se propaga, é uma narrativa que possui uma
riqueza inquestionável por conter em seu repertorio uma variedade temática recheada de
conhecimentos e saberes, sejam eles de um povo, sejam eles de uma região ou ainda de
uma comunidade em específico. É ainda admirado por boa parte das pessoas, sejam elas
alfabetizadas ou não-alfabetizadas, ou seja, pessoas letradas e iletradas, adultos,
19
crianças, qualquer que seja, não importa, Ayala, (2011). Portanto, o conto popular tem o
poder de encantar, divertir, entreter, faz refletir, imaginar.
Nascido do imaginário do homem simples, conforme alguns autores, o conto
popular não possui regras, normas, mas sim particularidades em sua forma
composicional. Pois, nos contos, narrativas geralmente as personagens são pessoas
simples, que depois de tantas aventuras vence na vida além de apresentarem enigmas e
desafios que exige dos personagens esperteza e inteligência. Tais afirmações
encontramos em Conto popular e comunidade narrativa sobre autoria de Francisco de
Sousa Lima (1984) e em O narrado e o vivido Beth Rondelli (1993), em que os
referidos autores trazem em seus estudos um repertorio de contos com personagens com
características semelhantes as que foram descritas acima. Lima (1984) nos apresenta em
sua pesquisa textos recolhidos na região do cariri cearense, já Rondelli (1993) nos traz
textos que foram recolhidos no Maranhão em um povoado cujo nome é Raposo. Ambos
trazem em seus estudos importantes discussões sobre a temática, ou seja, sobre conto
popular, narradores tradicionais, contemporâneos, contação de histórias, tempo e espaço
em que os contos se propagam, além de ressaltar a relevância o significado que eles
representam para os que contam como também para os que ouvem os da comunidade e
na maioria das vezes daqueles que veem de fora e se depõe a ouvir.
O conto popular é considerado a arte do sertão nordestino e mesmo com o
passar do tempo, as mudanças e transformações ocorridas, ainda hoje, se encontra
presente, ou seja, muitas pessoas hoje exercem a prática tanto no nordeste como em
outras regiões. Seja aqui, seja ali, o conto sempre vai está presente no meio em que
estamos inseridos. Assim como o conto, também estará sempre presente os contadores
de causos, casos, contos, anedotas que até hoje fazem dessa arte tão encantadora seu
oficio. Por hora, vamos encontrar poucos que se dispõe a ouvi-los. E é nesse sentido que
devemos ter uma nova visão, parar para refletimos o quanto é importante á temática e o
quanto contribuir para nossa vida de forma significativa. Pois é por meio das narrativas
orais, dos contos surgidos desde muito tempo atrás que o homem adquiriu e adquire
conhecimento, preserva a memória, compartilha a cultura, transmitir diversos saberes,
expressar suas emoções, suas experiências de vida, ensina aprende, além do mais
promove entretenimento e diversão, conforme nos aponta Ayala (2011 p.44). No tópico
a segue apresentaremos algumas considerações sobre a contação de história da tradição
oral.
Por ser uma prática surgida a milhares de anos atrás, muito antes mesmo do
surgimento da escrita como apresenta o autor, a contação de histórias é essencial em
nossa vida. Portanto em alguns momentos da vida dos contadores, muitas das histórias
que são contadas se relacionam de alguma forma com a sua própria história de vida,
assim, da mesma forma que essas histórias têm relação com a vida dos contadores,
muitas das vezes também se relacionam com as histórias de vidas dos seus ouvintes.
Muitos são as contribuições que a contação de história apresenta para a
humanidade, além de transmitir conhecimentos, significar, preservar a cultura de um
povo de determinada comunidade de uma coletividade, traz vários benefícios para a
vida de todo e qualquer cidadão.
Para Bussato (2006, p. 12), a contação de histórias é vista:
como um instrumental capaz de servir de ponte para ligar as diferentes
dimensões e conspirar para a recuperação dos significados que tornam
as pessoas mais humanas, íntegras, solidárias, tolerantes, dotadas de
compaixão e capazes de “estar com”[...]
Foi por meio das experiências vivencias com os outros que desde muitos anos
atrás as pessoas foram adquirindo conhecimentos, saberes em conjunto em uma
comunidade. Porém, o habito de ouvir e contar histórias orais foi imprescindível para
que esses saberes e conhecimentos fossem adquiridos e ficassem guardados na
memória, não apenas de um indivíduo, mas sim da coletividade. Com o passa do tempo,
esses saberes, conhecimentos até então adquiridos com habito de contar e ouvir
histórias, experiências adquiridas no contato direto com o narrador, frente a frente, olho
no olho foi se modificando. Então o que era uma prática vivenciada, atividade exercida
há algum tempo atrás a noite ao pé da fogueira onde pessoas se reunião, ou de dia as
margens do rio enquanto um grupo de pessoas trabalhavam ou ainda a noite ao pé da
cama para crianças, hoje não existe mais, ou melhor, existe mais tudo se modificou. Em
vez da reunião á noite ao pé do fogo, dos dias as margens do rio enquanto um grupo
trabalhava ou ao pé da cama, conforme Busatto (2006). Ouvir mudanças, pois com os
avanços tecnológicos esses necessários e imprescindíveis em nossa vida vez com que as
histórias que eram contadas e ouvidas da forma como foi descrita acima e de acordo
com Busatto (2006), se transformassem, pois o que temos hoje é um ser enfrente a tela
de um computador. As histórias hoje saltam aos olhos, imagens são criadas,
transformadas, as vozes soam de formas diversificadas, o cenário já não é o mesmo,
pois em instantes se transforma em outro, despertando nos indivíduos a curiosidade,
entretendo, encantando isso é inegável, mas ali, já não se encontrar mais um narrador
humano olho no olho presente no momento, mas sim um ser virtual. Já não temos mais
a experiência que tiveram muitas pessoas á algum tempo atrás. Nossos avós, nossos
pais, por exemplo, quantas dessas histórias que hoje nos são expostas, que ouvimos por
meio digital não foram ouvidas por eles na presença imediata de um narrador ou de
vários narradores frente a frente numa troca dialética de experiências. Quantos
momentos daqueles hoje não se fazem presentes em suas lembranças e quantas das
histórias narradas, ouvidas não ficaram guardadas em suas memórias, o quanto elas
significam para essas pessoas.
Na próxima seção discutiremos algumas questões relacionadas a memória, no
qual vamos discutir um pouco sobre a relação entre memória individual e memória
coletiva, ambas essenciais em nossa vida, uma interligada a outra.
5.7 Lapsos de memórias: entre o coletivo e o individual
Memórias, são o que nos constitui, de acordo com Bosi (1994), é algo pessoal,
individual, mas também é coletiva. As memórias são fundamentais em nossa vida, são
23
construídas através das nossas experiências de vida, por meio do contato com um grupo
de pessoas presentes na sociedade em que estamos inseridos.
As memórias são essenciais, pois quando construímos memórias deixamos
nossas marcas, nossas lembranças e ainda nossas narrativas, sejam elas nossas próprias
narrativas ou ainda de outros. Ao construímos memórias temos a oportunidade de voltar
ás muitas histórias que fizeram parte e marcaram a nossa trajetória. Além do mais
damos a oportunidade para que outros possam nos conhecer ou adquirirem
conhecimento de algo que narramos. Por meio de nossas memórias narramos nossas
histórias de vida, nossas experiências e vivencias seja ela profissional seja ela pessoal.
Através de nossa narrativa, história de vida, deixamos transparecer quem somos, ou
seja, nossa identidade. Nesse sentido através de nossas memórias contribuímos de
alguma forma para a sociedade, para outras pessoas. De acordo com os estudos
realizados, desde a antiguidade a memória humana é que conservar as histórias, as
crenças, os costumes e os valores de um povo.
Conforme Ecléa Bosi, em Memórias e sociedade: Lembranças de velhos, é
através da memória que várias lembranças são evocadas, podemos, por exemplo,
recordar algum acontecimento histórico, o lugar onde vivemos ou algo que vivenciamos
com outros no meio social ou ainda algo do que ouvimos falar. A memória é um baú em
que guardamos nossas lembranças, em outras palavras, a memória é o museu que têm
capacidade de guarda peças valiosíssimas.
Nas palavras de Chauí, semelhantes ás ideias de Bosi, diz que a, “Memória é
uma evocação do passado. É a capacidade humana para reter e guardar o tempo que se
foi, salvando-o da perda total. A lembrança conserva aquilo que se foi e não retornará
jamais [...]” (CHAUÍ, 2005, p.138). Nesse sentido a memória através da lembrança traz
de volta algo que aconteceu no passado, momentos vividos, esses únicos e que jamais
serão vividos da mesma forma, mas que ficou guardado, eternizado na memória.
Para conceituar o termo memória, Le Goff, 2003, p. nos apresenta que:
O termo memória apresenta suas raízes na língua grega,
especificamente na palavra mnemis, referindo-se a deusa Mnemosyne,
a mãe das musas e a protetora das Artes e da História. É possível
também destacar sua raiz latina, oriunda da palavra memorare, cujo
significado faz referência ao ato de trazer a memória, lembrar,
recordar (LE GOFF, 2003).
Como destacado acima o termo memória terá suas raízes originadas em duas
línguas, na língua grega, que segundo o autor se refere “a deusa Mnemosyne, mãe das
musas e protetora das artes e da história” e na língua latina, originaria da palavra
Memorare, que conforme o autor seu significado estará fazendo “referência ao ato de
24
construída ela também vai se modificando e assim o sujeito vai constituindo novas
identidades. Por tanto com as influências do meio social as identidades vão sendo
modificadas e os sujeitos adquirem diferentes identidades conforme os diferentes
momentos que vivencia.
Nessa perspectiva, ao passo que as mudanças e transformações ocorrem,
surgem novas identidades. Nas palavras de Bauman (2005), as identidades não são
fixas, elas se constituem por meio das relações sociais e culturais.
As “identidades” flutuam no ar, algumas de nossa própria escolha,
mas outras infladas ou lançadas pelas pessoas em nossa volta, e é
preciso estar em alerta constante para defender as primeiras em
relação às últimas. Há uma ampla probabilidade de desentendimento,
e o resultado da negociação permanece eternamente pendente.
Como ressaltado pelo autor as identidades são muitas, por essa variedade de
identidades existentes, cada sujeito apresenta não apenas uma única identidade, mas
várias, essas sendo constituídas não de forma individual, mais sim em confronto com
outros na sociedade e através das transformações e mudanças que ocorrem.
Por ser construída no contexto de nossas relações sociais e culturais a identidade
nunca esta pronta, acabada, para tal questionamento nos apresenta Silva (2013, p.96-97)
sobre a identidade afirmando que:
A identidade não é fixa, estável, coerente, unificada, permanente. A
identidade tampouco é homogênea, definitiva, acabada, idêntica,
transcendental. Por outro lado, podemos dizer que a identidade é uma
construção, um efeito, um processo de produção, uma relação, um ato
performativo. A identidade é instável, contraditória, fragmentada,
inconsciente, inacabada. A identidade está ligada a estruturas
discursivas e narrativas. A identidade está ligada a sistemas de
representação.
Pois, por ser um processo em construção, construído através das relações
sociais e culturais, por não ser fixa e estável fazem parte do sistema de significação que
de alguma forma acabam adquirindo sentido em nossa vida. Conforme o mesmo autor,
“é por meio dos significados produzidos pelas representações que damos sentido à
nossa experiência e aquilo que somos”. (SILVA, 2013, p.18). No entanto, as identidades
que construímos ao longo do nosso trajeto de vida seja ele pessoal ou profissional vão
se transformando diariamente conforme os momentos vivenciados, e estas nunca estarão
conclusas.
Bauman (2005, p.54) compara a identidade a um quebra- cabeça, segundo o
sociólogo, a identidade seria formada por pedaços, peças. Mas ele enfatiza que ao
contrário do quebra- cabeça do jogo, o quebra- cabeça da identidade só pode ser
compreendido se for entendido como incompleto, “ao qual faltem muitas peças (e
jamais se saberá quantas)”. Portanto, a identidade é um processo que estará sempre em
27
6. METODOLOGIA
com suas experiências. Montenegro (2007) ressalta que “A história oral, no trabalho
com a população, tem possibilitado o resgate de experiências, visões de mundo,
representações passadas e presentes. [...]” (MONTENEGRO, 2007, p. 26-27).
Nesse sentido por demanda um contato mais direto com o sujeito pesquisado,
utilizamos no nosso trabalho essa técnica. Pois, vemos nesse método uma possibilidade
de nos inteiramos e compreendemos da melhor forma possível o que desejamos saber
sobre as experiências/vivencias do pesquisado. Nas palavras de Carvalho (2021, p.77), a
história oral é “um método de análise e compreensão da experiência humana.”
Conforme Portelli (2016, p. 10), a história oral é “uma arte da escuta”. Para
esse autor, cabe ao historiador ouvir o que o narrador, entrevistado tem a dizer. Nas
palavras desse mesmo autor “a arte de ouvir envolve respeito”, o historiador deve
respeitar o que o entrevistado tem a contar. Nesta mesma visão, Thompson (1998, p.
254) apud Carvalho (2021), nos apresenta uma das características essenciais do
historiador oral, vejamos:
“Disposição para ficar calado e escutar”. É assim que Paul Thompson
define uma das características essenciais de um historiador oral: ouvir
o que o outro tem a dizer; escutar o que o outro deseja contar; ter
paciência para lidar com as falhas da memória. E mesmo que, em
algum momento, o pesquisador deseje interromper o fluxo narrativo
do narrador, precisa estar ciente de que isso pode inibir e/ou prejudicar
na construção narrativa. (CARVALHO, 2021, p. 77-78)
7. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
Coleta do corpus de X
análise
Apresentação e X
discursão dos dados
Elaboração do X X X
trabalho monográfico
Entrega do trabalho X
monográfico
32
REFERÊNCIAS
AYALA, Marcos; AYALA, Maria Ignez Novaes. Cultura Popular no Brasil. 2 ed.
Ática: São Paulo, 2005.
AYALA, Maria Ignez Novaes. Riqueza de pobre e o conto popular: um fazer dentro
da vida. Ponto da cultura editora: Maricá, 2011.
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembrança de velhos. São Paulo: Companhia das
Letras, 1994.
CARVALHO, Maria Edneide Ferreira de. Pelas veredas do popular: um estudo sobre
memória, identidade e narrativa histórica no contexto escolar. 2010. 144 f. Dissertação
(Mestrado Acadêmico em Letras) - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.
Pau dos Ferros, 2010. Disponível em: https://www.uern.br/controledepaginas/ppgl-
dissertacoes-defendidas-2011/arquivos/0722dissertacao_edneide.pdf. Acesso em 30 de
setembro de 2022.
FREITAS, Silvane Aparecida de; COSTA, Maria Jacira da. A IDENTIDADE SOCIAL
DO IDOSO: MEMÓRIA E CULTURA POPULAR. Disponível em:
https://revistas.uepg.br/index.php/conexao/article/view/3718. Acesso em 16 de
dezembro de 2022.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2010.
LIMA, Francisco de Assis Sousa de. Conto popular e comunidade narrativa. 2 ed.
São Paulo/Recife: Terceira Margem/Editora Massangana, 1984.
PORTELLI, Alessandro. História Oral como arte da escuta. Trad. Ricardo Santhiago.
São Paulo: Letras e voz, 2016.
XIDIEH, Oswaldo Elias. Narrativas populares: estórias de Nosso Senhor Jesus Cristo
e mais São Pedro andando pelo mundo. São Paulo: EDUSP; Belo Horizonte: Itatiaia,
1993.