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Um dia missionário de Jesus (Mc 1,1-39)

Que Jesus foi o missionário, ninguém, de sã consciência, pode duvidar e negar. Ele foi
e sempre será o primeiro evangelizador e missionário do Pai. Tanto assim que os
evangelistas reservam uma parte de seus evangelhos para apresentar um sumário
dessa sua atividade missionária. Podemos, então, nos perguntar: como resumem os
evangelhos a jornada missionária de Jesus? Como foi o seu dia a dia missionário? O
que fazia? Quais atitudes ele assumiu? Com qual espiritualidade? Quais foram os
lugares por onde Ele passou? Com quem Jesus mais gostava de se encontrar?

 Jesus foi ao deserto, para onde ia muita gente, sedenta de mudanças. Não foi
a um lugar qualquer, mas onde estava João, o “batizador”, que convocava o
povo para mudanças corajosas, seja na religião, seja nas relações sociais e
políticas. Jesus pediu o batismo de adesão ao movimento popular religioso de
renovação. No relato do seu batismo são reveladas as três características da
sua missão: a sua identidade (“Este é o meu Filho Amado”), a sua autoridade
(“Nele está o meu agrado”; “escutem o que ele diz”) e a sua missão (“O Espírito
desceu em forma de pomba e logo o impeliu para o deserto”).

 Convocou uma primeira equipe missionária (Simão, André, Tiago, João) e logo
partiu para a missão (Mc 1,16-20). Essa é a primeira ação missionária de
Jesus. Este também deve ser o primeiro ato missionário da Igreja: convocar as
pessoas, nucleá-las, formá-las e convencê-las de que vale a pena ser e viver
como missionário. 

 Mas, como foi mesmo a primeira jornada missionária de Jesus? 


Jesus foi à sinagoga, bem cedinho, ou seja, à Casa da Palavra (Mc 1,21-28). O
seu dia missionário começa propriamente com a oração, na sinagoga, assim
como terminará esse mesmo dia missionário de madrugada, também em
oração (Mc 1,35). Não se faz missão sem oração. Missão se faz com os
joelhos dobrados. Jesus, antes de qualquer ação, rezava ao Pai. Por isso, ir à
igreja para ouvir e meditar a Palavra de Deus, para rezar, colocando diante de
Deus nossa vida, nossas inquietudes, os problemas que afligem nossa vida
pessoal e comunitária, é a primeira ação missionária. A eficiência de nossa
ação missionária depende da qualidade e da intensidade de nossa oração.

 Na sinagoga, Jesus expulsa um espírito impuro. O que significa isso? Jesus


purifica o ambiente, para deixar espaço à missão.  O que os fariseus
ensinavam na sinagoga estava contaminado de preconceitos e de mentalidade
legalista e moralista. Jesus desmascarou uma religião hipócrita, que dividia as
pessoas em puras e impuras
 O dia missionário de Jesus continua. Ao cair da tarde, quando já tinha passado
o dia de sábado, cheio de proibições (terminava pelas 18h00), muita gente,
doente, perturbada, juntava-se no meio da rua, perto da casa de Pedro, onde
estava Jesus. Aí na rua, Jesus atendeu a todos. Curou os doentes e expulsou
os demônios. Muita gente se alegrou. Foi um dia muito cansativo, mas cheio de
vida nova, de grande esperança. Jesus fez crescer a autoestima adormecida
no meio do povo. Um grande milagre. Foi um dia cheio das surpresas de Deus.
O dia terminou, mas a missão ainda não acabou. Missão começa na terra e só
termina no céu. E se lá não chegar não é culpa de Jesus, é culpa nossa. Esse
dia missionário de Jesus deve servir de modelo de missão para a Igreja. E ele
o deixa como testamento para nós. O que ele fez e falou constitui o itinerário
da semana missionária

 Comumente, quando termina um dia de trabalho, quando cai a noite, não


queremos ver mais ninguém, fazer mais nada, a não ser tomar um bom banho,
descansar, relaxar e dormir. Jesus age missionariamente, de maneira
diferente. Depois de um dia inteiro de missão, ainda tem disposição para cuidar
dos doentes. E em seguida, de madrugada, quando ainda estava escuro, ele
foi encontrado no deserto e em oração. E disposto a ir às outras comunidades
que ele ainda não havia atendido pastoralmente. Madrugada, deserto, solidão,
silêncio e oração são tempos, lugares e atitudes sagrados para a missão. Na
missão, este é o tempo de avaliação, de colher os frutos, de articular as forças
e de organizar os serviços e ministérios e elaborar o projeto de evangelização
para seguir em frente.

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