Você está na página 1de 9

4º Trim.

de 2023: ATÉ OS CONFINS DA TERRA: Pregando o Evangelho a todos os


povos até a volta de Cristo

PORTAL ESCOLA DOMINICAL


4º Trimestre de 2023 - CPAD
ATÉ OS CONFINS DA TERRA: Pregando o Evangelho a todos os povos até a
volta de Cristo
Comentários da revista da CPAD: Wagner Tadeu dos Santos Gaby
Comentário: Pr. Caramuru Afonso Francisco

ESBOÇO Nº 6

LIÇÃO Nº 6 – ORANDO, CONTRIBUINDO E FAZENDO MISSÕES


Toda a membresia da Igreja, conforme a sua vocação, é chamada para o trabalho missionário
transcultural.

INTRODUÇÃO
- Na sequência do estudo sobre as missões transculturais, veremos hoje o envolvimento de toda a Igreja nesta
tarefa.

- Toda a membresia da Igreja, conforme a sua vocação, é chamada para o trabalho missionário transcultural.

I – A OBRA MISSIONÁRIA É RESPONSABILIDADE DA IGREJA

- A Declaração de Fé das Assembleias de Deus assim afirma : ”…O evangelho é proclamado a homens e
mulheres, sem fazer distinção de raça, língua, cultura ou classe social, pois ‘o campo é o mundo’ (Mt.13:38).
Jesus disse: ‘Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações’ (Mt.28:19 – ARA), e ‘e ser-Me-eis
testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra’ (At.1:8).
Portanto, entendemos que é responsabilidade da Igreja a obra missionária…” (DFAD XI.6, p.123).

- Tem-se, portanto, que a obra missionária é da responsabilidade da Igreja e, quando se fala em Igreja,
está-se a falar de todos os membros em particular, sem qualquer exceção.

- A Grande Comissão não foi dada pelo Senhor Jesus apenas aos apóstolos. Se é verdade que eles foram
“enviados” por Jesus, assim como o Senhor havia sido “enviado” pelo Pai (“enviado” é o significado da
palavra “apóstolo”), naquela tarde do domingo da ressurreição, quando, inclusive, receberam o Espírito Santo
(Jo.20:21,22), também não devemos olvidar que a ordem para pregação do Evangelho por todo o mundo, a
toda criatura, foi dada aos discípulos todos, a toda a Igreja que estava com o Senhor reunida e assistiu à Sua
ascensão (Mc.16:15; Mt.28:19,20; At.1:8,9; I Co.15:6).

- Portanto, embora houvesse aqueles a quem o Senhor constituiu por apóstolos, que estavam à frente não só
da igreja mas também da própria missão, tratava-se de um tarefa que tinha de ser desempenhada por todos os
discípulos, por todos aqueles que haviam crido em Jesus Cristo como Senhor e Salvador.

- Tanto assim é que, ante o comando do Senhor que aguardassem o revestimento de poder para que pudessem
cumprir a ordem dada por Jesus (Cf. Lc.24:49), não se encontravam apenas os doze, mas, sim, quase cento e
vinte pessoas (At.1:15), aqueles que atenderam à convocação do Senhor, tendo eles todos sido cheios do
Espírito Santo, falando em outras línguas (At.2:4).

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4 – CNPJ 05.693.826-0001-05 (PIX)
4º Trim. de 2023: ATÉ OS CONFINS DA TERRA: Pregando o Evangelho a todos os
povos até a volta de Cristo
- Ora, como todos eles foram revestidos de poder, tem-se aqui a nítida demonstração de que a Grande
Comissão era dirigida a toda a Igreja, sem qualquer exceção, visto que o Senhor nada faz sem propósito
e, se batizou a todos com o Espírito Santo, era porque queria que todos pregassem o Evangelho por todo o
mundo a toda criatura.

- Então, de pronto, devemos estar conscientes de que é tarefa de todo membro em particular da Igreja a
evangelização, a pregação do Evangelho. Como o Senhor Jesus bem explica na parábola dos talentos
(Mt.25:14-30), pelo menos um talento é entregue a cada servo do Senhor e este talento é, sem dúvida, a tarefa
de falar do amor de Deus na pessoa de Jesus Cristo aos pecadores, convidar-lhes a crer em Jesus e a alcançarem
a vida eterna.

- Lamentavelmente, nos dias hodiernos, esta consciência já não se tem. As igrejas possuem os seus
“departamentos de evangelismo”, onde estão as pessoas “chamadas para evangelizar”, como se isto fosse
possível. Estes poucos irmãos abnegados levam avante a tarefa de evangelização, enquanto a esmagadora
maioria dos crentes se sente confortável em estar apenas “contribuindo” e “orando”.

- Não podemos confundir a tarefa de evangelização que cada um de nós tem e da qual haveremos de
prestar contas diante do Senhor no Tribunal de Cristo, com a missão transcultural, esta, sim, um
trabalho específico dentro da tarefa evangelizadora, e na qual há diferenciada colaboração de toda a
membresia.

- As missões transculturais são de responsabilidade de toda a membresia, mas, dadas as suas especificidades,
na sua execução, teremos diferentes tarefas a serem cumpridas, mas com envolvimento de todos.

- Assim, embora seja, agora sim, plausível ter a igreja local um departamento de missões ou uma secretaria de
missões para bem coordenar o apoio aos missionários, ser o elo entre a igreja local e os missionários, que,
pelo seu caráter transcultural, estão em regiões longínquas da igreja, isto, em absoluto, significa dispensar a
membresia de tal tarefa, a ser desempenhada segundo o conselho de cada um.

- Tais afirmações não são uma defesa da sistemática existente em nossa denominação, mas, antes, o que se
extrai das Escrituras Sagradas. Enquanto todos os discípulos evangelizavam em Jerusalém (Cf. At.2:42-47;
5:12-16; 6:7-10), o que continuaram a fazer quando tiveram de deixar a cidade por causa da perseguição
liderada por Saulo (At.8:4; 9:31; 11:19-21), quando se tratou de missão intercultural, escalou o Senhor pessoas
específicas, como foi o caso tanto de Filipe (At.8:5), quanto de Barnabé (At.11:22) e de Barnabé e Saulo
(At.13:2).

- Inclusive, no episódio da chamada de Barnabé e de Saulo, na igreja de Antioquia, vemos que o Espírito
Santo mesmo, em pessoa, falou a toda a igreja, mandando separar os dois para a missão intercultural (At.13:2),
ou seja, tem-se aqui a demonstração inequívoca de que o fazer missões transculturais é uma tarefa específica,
um chamado especial da parte do Senhor.

- Tem-se, portanto, que, em matéria de “missões transculturais”, todos são chamados, mas nem todos
irão “fazer missões”, mas cada qual deverá exercer uma tarefa específica neste importante aspecto da
evangelização.

- A igreja é um corpo (I Co.12:27) e sua edificação exige a justa operação de cada membro em particular, de
cada parte, sem o que não haverá o necessário e indispensável crescimento (Ef.4:15,16).

- Como afirma a Declaração de Fé das Assembleias de Deus: “…A vida cristã não é solitária; pois nenhum
membro vive isolado do corpo: ‘assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas
individualmente somos membros uns dos outros’ (Rm.12:5); ‘Porque, assim como o corpo é um e tem muitos
membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também’ (I Co.12:12). A conversão da pessoa leva
à comunhão com um grupo de crentes em Jesus [At.2:41,42] …” (DFAD XI.2, pp.120-1).

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4 – CNPJ 05.693.826-0001-05 (PIX)
4º Trim. de 2023: ATÉ OS CONFINS DA TERRA: Pregando o Evangelho a todos os
povos até a volta de Cristo

- A igreja somente cumpre o seu papel se demonstrar ser este organismo vivo, que cresce a cada instante,
crescimento este que é tanto qualitativo (Ef.4:15,16) quanto quantitativo (At.2:47; 5:14; 19:26).

- Este crescimento quantitativo da igreja não deve se circunscrever à igreja local, pois “o campo é o mundo”
(Mt.13:38) e temos, cada um de nós, de ser testemunhas de Cristo tanto em Jerusalém, quanto na Judeia,
Samaria e até os confins da Terra (At.1:8).

- Como a igreja é um corpo, quando um de seus membros em particular estiver em algum lugar remoto,
distante, os demais membros ali estarão com ele, mas este “estar com o missionário” não é um mero sentimento
ou uma mera comunhão espiritual, mas o resultado da “justa operação de cada parte”.

II – ORANDO

- A primeira operação que cada parte do corpo de Cristo deve fazer em “missões transculturais” é a
oração.

- Quando o Espírito Santo chamou Barnabé e Saulo para a missão transcultural na igreja de Antioquia, aquela
membresia, de forma imediata, sem que tivesse sido conclamada a isto pelo Senhor, foi jejuar e orar, tendo,
então, só depois desta oração e jejum, separado os missionários e os enviado (At.13:3).

- A oração, reforçada pelo jejum, é primordial para que se tenha êxito na empreitada missionária. Aliás,
a oração é fundamental para que mantenhamos a nossa vida espiritual. Não há como mantermos comunhão
com o Senhor sem a oração e não há como fazermos a obra de Deus sem que tenhamos uma vida de oração (I
Ts.5:17).

- Se fomos enviados por Cristo assim como o Pai enviou o Senhor Jesus (Jo.20:21), temos de seguir o exemplo
de Nosso Senhor e Salvador (I Pe.2:21), temos de permear nossas ações no reino de Deus com a oração.

- Jesus vivia em constante oração em Seu ministério terreno, e todas as ações mais proeminentes por Ele
exercidas foram precedidas da oração. Jesus orou antes de escolher os Seus discípulos (Lc.6:12,13); orou antes
de realizar os Seus milagres mais impactantes como a multiplicação dos pães (Mt.14:19), a andança por sobre
as águas (Mt.14:23-25), a ressurreição de Lázaro (Jo.11:41-43), entre outros.

- Jesus orava tanto que os Seus discípulos resolveram pedir-Lhe que os ensinasse a orar (Lc.11:1).

- A importância da oração na obra missionária é-nos mostrada pelo grande missionário dos tempos
apostólicos, ou seja, o apóstolo Paulo, que, continuamente, pedia aos irmãos que orassem por ele para
que ele bem pudesse exercer o seu ministério (Ef.6:19,20; Cl.4:2-4) e este pedido foi tanto feito aos efésios,
com quem Paulo conviveu por três anos (At.20:31), como para os colossenses, que nunca o viram, pois o
apóstolo não foi o responsável pela evangelização daquela cidade, mas, sim, seu cooperador Epafras (Cl.1:7).

- O trabalho da evangelização e, em especial, a sua vertente das missões transculturais é uma verdadeira
batalha espiritual, porquanto quando estamos a pregar o Evangelho estamos a abrir os olhos dos pecadores,
procurando das trevas os converter à luz e do poder de Satanás a Deus (At.26:18) e, naturalmente, entramos
em conflito direto e aberto contra as hostes espirituais da maldade , a nos exigir que nos revistamos da
armadura de Deus para poder ficar firmes contra as astutas ciladas do diabo (Ef.6:11-13) e a utilização correta
desta armadura exige que estejamos em “forma espiritual” e esta “forma” é dada pela vigilância e pela oração
(Ef.6:18).
OBS: O Pacto de Lausanne, resultado de congresso de evangelização mundial realizado em 1974, não deixou de mencionar este conflito
espiritual, no seu item 12: “…12. Conflito Espiritual. Cremos que estamos empenhados num permanente conflito espiritual com os principados e
potestades do mal, que querem destruir a igreja e frustrar sua tarefa de evangelização mundial. Sabemos da necessidade de nos revestirmos da
armadura de Deus e combater esta batalha com as armas espirituais da verdade e da oração…” (Disponível em: https://lausanne.org/pt-br/recursos-
multimidia-pt-br/covenant/pacto-de-lausanne Acesso em 02 set. 2023).

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4 – CNPJ 05.693.826-0001-05 (PIX)
4º Trim. de 2023: ATÉ OS CONFINS DA TERRA: Pregando o Evangelho a todos os
povos até a volta de Cristo

- Como bem nos mostra o apóstolo dos gentios, não é apenas o missionário que deve orar e jejuar, mas toda a
igreja, porque somos um corpo e, como tal, devemos orar uns pelos outros, pois a oração feita por um justo
pode muito em seus efeitos (Tg.5:16).

- A oração intercessória é fundamental para que haja êxito no trabalho missionário e todos nós devemos
nos empenhar para intercedermos pelos que estão a levar a mensagem da salvação a outros povos, tribos,
línguas e nações.

- Não se trata de uma oração genérica, protocolar, abstrata, mas, sim, de uma intercessão concreta, fazendo
menção dos missionários, bem como dos lugares onde se encontram.

- Paulo pede para que orassem por ele e de forma específica, para que ele pudesse ter mensagem que levasse
os ouvintes à conversão.

- Deve-se orar, primeiro, pelo missionário. Evidentemente que devemos orar por todos os missionários,
mesmo aqueles que nem conhecemos, mas, além desta oração, faz-se preciso que oremos especificamente por
aqueles missionários que foram enviados pela nossa igreja local ou que são sustentados por ela.

- Dentro da comunicação que deve haver entre os missionários e as igrejas que os mantêm, estes devem
comunicar as necessidades (Rm.12:13) e, com este conhecimento, devem as orações ser feitas em prol
daqueles que estão na linha de frente do combate contra o maligno.

- Mas devemos também orar para que os missionários transmitam a mensagem do Evangelho com
demonstração do Espírito e de poder (I Co.2:4). Paulo pôde dizer que assim havia pregado em Corinto,
mas, ao escrever sua carta aos efésios, pediu àqueles crentes que orassem por ele para que lhe “fosse dada, no
abrir da sua boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho” (Ef.6:19).

- Aprendemos, assim, que toda aquela desenvoltura demonstrada pelo apóstolo não era só resultado de sua
vida de íntima comunhão com o Senhor (Gl.2:20), mas também das orações de todos quantos intercediam por
ele.

- Aos colossenses, o apóstolo pediu que orassem para que fosse aberta a ele “a porta da Palavra, a fim de falar
do mistério de Cristo” (Cl.4:3). Devemos orar pelos missionários para que recebam eles a mensagem da parte
de Deus.

- Nestes dois pedidos do apóstolo vemos como há uma necessidade de uma intervenção sobrenatural, da parte
do Senhor, para a superação das barreiras culturais, para que se possa utilizar corretamente dos elementos da
cultura para que, por meio deles, possa ser compreendida a mensagem da salvação.

- “Abrir a porta da Palavra”, “dar a Palavra com confiança no abrir da boca” são expressões que mostram que
se faz necessário que o Espírito Santo dirija o missionário para que ele possa aproveitar os elementos do
cotidiano daquela população que lhe é estranha e, a partir dali, levar a mensagem da salvação, assim como o
próprio Paulo fez em Atenas ao se utilizar do culto ao “deus desconhecido” para, a partir dele, pregar a Cristo.

- No dizer do missionário e missiólogo Don Richardson, é a identificação do “fator Melquisedeque” em cada


cultura, a partir do qual se poderá levar Cristo às pessoas e trazê-las para o reino do Filho do Seu amor (Cl.1:3).

- Temos, pois, o dever de orar pelos missionários, pois somos membros em particular do corpo de Cristo e
temos de estar unidos, em comunhão, para que as almas sejam salvas e juntamente conosco desfrutem da vida
eterna com o Senhor.

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4 – CNPJ 05.693.826-0001-05 (PIX)
4º Trim. de 2023: ATÉ OS CONFINS DA TERRA: Pregando o Evangelho a todos os
povos até a volta de Cristo
- Deixar de orar pelos missionários é pecar. O juiz e profeta Samuel não teve dúvida de dizer que, se
deixasse de interceder pelos filhos de Israel, estaria a pecar (I Sm.12:23) e o irmão do Senhor foi bem claro
ao dizer que quem sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado (Tg.4:17).

- Ora, se sabemos que nossa igreja local enviou ou ajuda a sustentar um certo missionário, se temos
conhecimento de suas dificuldades e necessidades e não oramos por ele, estaremos, sem dúvida, cometendo
pecado e, como diz a poetisa sacra Ingrid Anderson Franson: “no céu não entra pecado, fadiga, tristeza nem
dor” (primeiro verso da primeira estrofe do hino 422 da Harpa Cristã). Como poderemos, então, entrar no céu
se não estamos a orar pelos missionários? Pensemos nisto!

III – CONTRIBUINDO

- A segunda operação que cada parte deve fazer em “missões transculturais” é a contribuição, o que
normalmente é entendido como “contribuição financeira” que, sem dúvida, é a principal forma de
contribuição, mas não é a única.

- Embora não sejamos deste mundo (Jo.17:6), estamos neste mundo (Jo.17:11) e, por conta disso,
evidentemente que o missionário a ser enviado para regiões distantes para pregar o Evangelho necessitará de
meios para sua sobrevivência, pois necessitamos de comida, bebida e vestido (Mt.6:31,32).

- Assim, e este assunto de lição própria, é dever da igreja que envia o missionário prover o seu sustento e o de
sua família, a fim de que ele possa se dedicar integralmente à obra do Senhor.

- O apóstolo Paulo revela que sempre recebeu contribuição financeira da igreja de Filipos (Fp.4:15,16;
2:25), igreja que ele mesmo fundara no início da sua segunda viagem missionária (At.16:1-12).

- Nesta revelação, o apóstolo mostra-nos que, já nos tempos apostólicos, havia uma dificuldade no que
respeita à contribuição financeira. Em parte, entende-se tal dificuldade porque grande parte da membresia
era formada por escravos, pessoas que, portanto, não tinham remuneração, sem se falar nas grandes
dificuldades existentes de comunicação e de transporte, o que tornava difícil o custeio à distância do
missionário.

- Vemos, por exemplo, que a igreja de Filipos teve de mandar Epafrodito para levar a Paulo ajuda financeira
quando este se encontrava preso em Roma (Fp.2:25), o que mostra o grau de dificuldade em tal atividade,
pois, além do elevado custo, havia a própria demora na chegada dos recursos e no envio de mais recursos no
futuro.

- Mas além destas dificuldades de ordem prática, que, podemos dizer, foram sensivelmente diminuídas na
atualidade, uma vez que a movimentação de capitais a nível mundial é uma realidade, não se pode deixar de
observar que havia, ainda, uma mentalidade avessa a esta contribuição, tanto que o apóstolo afirma que
somente os filipenses se dispunham a ajudá-lo, quando, sabemos todos, foram muitas as igrejas fundadas por
Paulo.

- O apóstolo, mesmo, em certas ocasiões, mostra que a própria circunstância local e/ou cultural fez com que
ele recusasse ajuda material da parte das igrejas, como vemos tanto em Corinto (II Co.12:13,14) quanto em
Tessalônica (I Ts.2:9).

- Portanto, desde o início da história da igreja, a questão da contribuição financeira para a realização da obra
missionária sempre suscitou forte resistência e é, sem dúvida, um dos elementos que mais prejudicam o
desenvolvimento das “missões transculturais”.

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4 – CNPJ 05.693.826-0001-05 (PIX)
4º Trim. de 2023: ATÉ OS CONFINS DA TERRA: Pregando o Evangelho a todos os
povos até a volta de Cristo
- Entretanto, se a igreja é um corpo, devemos, como ensina o apóstolo Paulo, observar que “…ninguém
aborrece a sua própria carne, antes a alimenta e sustenta…” (Ef.5:29), não podemos deixar de dar o sustento
ao missionário, que é membro em particular do corpo e que está a serviço do corpo.

- Embora, por vezes, o apóstolo Paulo tenha, por circunstâncias, abrido mão do sustento pela igreja, jamais
disse que isto não era correto. Pelo contrário, fez questão de sempre apontar que se tratava de um direito de
todos quantos se dedicavam exclusivamente à pregação do Evangelho (I Co.9:9-14; I Ts.2:6; I Tm.5:17,18).

- O próprio Senhor Jesus instruiu os setenta discípulos que encaminhou para aquele “estágio de evangelização”
durante o Seu ministério que legitimamente comessem e bebessem do que houvesse nas casas onde se
hospedassem, pois digno é o obreiro do seu salário (Lc.10:7).

- Deste modo, é, mesmo, dever de toda a membresia custear o sustento do missionário e de sua família,
para que ele possa se dedicar integralmente à obra de Deus.

- As igrejas locais devem dar prioridade na utilização dos seus recursos para as principais tarefas da Igreja que
são a evangelização e o ensino da Palavra. Lamentavelmente, nos dias hodiernos, existe uma “burocracia
eclesiástica” que consome quase todos os recursos amealhados entre a membresia e não são poucos os casos
em que missionários são simplesmente abandonados e deixados à própria sorte nos lugares onde se encontram.

- Ponto importante com relação à contribuição, que é ela tarefa da igreja local. Não podem os membros
resolverem utilizar seus recursos conforme a sua vontade e entendimento, em iniciativas individuais, pois,
assim, como veremos infra, não pode haver “missionários por conta própria”, que sejam enviados por igrejas,
também não podem os contribuintes serem por conta própria, fazendo uso de seus recursos em dissonância
com a igreja local a que pertence.

- Em nossos dias, muitos dos recursos que a igreja local poderia utilizar para realizar missões transculturais é
desviado pela membresia para iniciativas de duvidosa idoneidade e que muito ou quase nada contribuem para
a salvação das almas e, o que é mais grave, que não estão vinculados à ação do Espírito Santo naquela igreja
local para o trabalho missionário.

- Se estamos em uma igreja local servindo ao Senhor ali, por Sua vontade, é evidente que temos de centrar
nossos esforços para que esta igreja local cumpra a sua principal tarefa que é a de ganhar almas para o Senhor.
Como, então, permitir que nossos recursos, que poderiam ser utilizados para esta tarefa, sejam entregues a
pessoas que não fazem parte da nossa vocação e do nosso papel no reino de Deus?

- Mas além da contribuição financeira, há de se ter toda uma assistência ao missionário, que não se
resume apenas a aspectos materiais. O apóstolo Paulo foi visitado por Epafrodito na prisão em Roma que,
não só lhe levou recursos financeiros, como também lhe fez companhia (Fp.4:25-28), tendo até adoecido e
quase morrido, precisamente porque ficou ali ao lado do apóstolo, e, segundo alguns, até se privando do
necessário para dar socorro ao apóstolo.

- Na segunda prisão do apóstolo, vemos também que Onesíforo foi fazer companhia ao apóstolo, tendo,
inclusive, procurado o apóstolo e o encontrado para recreá-lo (II Tm.1:16,17).

- Tem-se, pois, que uma forma de contribuição à obra missionária é o companheirismo com o
missionário, dando-lhe assistência espiritual e afetiva, para que ele possa enfrentar as muitas dificuldades
que se lhe apresentam na obra do Senhor. Este contato, este companheirismo hoje é muito mais fácil do que
nos dias de Paulo, e deve ser exercido pela membresia da igreja local que envia e/ou sustenta os missionários.

IV - FAZENDO MISSÕES

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4 – CNPJ 05.693.826-0001-05 (PIX)
4º Trim. de 2023: ATÉ OS CONFINS DA TERRA: Pregando o Evangelho a todos os
povos até a volta de Cristo
- Se orar e contribuir para as missões transculturais é tarefa de toda a membresia da igreja local, fazer missões,
ou seja, ir até o lugar longínquo para pregar o Evangelho, exige um chamado divino, não é algo que possa ser
feito por todos os crentes.

- Como já salientamos supra, assim é que a Palavra de Deus nos mostra: o Espírito Santo disse ter chamado
Barnabé e Saulo para esta tarefa (At.13:2).

- Este chamado específico distingue, pois, o missionário neste trabalho de “missões transculturais”.

- Vê-se, portanto, que um dos modos de cooperar nas missões transculturais é o “fazer missões”, ou seja,
ir até as outras plagas para lá pregar o Evangelho e ganhar almas para o Senhor.

- Para se “fazer missões”, por primeiro, deve ser chamado pelo Senhor. Barnabé e Saulo foram chamados
pelo Espírito Santo para serem missionários e, por isso, puderam, ao retornar da primeira viagem missionária,
“relatar quão grandes coisas Deus fizera por eles e como abrira aos gentios a porta da fé” (At.14:27).

- É preciso ser chamado pelo Senhor para ser missionário. Muitos querem ser “missionários” apenas para
poderem emigrar e “tentar a sorte” noutro país, principalmente quando se vive uma séria crise econômico-
financeira no país de origem, valendo-se, inclusive, de benefícios que alguns países fornecem para os
missionários.

- Outros querem “fazer missões” para escapar de situações embaraçosas ou até mesmo de perseguição que
estão a sofrer no país de origem, por vezes até em função da obra de Deus, fazendo, assim, um “autoexílio”.

- Outros, ainda, querem “fazer turismo”, conhecer novos lugares, ter contato com outros povos, aumentar seus
conhecimentos.

- Entretanto, todos estes não terão êxito no seu “trabalho missionário”, pois se trata de uma tarefa que só pode
ser desempenhada por quem for chamado pelo Senhor, devidamente comissionado para isto.

- Esta chamada específica, porém, não retira a responsabilidade de toda a igreja local pela obra missionária.
Cabe a toda membresia orar e contribuir para que o missionário possa, na linha de frente, ganhar almas para
o Senhor Jesus.

- A chamada específica, também, não dispensa a devida capacitação do missionário para que ele possa
bem exercer o seu ministério. Embora todos os membros devam ser capacitados para exercer aquilo que o
Senhor os comissiona, os missionários transculturais têm de ter uma formação toda especial.

- Vemos que o Espírito Santo não chamou Barnabé e Saulo a esmo. Ambos tinham a devida formação para
poderemos empreender esta tarefa.

- Barnabé era natural de Chipre (At.4:36), sendo, portanto, um judeu grego e que era levita e, portanto, dotado
de conhecimento tanto da cultura grega quanto da lei de Moisés, não tendo sido por outro motivo que os
apóstolos o enviaram a Antioquia quando souberam da conversão de gentios.

- Paulo, então, escolhido desde o ventre de sua mãe (Gl.1:15) para ser “vaso escolhido para levar o nome de
Jesus diante dos gentios, dos reis e dos filhos de Israel” (At.9:15), teve uma trajetória de vida que mostra muito
bem o propósito divino: natural de Tarso (At.9:11), centro filosófico estoico, foi formado na cultura grega;
tendo estudado aos pés de Gamaliel (At.22:3), era doutor da lei e, sendo cidadão romano (At.22:27,28),
conhecedor do direito romano. Com esta vasta cultura, poderia muito bem desempenhar o papel que lhe
concedia o Senhor na pregação do Evangelho.

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4 – CNPJ 05.693.826-0001-05 (PIX)
4º Trim. de 2023: ATÉ OS CONFINS DA TERRA: Pregando o Evangelho a todos os
povos até a volta de Cristo
- A chamada específica não significa despreparo. Alguém que tem consciência da sua chamada missionária
deve se esmerar para que, uma vez em terras estranhas, possa se utilizar de todo vasto conhecimento adquirido
para poder bem levar a mensagem do Evangelho.

- Muitos procuram justificar a desnecessidade do preparo dizendo que, quando Deus chama, encarrega-Se de
providenciar os meios pelos quais se fará a obra e como Deus não falha, não há qualquer necessidade de
preparo humano.

- Não é isto, porém, que vemos ao longo das Escrituras. Bem ao contrário, vemos o extremo cuidado que o
Senhor faz para que a pessoa esteja devidamente preparada para a obra que o Senhor a comissiona. Muitas
vezes, a pessoa nem sabe que está sendo preparada para o serviço para o qual foi escolhida, como é o caso do
próprio apóstolo Paulo, mas se Deus faz com que ela se prepare, é porque o preparo é necessário e
indispensável.

- Alguns, mesmo, chegam a dar como exemplo os missionários pioneiros das Assembleias de Deus no Brasil,
Gunnar Vingren e Daniel Berg, que teriam sido chamados pelo Senhor e nem mesmo sabiam onde ficava
“Pará”, o lugar mencionado na profecia que os chamou.

- Mas vejam que interessante, amados irmãos. Os missionários foram até uma biblioteca para saber onde ficava
o “Pará”. Depois procuraram saber como viajar de onde estavam, nos Estados Unidos, para este lugar chamado
“Pará” e, chegando ao Brasil, Daniel Berg foi arrumar um emprego e, com o salário, pagava as aulas de língua
portuguesa para Gunnar Vingren, que depois ensinava a língua para eles. Tudo isso por quê? Porque eles
tinham de ter o mínimo de informações e de condições para poder pregar o Evangelho no Brasil.

- Então esta história de que “Deus Se encarrega” é apenas desculpa de preguiçoso e preguiça, sabemos todos,
é pecado (Pv.6:6,9; 10:26; 12:27; 13:4; 15:19; 19:15,24; 20:4; 21:25; 22:13; 24:30; 26:13-15; 26:15,16; 31:27;
Ec.10:18).

- Neste ponto, devem as igrejas locais, ao terem a nítida conscientização da chamada específica de um membro
para a obra missionária, já contribuir para a formação desta pessoa, inclusive, se for o caso, ajudando a custear
um curso em uma escola de missões, como é o caso da Escola de Missões das Assembleias de Deus (EMAD),
vinculada à Convenção Geral das Assembleias de Deus (CGADB).

- Observemos que toda a igreja em Antioquia, sabendo da escolha de Barnabé e Saulo pelo Espírito Santo,
orou e jejuou para então só depois separar os dois missionários e os enviá-los ao campo missionário.

- Da mesma maneira, a igreja local tendo consciência inequívoca do chamado de alguém para missão
transcultural, deve orar e jejuar, ajudar na preparação do missionário para só, então, posteriormente
enviá-lo.

- Outro ponto importante é que o missionário é sempre alguém enviado por uma igreja local. A palavra
“missionário”, aliás, é a correspondente latina da palavra grega “apóstolo”, e ambas significam “enviados”.

- Jesus disse que estava enviando os apóstolos, assim como o Pai O havia enviado (Jo.20:21), sendo, por isso
mesmo, chamado na Bíblia de “apóstolo” (Hb.3:1), “o apóstolo do Pai”, como o denomina o pastor Antonio
Sebastião da Silva, grande mestre da Palavra de Deus e diretor da Faculdade Teológica de Santo André
(FATESA).

- Pois bem, se é Jesus quem nos envia, os missionários, chamados especificamente para este trabalho, também
são enviados por Cristo e como atua o Senhor? Por meio da Igreja, que é o Seu corpo (I Co.12:27), sendo Ele
a cabeça (Ef.5:23).

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4 – CNPJ 05.693.826-0001-05 (PIX)
4º Trim. de 2023: ATÉ OS CONFINS DA TERRA: Pregando o Evangelho a todos os
povos até a volta de Cristo
- Quando cremos em Jesus, somos inseridos na Igreja (I Co.12:12-14), de modo que não há a menor
possibilidade de um membro deste corpo ser um membro vivo se não estiver no corpo.

- Quando cremos em Cristo, somos inseridos no corpo e, portanto, nenhum missionário irá ser enviado
solitariamente, por conta própria, mas sempre enviado por uma igreja local, que se encarregará de
orar, contribuir e permitir que este missionário faça missões. O Espírito Santo chamou a Barnabé e a
Saulo, mas eles foram enviados pela igreja em Antioquia (At.13:3), a quem foram prestar contas ao término
da primeira viagem missionária (At.14:26-28).

- Hoje existem muitos “missionários free-lancer”, podemos dizer assim, que dizem ter recebido uma
“chamada”, mas que não estão vinculados a igreja local alguma. Tais pessoas são desordenadas e não podem
ser levadas a sério, porque Deus não muda e não há nenhum caso deste nas Escrituras e, observemos, irmãos,
se isto fosse possível, o tempo apostólico era o mais oportuno para que isto acontecesse, já que, naquele tempo
primeiro da igreja, não se tinha a organização que hoje se tem.

- Não se confunda isto com um denominacionalismo ou algo similar. Há diversas organizações chamadas
“paraeclesiásticas”, ou seja, que funcionam ao largo das igrejas locais, cuja função é precisamente o de apoiar
a obra missionária. Mas tais organizações apenas concentram os esforços das igrejas locais, mesmo não
estando vinculadas a elas, para dar maior racionalidade e eficiência ao trabalho de pregação do Evangelho em
todo o mundo, sendo, pois, elementos que fortificam a vinculação dos missionários às igrejas locais, algo bem
diferente do que fazem estes pseudomissionários mencionados que, no mais das vezes, a exemplo daqueles
irmãos de Tessalônica, querem apenas ter um modo de vida às custas do trabalho dos irmãos (II Ts.3:6-12).

- A Didaquê, um dos mais antigos livros de doutrina cristã, do século II, fala deste tipo de gente, “in verbis”:
“…Todo apóstolo que vier a ti seja recebido como o Senhor. Mas que ele não permaneça mais de um dia, ou
dois dias, se houver uma necessidade. Mas se ele permanecer três dias, ele é um falso profeta. E quando o
apóstolo vai embora, não o deixe levar nada mais que pão até que ele se hospede. Se ele pedir dinheiro, ele é
um falso profeta…” (Cap.11. In: RODRIGUES, Cláudio J.A. (trad.). Apócrifos e pseudoepígrafos da Bíblia.
São Paulo: Novo Século, 2004, p.765).

Colaboração para o Portal Escola Dominical – Pr. Caramuru Afonso Francisco

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4 – CNPJ 05.693.826-0001-05 (PIX)

Você também pode gostar