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A natureza do ser humano é complexa – embora seja uma unidade. A Bíblia fala tanto do aspecto material
quanto do aspecto imaterial do ser humano. Então o homem é uma criatura única nesse sentido.
Quando comparamos a natureza do ser humano à natureza dos seres espirituais, por exemplo, entendemos
como a pessoa do homem se distingue na obra da criação. Anjos e demônios são seres incorpóreos – ainda
que extraordinariamente possam assumir a aparência humana (cf. Gênesis 18:2-19:22). Isso quer dizer que
diferentemente dos homens, eles não possuem uma parte material na constituição de sua natureza.
Já a natureza do ser humano é constituída por uma parte material e outra imaterial – embora sempre deva ser
vista como uma unidade. Para evitar interpretações equivocadas, ao invés de falar em “parte material” e
“parte imaterial”, talvez seja melhor falar em “aspecto material” e “aspecto imaterial” da natureza do ser
humano.
O aspecto material da natureza do ser humano evidentemente é o corpo. Mas com relação ao seu aspecto
imaterial, os cristãos têm adotado interpretações distintas ao longo da História. Isso por que algumas
passagens bíblicas falam da alma como sendo esse aspecto imaterial, outras falam do espírito, e ainda outras
falam da alma e do espírito (cf. 1 Tessalonicenses 5:23; Hebreus 4:12).
O que basicamente tem sido discutido nesse sentido é se o aspecto imaterial da natureza do ser humano é
formado por dois elementos distintos – alma e espírito –, ou se os vocábulos “alma” e “espírito” são utilizados
de forma intercambiável pelos autores bíblicos para falar do mesmo elemento imaterial da natureza do ser
humano visto de ângulos diferentes.
Quem defende que o aspecto imaterial da natureza do ser humano possui dois elementos intimamente
ligados, mas distintos – alma e espírito –, adotam uma interpretação conhecida como Tricotomia. Já quem
defende que alma e espírito são apenas designações diferentes para a mesma substância da constituição da
natureza do ser humano, adotam uma interpretação chamada Dicotomia.
1. A natureza de Deus
“Deus é espírito” – é uma breve declaração de Jesus sobre a natureza de Deus (Jo 4.24). E “espírito não tem
carne e osso”, também Jesus o afirma (Lc 24.39). O apóstolo Paulo diz que Jesus encarnado é a imagem
visível do “Deus invisível” (Cl 1.15).
Assim, por não ter um corpo físico/material Deus é invisível aos homens. Quando a Bíblia fala de “mão de
Deus”, “olhos de Deus”, “pés de Deus”, etc. está se utilizando de uma linguagem antropomórfica, isto é,
atribuindo formas humanas a Deus para nossa compreensão acerca de sua Pessoa e de seu agir, ainda que
Deus não tenha corpo igual ao nosso no céu. Deus sempre esteve invisível aos homens, menos quando ele
se apresentou por teofania (manifestação visível de Deus), como no Antigo Testamento, ou por sua revelação
através do Filho encarnado “Jesus Cristo, homem” (1Tm 2.5).
Na Trindade, apenas o Filho é semelhante aos homens sob os aspectos da constituição física, já que, uma
vez concebido no ventre de Maria, Jesus recebeu corpo humano para nunca mais deixá-lo! Sua ressurreição
foi literal e corpórea, e com o corpo ressurreto ele voltou para o Pai, de onde virá outra vez para nos buscar!
2. Visibilidade e tangibilidade
A propriedade visibilidade quer dizer que o corpo humano pode ser visto. E de fato o vemos! Sua alma e
espírito, entretanto, são substâncias invisíveis. Sendo assim, ignore essas falsas notícias que circulam nas
redes sociais de “imagens inéditas” de almas deixando o corpo das pessoas enquanto elas dormem ou após a
sua morte, ou mesmo de supostas aparições de espíritos de celebridades mortas ou de parentes falecidos.
Tudo não passa de montagem feita em computador ou lendas urbanas! Espíritos não podem ser captados
pelas lentes de uma câmera fotográfica!
A propriedade tangibilidade quer dizer que o corpo humano é tangível, isto é, pode ser percebido pelo tato. Foi
assim que Tomé tirou sua dúvida quanto ao Cristo ressurreto, quando o viu (visibilidade) e o tocou
(tangibilidade). Maravilhado diante do Cristo que vencera a morte, então exclamou: “Senhor meu, e Deus
meu!” (Jo 20.24-48).
3. Mortalidade
A alma e o espírito são imortais (uma vez criados por Deus jamais deixarão de existir), porém o corpo é
suscetível à morte. Na verdade, tornou-se suscetível à morte com a entrada do pecado no mundo.
Contudo, esta propriedade do corpo não significa aniquilação final, já que tanto os justos como os injustos
ressuscitarão (Jo 5.28,29), isto é, receberão seus corpos de volta (Ap 20.13), plenamente adaptados quer
para o gozo eterno com Cristo e seus santos, quer para o sofrimento eterno com o diabo e seus anjos! Talvez
você nunca parou para refletir nisso, mas os salvos entrarão no céu com corpo, alma e espírito; igualmente os
ímpios serão lançados no lago de fogo com corpo, alma e espírito. Que glória indizível será para os santos e
que sofrimento terrível será para os ímpios! Por isso Jesus falou em “choro e ranger de dentes”, o que pode
sim ser entendido literalmente (Mt 13.50; Mc Lc 13.28)
III - ALMA, O NOSSO ELO COM O MUNDO EXTERIOR
1. Alma e espírito são inseparáveis
O espírito nunca se separa da alma e vice-versa. Essas substâncias do nosso ser podem ser distinguidas,
porém jamais separadas uma da outra! Isso porque o espírito e a alma juntos formam a nossa “pessoa
espiritual”, e juntos ao corpo constituem o ser humano integral em perfeita unidade.
Espírito sem alma seria um espírito morto, o que é impensável; enquanto que uma alma sem espírito, seria
uma consciência ambulante, sem existência própria, sem identidade, sem personalidade, o que é igualmente
impensável.
1. O que é o espírito
Espírito é o nosso próprio ser interior revestido pela alma que lhe dá consciência. Deus é espírito, porque não
tem corpo físico (Jo 4.24); nós não somos espíritos, mas temos espírito, e também somos constituídos de
corpo. É esse espírito do homem que sobe até Deus após a sua morte (Ec 12.7). Por isso Jesus orou na cruz:
“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46).
A existência da alma e do espírito, que permanecem mesmo após a morte física e com os quais o homem se
relaciona com o mundo espiritual, é um ensino bíblico inquestionável, ainda que seus detalhes possam
constituir-se um mistério para nossa limitada inteligência. Veja-se, só a título de exemplo, a parábola contada
pelo próprio Jesus sobre um certo rico e um certo mendigo chamado Lázaro, cujo enredo em sua maior parte
se dá num ambiente espiritual, após a morte de ambos (Lc 16.19-31).
Conclusão
Ao findar deste estudo estejamos mais conscientes de quem somos hoje e do que viremos a ser. Devotemo-
nos integralmente ao Senhor todos os dias para que sejamos por ele aperfeiçoados até chegarmos a ser
“homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13).