Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
E. A Origem da Alma
Na concepção bíblica, o ser humano é mais que mero corpo físico: ele é
também alma ou espírito.
1. A preexistência
Alguns entendem que todas as almas já foram criadas por Deus no passado,
e existem antes de serem incorporadas em algum ser. Num determinado
momento da gestação, uma alma dessas é implantada no corpo do indivíduo.
Alguns defensores desta ideia foram Platão, Filo de Alexandria, Orígenes,
Kant e outros.
Para os que defendem esta teoria, o estado pecaminoso das almas deve-se a
algum acontecimento ocorrido nas almas antes da incorporação, razão por
que todos nascem pecadores e todos trazem a culpa consigo.
Esta ideia carece de base bíblica. Além disto, ela faz do corpo algo acidental,
uma vez que as almas já existem antes, e só depois é que recebem um corpo.
Também, ela destrói a unidade da raça humana, pois apenas o corpo é que
teria origem num mesmo tronco. Finalmente, esta explicação não acha
suporte na consciência humana.
2. A criação imediata
Alguns teólogos entendem que cada alma é criada por Deus imediatamente
para cada indivíduo. O momento da criação pode ser na concepção ou
durante a gestação ou ainda no nascimento. Defendem esta teoria homens
como Aristóteles, Pelágio, grande parte dos reformadores e a Igreja Católica.
A reprodução dos pais é só do corpo, e não da alma.
3. O traducianismo
Este ponto trata dos elementos que formam o indivíduo humano. O homem
é constituído de corpo, alma e espírito? Ou apenas de corpo e alma, sendo
esta o mesmo que espírito?
A. Interpretação Tricotomista
Os textos bíblicos mais usados para fundamentar esta teoria são dois. Em
1Tessalonicenses 5.23, o apóstolo Paulo se refere claramente aos três
elementos: “E o próprio Deus de paz vos santifique completamente, e o
vosso espírito, alma e corpo sejam mantidos plenamente irrepreensíveis
para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. O segundo texto é Hebreus
4.12, onde o autor faz distinção entre alma e espírito: “a palavra de Deus é
viva e eficaz, mais cortante que qualquer espada de dois gumes; penetra
até o ponto de dividir alma e espírito, junta e medulas, e é capaz de
perceber os pensamentos e intenções do coração”.
O corpo e a alma têm uma relação direta com este mundo, enquanto o
espírito se volta para as coisas de cima, relacionadas com o sobrenatural.
B. Interpretação Dicotomista
Outras vezes os autores usam a palavra alma para falar da parte imaterial do
indivíduo. Jesus diz aos discípulos que não temam “os que matam o corpo e
não podem matar a alma” (Mt 10.28). E João, na terceira carta, deseja que seu
leitor seja “bem-sucedido em todas as coisas e que tenhas saúde, assim como
a tua alma vai bem” (3Jo 2). Em todas estas passagens e muitas outras, o ser
humano é corpo e alma, ou corpo e espírito. Apenas dois elementos, e não
três.
Em 1Tessalonicenses 5.23 o apóstolo Paulo apela para que o homem todo seja
plenamente santificado para a vinda do Senhor e, então, usa os três termos
(corpo, alma e espírito) para ressaltar a pessoa total, sem a intenção de
diferenciar entre as partes. O que o apóstolo quer é ressaltar o caráter total da
santificação. Não está aqui fazendo qualquer distinção substancial entre alma
e espírito, pois como já vimos, na Bíblia os termos alma e espírito são usados
como equivalentes, designando o aspecto espiritual do ser humano.
Uma passagem semelhante é Marcos 12.30, onde o Senhor Jesus ensina que
devemos amar a Deus com todo o nosso ser, e diz: “de todo o teu coração, de
toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças”. É
claro que estes elementos, coração, alma, entendimento, forças, não
significam partes constitutivas da natureza do homem, senão que por todos
estes meios o ser humano pode expressar seu amor a Deus.