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ANTROPOLOGIA

TEOLÓGICA

A Doutrina do Homem

Ismael Ferreira Silva (Org)1

1Adaptei o conteúdo dessa disciplina da obra: Teologia Sistemática Sob a Ótica Pentecostal. Silva, Ismael
Ferreira (Org). São Paulo: Editora Versejar, 2021.
INTRODUÇÃO
Estudar a doutrina do homem, segundo uma visão teológica, é analisar a obra
prima de Deus. A Antropologia teológica trás explicações sobre a origem do homem, ou
seja, a respeito de sua criação, etc. Procuraremos trazer alguns detalhes da criação do
homem, analisando também, algumas teorias errôneas, contrárias a Palavra de Deus.

Nos capítulos seguintes, definiremos Antropologia, falando a respeito da origem


do homem, detalhes do corpo humano, e procuraremos explicar o porquê o homem foi
criado.

Faremos uma síntese sobre a natureza do homem, explicando a definição dos


termos: imagem e semelhança, abordando os significados de: homem natural, social,
espiritual e carnal.

E por fim, discorreremos sobre o futuro do homem, analisando-o diante da morte


e da eternidade.

Ótimo estudo!
CAPÍTULO 1

ANTROPOLOGIA E SUA

DEFINIÇÃO

Antropologia é um termo que se deriva de dois vocábulos gregos: “Antrophos”


(homem) e “logia” (de logos, estudo ou tratado). Ou seja, é o estudo sobre o homem. O
pastor Claudionor Corrêa de Andrade corrobora com a ideia, que essa disciplina é o
estudo do homem de conformidade com as revelações contidas nas Sagradas Escrituras
e nos diversos ramos do conhecimento humano. 2 Ou seja, é a disciplina teológica que se
ocupa de estudar de forma sistemática o que a Bíblia diz sobre o homem.

A antropologia teológica ocupa-se unicamente do que a Bíblia diz a respeito do


homem e da relação em que ele está e deve está com Deus. A única fonte dessa
disciplina é a Bíblia Sagrada, examinando os ensinamentos da experiência humana à luz
da Palavra de Deus.

Champlin afirma que o termo antropologia tem certa variedade de usos, alguns
dos quais importantes para Filosofia e a Teologia. 3 Porém, nessa disciplina abordaremos
o estudo do homem segundo a Bíblia. É importante não confundir a antropologia
teológica com a antropologia geral. 4

Sabemos que existem diversas teorias sobre a origem do homem, todavia, são
especulações contrárias ao ensino bíblico. Sobre a origem do homem a Bíblia Sagrada
tem a palavra final, como veremos a seguir.

QUAL A ORIGEM DO HOMEM?


De forma clara, acerca da origem do homem, concorda o saudoso Eurico
Bergstén:

A Bíblia diz: “e formou o Senhor Deus o homem do pó da terra” (Gn 2.7).


Essa afirmativa soberana faz cair por terra todas as teorias materialistas e
panteístas que se baseiam em hipóteses e suposições infundadas. O homem
surgiu no cenário deste mundo pela poderosa Palavra de Deus. Jesus falou
disso, afirmando: “No princípio, o Criador os fez macho e fêmea” (Mt 19.4),
e falou ainda: “Desde o principio da criação, Deus os fez macho e fêmea”

2 ANDRADE, 2013. p. 53.


3 CHAMPLIN, 2014, p. 198
4 A antropologia geral é o estudo cientifico eu tem o homem como objeto de análise valendo-se de

todas as ciências que tratam de sua origem, natureza e potencialidades – isso inclui a constituição e
história da humanidade, a estrutura e características fisiológicas e psíquicas do homem, e seu
desenvolvimento etnológico, cultural, linguístico e religioso.
(Mc 10.6). Assim, o homem tem Deus como a sua origem, e não é
descendente de macaco dos tempos passados.5

O homem não é o resultado evolutivo de formas inferiores de vida na terra,


como afirma a teoria da evolução.

O QUE NÃO É O HOMEM?


Não é um ser meramente biológico e psicológico que nada mais resta depois da
morte. Segundo o pastor Elienai Cabral, essa ideia foi defendida e espalhada no mundo
pelo filósofo e psicanalista Sigmund Freud. Sua teoria descarta a ideia de uma relação
do homem com o sobrenatural. Afirmou Freud que coisas, como sexo, fome sede,
segurança e prazer, são elementos que determinam as ações e os padrões de
personalidade do homem. 6.

Diferentes das ideias de Sigmund Freud sobre o ser humano, sabemos


biblicamente, que o homem é a obra prima das mãos de Deus, composto de corpo, alma
e espírito. Veja o que o escritor aos Hebreus afirmou: “Porque a Palavra de Deus é viva,
e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto
de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e
propósitos do coração” (Hb 4.12, RA). Glória a Deus.

OS DETALHES DO CORPO DO HOMEM E O SEU VALOR


A respeito do homem, assim a Bíblia o define: “E formou o Senhor Deus o
homem do pó da terra” (Gn 2.7). Foi feito pela Trindade de uma forma maravilhosa.
Sobre a formação do homem, veja o que afirma Dake:
Ele é formado por várias substâncias químicas – ferro, açúcar, sal, carbono,
iodo, fósforo, óxido de cálcio, cálcio e outras. O corpo tem 263 ossos; 600
músculos; 1.500 km de veias; 400 papilas gustativas na língua; 20.000 pelos
nos ouvidos para as tonalidades dos diferentes sons; 18 quilos de pressão na
mandíbula; 10.000 nervos e terminações; 3.500 poros de suor para cada 2,5
cm de pele; 20.000.000 de poros que absorvem o alimento ao longo do
intestino; 600.000.000 de células nos pulmões que inspiram 9.000 litros de ar
diariamente; e um sistema nervoso que transmite ao cérebro
instantaneamente qualquer som, sabor, cheiro, toque ou visão. O coração bate
4.200 vezes por hora e bombeia 12 toneladas de sangue por dia. [...].7

Um químico inglês, depois de analisar o corpo humano cuidadosamente, chegou


à curiosíssima conclusão:
Se os elementos químicos do corpo humano pudessem ser separados,
fabricaríamos os seguintes objetos: com a gordura, sete sabonetes; com o
fósforo, uma caixa de fósforo; com o potássio, tirar uma fotografia do
tamanho normal; com o açúcar, adoçar uma xicara de café; com o ferro, fazer

5 BERGSTÉN, 1999, p. 126


6 Ibidem
7 DAkE, 2013, p. 868
um prego; enfim, o valor (segundo este cálculo químico é aproximadamente
de um dólar”. (veja a cotação do dólar no câmbio oficial e deduza o valor). 8

O valor real do corpo está em sua alta finalidade de ser a morada da alma e do
espirito do homem (2 Pe 1.14,15; 2 Co 5.1,4; Jó 14.22; 38.8; Zc 12.1), afirma o saudoso
Eurico Bergstén.9 Esse corpo, só será mais valioso ainda, caso o homem permita ser a
morada do Espírito Santo de Deus (2 Co 4.7).

Deus exaltou o homem como o mais elevado da criação (Gn 1.26-31; Sl 8.3-8).
Ele vale mais que o mundo inteiro (Mc 8.36). Deus ama tanto os homens que enviou o
seu Filho Unigênito para morrer por toda a humanidade (Jo 3.16; Ap 22.17).

POR QUE O HOMEM FOI CRIADO


Como bem afirma Gruden, Deus criou-nos para a sua glória. Quando tratamos
do assunto da independência de Deus, observamos que Ele fala de seus filhos e filhas
desde os confins da terra como “a quem criei para a minha glória” (Is 43.7; Ef
1.11,12).10 Portanto, existimos para fazer “tudo para a glória de Deus” (1 Co 10.31).

O pastor Claudionor Corrêa de Andrade afirma que Deus criou o homem para
glorificá-Lo (1 Co 11.7), propagar a espécie (Gn 1.28;2.24) e a administrar o planeta
(Gn 2.1,15,19).11

8 CETEPI, 2014, p. 21
9 BERGSTÉN, 1999, p. 130
10 GRUDEN, 2001, p. 202
11 ANDRADE, 2013, p. 8
CAPÍTULO 2

A NATUREZA DO HOMEM

Para viver na terra, o homem precisa de sua natureza completa. Se a alma apartar
do corpo, o homem morre (1 Rs 17.21,22; Gn 35.18). O texto bíblico afirma: “o mesmo
Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados
íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (1Ts 5.23, RA).

Deus, que é Trino, criou o homem como um ser tríplice, isto é, composto de
corpo, alma, e espírito. O Deus Trino, isto é, Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito
Santo, imprimiu sua semelhança na formação do homem. Também Jesus, quando se fez
homem, recebeu um corpo (Hb 10.5), uma alma (Mt 26.38) e um espírito (Lc 23.46). A
Bíblia fala muito dessas três partes do homem (1 Ts 5.23). 12 Mediante a análise do
estudo do homem, surge as seguintes perguntas: o que é o corpo, alma e espírito?
veremos a seguir.

O CORPO DO HOMEM
O corpo do homem foi formado por Deus do pó da terra (Gn 2.7), isto é, da
mesma terra que temos hoje sob os nossos pés. Através de análise química, sabemos
que o corpo humano consiste de vários compostos, como ferro, glicose, sal, carbono,
iodo, fósforo, cálcio, etc, afirma Eurico Bergstén. 13

Existem alguns nomes da Bíblia que se refere ao corpo do homem, são eles: casa
ou tabernáculo (2 Co 5.1), é a tenda na qual a alma do homem, qual peregrina, mora
durante sua viagem no tempo para a eternidade. À morte, desarma-se a barraca e a alma
parte (Is 38.12; 2 Pe 1.13-14).

Afirma alguns teólogos que, o corpo é a “bainha” da alma. A morte é o


desembainhar da espada. O corpo também é chamado de templo do Espírito Santo (1 Co
6.19).

O ESPÍRITO DO HOMEM
Segundo o pastor Claudionor Corrêa de Andrade, em termos simples, o espírito
compõe, juntamente com a alma, a parte imaterial do ser humano. Embora distintos um
do outro, não podem separar-se; somente a Palavra de Deus, é capaz de alcançar a

12 BERGSTÉN, 1999, p. 128


13 BERGSTÉN, 1999, p. 130
divisão entre ambos (Hb 4.12).14 É o espírito o centro e a fonte da vida humana; no
princípio Deus soprou o espírito de vida no corpo inanimado, e o homem “foi feito alma
vivente”.

Aquilo que domina o espírito torna-se atributo de seu caráter. Por exemplo, se o
homem permitir que o orgulho o domine, ele tem um “espírito altivo” (Pv 16.18).
Conforme as influências respectivas que o dominem, um homem pode ter um espírito
perverso (Is 19.14); um espírito rebelde (Sl 106.33); um espírito impaciente (Pv 14.29);
um espírito perturbado (Gn 41.18); um espírito contrito e humilde (Is 57.15; Mt 5.3).
Pode estar sob um espírito de servidão (Rm 8.15), ou ser impelido de inveja (Nm 5.14).
Assim é que o homem deve guardar o seu espírito (Ml 2.15), dominar o seu espírito (Pv
16.32), pelo arrependimento tornar-se um novo espírito (Ez 18.31) e confiar em Deus
para transformar o seu espírito (Ez 11.19). 15

A ALMA DO HOMEM
O que é a alma do homem? Veremos a opinião de Eurico Bergstén:

A alma, junto com o espírito, formam o “homem interior”, a parte imaterial


de todo o ser humano. Embora a alma e o espírito estejam inseparavelmente
unidos, tanto dentro como fora do corpo, existe uma diferença entre eles. A
Bíblia diz que “a Palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que
qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito”
(Hb 4.12).16

É aquele princípio inteligente e vivificante que anima o corpo humano, usando


os sentidos físicos como seus agentes de exploração das coisas materiais, e os órgãos do
corpo para expressar e comunicar-se com o mundo exterior.

A alma também é a sede do intelecto com todas as suas faculdades: pensamento,


entendimento e saber (Sl 139.14; Pv 19.2). Também é o centro do temperamento, pois
nela habita a índole.

14 ANDRADE, 2020, p. 22
15 CETEPI, 2014, p.24
16 Ibidem , p. 130
CAPÍTULO 3

IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS

Disse Deus: façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.


[...]. (Gn 1.26, ARC). Deus criou Adão e Eva à imagem dele próprio. Adão e Eva
tinham a semelhança moral com Deus, pois não tinham pecado, eram santos, tinham
sabedoria, um coração amoroso e o poder de decisão para fazer o que era certo (Ef
4.24). Viviam em comunhão pessoal com Deus, que abrangia obediência moral (Gn
2.16,17) e plena comunhão. Quando Adão e Eva pecaram, sua semelhança moral com
Deus foi desvirtuada (Gn 6.5).17

Adão e Eva possuíam semelhança natural com Deus, foram criados como seres
pessoais tendo espírito, mente, emoções, autoconsciência e livre-arbítrio (Gn
2.19,20;3.6,7; 9.6). Em certo sentido, a constituição física do homem e da mulher retrata
a imagem de Deus, o que não ocorre no reino animal. Deus pôs nos seres humanos a
imagem pela qual Ele apareceria visivelmente a eles (Gn 18.1,2, 22) e a forma que seu
Filho um dia viria a ter (Lc 1.35; Fp 2.7; Hb 10.5). 18 Como bem afirmou a Bíblia de
Estudo Pentecostal: “O fato de seres humanos terem sido feitos à imagem de Deus não
significa que são divinos. Foram criados segundo uma ordem inferior e dependentes de
Deus” (Sl 8.5).19

DEFINIÇÃO DE IMAGEM E SEMELHANÇA


Para melhor definir o significado dos termos, veja a afirmação de Laurence O.
Richards:
“Imagem” e “semelhança” (selem e demut) são encontradas juntas em
passagens onde a natureza essencial do homem é explicada (Gn 1.26). Juntas
elas fazem uma afirmação teológica: para compreender a natureza humana,
necessitamos ver o homem como originalmente criado, partilhado com a
“imagem – semelhança” de Deus. Não devemos comparar nossa natureza
com a de qualquer animal, mas somente com a de Deus. [...].20

William Macdonald diz que, de certa forma o homem partilha características


semelhantes com o Senhor: Deus é uma Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), e o
homem é um ser tripartite (corpo, alma e espírito); como Deus, o homem possui

17 STAMPS, 1995, p. 33
18 Ibidem
19 Ibidem
20 RICHARDS, 2005, p. 28
intelecto, juízo moral, pode se comunicar com os outros e uma natureza emocional que
transcende seus instintos.21

É claro que a semelhança do homem com Deus, não se refere a característica


física. Na sequência, com o auxílio de alguns renomados escritores, discorreremos sobre
o momento que o homem deixou de ter a imagem e semelhança de Deus.

QUANDO O HOMEM DEIXOU DE SER A IMAGEM E


SEMELHANÇA DE DEUS?
A Bíblia de Estudo Pentecostal trás a afirmação que, quando Adão e Eva
pecaram, sua semelhança moral com Deus foi desvirtuada (Gn 6.5).22 Afirma também,
que na redenção, os crentes devem ser renovados segundo a semelhança moral original
(Ef 4.22-24; Cl 3.10).23

Essa imagem de Deus foi corrompida pelo pecado. Mas, quando o homem se
volta para o Criador e aceita a salvação, através de Jesus Cristo, torna-se “a imagem e
glória de Deus” (1 Co 11.7). Nascido de novo, o salvo é revestido “do novo homem,
que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.24). 24

O homem nascido de novo, em Cristo, é “nova criatura” (2 Co 5.17) e se torna


participante “da natureza divina” (2 Pe 1.4). Tal participação, no presente, é parcial,
pois o homem está sujeito a fraquezas e ao pecado; mas, na glorificação, será restaurada
a “semelhança” da “imagem de Deus”, pois “agora somos filhos de Deus, e ainda não é
manifesto o que haveremos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar seremos
semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” (1 Jo 3.2).25

21 MACDONALD, 2011, p. 13
22 STAMPS, 1995, p. 33
23 Ibidem
24 RENOVATO, 2008, p. 259
25 Ibidem
CAPÍTULO 4

O HOMEM NATURAL, SOCIAL, ESPIRITUAL

E CARNAL

O homem natural jamais conseguirá compreender nem discernir as coisas de


Deus. O fator principal que lhe impede de enxergar as coisas espirituais, é não ter
nascido do Espírito, pois: “o que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do
Espírito é espírito” (Jo 3.5-6).

Qual o significado de homem natural, social, espiritual e carnal? Traremos as


respostas neste capítulo.

O HOMEM NATURAL
O apóstolo Paulo afirma o seguinte: “ora, o homem natural não aceita as coisas
do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se
discernem espiritualmente”(1 Co 2.14, RA). O já citado apóstolo Paulo também diz:
“semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também
corpo espiritual (1 Co 15.44, RA). O que significa o homem natural? É assim chamado
o homem que ainda não experimentou o novo nascimento.

O homem natural é uma pessoa irregenerada, governada por seus próprios


desejos (2 Pe 2.12). Tal pessoa não tem o Espírito Santo (Rm 8.9), está sob o domínio
de Satanás (At 26.18) e é escravo da carne com suas paixões (Ef 2.3). Pertence ao
mundo, está em harmonia com ele (Tg 4.4) e rejeita as coisas do Espírito (1 Co 2.14). A
pessoa natural não consegue compreender a Deus, nem os seus caminhos; pelo
contrário, depende do raciocínio ou emoções humanas. 26 Somente os espirituais
compreendem das coisas espirituais.

O homem natural é aquele que ainda vive segundo a natureza pecaminosa e


decaída desde a queda ocorrida no Éden. Ele está perdido. A menos que aceite a Jesus,
não há solução para ele. Esse homem não pode ser reformado nem melhorado. Ele tem
de ser transformado pelo poder do Espírito Santo (Rm 8.9; 7.18). 27 Esse homem precisa
ter um encontro com Cristo, para deixar de ser natural.

Citado por William Macdonald, Vance Havner comenta:


O cristão sábio não perde tempo tentando explicar o plano de Deus a homens
irregenerados; seria o mesmo que lançar pérolas aos porcos. Seria como

26 STAMPS, 1995. p. 1738


27 CETEPI, 2014, p. 31
descrever o pôr do Sol a um cego ou discutir física nuclear com a estátua na
praça. O homem natural não consegue captar tais coisas. É mais fácil pegar
um raio de sol com um anzol do que aprender a revelação de Deus sem a
ajuda do Espírito Santo. A menos que o individuo seja nascido do Espírito e
por Ele instruído, tudo isso lhe é inteiramente estranho. Ter um doutorado,
nesse caso, não ajuda em nada. O diploma poderia muito bem ser
considerado um atestado de ignorância.28

O HOMEM SOCIAL
Do ponto de vista divino, o casamento foi e é uma instituição divina. Isso se deu,
conforme está dito, logo no inicio da Bíblia (Gn 1.27-28; 2.18-24). Do ponto de vista
social, porém, o casamento é praticado em todas as sociedades; o indivíduo é
responsável perante o seu grupo social. 29

Em geral, a família constitui o agente de uma comunidade mais ampla, e através


dela tende a regular-se o comportamento do individuo. O matrimônio é uma das formas
de comportamento que propende a ser muito cuidadosamente regulamentada em todas
as sociedades, visto que envolve a criação de laços íntimos, não só entre os indivíduos
que se casam, mas também entre as famílias.30 O homem é um ser social, ou seja, vive
em sociedade com os demais homens.

No casamento se estabelece o parentesco entre dois grupos, e não apenas entre


dois indivíduos. A seguir, mostraremos as características do homem espiritual.

O HOMEM ESPIRITUAL
O homem espiritual refere-se a pessoa regenerada, ou seja, que tem o Espírito
Santo. Essa pessoa tem mentalidade espiritual, conhece os pensamentos de Deus (2 Co
2.11-13) e vive pelo Espírito de Deus (Rm 8.4-17; Gl 5.16-26). Tal pessoa crê em Jesus
Cristo, esforça-se para seguir a orientação do Espírito que nele habita e resiste aos
desejos sensuais e ao domínio do pecado (Rm 8.13,14).31 A única forma do homem ser
um crente espiritual, é aceitando pela fé a salvação em Cristo, a pessoa é regenerada; o
Espírito santo lhe confere uma nova natureza mediante a concessão da vida divina (2 Pe
1.4). Essa pessoa nasce de novo (Jo 3.3,5,7), é renovada (Rm 12.2), torna-se nova
criatura (2 Co 5.17) e obtém a justiça de Deus mediante a fé em Cristo (Fp 3.9). 32

Como bem afirma Champlin, o homem espiritual é aquele que é experiente e


aprovado na vida espiritual, sendo pessoa espiritualmente madura, embora não
impecável; mas sua vida é vitoriosa sobre o pecado, e ele não é praticante de vícios.
Pelo contrário, tal crente cultiva as virtudes espirituais, as quais se manifestam
claramente em sua vida (Gl 5.22). Ele também possui a mente do Espírito, ou mente de

28 MACDONALD, 2011, p. 482


29 CETEPI, 2014, p. 30
30 Ibidem
31 STAMPS, 1995. p. 1738
32 Ibidem
Cristo, sendo governado por essa mentalidade (2 Co2.16). E também anda de acordo
com a lei do Espírito (Rm 8.2,4). É dotado de compreensão e sabedoria espirituais (Cl
1.9).33 o que é homem carnal, veremos a seguir.

O HOMEM CARNAL
Vemos na Bíblia Sagrada que, o homem carnal é crente e já aceitou a Jesus, no
entanto, sua vida é mista, dividida e marcada por constantes subidas e descidas. É um
crente que vive na carne (Gl 3.3). É carnal, porque ainda vive segundo os desejos da
carne.

Segundo Champlin, o homem carnal é uma espécie de meio-termo entre o


homem espiritual e homem natural. Realmente, converteu-se, pelo que entrou nos
primeiros estágios da regeneração; mas continua sendo derrotado por seus próprios
antigos impulsos. Esse é o homem que se encontra em estado de tensão e conflito
espirituais conforme se vê no sétimo capítulo de Romanos.34

Champlin ainda diz:

1. Embora certas pessoas se apresentem como espirituais, na verdade andam


vendidas ao pecado, sendo escravas do princípio do pecado (Rm 7.14).
2. Tal pessoa é dotada de uma mente carnal, que está em conflito com Deus
(Rm 8.7).
3. O homem carnal vive como se não fosse regenerado (1 Co 3.3).
4. O homem carnal é faccioso (1 Co 3.4).
5. O homem carnal tem vícios na sua vida, e ignora o cultivo das virtudes
espirituais (Gl 5.19). 35

Podemos citar o exemplo da Igreja de corinto, como uma Igreja carnal. Embora
não vivessem em total carnalidade e rebeldia, nem praticassem grave imoralidade e
iniquidade, que os separava do Reino de Deus (1 Co 6.9-11; Gl 5.21; Ef 5.5), estavam
vivendo de tal maneira que já não cresciam na graça, e agiam como recém-convertidos,
sem divisar o pleno alcance da salvação em Cristo (1 Co 3.1,2). 36 Uma Igreja pode ter
todos os dons espirituais, mesmo assim pode ser carnal (1 Co 1.7).

A carnalidade deles era vista na “inveja e contendas” (1 Co 3.3). Não se afligiam


com a imoralidade dentro da Igreja (1 Co 5.1-13; 6.13-20). Não levavam a sério a
Palavra de Deus, nem os ministros do Senhor (1 Co 4.18,19). Moviam ação judicial,
irmãos contra irmãos, por razões triviais (1 Co 6.6-8). Observe-se que os crentes
coríntios que estavam vivendo em imoralidade sexual ou pecados semelhantes, Paulo os
têm como excluídos da salvação em Cristo (1 Co 5.1,9-11; 6.9,10).37 É triste
notificarmos biblicamente que, a Igreja que tinha mais dons espirituais, ainda hoje é
conhecida como uma Igreja carnal.

33 CHAMPLIN, 2014, p. 151


34 Ibidem
35 CHAMPLIN, 2014, p. 150
36 STAMPS, 1995, p. 1738
37 Ibidem
CAPÍTULO 5

O HOMEM DIANTE DA MORTE E DA

ETERNIDADE38

Existe algo reservado, tanto para os homens que morrerem com Cristo, bem
como para aqueles que partirem sem Deus. O Paraíso está reservado para aqueles que
morrerem com Cristo, já o lugar de sofrimento, foi feito para o Diabo, seus anjos, e
todos aqueles que não entregarem a vida ao Senhor.

Na sequência deste capítulo, discorreremos mais detalhadamente sobre o tema


aqui abordado.

O HOMEM E A MORTE
Uma das consequências do pecado de Adão foi a morte (Gn 3.19). O apóstolo
Paulo afirma: “portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e
pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos
pecaram (Rm 5.12). Eurico Bergstén afirma que, uma única exceção a essa regra
infalível acontecerá na vinda de Jesus – aqueles que estiverem preparados serão
transformados e arrebatados (1 Ts 4.14-17), sendo revestidos de imortalidade (1 Co
15.53). Desse acontecimento temos dois exemplos no Antigo Testamento: Enoque (Gn
5.24; Hb 11.5) e Elias (2 Rs 2.11) – eles não viram a morte. 39 “aos homens está
ordenado morrerem uma vez” (Hb 9.27).

O homem deve se preocupar com o seu destino após a morte. O ímpio e o salvo
terão destinos diferentes (Lc 16.19-31). Antes da ressureição, os ímpios irão para um
lugar chamado Hades, de lá serão enviados ao Inferno (Sl 9.17).

O justo é levado ao Paraíso (Seio de Abraão), esse foi o lugar para onde o ladrão
que se arrependeu na cruz foi enviado (Lc 23.42-43). O salvo após a morte, é consolado
(Lc 16.25b): “agora, este é consolado”. Os mortos salvos “em Cristo” (1 Ts 4.16), “no
Senhor” (Ap 14.13); são bem aventurados (Ap 14.13a) e descansam de “seus trabalhos”
(Ap 14.13).40

A RESSUREIÇÃO DOS SALVOS


O que é a ressureição dos salvos? Quando será? As Sagradas Escrituras afirma
que a ressureição é a grande esperança de todos os que creem em Jesus Cristo. Se não

38 BERGSTÉN, 1999, p. 133


39 Ibidem
40 RENOVATO, 2008, p. 280.
há ressureição dos mortos, nossa fé é inútil (1 Co 15.17-17). Sobre a ressureição, afirma
o apóstolo Paulo:
Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do
arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em
Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos
arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor
nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. Num momento,
num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da ultima trombeta. A trombeta soará,
os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados (1 Ts
4.16-17; 1 Co 15.52,RA).

Portanto, a ressureição dos salvos no Senhor, se dará no momento da volta do


Senhor Jesus sobre as nuvens (1 Co 15.51,52). Na época do apóstolo Paulo, muitos
crentes tinham muitas dúvidas acerca dos mortos em Cristo (1 Co 15.12-23,35-54).
Paulo, porém, afirma: “pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também
Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem (1 Ts 4.14,RA).

A RESSURREICÃO DOS IMPIOS


A ressurreição dos ímpios ocorrerá após o Milênio (Ap 20.5), eles ceifarão a
corrupção (Gl 6.8a). Será uma ressurreição para o julgamento final (Ap 20.11). Naquele
dia, todos os ímpios irão comparecer ante o Trono Branco. Na terra, já estão
condenados (Jo 3.36) e serão lançados no Inferno: “e aquele que não foi achado escrito
no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Ap 20.15; Sl 9.17). 41 naquele dia, todo
joelho se dobrará diante de Deus (Fp 2.10).

Portanto, a ressureição dos ímpios, será no final do reinado milenial de Cristo


sobre a terra. Todos os ímpios terão o seu encontro final com Cristo, onde receberão a
sentença final.

ETERNIDADE COM CRISTO E SEM CRISTO


Eurico Begstén diz que, o espírito-alma do justo irá para o Paraíso (Lc 23.43; 2
Co 5.8), onde gozarão descanso (Ap 14.13), consolação e felicidade (Lc 16.23,25). Por
esse motivo “é preciosa, à vista do Senhor, a morte dos seus santos” (Sl 116.15).42

O espírito dos injustos irão para o Hades, um lugar de tormentos, onde


aguardarão a ressureição para o julgamento final (Lc 16.22,23; Ap 20.11,12). Esse lugar
é de sofrimento e angústia. Foi para lá que foi Coré com os seus companheiros de
rebelião, quando a terra se abriu e os engoliu vivos (Nm 16.31-34).43 Quando o pecador
estiver no Hades, aguardando a ressurreição para a condenação (Lc 16.23; Jo 5.29),
jamais poderá sair de lá, pois existe um grande abismo (Lc 16.26) que os separará dos
salvos.

41 Ibidem
42 BERGSTÉN, 1999, p. 136
43 Ibidem
Portanto, Deus dá ao homem a capacidade de escolha, para decidir sobre o seu
futuro: “os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a
morte, a benção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua
descendência” (Dt 30.19, RA). Deus é tão bom que, mostra ao homem as duas opções
de escolhas, e ainda dá a sugestão para que o homem escolha o melhor. Escolha, pois, a
vida, para que vivas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Procuramos nessa disciplina, trazer algumas respostas, segundo a Bíblia Sagrada


concernente a criação do homem por Deus. Trouxemos a definição de Antropologia e
discorremos sobre a origem do homem, o que não é o homem, detalhes do corpo
humano, e porque o homem foi criado.

Discorremos também acerca da natureza do homem, definimos os termos:


imagem e semelhança, também fizemos uma síntese sobre o homem: natural, social
espiritual e carnal.

E por fim, mostramos biblicamente o que está reservado para o homem no final
dos tempos. O salvo descansará com Deus, o contrário dos ímpios que sofrerão o
tormento eterno.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro:
CPAD, 2013.

BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.

CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas- Doutrinas Bíblicas, 2 0 Trimestre, Rio de


Janeiro: CPAD, 2001.

CETEPI, Curso Básico de Teologia, Avelino Lopes, 2014.

CHAMPLIN R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol. 1. São


Paulo: Hagnos, 2014.

______________. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol. 3. São


Paulo: Hagnos, 2014.

DAKE, Finis Jennings. Bíblia de Estudo Dake, Belo Horizonte: Editora Atos,
2013.

GRUDEM, Wayne. Manual de Teologia Sistemática, São Paulo: Editora Vida,


2001.

MACDONALD. William. Comentário Bíblico Popular – Antigo Testamento.


São Paulo: Mundo Cristão, 2011.

RENOVATO, Elinaldo. Antropologia: A Doutrina do Homem, In: Gilberto,


Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal, Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

RICHARDS, Laurence O. Guia do Leitor da Bíblia. 1a. Ed. Rio de Janeiro:


CPAD, 2005.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. 1 a. Ed. Rio de Janeiro:


CPAD, 1995.

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