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ANTROPOLOGIA BÍBLICA

4ª AULA: A NATUREZA CONSTITUCIONAL DO HOMEM

I. INTRODUÇÃO

Há, pelo menos, quatro concepções acerca da constituição humana..

1ª CONCEPÇÃO: TRICOTOMISMO

Os adeptos dessa concepção acreditam que os homens são compostos de três


elementos.

Primeiro elemento é o corpo físico:

O elemento físico do homem é fundamento material feito de ossos, músculos,


nervos, etc.

O copo é a sede da alma e do espírito.

Segundo elemento é a alma:

Essa parte é a base da razão, da emoção, das relações.

Terceiro elemento é o espírito:

Essa parte é a base da percepção das questões religiosas e do reagir aos


estímulos espirituais.

O fundamento básico do tricotomismo nas passagens que fazem referências a


alma e o espírito:

“O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e vosso espírito, alma e corpo
sejam conservados íntegros e irrepreensíveis da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”
(I Tessalonicenses 5.23).

“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do qualquer espada


de dois gumes, e, penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e
apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hebreus 4.12).
Para os tricotomistas, I Coríntios 2.14-3.4 classifica os homens em Carnais
(Sarkikos), Naturais (Psychilos – Alma), espirituais (Pneumatikos).

2ª CONCEPÇÃO: DICOTOMISMO

Os adeptos dessa concepção acreditam que os homens são compostos de dois


elementos: uma parte material, o corpo; e componente imaterial, a alma ou o espírito.

O corpo é a parte que morre, já a alma é parte que sobrevive depois da morte.

As palavras espírito e alma vezes são usadas intercambiavelmente (Lucas


1.46,47: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus,
meu Salvador”).

Os componentes da natureza, para os dicotomistas, são corpo e alma de


conformidade a Mateus 10.28: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar
a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o
corpo”.

Eles usam para reforçar os seus argumentos os seguintes textos bíblicos:

Eclesiastes 12.7: “E o pó volte à terra, como era, e o espírito volte a Deus”

Coríntios 5.5: “Entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de o espírito


seja salvo no Dia do Senhor”.

I Coríntios 7.34: “Santas tanto no corpo como no espírito’.

A morte é apresentada como entrega da alma:

Gênesis 35.18: “Sair-lhe a alma, porque morreu”.

I Reis 17.21: “Ó Senhor, meu Deus, rogo-te que faças a alma deste menino tornar
a entrar no menino”.

A morte é apresentada como entrega do espírito.

Salmo 31.5: “Nas tuas mãos, entrego o meu espírito”.

Lucas 23.46: “Pai, nas tuas mãos entrego i meu espírito”.


3ª CONCEPÇÃO: MONISMO

Os monistas insistem no fato que não se pode pensar os homens como seres
apenas compostos de parte distintas, mas eles veem os seres humanos numa unidade
radical.

Na concepção monística, as Escrituras não mostram o homem como corpo, alma


e espírito, mas a Bíblia mostra o homem simplesmente como pessoa.

O pensamento monístico não admite a existência humana à parte do corpo. Para


eles, a imortalidade da alma é inconcebível.

O corpo e alma são termos sinônimos e intercambiáveis na Bíblia.

O monismo erra em não perceber um estado intermediário entre a morte e a


ressurreição (Lucas 23.43, II Coríntios 5.8).

Há referências na Bíblia em facilmente se nota a distinção entre corpo e alma


(Mateus 10.28).

4ª CONCEPÇÃO: UNIDADE CONDICIONAL

No Antigo Testamento, o homem é percebido como unidade. Já no Novo


Testamento, surge a terminologia Corpo/Espírito (Mateus 10.28).

Há um estado intermediário entre a morte e a ressurreição. O homem, no estado


intermediário, é ser incompleto (II Coríntios 5.2-4). Na ressurreição, homem receberá
um corpo aperfeiçoado.

Implicações dessa concepção:

1. O homem deve ser tratado como unidade.

2. O homem não pode ser reduzido, porque é ser complexo.

3. A natureza humana deve ser respeitada em todos aspectos.

4. A maturidade espiritual não consiste subjugar uma parte da natureza humana.


5. A natureza humana é compatível com doutrina de uma existência consciente
entre a morte e ressurreição.

CONCLUSÕES A RESPEITO DA NATUREZA CONSTITUCIONAL DO


HOMEM

1. Corpo, alma e espírito ou Corpo e alma se referem a dois ou três aspectos


do todo indivisível que o ser humano

2. O espírito é o aspecto que faz homem uma pessoa capaz de relacionar com
Deus.

3. A alma é o aspecto que capacita ao homem viver.

4. O Corpo é o aspecto que capacita ao homem a entrar em contato com


mundo exterior

5. As posições dicotomista e a tricotomista devem olhar o homem de forma


holística.

6. Quando Deus criou Adão, tomou do pó da terra e soprou o fôlego da vida


para fazer dele um ser vivo (Gênesis 2.7). O ato da criação teve dois estágios,
mas o resultado foi uma única pessoa. A partícula da terra forneceram a
matéria-prima, e Deus soprou a vida de fato. A porção material e a imaterial
foram combinadas para produzir uma criatura singular.

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. Vida Nova, São Paulo, 1997-pp.
227-233.

MCDOWELL, Bruce e MUÑOZ, Javier. Antropologia: Doutrina Bíblica do Homem. pp. 51-59.

RYRIE, Charles Caldwell. Teologia básica. Editora Mundo Cristão. Edição do Kindle.

SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Sistemática. AD Santos Editora. Edição do


Kindle.

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