Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Daniel Conegero
A natureza do ser humano é complexa – embora seja uma unidade. A Bíblia fala
tanto do aspecto material quanto do aspecto imaterial do ser humano. Então o
homem é uma criatura única nesse sentido.
Já a natureza do ser humano é constituída por uma parte material e outra imaterial
– embora sempre deva ser vista como uma unidade. Para evitar interpretações
equivocadas, ao invés de falar em “parte material” e “parte imaterial”, talvez seja
melhor falar em “aspecto material” e “aspecto imaterial” da natureza do ser
humano.
A tricotomia, por exemplo, foi ensinada desde o tempo dos pais da Igreja, e
ganhou projeção principalmente entre os pais alexandrinos. Já a dicotomia é tão
antiga quanto, e durante muitos séculos foi a visão predominante, ou praticamente
única, acerca deste assunto dentro do pensamento cristão – visto que entre os
defensores da tricotomia surgiram ideias completamente injustificáveis
biblicamente e que muitas delas foram identificadas como heresias.
A tricotomia voltou a ganhar popularidade novamente apenas a partir do século 19,
quando alguns teólogos ingleses e alemães começaram a defender essa posição.
Então dentro do estudo teológico, podemos dizer que a dicotomia é a visão mais
tradicional e, até o século 19, a mais amplamente defendida.
No geral, os tricotomistas dizem que a Bíblia indica essa tripla divisão do ser do
homem. Para tanto, eles se apoiam principalmente em dois textos bíblicos: 1
Tessalonicenses 5:13 e Hebreus 4:12. Segundo os tricotomistas, esses textos
validam a alma e o espírito como coisas diferentes. A maioria dos tricotomistas
define a alma como sendo a parte imaterial do homem que forma sua
personalidade; e o espírito a parte através da qual o indivíduo interage em
questões espirituais.
Os dicotomistas, por sua vez, rejeitam essa ideia e defendem que a Bíblia fala da
alma e do espírito como sendo uma única parte imaterial do homem vista por
ângulos diferentes. Isso significa que “alma” e “espírito” são termos empregados
com o mesmo propósito pelos autores bíblicos.
Quanto aos textos que aplicam lado a lado os termos “alma” e “espírito”, como 1
Tessalonicenses 5:13 e Hebreus 4:12, os dicotomistas entendem que neles os
autores bíblicos empregam uma repetição de palavras sinônimas; um tipo de
paralelismo para enfatizar a ideia de totalidade da pessoa do homem. Saiba mais
sobre dicotomia e tricotomia.
Sem dúvida o grande problema a ser evitado sobre isso é a tendência de enxergar
o aspecto material do homem como sendo inferior ao seu aspecto imaterial. Esse
tipo de pensamento não é bíblico e na verdade expressa o antigo pensamento
grego acerca da constituição da natureza do homem. Na filosofia grega a parte
material do homem é algo ruim que enclausura sua parte imaterial. Por isso em
nenhuma parte o pensamento grego considera a ideia da ressurreição do corpo.
Mas a doutrina bíblica apresenta o homem como uma unidade. Isso significa que o
homem não deve ser visto como um ser dividido em várias partes mais ou menos
valiosas. Porém, é verdade que embora seja um ser unitário, essa unidade é
também complexa e composta.
Isso quer dizer que a natureza do ser humano só está completa quando há o seu
aspecto material e seu aspecto imaterial. Por isso que a Bíblia enfoca a doutrina da
ressurreição do corpo. Com a morte, o aspecto imaterial do homem continua
existindo; mas o indivíduo só será completo novamente por ocasião da
ressurreição. A obra da redenção compreende na salvação da pessoa completa do
homem.