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O que diz a doutrina da união hipostática?

A definição histórica da doutrina da união hipostática foi fornecida na resolução do Concílio de


Calcedônia, em 451 d.C. Nesse Concílio, a Igreja reconheceu as duas naturezas distintas,
humana e divina, que se unem na única pessoa de Cristo.

Implicações da doutrina da união hipostática

Em primeiro lugar, é muito significativo a doutrina da união hipostática afirmar que as duas
naturezas de Cristo são inconfundíveis e imutáveis. Isso significa que jamais houve qualquer
mistura ou confusão entre essas duas naturezas, de modo que os atributos de cada uma delas
foram preservados. Somente assim podemos dizer que Cristo é plenamente Deus e
plenamente homem. Se as duas naturezas se confundissem, então fatalmente ele seria menos
divino ou menos humano.

Além disso, esse princípio implica no fato de que é impensável argumentar que o Filho de Deus
trocou alguns de seus atributos divinos para assumir os atributos de sua natureza humana.
Suas naturezas são imutáveis! Se Cristo tivesse se tornado menos Deus para ser homem, então
o universo teria deixado de existir, já que Ele próprio é o sustentador de toda criação
(Colossenses 1:15-17).

Em segundo lugar, ao mesmo tempo em que doutrina da união hipostática afirma a distinção
entre as duas naturezas de Cristo, ela também afirma sua união sem qualquer separação ou
divisão. O fato de as duas naturezas de Cristo serem inseparáveis implica que o Verbo de Deus
assumiu a humanidade para sempre. Ele não apenas “foi 100% homem”, mas Ele ainda “é
100% homem”, e assim permanecerá para todo sempre. Inclusive, o escritor de Hebreus usa
essa verdade maravilhosa para afirmar que temos um de nós como nosso representante no
Santuário celestial (Hebreus 4:15; cf. 1 Timóteo 2:5).

Em terceiro lugar, a doutrina da união hipostática identifica corretamente a informação bíblica


de que a Segunda Pessoa da Trindade assumiu a natureza humana, e não uma pessoa humana.
Cristo não possui duas pessoas, mas duas naturezas numa só pessoa. Isso significa que tudo o
que Cristo fez ou faz são atos de sua única pessoa divino-humana. Cristo não alterna entre sua
humanidade e sua divindade.

Então não é a natureza humana de Cristo que faz determinada coisa, enquanto sua natureza
divina faz outra coisa. Na verdade é a pessoa de Cristo que faz determinada coisa de acordo
com sua natureza humana ou divina (cf. Romanos 1:3).

Nossa limitação diante da doutrina da união hipostática

Obviamente jamais poderemos compreender exaustivamente tudo o que envolve o mistério da


Encarnação do Verbo de Deus. A doutrina da união hipostática é apenas uma forma de
expressar os pontos fundamentais dessa verdade bíblica.

Portanto, em resumo o importante é entendermos que essa doutrina afirma que todas as
qualidades humanas, bem como todas as qualidades divinas, estão e sempre estarão de forma
verdadeira, completa, distintiva e inseparável na única pessoa de Cristo. De forma prática, isso
quer dizer que Cristo não é menos divino e mais humano, ou menos humano e mais divino. Ele
é plenamente Deus e plenamente homem, o tempo todo.
Por isso o apóstolo Paulo escreve que Ele é a “imagem do Deus invisível”, e que “nele habita,
corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Colossenses 1:15; 2:9). Sim, Aquele de quem
Tomé pôde ver suas mãos furadas e a marca de seu corpo transpassado, é o mesmo que
também é digno de verdadeiramente ser reconhecido como: “Senhor meu, e Deus meu!” (João
20:28). A doutrina da união hipostática aponta para essa realidade.

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