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Universidade Federal de Pernambuco

Centro Acadêmico do Agreste

Curso de Ciências Econômicas

Disciplina: Técnicas de Pesquisa em Economia

Professora: Danyelle Branco

MARIA BEATRIZ ESPINDOLA SILVA

CONCESSÃO DE CRÉDITO NO NORDESTE BRASILEIRO E O PAPEL DOS


BNDs: uma análise setorial

Caruaru

2023
CONCESSÃO DE CRÉDITO NO NORDESTE BRASILEIRO E O PAPEL DOS
BNDs: uma análise setorial

MARIA BEATRIZ ESPINDOLA SILVA

Projeto do Trabalho de Conclusão do Curso


apresentado à Universidade Federal de
Pernambuco como requisito para a
disciplina de Técnicas de Pesquisa em
Economia da Graduação em Ciências
Econômicas.

Orientador (a): Cícero Castro

Caruaru

2023
RESUMO

Dado a dificuldade de acesso ao crédito ser um problema conhecido no Brasil , o


presente trabalho tem como objetivo analisar a economia nordestina por meio dos
setores , onde visa analisar como se dá a concessão de crédito por setor de atividade e
se algum setor apresenta maior facilidade de acesso. Além disso o trabalho busca
analisar a atuação dos bancos públicos de desenvolvimento BNDES e BND bem como
determinar se os mesmos estão atuando da forma que por definição são obrigados a agir,
promovendo acesso ao crédito àqueles cujo risco de sucesso é alto bem como a
disponibilidade de acesso a longo prazo, proporcionando a economia nordeste um
maior desempenho buscando atingir os níveis de desenvolvimento econômico e social
alcançados pelas economias desenvolvidas. A pesquisa foi realizada por meio de dados
divulgados pelos próprios bancos, além de estudos e artigos divulgados por
instituições como o Ipea e por trabalhos acadêmicos. O período analisado foi do ano de
2007-2021, o que permitirá analisar a atuação desses bancos nas diferentes situações
econômicas, dentre elas as crises financeiras.

Palavras-chave: Crédito. Investimento. Bancos. Desenvolvimento Econômico.


Nordeste
ABSTRACT

Given that the difficulty of accessing credit is a well-known problem in Brazil, the
present work aims to analyze the northeastern economy by means of sectors, where it
aims to analyze how credit is granted by sector of activity and whether any sector is
easier to access. In addition, the work seeks to analyze the performance of the public
development banks BNDES and BND as well as to determine if they are acting in the
way that by definition they are obliged to act, promoting access to credit to those whose
risk of success is high as well as the availability of long-term access, providing the
northeast economy with greater performance seeking to reach the levels of economic
and social development achieved by developed economies. The research was carried out
using data released by the banks themselves, in addition to studies and articles
published by institutions such as Ipea and academic works. The period analyzed was the
year 2007-2021, which will allow analyzing the performance of these banks in different
economic situations, including financial crises.

Keywords: Credit. Investment. Banks. Economic development. North East


1. INTRODUÇÃO
A região nordeste brasileira, que é composta por nove estados federados, são eles
Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e
Sergipe, possui uma diversidade econômica que vai desde atividades mais simples como
agricultura e pecuária até as mais complexas e tecnológicas como a de energia eólica.
Tal diversidade concedeu à região nordeste no ano de 2020 a terceira posição na
contribuição do PIB nacional(14,18%), atrás apenas do sul(17,19%),este em segundo
lugar, e do sudeste(51,94%), este em primeiro, de acordo com o Instituto Brasieliro de
Geografia e Estatística (IBGE,2020). No entanto, este resultado poderia ser diferente se
as políticas econômicas e os incentivos (bancos privados, públicos e BNDs) fossem
concedidos de modo mais eficiente.
A economia nordestina é decorrente do resultado obtido das principais atividades
econômicas geradas na agricultura e pecuária, na indústria, no comércio e serviços e na
energia. O peso que cada um desses setores exerce na economia depende, dentre outros
motivos, das condições para seu estabelecimento, quer seja local(geográfico), do clima,
se é mais ou menos urbanizado e ainda se existem incentivos estatais. Mas algo que
ambos os setores têm em comum é a necessidade de investimento, o qual pode ser
usado com intuito de aumentar a produtividade por meio da aquisição de máquinas e
equipamentos, na construção ou ampliação da estrutura física ou ainda para capital de
giro, de qualquer modo todas em algum momento de sua existência buscam este
recurso.
No entanto, o acesso ao crédito nem sempre é algo fácil ou prático. A principal fonte
de acesso a eles são os bancos públicos (Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil),
os privados (Bradesco, Santander,Safra e outros) e os Bancos Nacionais do
Desenvolvimento, que também são bancos públicos (BNDES e BNB). A concessão de
crédito possui diversas regras, mas de modo simplório todas as instituições podem
disponibilizar o crédito, desde que não violam nenhum direito do requerente, podendo
este ser oferecido no espaço de tempo que desejarem, oferecendo ou não tempo de
carência e com relação às taxas, estas devem ser cobradas respeitando aquela imposta
pelo Bacen. Apesar de haver essa liberdade para concessão de crédito, nem todos os
bancos oferecem e isso se dá justamente ao risco, pois quanto mais arriscado o
investimento for menor será a chance de contratação. Os bancos privados e os públicos
por estarem mais próximos do público costumam ser mais procurados, porém o êxito na
contratação dependerá das políticas internas de cada instituição.
Em situações como esta, em que o acesso ao crédito por meio dos bancos privados é
dificultado devido ao risco, cabe ao BNDs fornecer esse capital. A ação dos BNDs, que
também são bancos públicos, vai além do investimento de alto risco, sua implementação
teve como principal objetivo promover a inovação por meio de financiamentos de longo
prazo, devido seu impacto social e de desenvolvimento serem altos, assim como aponta
o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI,2023). A partir daí sua
ação tem sido ampliada. A participação destas instituições no desenvolvimento
econômico tem sido objeto de pesquisa para diversos estudiosos que analisam o
comportamento e a evolução de países que são desenvolvidos ou que estão em
desenvolvimento, principalmente nestas duas últimas décadas que trouxeram de 2007 a
2008 a maior crise financeira internacional após a grande depressão e após isso a
pandemia mundial de COVID-19 ocorrida entre 2020 a 2021 a qual ainda apresenta
resquícios de sua existência no ano de 2023 (Sampaio, 2023; World Bank, 2018;
Mazzucato e Penna, 2015).
No ano de 2020 o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
instituiu um programa por meio da Medida Provisória nº 975, de 01.06.2020, convertida
na Lei 14.042, de 19.08.2020 chamado de Programa Emergencial de Acesso ao Crédito
(PEAC-FGI), a qual objetiva atender os Microempresários Individuais (MEIs), micro,
pequenas e médias empresas (MPMEs), permitindo a manutenção do emprego e da
renda, por meio da concessão de garantias em financiamentos a esse público ampliando
o acesso ao crédito. Em sua primeira fase, o programa realizou 135.735 operações com
valor total de crédito de R$92,09 bilhões, sendo 18.462 destas operações com valor de
R$10,46 bilhões realizadas no Nordeste. Nesse contexto, é possível observar a
importância da concessão de crédito principalmente em períodos de crise como este
causado pela pandemia de COVID-19, onde sua vigência além de garantir a atividade
econômica aumenta a possibilidade de permanência das empresas no mercado e reduz
as chances de desemprego garantindo o nível de renda familiar.
Além do BNDES, o nordeste conta com a participação do Banco do Nordeste do Brasil
(BNB) que é um banco de desenvolvimento regional o qual além de abranger os nove
estados do nordeste ainda atende os estados de MG e ES por meio do FNE. O Fundo
Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) é um fundo criado pela
Constituição Federal em 1988 que visa atender o nordeste e o norte de Minas Gerais e
Espírito Santo. Em sua programação para o ano de 2020 ele apresentou as seguintes
projeções de financiamento por setor de atividade da região nordeste: i)45,3% comércio
e serviços; ii)37,4% agropecuária; iii)10,3% indústria; iv) 3,8% turismo e v)3,2% na
agroindústria. É possível notar que a porcentagem de financiamento possui uma
discrepância muito alta em alguns setores (BNB; SUDENE, 2021).
Dado as dificuldades de acesso ao crédito presentes no Brasil e a escassez de trabalhos
que analisem a concessão de crédito por setor no nordeste brasileiro, o objetivo deste
trabalho é analisar se os setores são barreiras no acesso ao crédito e se os bancos
BNDES e BNB estão exercendo seu papel como financiadores do desenvolvimento
econômico desta região.
Este trabalho conta ainda com três sessões após a introdução, que foi o primeiro ponto
a ser apresentado. O segundo é o referencial teórico, nele estão sendo abordados os
textos e artigos utilizados na formulação deste, o terceiro apresenta a metodologia usada
e o público usado na pesquisa e o quarto apresenta a conclusão, nele está contido o
resultado obtido pela pesquisa e as respostas quanto ao objetivo proposto.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Tornar um país, região ou cidade desenvolvida economicamente e socialmente requer


sabedoria, principalmente quando se trata de saber o momento certo para realizar
políticas ou investimentos que o favoreçam. Nas duas últimas décadas o mundo se
deparou com crises que levaram economias ao desespero onde as ações governamentais
foram mais fortemente cobradas e junto a ela o papel desempenhado pelos Bancos de
Desenvolvimento, assim como afirma “O Relatório de Desenvolvimento Mundial 2022”
publicado pelo World Bank e o estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) .

“ Algumas transformações paradigmáticas vêm ocorrendo nas últimas duas


décadas, ora na economia mundial, ora na brasileira, requerendo mudança de
enfoque e/ou de forma de atuação dos bancos públicos. De um lado, a crise
financeira internacional de 2007 a 2008 e, em seguida, a crise sanitária global
provocada pela pandemia da covid-19 em 2020 e 2021 permitiram uma
revisão das ideias sobre a atuação e presença de bancos públicos de
desenvolvimento (BDs), trazendo assim mais demanda para seu uso por
diversos governos em países desenvolvidos e em desenvolvimento ” (Neto; et
al, 2023)

No Brasil não tem sido diferente, a presença do BNDs tem tentado fornecer ao país o
suporte necessário para trazer o desenvolvimento alcançado pelos países já
desenvolvidos. O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
tem desempenhado o papel de fomentador de investimentos em diversas áreas, dentre
elas na infraestrutura, na produção e na inovação, tanto em território nacional como
estrangeiro. Sua atuação surge em meio a investimentos de alto risco e complexidade,
os quais além de apresentarem uma incerteza de sucesso ainda possuem resultados de
longo prazo o que os torna inviáveis aos bancos privados (IEDI, 2023).
Proporcionar esse desenvolvimento para um país com a extensão territorial como a do
Brasil é uma tarefa difícil, principalmente devido à sua complexidade econômica. O
Brasil possui cinco macrorregiões, dentre elas o Nordeste, o qual como foi citado na
seção anterior, é responsável pela terceira posição no PIB nacional. Composto por nove
estados federados, seu desempenho econômico tem sido alvo de estudo para autores que
buscam analisar o desenvolvimento econômico e ainda os níveis de desigualdade
visando compreender e tentar solucionar os problemas que o impossibilitam de alcançar
os padrões aplicados pela União Europeia na definição de regiões-alvo para
implementação de políticas regionais, a qual exige que tal região componha no mínimo
75% do PIB nacional (Cruz; et al, 2020).
Com base nessa dificuldade e visando solucioná-la foi criado o Banco do Nordeste do
Brasil, que também é um banco público voltado ao desenvolvimento regional do
nordeste, e que além disso teve suas ações ampliadas ao norte dos estados de Minas
Gerais e Espírito Santo. A atuação destes dois bancos de desenvolvimento é primordial
para o desenvolvimento nordestino.
O BNDES tem exercido uma atuação crescente no nordeste, onde nos períodos
compreendidos entre 2007-2013 esse número passou de R$5,3 bilhões para R$25,7
bilhões, respectivamente. De acordo com dados do BNDES o primeiro ano desta série
compunha apenas 8,2% de todo o crédito concedido pelo mesmo a todo país e que este
número no decorrer dos anos considerados na análise tiveram um crescimento passando
a obter 13,5%. Este é um valor que muito se aproxima da proporção de participação do
nordeste no PIB nacional (Guimarães; et al, [s.d]).
Ainda na mesma divulgação, o BNDES disponibilizou os dados com relação ao crédito
por setor. É possível notar que os maiores investimentos realizados atingiram alguns
setores da economia, como por exemplo o setor de administração pública, o qual obteve
o maior desembolso, onde seus projetos possuem ação multidimensional, que vão desde
a infraestrutura até a projetos de inclusão social. Ele ainda alerta quanto às possíveis
mudanças na estrutura econômica nos anos seguintes dado a nova composição das
indústrias, as quais fomentadas pelo investimento realizado, dentre elas a de energia
eólica, a de celulose e a de energia térmica.
O BNB, que é o maior banco de desenvolvimento da América Latina, por estar mais
próximo da população se torna mais acessível, por isso é mais comumente encontrado
artigos que relacionem sua participação no desenvolvimento econômico regional.
Um dos principais programas oferecidos por ele é o Fundo Constitucional de
Financiamento do Nordeste (FNE), ele é um fundo criado pela Constituição Federal em
1988 que visa atender o nordeste e o norte de MG e ES (BNB; SUDENE, 2021). A
atuação do BNB tem sido de extrema importância no desenvolvimento regional do
nordeste assim como aponta o texto para discussão publicado pelo IPEA intitulado “O
BNB E O DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE BRASILEIRO: VELHAS E
NOVAS MISSÕES PARA UMA ECONOMIA EM MUDANÇA”, onde os autores
conseguem observar a relevância deste na criação e estabilização da indústria no
Nordeste, a qual obteve maior suporte após a criação do FNE, bem como sua
capacidade de expansão capaz de atingir as localidades mais longínquas de baixa
quantidade populacional e econômica proporcionando o acesso ao crédito a produtores
de pequeno e médio porte (Neto; et al, 2023).
Além disso é possível observar que a atuação do BNB permite que pessoas mais
simples como microempresários dado suas dificuldades de acesso ao crédito e ao
contato bancário, tem uma maior oportunidade de acesso ao crédito por meio do
programa CrediAmigo e que apesar dele também apresentar dificuldades de acesso ou
restrição seus resultado tem sido eficazes (Rocha, 2013)

3. Estratégia Empírica

Este trabalho visa analisar a concessão de crédito no nordeste e como ela ocorre em
cada setor da economia e se existe alguma discrepância entre os investimentos
realizados tornando algum setor privilegiado a outro. Essa análise parte da observação
dos dados oferecidos pelos bancos BNDES e BNB, que são os bancos públicos
desenvolvimentistas atuantes na região. O público escolhido foram os setores da
economia do nordeste e o período observado vai desde o ano de 2007 ao ano 2021.

O período de análise permitirá observar a atuação desses bancos nos períodos de crises
econômicas e no pós-crise.
4. Referências

NETO, Aristides; MACEDO, Fernando; SILVA, Raphael. O BNB e o


Desenvolvimento do Nordeste brasieliro: velhas e novas missões para uma economia
em mudança. Brasília: Ipea, 2023. (Texto para discussão, n. 2837)

CRUZ, Bruno; OLIVEIRA, Carlos; CASTRO, César; RIBEIRO, Márcio; PEREIRA,


Rafael. Uma contribuição ao debate sobre o desenvolvimento regional do Nordeste.
Brasília: Ipea, 2020.

GUIMARÃES, Paulo; FÉLIX, Fernando; AGUIAR, Rodrigo; CARVALHOSA, Ana;


SIQUEIRA, Tagore. Atuação do BNDES na Região Nordeste. Biblioteca Digital,
[s.d]. Disponível em : <http://www.bndes.gov.br/bibliotecadigital> Acesso em: 20 abril
2023

BNB; SUDENE. Programação Regional FNE 2020. Fortaleza:Recife:BNB,2021.


Disponível em: <https://www.bnb.gov.br/fne>

INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL.


Inovação e os Bancos de Desenvolvimento. São Paulo-SP: IEDI, Fevereiro,2023.
Disponível em https://iedi.org.br/cartas/carta_iedi_n_1185.html

ROCHA, André. Microcrédito produtivo orientado como alternativas de inclusão


bancária: uma análise do programa Crediamigo do Banco do Nordeste. Fortaleza-CE:
UFC, 2013.

MAZZUCATO, Mariana; PENNA, Caetano. The Rise of Mission- Oriented State


Investment Banks: The Cases of Germany’s KfW an Brazil’s BNDES. SPRU Working
Paper Series (SWPS), 2015-26: 1-33.
5. Cronograma

2023 2024

Atividades

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

1. Elaboração do projeto de pesquisa.


x X X x

2. Apresentação do projeto à banca


examinadora, correções sugeridas
x
e planejamento das fases
seguintes.

3. Levantamento dos dados. x x x

4. Levantamento de informações
complementares em literatura X X X
especializada.

5. Sistematização e processamento
dos dados.

6. Redação do tcc.

7. Defesa do tcc e correções finais.


Apêndice
Anexo

Tabela 1

Gráfico 2
Tabela 2

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