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COV723 - Hidrodinâmica de Sistemas Oceânicos - Lista 2

Evandro F. de Paula Filho


Abril 2023

1ª Questão

Este escoamento pode ser modelado usando a superposição de escoamentos fundamentais. No caso,
um escoamento uniforme incidindo em um dipolo, já o efeito da parede pode ser simulado replicando o
mesmo escoamento simetricamente (método das imagens), ou seja, em (−a, 0). Sendo assim, temos:

ψ = ψu + ψd + ψi
Onde a função corrente final ψ é a soma das funções correntes de um escoamento uniforme ψu , escoamento
de um dipolo ψd e a imagem do dipolo ψi . Logo:
 
(x − a) (x + a)
ψ = −U x + λ + +C
(x − a)2 + y 2 (x + a)2 + y 2
Onde C é uma constante arbitrária. Plotando as linhas de corrente, temos o seguinte:

1
2
 
∂ψ 2y(y − a) 2y(y + a)
vx = = −λ +
∂y [(x − a)2 + y 2 ]2 [(x + a)2 + y 2 ]2
2(x − a)2 2(x + a)2
 
∂ψ 1 1
vy = − =U +λ − − +
∂x [(x − a)2 + y 2 ]2 (x − a)2 + y 2 (x + a)2 + y 2 [(x + a)2 + y 2 ]2
Sabe-se que em um escoamento incidindo em um cilindro, a velocidade máxima ocorre tangencial-
mente ao corpo e em θ = π/2, sendo assim, podemos investigar a região entre a parede e o corpo em
y = 0, seja R o raio do cilindro, temos:

vx (x, y = 0) = 0
2(−R)2 2(2a − R)2
 
1 1
vy (a − R, 0) = U + λ − − +
(−R)4 (−R)2 (2a − R)2 (2a − R)4
   
2 1 1 1 1
vy (a − R, 0) = U + λ − + =U +λ +
R2 R2 (2a − R)2 R2 (2a − R)2
4a2 − 4aR
 
vy (a − R, 0) = U + λ
R2 (2a − R)2
Em (0, 0) temos:

2(−a)2 2a2
 
1 1 2λ
vy (0, 0) = U + λ 4
− 2
− 2 + 4 =U+ 2
(−a) (−a) a a a

Como a > R ⇒ a − R > 0, sendo assim para qualquer proporção a/R > 1 teremos que:

vy (a − R, 0) > vy (0, 0)
Considerando que a pressão mı́nima ocorre onde a velocidade é máxima e que não há variações
significativas na energia potencial gravitacional, por Bernoulli teremos:
ρU ρ
p∞ + = pmín + |vy (a − R, 0)|2
2 2
ρU
Seja p0 = p∞ + , portanto:
2
2
4a2 − 4aR

ρ 2 ρ
pmín = p0 − |vy (a − R, 0)| = p0 − U +λ 2
2 2 R (2a − R)2
( 2 )
2 2

ρ 2λU (4a − 4aR) 4a − 4aR
pmín = p0 − U2 + 2 2
+
2 R (2a − R) R2 (2a − R)2

3
2ª Questão

Usando a superposição de escoamentos fundamentais tempos que o potencial para o escoamento em


torno do cilindro é dado por:

a2
 
∂ϕ ∂ψ ∂ϕ ∂ψ
= ∴ =− ∴ ψ = U∞ sen(θ) r −
∂x ∂y ∂y ∂x r

1 ∂ϕ ∂ϕ
vr = ∴ vθ = −
r ∂θ ∂r
2
a2
   
1 a
vr = U∞ cos(θ) r − = U∞ cos(θ) 1 − 2
r r r
a2
 
vθ = −U∞ sen(θ) 1 + 2
r
Em r = a, teremos vr = 0 e vθ = −2U∞ sen(θ). Usando a equação de Bernoulli e considerando potencial
gravitacional constante:
ρ 2 ρ
p∞ + U ∞ = ps + vθ2
2 2
ρ 2
Seja p0 = p∞ + U∞ , teremos:
2
ρ
ps (θ) = p0 − [−2U∞ sen(θ)]2 = p0 − 2ρU∞
2
sen2 (θ)
2
A força na direção vertical será dada pela integral da diferença de pressões atuando ao longo do cilindro.
Z π
Fv = [pi − ps (θ)]sen(θ)aL dθ
0

4
Z π Z π Z π
2
Fv = [pi − p0 + 2ρU∞ sen2 (θ)]sen(θ)aL dθ = (pi − p0 )aL sen(θ) dθ + 2
2ρU∞ aL sen3 (θ) dθ
0 0 0

8 2
Fv = 2(pi − p0 )aL + ρU∞ aL
3
ρ 2
Com p0 = p∞ + U∞ Para a força horizontal teremos:
2
Z π
2
Fh = [pi − p0 + 2ρU∞ sen2 (θ)]cos(θ)aL dθ
0

A integral do cos(θ) de 0 até π será zero, sendo assim:


Z π
2
Fh = [pi − p0 + 2ρU∞ sen2 (θ)]cos(θ)aL dθ = 0
0

A força horizontal é nula, como esperado de uma teoria não viscosa, e também descrito por D’Alembert
em seu paradoxo.

5
3ª Questão

Para fontes situadas em (0, +a) e em (0, −a) temos, respectivamente, as seguintes funções corrente:
 
y−a
ψ+a = m · arctan
x
 
y+a
ψ−a = m · arctan
x
Superpondo ambas, temos a seguinte função:
    
y−a y+a
ψ = ψ+a + ψ−a = m arctan + arctan
x x

Usando a relação trigonométrica abaixo:


 
x±y
arctan(x) ± arctang(y) = arctan
1 ∓ xy

Podemos escrever então:


   
 (y − a) + (y + a) 1  2y
ψ(x, y) = m · arctan h  2 i = m · arctan   2 
 x 1− y −a 2  x− y −a2
x2 x

 
2yx
ψ(x, y) = m · arctan
x − y 2 + a2
2

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As linhas de corrente resultantes da função acima para valores ψ/m = C, onde C é uma constante,
foram plotadas na figura a seguir:

∂ψ 2mx(x2 − y 2 + a2 )
vx = = 2
∂y (x + y 2 )2 + 2a2 (x2 − y 2 ) + a4
∂ψ 2my(x2 + y 2 − a2 )
vy = − = 2
∂x (x + y 2 )2 + 2a2 (x2 − y 2 ) + a4
Nesse tipo de escoamento temos duas singularidades: em (0, a) e em (0, −a), ou seja, pontos onde a
velocidade tende ao infinito, logo, é onde a pressão será mı́nima. O ponto de estagnação em (0, 0) é o
ponto de pressão máxima do escoamento.
Analogamente à função corrente a função potencial é dada por:
p p
ϕ(x, y) = m[ln x2 + (y − a)2 + ln x2 + (y + a)2 ]

A seguir o plot das linhas equipotenciais e ambas funções corrente e potencial sobrepostas:

7
8
4ª Questão

Para este escoamento temos:


a2
 
ψ = U∞ sen(θ) r −
r
Em θ = π, por continuidade, temos a função corrente do escoamento uniforme ψ = U h, portanto para
a
esta linha de corrente podemos escrever em r = h + :
2
π   a2

a
U h = U sen h+ −
2 2 h + a2
a a2 a2 a
h=h+ − a ⇒ a =
2 h+ 2 h+ 2 2
a a ah a2 ah a2 h 3a 3a
a2 = h+ ⇒ a2 = + ∴ = a2 − ∴ = ⇒h= → r = 2a
2 2 2 4 2 4 2 4 2
Para achar a velocidade máxima, teremos que:

V 2 = vθ2 + vr2

1 ∂ϕ ∂ϕ
vr = ∴ vθ = −
r ∂θ ∂r
2
a2
   
1 a
vr = U∞ cos(θ) r − = U∞ cos(θ) 1 − 2
r r r
a2
 
vθ = −U∞ sen(θ) 1 + 2
r
2  2
a2 a2
  
2
V = U∞ cos(θ) 1 − 2 + −U∞ sen(θ) 1 + 2
r r

9
" 2 #
2 2
a2
 
a
V 2 = U∞
2
cos2 (θ) 1 − 2 + sen2 (θ) 1 + 2
r r
π
Teremos que a velocidade ocorrerá em θ = e r = 2a:
2
( 2 )
2 2 2
2
a2
π    π   
2 2 2 a 2 a 2
V = U∞ cos 1− + sen 1+ = U∞ 1 +
2 (2a)2 2 (2a)2 (2a)2

a2
 
5
V = U∞ 1 + 2 ⇒ Umáx = U
4a 4

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5ª Questão

p
Para o vórtex temos: ψ = −K ln x2 + y 2 .

Para simularas paredes recria-se mais 3 vórtices em (−a, ±2a) e (a, −2a) onde cada um gira no
sentido oposto ao seu simétrico, assim temos:

p
ψ1 = −K ln (x − a)2 + (y − 2a)2
p
ψ2 = −K ln (x + a)2 + (y − 2a)2
p
ψ3 = −K ln (x + a)2 + (y + 2a)2
p
ψ4 = −K ln (x − a)2 + (y + 2a)2

4
X
ψ= ψi
i=1
4
X ∂ψi
vx (2a, a) =
∂y

(2a,a)
i=1
4
X ∂ψi
vy (2a, a) = −
∂x

(2a,a)
i=1

 
2a − y y − 2a 2a + y 2a + y
vx = K 2 2
+ 2 2
− 2 2
+
(x − a) + (y − 2a) (x + a) + (y − 2a) (x + a) + (y + 2a) (x − a)2 + (y + 2a)2

11
 
x−a a+x a+x x−a
vy = K 2 2
− 2 2
+ 2 2

(x − a) + (y − 2a) (x + a) + (y − 2a) (x + a) + (y + 2a) (x − a) + (y + 2a)2
2

   
a a 3a 3a K 1 1 1 3
vx (2a, a) = K 2 − − + = − − +
a + a2 9a2 + a2 9a2 + 9a2 a2 + 9a2 a 2 10 6 10
   
a 3a 3a a K 1 3 1 1
vy (2a, a) = K 2 − + − = − + −
a + a2 9a2 + a2 9a2 + 9a2 a2 + 9a2 a 2 10 6 10
4K
V⃗ = (2î + ĵ)
15a
Sem as paredes terı́amos apenas a influência do vortex 1, portanto ψ = ψ1 , logo:
K K
vx (2a, a) = ∴ vy (2a, a) =
2a 2a
K
V⃗ = (î + ĵ)
2a
Como podemos ver a intensidade e a direção do vetor velocidade V⃗ mudam drasticamente quando há
ou não presença das paredes.

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