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GRAMÁTICA

PARA EDITORES E REVISORES

Conversa 7: A concordância

19 de abril de 2023

Marcos Marcionilo

marcos.marcionilo@gmail.com
PROVOCACIÓN…
Querido meu, quando tiver tempo, me ajuda com uma coisa? simmm!!! poderia usar "cert.a.os", talvez, mas
Vi que vc usou "abert.o.a.s" e estou com um livro traduzido
do francês em que a Autora usa "certain.e.s de mes ami.e.s",
fica esquisito...
por exemplo. A tradutora traduziu "alguns/algumas de
meus/minhas amigos/as". Queria evitar isso. Aiutooooo!!!!

certo.a.s/certain.e.s é bom paralelo


minha nossa senhora! que inferno!
O masculino vem antes? Olha o machismo
hahahahahahha. por ordem alfabética, o "a" vem
primeiro hahahahhaha

"algum.a.s amig.a.o.s“
a francesa fez assim. certain.e.s

Perfeito! péra! algum.as perde o plural masculino. que é


mantido em certain.e.s [certains/certaines]

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No caso do "peauaime" eu deixei em francês e inseri uma nota
Vero! (apesar de não gostar disso) explicando a junção de "pele"
mais "amo" e dizendo que a pronúncia é a mesma de poème
em francês... Acho que tudo bem, né?
certo.a.s
tinha de ter um ano pra achar uma transcriação. peleamo é
um assassinato!
Ela usou isso no livro inteiro...

com algum é impossível por causa do "peleamor"!!!!


algum/ns/mas

Acho que posso padronizar com pontos, né? pelamô de meus deuses!

pode e diga que está se inspirando no original


De todos eles!! Hahahahahh. "meus peleamores", no plural
ainda por cima hahahahahahaha.
Imagina que a autora brinca com "peauaimes"
e a tradutora sugeriu "peleamores"!!!!

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[O] SUMIÇO DOS ARTIGOS DEFINIDOS

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A SUPRESSÃO DO ARTIGO A PARTIR DE EXEMPLO
BAGNO: Exemplo da falta de artigo plural: "Em gramáticas". É "nas gramáticas", né? Todas
fazem isso. O texto é do Cadu, está no blog da Parábola ("Morrer de ou com covid?"). Já
falei com ele sobre isso, ele diz que não estranha a falta do artigo. Parece que é da
geração. Mas eu tenho certeza que, na fala, o artigo aparece. Vou continuar procurando.

MARCOS: E tu atribuía isso à influência do inglês…

BAGNO: Sim. Lemos cada vez mais em inglês, as traduções são feitas a toque de caixa, e a
sintaxe acaba se insinuando no português. É o caso também do tal "o quão difícil é isso",
que ninguém usa na fala normal ("o quanto isso é difícil'), e que me parece tradução óbvia
do "how difficult it is". Isso pra não falar do "sobre".
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A história das línguas é toda feita desses enxertos sintáticos, taí o alemão que
não me deixa mentir: joga o infinitivo no final da frase porque era assim em
latim!

Aliás, um linguista holandês mostrou, naquele ciclo da Abralin, algo que


chamou de "sintaxe europeia": diversas construções que, segundo ele, não
resultam de gramaticalizações internas às línguas, mas de decalques da sintaxe
latina que, por sua vez, decalcou muito do grego.

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Dito isso... não gosto dessa falta de artigo!

Tais ficando conservador!

Já posso! Kkkkkkk. Mas é brincadeira. Venho percebendo


isso há pouco tempo, me chamou a atenção.

Brincadeira? çey!

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Mas eu acho que tem a ver mesmo com tradução. Pena que eu não
trabalhe com turmas de tradução do inglês. Porque os alunos de francês
nunca suprimem o artigo, que é obrigatório em francês.

... pois é! Contei na LabPub minha fidelidade canina ao "La" no título da


"Sémantique", no exato oposto do que hoje vemos. Tu tbém me chamasse
a atenção sobre isso.

Apois.

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[La sémantique = Semântica. L'Analyse du discours = Análise do discurso. Em títulos.

Depende da situação. Por exemplo: "Semântica formal e semântica funcional" num título. São
duas, acho que ficaria estranho "A semântica formal e a semântica funcional". Aliás, em
francês não teria artigo. Mas no livrinho do Calvet ficou só "Sociolinguística", né? Apesar do
"la" em francês. Cada caso é um caos... hahahah!

Pois é. Para não falar das distrações, da excessiva proximidade com a tradução [sem o
necessário tempo para uma releitura em PB do texto ainda sob influência direta do original]. É
o inferno na torre. Por isso aceito tua teoria da excessiva proximidade da língua das estranjas
provocando essas mudanças.

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Mas é facto. Quando era o francês que dominava, eram os galicismos. O Houaiss e o Aurélio estão repletos
deles. "Nada a ver", por exemplo, devia ser "nada que ver", segundo os antigalicistas.

Rien à voir!

E o tal do "não ... qualquer" em vez de "não ... nenhum" pra mim também é anglicismo: "Não vejo qualquer
problema nisso"... em português a gente usa duas negações sem problema: "Ninguém me disse nada".

Não vejo nenhum problema em usar 'não vejo qualquer problema'. Ahahaha

[Hahahah! E o "buscar por" também me parece ingresia.

Sim. Não tem de pôr 'por' nesse buscar...

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NOSSO ROTEIRO
Conversa 1: A gramática como teoria, jamais como doutrina
Conversa 2: Problemas de construção
Conversa 3: A coordenação

Conversa 4: A subordinação

Conversa 5: O encadeamento

Conversa 6: A CONCORDÂNCIA
Conversa 7: A regência
Conversa 8: No centro, os verbos
Conversa 9: Nunca ser ambíguos para sempre dizer o que vem ao caso
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Somos ilhas
cercadas de
orações por
todos os
lados.

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Duas são
elas: a
verbal e a
nominal.

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Entender as relações sintáticas entre
os constituintes principais do período,
bem como entre seus constituintes
internos, requer o domínio de
diferentes tipos de concordância.

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“A base da construção rege a unidade que a expande” (Azeredo, 2021: 161).

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TRADICIONALMENTE,
ao pensar em colocação/regência/concordância, logo nos vêm à mente as
regências nominal e verbal, além da “noção de número”:

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REGÊNCIA
“A base da construção rege a unidade que a expande” (Azeredo, 2021: 161).

“A unidade que ‘expande’ a base da construção é uma unidade subordinada”


[idem, ibidem].

Unidade subordinada: pela posição

pela variação morfossintática

pelo uso de conectivos

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REGÊNCIA

Termo A rege termo B


sempre que a
presença de B Eu passei por ela
depende da
[presença] de A:

“Ocorre regência
quando A requer a
anexação de B, de
Ela passou por mim sorte que B exerce o
papel sintático de
complemento de A”
(Azeredo, 2018: 162).

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SELEÇÃO DA PREPOSIÇÃO
Estratégia
essencial para
estabelecer
elo entre A e
B:

Incumbir
Ser passível
alguém de
de punição
uma tarefa

Ter interesse
em/por
antiguidades

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(AZEREDO, 2021: 162)

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COMPLEMENTO DO VERBO: OBJETO COMPLEMENTO DOS DEMAIS TERMOS:
DIRETO, OBJETO INDIRETO, COMPLEMENTO NOMINAL
COMPLEMENTO RELATIVO

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CONCORDÂNCIA NOMINAL

O substantivo rege
seus
determinantes +
os adjetivos a ele
referentes e lhes
impõe gênero e
número.

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A forma de uma palavra é determinada pela forma de
outra palavra ou grupo de palavras, em termos de:

(a) pessoa gramatical (primeira, segunda ou terceira),

(b) flexão de número (singular ou plural)

(c) flexão de gênero (masculino ou feminino).

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(1) O biólogo nasceu no Rio Grande do Sul, mas entrou em contato com a língua portuguesa
somente na idade escolar.

(2) Essa variante linguística vai desaparecer em pouco tempo.

(3) Nós ainda não chegamos a um acordo definitivo para escrever todas as palavras da mesma forma

em todos os países lusófonos.

(1) Ocorreram, nesse mesmo período, alguns contatos forçados com o português.

Formas determinadas

(O, nasceu, entrou, o, a, portuguesa etc.)

Elas concordam em pessoa gramatical, flexão de número e/ou flexão de gênero com as

Formas determinantes (biólogo, Rio Grande do Sul, língua, idade etc.).


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CONCORDÂNCIA VERBAL
O verbo rege seus complementos impondo-lhes

POSIÇÃO:

A menina leu a carta

*A menina a carta leu

FORMA:

A menina [= ela] leu a carta

O menino beijou a menina [= a]


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Concordância verbal

Quando as formas determinadas são verbos, teremos relações concordância verbal.

Esse é o tipo de concordância no qual ajustamos a pessoa e o número do verbo à pessoa e ao número
da forma determinante, um substantivo ou pronome (núcleo do constituinte sujeito).

Concordância nominal

Se as formas determinadas não forem verbos, estaremos de cara para a concordância nominal, caso
em que a concordância ajusta o número e o gênero das formas determinadas (artigos, adjetivos,
pronomes possessivos etc.) ao número e o gênero do substantivo (ou pronome) determinante.
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A IRMÃ CAPRICHOSA DA DUPLA É “LA VERBAL”

Em geral, não há dúvidas na


realização da concordância
nominal.

A identificação dos elementos


(adjetivos, artigos, pronomes)
relacionados com o substantivo (ou
pronome) determinante da
concordância e que adotam seu
gênero e número é mais evidente.

Já LA VERBAL ocorre num conjunto


muito amplo e diversificado de
estruturas. Ela exige atenção!

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REGRA GERAL
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Estamos diante do processo
sintático em que a forma do
verbo (ou da locução verbal)
da oração é determinada
pelo seu sujeito, em termos
de pessoa gramatical
(primeira, segunda ou
terceira) e flexão de número
(singular ou plural).

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EXEMPLOS, UM POUCO MAIS COMPLEXOS
(1) O uso de línguas africanas por comunidades negras rurais aparece em duas importantes obras
editadas na década de 1990.

(2) A análise das línguas ditas primitivas por pessoas que sabiam o que estavam fazendo mostrou
que não há línguas primitivas.

(3)Produções culturais em uma comunidade surda, objetivando verificar a inscrição do surdo num
determinado tipo de trama narrativa, foram analisadas no quarto capítulo deste trabalho.

forma determinante (o nome-núcleo do constituinte sujeito) → forma determinada (a forma verbal a ela
relacionada).

Sempre em jogo a aplicação inequívoca da regra geral de concordância verbal.

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DÚVIDAS DE CONCORDÂNCIA VERBAL?

Sempre aplicar a regra geral.

Para isso, identificar o núcleo do sujeito e levar o verbo


à pessoa e ao número gramaticais correspondentes.

p.s.: No caso dos particípios, essa concordância alcança


a flexão de gênero.

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Vimos também
exemplo em que o
núcleo do sujeito
Quando o sujeito é aparece no plural
muito longo ou seu (“Produções”), em
núcleo está bem Vejamos também o sujeito desacordo com o
complexo “A análise das
distante do verbo, línguas ditas primitivas por
número de diferentes
a concordância vai pessoas que sabiam o que nomes que o seguem:
requerer análise estavam fazendo”. “comunidade”,
Vejamos: apenas o núcleo “inscrição”, “surdo”,
para poder ser bem “análise” está no singular, “determinado”,
feita. O sujeito “O uso de com o qual a forma verbal
“tipo”, “trama”.
línguas africanas por “mostrou”, bem distante
É o caso dos comunidades negras desse núcleo, deve Alguém de
sujeitos não rurais”, repleto de
concordar em número. consciência sintática
adjacentes aos plurais, pode induzir o Nesses casos, a pouco sensível aos
emprego da forma concordância verbal tem aspectos da escrita
verbos verbal “aparecem”,
acontecido fora do núcleo
formal talvez tivesse
correspondentes. em textos escritos, mesmo
também no plural, em naqueles mais monitorados. dificuldade de levar a
desacordo com o locução verbal “foram
número do nome “uso”, analisadas” para o
núcleo do sujeito.
plural (e também
para o feminino).

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A compreensão da regra
geral de concordância
verbal associada a uma
consciência sintática
apurada resolve, sem
muitos problemas, 70%
das situações que
costumam gerar dúvidas
de concordância.

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E OS OUTROS 30%?
É basicamente quando o uso da regra geral não é obrigatório, mas facultativo.

Quem escreve poderá optar por usar a regra geral, mas também por fazer a concordância seguindo outra orientação
normativa, igualmente válida:

A maioria de seus locutores apresenta um conhecimento passivo desse repertório lexical.

A maioria de seus locutores apresentam um conhecimento passivo desse repertório lexical.

Ambas as possibilidades (apresenta e apresentam) estão adequadas à norma-padrão brasileira.

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•Cinco séculos não é muito tempo para o encerramento de certos processos de mudança linguística.
a forma verbal “é” não concorda com o sujeito plural “Cinco
séculos”, mas com outro constituinte do período, especificamente
com o núcleo do complemento verbal, o substantivo “tempo”

Houve sucessivos rearranjos no sistema dos pronomes pessoais daquela língua.

a regra geral não pode ser aplicada porque não há


sujeito no período. Seus constituintes principais são
somente a forma verbal “Houve” (singular) e o
complemento verbal “sucessivos rearranjos no sistema
dos pronomes pessoais daquela língua” (plural):
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(A) aplicação (B) aplicação (C) aplicação de
obrigatória da facultativa da regra diferente
regra geral; regra geral; da regra geral.

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CONCORDÂNCIA VERBAL

Flexão do verbo se dá com o número e a pessoa do


sujeito

(1ª, 2ª, 3ª pessoas, sing. ou pl.)

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Ainda temos os verbos impessoais
e as orações sem sujeito para É preciso destacar o lugar da ideia
visitar… Será a hora de um passeio de número no verbo em busca de
a sua Gramática preferida porque distinguir o singular do plural.
isso tá fácil.

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NÚMERO

indica a unidade (número singular) ou a pluralidade (número plural) de substantivos, adjetivos, pronomes, artigos e verbos;

pode ser expresso flexionalmente (ele/eles; gato/gatos) ou lexicalmente (eu/nós)

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EXIGÊNCIA DO PROCESSO SINTÁTICO PARA FAZER A CONCORDÂNCIA VERBAL

•Nas desinências de pessoa:


•-o = chego
•-s = chegas
•Chega [desinência ausente]
•-mos = chegamos
•-is = chegais
•-m = chegam
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Para simplificar, precisamos sempre explorar o procedimento, o comportamento de um termo
para com outro em seus processos sintáticos.
1. Quanto à concordância nominal
verbal
2. Quanto à regência nominal
verbal
3. Quanto à colocação

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A CONCORDÂNCIA EM RETOMADA

A base da construção rege a unidade que a expande.

O substantivo rege seus determinantes e adjetivos, impondo-lhes


gênero e número [concordância nominal].

O verbo, quando transitivo, rege seus complementos, impõe-lhes


posicionamento [A menina leu a carta/*Leu menina a a carta] ou forma
[A menina (ela) leu a carta/ O menino beijou a menina (= a).
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No caso da concordância verbal, o verbo se flexiona para concordar com o número e
a pessoa do sujeito [1ª, 2ª, 3ª pessoas, singular/plural].

Regra geral: concordância com o número e a pessoa atribuídos ao núcleo do


sintagma nominal sujeito da oração:

"A maioria de nós imagina…"

"Cada um de nós tem…"

“Poucos de nós suportariam…"

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OBS.:

"A metade dos operários que fez/fizeram greve de fome passou mal."

O antecedente do que pode ser


‘operários’ ou ‘a metade’.
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REGRAS ESPECIAIS

Sujeitos ligados por nem, levam o verbo ao plural:

Na 1ª pessoa, se um deles é o pronome eu: "Nem eu nem


você votaremos no PSL nas eleições municipais de 2020."

Na 3ª pessoa nos demais casos: nem ela nem a irmã


votarão…

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O MESMO SE DIGA DE SUJEITOS LIGADOS POR ‘OU’
•sujeitos de 3ª pessoa unidos por ‘ou’, verbo tende ao plural se o ‘ou’
exprime inclusão, se equivale a "tanto isso como aquilo":

•"Trocar o dia pela noite ou deixar de fazer refeições interferem…"


•"O autoritarismo ou a crueldade não são suficientes…"
•"O castigo violento ou até mesmo o crime contra a mulher eram
comumente perdoados…"

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•Porém, quando o ‘ou" não admite interpretação inclusiva, ele favorece
a forma singular:

•"Uruguai ou Argentina passará à final…"

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HENDÍADIS
•Verbo fica no singular quando expresso por dois núcleos numa
estrutura de aparente coordenação [hendíadis = divisão de uma frase
em duas], com o segundo núcleo servindo de modificador do primeiro:

•"O educador e autor de vários livros ESTEVE no Rio…"


•"Ex-doméstica e cortadora de cana constrói…"

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SUJEITOS COM NÚCLEOS SEMÂNTICOS AFINS

•"Todo conhecimento, toda ciência, toda tecnologia se


baseia…"

•"A riqueza, a exuberância, a diversidade da vida animada é


mostrada…"

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SUJEITOS FORMADOS POR EXPRESSÃO PARTITIVA
•A maioria/Uma parte/A maior parte/Grande parte = concordância com o
núcleo sintático da construção:

•"Uma parte dos bois ficou…"


•"A maioria dos candidatos obteve…"
•"A maioria das mulheres vivia…"
•"A maior parte de vocês receberá…"
•"Grande parte dos telespectadores conhece…"
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UMA QUESTÃO DE ESTILO

•Porém, há a opção estilística de fazer o verbo concordar com o núcleo


referencial [=substantivo]:

•"Um terço dos vestibulandos entregaram…"


•Tiveram papel de destaque um número enorme de intelectuais…"
•"A maioria das máquinas entraram regularmente…"
•"Parte excessiva de nossos jovens sentem-se…"
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CONCORDÂNCIA QUE MUITOS ESTRANHAM/ESTRANHAMOS?

•"Muitos de nós acompanhamos (ou acompanharam) o debate entre


Trump e Biden pela televisão."

•Concordância variável, a depender se o enunciador se inclui ou não


entre os "muitos de nós".

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PERCENTUAIS ACIMA DE 1%
•70% acabaram…
•35% haviam nascido…
•Apesar de 89% dizerem…
•Apenas 4% serão destinados…
•Exceção: "Cerca de 30% de seu corpo funcional era composto de empregados
aparentados" = o substantivo que denota a coisa quantificada está no singular.
Então abre-se a possibilidade de concordar em 3ª pessoa do singular.

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E AÍ, GENTE?

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LEITURA INDICADA

•https://parabolablog.com.br/index.php/blogs/ortografia-nao-e-lingua-1

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Até a
Obrigado
próxima.

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