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Circuito das heliografias: arte conceitual

e política na América Latina


Mari Carmen Ramírez

conceptual art 4 criticai anthology the mit press, 200 0.

o ensaio discute a existência de uma arte conceitual política e ideologicamente


engajada na América Latina. A partir da produçõo de duas gerações de artistas
latino-americanos sõo analisadas estratégias que, inseridas em circuitos
ideológicos, questionam os limites estabelecidos pela arte conceitual norte-americana.

Arte conceItuaI, cirÇ.urf os e stratégi cos. arte la ti no-am e ricana

Circuito ... um percurso em torno de Para Marchán Fiz, o que marca a diferença
uma periferia ... espaço contido numa na forma do conceitualismo espanhol e
circunferência ... um sistema de dupla também do argentino é que eles
co municação. I expandiram a crítica às instituições e às
práticas al-tísticas, realizada pela arte
Em 19 72, fazendo um inventário do estatuto
co nceituai norte-americana, para uma
da arte conceitual nos países ocidentais, o
análise de questões políticas e sociais. Ao
historiador da arte espanhol Simón Marchán
mesmo tempo, quando ele fez essas
Fiz observou os primórdios de uma
observações, o lado radical da crítica da arte
tendência direcionada a um "conceitualismo
conceitual norte-americana era obscurecido
ideológico" emergindo em sociedades
pela generalização, na postura redutora de
periféricas, como a Argentina e a Espanha 2
Kosuth, ort-os-ideo-os-ideo 3 Nesse modelo o
Essa ve rsão da ai-te conceitual ve io a
trabalho de ai-te como proposta conceitual
reboque das polêmicas proposições sobre a
é reduzido a uma afirmação tautológica ou
natureza da arte e das práticas artísti cas
auto- refere nte . Ele insi stiu na afirmação de
introduzidas, nos meados dos anos 60, pelos
que a arte consiste em nada mais além da
norte-americanos Robert Barry, Mel
idéia do artista sobre ela e de que a ai-te
Bochner, Douglas Hu e bler, Joseph Kosuth,
prescinde de signikados além dela mesma.
Sol LeWitt e Lawrence vVeiner, assim como
Mal-chán Fiz comparou a rigidez desse
pelo grupo inglês Art & Language. Esses
modelo, analítico e auto-referente, co m a
artistas invest igaram a natureza do objeto
potência do "conceitualismo ideológico"
de ai-te, assim como seus mecanismos
para mostrar realidades políticas e sociais.
institucionais de su porte. e o resultado
Para os arti stas ele viu nessa versão hlbrida
tendeu a retirar a ênfase do objeto art(stico
do conceitualismo a possibilidade de uma
ou eliminá-lo em favor do processo ou das
saída do Impasse tauto lógico que, do seu
idéias a ele subjace ntes. Os art istas
ponto de vista, levou a um beco sem salda a
conceituais norte-americanos também
prática da arte conceitual em torno de 1972.
questionaram o papel dos mu se us e das
galel-ias na promoção da arte, se u estatuto Com relação à América Latina, Marchán Fiz
de mercado, bem como sua relação com o referia-se especificamente ao Grupo de los
público. Essa exposição das funções da arte Trece, da Argentina, embora a versão da
em circuitos sociais e culturais redeflniu arte conceitual q ue ele descreveu não
significativamente a prática da arte tivesse florescido apenas na Argen tin a, mas
contemporânea nos últimos 30 anos. também no Uruguai, Chile e Bras il desde os

T R ti oUçAo • M A RI C A RM ( N R A ,~ I R EZ I S5
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meados da década de 1960. 4 Assim como C ircuitos estratégicos: expandindo


todo movimento originário da periferia. o po líticas
trabalho dos arti st as co nceituais-políticos da
Em recente entrevista ao crítico Sean
América Latina - em sua re lação com a
Cubitt, Eugenio Dittborn descreveu a função
fonte principal - e ngaja-se em um padrão
de suas pinturas oeropostoles (pinturas por
de mút uas influê ncias e respostas. Ele é ao
via aérea) como uma forma de viagem "para
mesmo tempo vinculado e distante do
negociar a possibilidade de tornar visíve l o
legado do conceitualismo norte-americano.
invisível: o distóncio". Viajar "para negociar um
'-epresentando sua tra nsformação e
se ntid o", e le acrescentou, é o e leme nto
antecipando. de m uitas maneiras. as formas
político de seu trabalho; ma is prec isamente,
do conceitua lismo ideológico desenvo lvidas.
é o "desdobramento dessa política"6 A
no f,n al da década de 1970 e 1980, por
preocupação com a ligação de distâncias. o
feministas e out ros arti st as politicamente
cruza me nto de fro nte iras e a vio lação de
engajados na América do Norte e na
limites é também evident e na descrição feita
Europa s Investigar as razõ es dessas
por Alfredo Jaar sobre suas inst a lações de
complexas inte rações é pesquisar
caixas fot o lumin osas como um co rpo de
profundamente a mane ira pela qua l a
prod ução que lida com "o extraordinário
situação periférica e a dinâmica sócio­
intervalo em expa nsão e ntre Nós e Eles,
histór ica da América Lat ina imp rimiram uma
essa notáve l distância que é, afinal de contas,
nova lógica às conquistas mais radicais
apenas me ntal"7 Cada inst alação de Jaar
alicerçadas no "centro" da arte conceitual.
apresenta evidências dessas viagens para
O insight de Marchán Fiz pode esclarecer o lugares remotos com o objetivo de
desenvolvimento da arte conceitual na pesquisar e documentar um tema. Entend ido
América Latina. Duas gerações de artistas conceitualmente, "viajar". no traba lho de
conceitu ais -po líti cos são abordadas em seu Dittborn e Jaar, assim também como no de
ensaio: a primeira - exempliflcada pelo Camnitzer, Diáz, Grippo, Leirner e Meireles,
argentin o Victor Grippo, o uruguaio Luis era estabelecer "rotas inve,-tidas" que alteraram
Camnitzer, o brasileiro Cildo Meireles e os a polaridade cultural do "Sul" e do "Norte",
chilenos Eugenio Dittborn e Gonzalo Díaz ­ que persistentem ente subordinou a América
t est em unh o u a emergência da arte Latina à Europa e à Amér ica do Norte.
conceitual e das convulsões sociais e
A superação da lacuna entre o "centro" e a
políticas dos anos 60 nos Estados Unidos e
"periferia", entl-e "Prim e im " e "Terceiro"
na f\mér ica Latina; o segundo grupo - que
Mundo - construções que carregam as
inclui o chileno Alf,-edo Jaar e a brasileira Jac
disparidades entre "altamente
Le irner - surgiu nos anos 80 e acompanhou
industrializado " e "em desenvo lviment o " ­
o fim do poder e o desfecho das políticas
esteve no âmago das preocupações latin o ­
ditatoriais, cuja ascenção foi presenciada
americanas desde o período co lonial.
pela primeira geração. Tomado como um
Geografia e co lonia li smo determinaram uma
todo, o trabalho de ambos os grupos
história baseada em ciclos de jornadas e
incorpora uma série de siste máticas
deslocamentos, circulação e intercâmbio,
inversões de importantes proposições da
entre os centros metropolitanos da Europa
arte conce itual norte-a mericana,
e as colônias da América Latina e do Cal-ibe.
"contraproposições" que funcionam como
Forçadas a uma subordin ação cultural e
"saídas" para o impasse ideológico visto por
política, as práticas artísticas permaneceram
Marchán Fiz.
fechadas em infindáveis sucessões de
cópia/repet ição. adaptação/transformação,
resi stindo aos po deres dom in antes ou
co nfrontando-os. Com esse passado, a
hi st ória da arte moderna na América Latina,
desde os anos 20. pode ser vista como uma
constante procura, no sentid o de abrir um

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espaço de mudança em meio à rede de artist as latino-americanos. Estal- em
circuitos econômicos e culturais que Nova York também co locava em perspectiva
continuam a determinar a experiência dos os problemas sociais e artísticos do s
art istas nessa região B latin o -ame ri canos. 13
Os art ist as conceituais-políticos aqui A geração que viveu o otimismo dos anos
considerados destacam-se po r sua 60, co ntudo, experime ntou uma frustração
deliberada aceitaçã o dessa co ndi ção de suas esperanças para a Amé rica Latina.
periférica como ponto de o rige m de seus Entre 1964 e 1976, seis dos mai o res países
traba lhos9 ( ... ) Alcança nd o a maio ridade da América do Sul foram submetidos a
d urante o esfo rço desenvolvimentista do governos mi litares, incluindo Brasil, Ch ile e
pós-guerra, conhecido como desorrolhismo, UI-ugu ai, cujos regimes autoritários não só
que reorganizou significati vamente as abo li ram os d ireitos e privilégios da
estruturas socioeconômi cas da maioria dos demouacia, mas também institucionalizaram
países da América Latina,I Oesse gl-upo a t ortul-a, a repressão e a censura. 14 O
também vive u sob a promessa de libertaçã.o uítlco Nelly Richard analisou como a queda
do estrangul amento político e econômico do pl-esidente do Chile Sa lvador Allende, em
dos Est ados Unidos. Empregando a Teoria da 1973 , acompan hada da subida ao poder do
Depe ndên cia para analisar a situação, eles general August o Pinochet, destroçou a
projetaram um papel emancipado para a estrutura existente de experiências sociais e
Amél-ica Lat in a na ordem do Primeiro políticas associadas à demouacia. Essa
Mundo. Esse otimismo coincidiu com o transformação abrupta das estrut uras soc iais
deslocamento do centro do mundo artístico trouxe uma "crise de inte legibi li dade" , como
de Paris para Nova York, reduzindo a denominada por Richard. Submetidos a
distância - pelo menos geogra flc amer~.c ­ estritas regras de censura, arti st as
e ntre aq uele centro e a periferia latino ­ preocupados com a produção de um a arte
americana. O amb ient e artísti co de Nova relevam e para a hi stória nasce nte do país
York t eria um papel de pivô na emergência não t ive ram o utra saída alé m de buscar
do conceitual e de o utras te ndê ncias caminhos alternativos para resgatar o
experimentais na América Latina, por signifi cado dessa história, que foi substituída
oferecer ao grande núm ero de artistas pela "Grande Hi st ória dos Vitoriosos". 's As
latin o -ameri canos que lá chega ram nos anos desCi"!ções de Richard podem ser estendi das
60 liberdade em relação ao a países como Argentina e Uruguai que, até
conservadol-ismo oficial das instituições a metade dos anos 60, con hece l-am algum
artísticas em seus países de o l-igem. 11 É nível de democracia.
import ante notar que, diferentemer,ce do
Todos os art istas aqui apo ntad os
Brasil, onde o t raba lh o ini cial de Hé.o
experimentaram o autoristarismo, em suas
Oiticica e Lyg ia Clark ant ecipou muitas
formas mate ri al e psicológica, bem como a
tendênci as experime ntai s, Arge ntina, Ch '" e
condição de exilados internos ou
Urugu ai tinh am pequena tradição artística
externos. 16 Para ti-aduzir artisticamente essa
para dar suporte à emergente prática
experiência, de forma signi~cat i va, se i-ia
radical da arte conceitual . 12 POI- contraste, a
necessário dar novo sentido ao papel do
postura de irrevel-ência despojada de
arti sta como interve ntor ativo nas
artistas nova-yorkinos, como Robe rt
estruturas políticas e ideológicas.( ... )
Rauschenberg, jasper jo hns, jim D ine, Andy
Wa rh o l e Robe rt Morr is, oferece u um O ape lo q ue a arte conceitual t eve para
contexto no qua l se e ngaja r abertamente esses artistas baseo u-se em do is fatore s: o
numa experiment ação artísti ca. Em gera l, o primeiro, sua equação de arte como
trabalho desses arti stas norte-americanos co nhecimento q ue t ra nsce nde o domíniO da
ofe rece u um a críti ca ao formali smo e um a eS1:étíca, que lhes pe rmitiu e xplo!-al­
reto mada do legado iconoclast a de Ma rc el problemas e questões ligados a situações
Duc hamp, ambos com forte apelo para os concretas sociais e pol i'ticas; o segundo, sua

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uítica às instituições tradicionais e aos reodymodes duchampianos produzidos em


agentes da arte que abriam o caminho para massa, ve ículo de se u programa conceitual. 19
a elaboração de uma forma de ai-te As garrafas de Coca-Cola de Meireles, as
adequada à precariedade política e notas bancárias e as caixas de couro; as
econôm ica da América Latina. 17 Em vez de batatas de Grippo; as fotografias "achadas" e
servir como veículos para analisar as "pinturas por via aérea" de Dittborn: as
minuciosamente a transformação da arte em combinações texto/imagem de Camnitzer;
mercadoria sob o capitalismo, as os objetos achados e as apropriações de
proposições fundamentais da arte conceitual símbolos do mundo da propaganda de Diaz;
tornaram-se elementos de uma estratégia as caixas de luz, os espelhos e as mo lduras
para expor os limites da arte e da vida em de Jaar: as acumulações de "lixo" de Leirner
condições de marginalização e, em alguns nos fornece m curiosos desvios da idéia
casos, repressão. Deste lugar esses artistas duchampiana. Tais objetos são a
desenvolveram uma série de inversões contrapartida visual do processo sugerido
estratégicas do modelo conceitual norte­ por proposições conceituais. Seguindo
americano, determinando assim o caráter Duchamp, os artistas não estavam tão
político de sua arte. preocupados com a produção de objetos
artísticos, mas com a apropriação de objetos
e forma s já existentes como parte de
Barganh ando circuito s: nego c iand o amplas estratégias de significação. 2o
si gnifi c a dos
A inversão das pro posições analíticas da
Se a interferência de M. Duchamp foi ao arte conceitual norte-amel-icana pode ser
nível da Arte (lógica do fenômeno) (.. .) uma atribuida às ex pl o raç ões feitas, por esses
vez que o que se faz hoje tende a estar artistas, das implicações do legado
mais próximo da Cultura do que da Arte, é duchampiano que Já tinha sido investigado,
necessariamente uma interferência política. com diferentes resultados, tanto pela arte
Porque se é a estética que fundamenta a conceitual quanto pela papoComo
Arte, é a Política que fundamenta a Cultura.
argumentou Benjamin Buchloh, em relação à
arte conceitual analítica, o ressurgimento do
Cildo Meireles/ 8
reodymode levou a uma análise das
No trabalho da maioria dos artistas qualidades auto -reflexivas ou auto­
conceituais aqui considerados, o objetivo de referenciais do objeto. Essa análise foi
conectar distâncias para negoc iar significados originada em uma leitura estreita das
envo lveu uma tática deliberada de inserção intençõe s originais de Duchamp, segundo a
em circuitos artísticos e ideológicos qua l a significação do reodymode foi
dominantes. Isso fo i feito no sentid o de reduzida ao ato de sua CI-iação: "Isso é arte
expor mecani smos de repressão e de porque eu o afirmo"21 Por outro lado, no
romper o e statuto da identid ad e latino­ caso de artistas pap, tais como Andy
americana como mercadoria de troca ao W arhol, a apropriação da idéia do
longo do eixo entre centro e periferia. O reodymode levou à exa ltação das
desenvolvimento de tal linguagem mercado rias vendáveis, rep re se ntadas pel a
estratégica conceitual, entretanto, acabou garrafa de Coca-Cola ou pela lata de sopa
colocando o trabalh o desses artistas numa Campbel, como ícones de uma cultura
rel ação paradoxa l com o princípi o orientada pelo mercado 22 Ambas as
fundamental da arte conceitual européia e abord agens do reodymode podem ser vistas
norte- americana: a desmateri alização do como apoiadas numa atitude passiva em
discreto objeto de arte único e sua relação ao sistema dominante, que esse
sub stituição po r uma proposição li ngüísti ca grupo de artistas conceituai s-po líticos
o u analítica. Os art istas da América Latina pretende subverter. Assim, nos trabalhos
inve rteram esse princípio po r meio de uma latin o -americanos, o objeto reodym ode é
retomada d o objeto, na form a dos sempre carregado de significados

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relaci o nad os a sua
função dentro de um
amplo circuito social
Essa é a pro posição
conceitual latino­
americana. Na maioria
dos casos a mistu ra de
ampl o s Significados
estratégicos é ativada
pela retirada do objeto
de circulação,
transformando -o
fi sicamente e, no caso
de Meireles,
reintroduzindo-o em um
circuito cotidiano.
Med iante atos ta is como
serigrafar mensagens nas
garrafas de Coca-Cola e
em notas bancárias
. (Meireles), costurar e
juntar grandes
quantidades de lixo
(Leirner), ampliar, COI"tar
e justapor fotografias
"achadas" (Dittborn), ou A lógica política da versão latino"americana
rasgar e manchar embalagens comerciais de da arte conceitual descrita até aqui apóia­
papelão com tinta vermelha simu la ndo se em dois fatores. De um lad o , ela afirma a
sangue (Camnitzer) o artista rein sc reve retomada do objeto e su a insersão numa
significado no o bjeto mercadológico. Dessa proposição conceitual ou em um espaço
forma, o reodymode, como empregado por físico. Essa característica pode ser
esses arti stas, vai além da fet ichização pop interpretada co mo anacrônica no âmbito em
do objeto, transformando-o em um que ela se opõe às pri ncipais tendências da
condutor de significados políti cos num arte conceitual que apontam no sentido de
contexto social específico. Uma vez abolir o objeto de arte. A presença
transformado. o objeto é in serido em uma constante do objeto no trabalh o dos al"ti sta s
proposição em que opera por meio dos di scutidos sugere que as razões para essa
seguintes mecanismos lingüísticos: mensagem diferença e stejam relacio nadas com a
explícita, metáfo ra e analogia.( ...) demanda do contexto latino -americano.
Basear linguagens artíst icas em
preocupações extra"artísticas tem sido uma
C ircuitos de saída: "contextos
constante na vanguarda da Amé rica Latina,
reci clados " de sde os anos 20. Isso foi não apenas uma
pa rte intrínseca do processo de romper ou
Na tautologia existe um duplo assassinato :
reciclar formas transmitidas pelos centros
mata-se a racionalidade porque ela resiste;
mata-se a linguagem porque ela trai ... Agora
culturais e po líticos, mas uma etapa lógica
qualquer recusa à linguagem é a marte. A no ato de co nstruir uma tradição em que a

tautologia cria um morto, um mundo sem cópia é o po nto de origem. Por outro lado ,

movimento. Benjamin Buch lo h sugeriu que a obscessão

com a facticidade das práticas da arte


Roland Barthes 23 conceit ual no rte-ameri cana podem deri var
exclusivamente do conceito de "sociedade

T RA D U ÇÂO iv. A RI CA R M E RAMiREZ 159


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adm inistrada" típica de um capitalismo reinvestir a realidade de significado.


"atrasado"24 A ausência, na Amé rica Latina, O reodymode transforma-se também em
das condições sociais que estão na base de veíc ulo por intermédio do qual a atividade
uma sociedade administrada faz dela um estética pode ser integrada a todos os
modelo inadequado, talvez até antitético, sistemas de referên cias usados na
para o contexto latino-americano. vida cotidiana 26
A elabol-ação de uma prática da arte
Tal reintegração só poderia proceder corn a
conceitual, focada na exposição da política e
recusa da idéia de autonomia da esfera da
da realidade social latino-ame ricana, envolveu,
arte, redescobrindo, assim, a dim ensão ética
desse modo, uma série de inversões dos
da prática artística. O objetivo final dessa
modelos correntes da arte conceitual.
forma de arte pode se visto como a
Seguindo os exemplos já discutidos, as
elaboração de um sistema de signos,
diferenças entre os dois podem se r
símbolos e ações, por me io dos quais o
resumidas pelas seguintes oposições:
artista consegue intervir no que Jaar
latino-americano x norte-america no;
chamou "o processo de p rodução e
contextualização x auto-reflexividade;
reprodução de significado e consciência" 27
relatividade x tautologia; ativismo x passividade;
Diferentemente de modelos anteriores de
e mediação x imediação.

Pode-se argumentar que, se a proposição de


Duchamp encontrou solo fél-til na América
Latina, foi devido ao fato de que a recusa
em abandonar a especificidade e o potencial
com unicati vo do objeto estético estava
profundamente vi ncul ada à trad ição
moderna da arte, iniciada pelo Movimento
Mexica no dos Murais e , posteriormente,
incorpora da pelo grupo de artistas
conceituais-políticos. Contudo, a subve rsão
radical que Duchamp faz da arte como
insJtuição, implícita na criação provocadora
do reodymode, é restabelecida no trabalho
desses artistas como uma tática irônica,
visando expor uma ati vidade precária: aquela
da prática artística nas condições
freqüentemente inoperantes da América
Latina. Por conseqüência, utili zando o
reodymode como um "pacote para
comunicar idé ias",2 5 como nomeado por
Camnitzer, pontos de referência, em última
análise, para forma r um conceito subjacente
de "desvalorização", a perda do valor
simbólico dos objetos como o resultado de
um processo econômico ou ideológico de
negociação. Desse modo, os atos de
I'einserção levados a cabo por esses artistas
intencionaram reinvestir o objeto de
significado social. O readymode, então, torna­
se um inst rumento de interve nção crítica no
real, um estratagema, por meio do qual
padrões de comp reensão po dem se r
alterados ou um lugar estabelecido para

160
arte política latino-america na, que se Para esses artistas o ato de substituir a
baseavam no conteúdo da "mensagem" tauto logia pelo significado é baseado em um
artística, a política dessa ai-te requer projeto mais amplo de saída de circuitos
"desdobramentos", desconstruindo códigos polít ico-ideológicos em exaustão pela
lingüísticos e visuais, subvertendo significados revitalização de contextos - artísticos,
e ativando espaços no sentido de imprimir geográficos, econômicos - nos quais eles
no espectadol- os efeitos dos mecanismos praticam sua arte. Esse projeto, por sua vez,
de pode r e ideol ogia. Apresentando o reve la um complexo entendimento das
trabalho como um espaço (quer físico ou realid ades da América Latina em relação
metafórico), essa arte retoma a noção de àquelas do Primeiro Mundo. O profundo
audiência, o que significa dizer que ela objetivo do trabalho re side na maneira pela
retoma para o art ista a possibil idade de qual ele consegue "co locar em crise a
engajamento em uma comunicação ativa por história de sua própria cultura sem trair um
meio do objeto artístico ou instalação. compromisso com essa mesma cultura"28
Nessas circunstâncias, o espectador, Contudo, não mais confinado a fronteiras
como um recepto r: socialmente constituído, nacionais ou dividido entre força s nacionai s
torna-se parte integrante da proposição e internacionais, centro e periferia, Primeiro
conceitual do artista. e Terceiro Mundo, ele expõe as relações
entre essas construções e sua
independência. Atingir esse objetivo req uer
uma negociação ativa de sign ificados. O
modelo "invertido" da arte conceitual latino­
americana reve la, assim, uma prática que não
apenas é insc rita em um diferente contexto
de 'desenvolvimento, mas responde ao
desalinhamento das políticas globais. Por sua
capacidade de misturar fontes periféricas e
centrais na estrutu ra e na função de um
trabalho , ele desafia a autoridade do "centro"
como originador de formas artísticas.

A prática de uma arte conceitual


revisionista, vista no trabalho desse grupo
se leto de artistas latino-americanos,
rep resenta a retomada de um projeto de
emancipação. Em um tempo em que a
"lógica" do capitalismo "atrasado" aniquilou
as conquistas da vanguarda histórica e em
que a maioria das forma s da arte
contemporânea foram em direção ao
caminho cego da auto-referência, a
amplitude e as possibilidades de tal
empreitada não deveriam ser desconsideradas
nos Estados Unidos, onde nasceram as
primeiras proposições da arte conceitual.

EGte ens<tlo foi publicad o em Rasmusse n. Wa ldo. LOlin Americon


Arr
or lh e Tv/€ N eth ( ellwry. caL exp., N ew Yo rk: Museum o f
Mod"'-n Art. 19 93: 56- 167

Tradução Ma lu Fatorelll. Revi são Glória Ferr'eira.

TRADUÇÃO I'.,I AR I C ARM EN RAMIREZ 161


a/e REvISTA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS EOA U FRJ 2 o 01

Notas Kunsth all e Bern, 1969 e McShine, Kynaston L. (ed.).


Informotion, New York: The Museum of Modern Ar\,
I Webster's Trird New InternoUonol Dictionory. Springfield, 1970 - revela ausência quase total de preocupações
Mass.: G.&c. Merriam Company, 1981: 408. políticas, o que surgiria mais tarde no trabalho de
Marcel Broodthaers. Daniel Buren e Hans Haacke, e
2 Slmón Marchán Fiz. Del arte objewol 01 arte dei
também no trabalho das artistas feminist as. Mesmo
concepto: Los artes plâsticos desde 1960 (1972),
assim, com exceção dos últimos trabalhos de
Madri: Ed iciones AKAL, 1988: 268-27 1. Esse livro
Haacke , Barbara Kruger. Louise Lawer e Martha
fornece uma das primeiras discussões abrangentes a
Rosler, questões polít icas ou ideológicas eram
aparece r, em espanhol, sobre os movimentos
limit adas a críticas às instituiçõe s artísticas e, muito
artisticos conceituais na Europa e na América do
raro, politicament e endereçadas. Outros artistas
Norte. importantes que contribuíram para a consolidação
) Nos últimos anos, alguns autores têm criticado o dessa forma de arte na América Latina são, no
redU Cionismo apolít ico da arte conceitual, tanto em Brasil, A nna Bella Gelger. Rubens Gerchman, Mario
suas versões originais quanto em recentes Ishikaw a e Regina Vater: na Argentina, Léon Ferrari e
reapresentações. Por exemplo: Hal Foster, em o grupo Tucumán Arde: no Uruguai. Clemente Padim
Recodings: Art, Spectocle. Cultural Po!JtJCS (Seatle: Bay
e Nelbia Romero: no Chile, Virginia Erra zuriz, Carlo s
Press, 1985 : 103) , observou que as práticas dos Leppe, Catalina Parra e o grupo Cada, que incluía
artistas conceituais facadas em pressupostos Juan Cast ilho, Lotty Rosen feld e out ros: e, na
genéricos governando a instituição da arte no Colômbia, AntOniO Caro. Foram também
capitalismo "atrasado" são compromet idas por importantes Felipe Ehrenberg e numerosas
"apresentar os lim ites de exposição da art e como colaborações artísticas dos 70 no l'1éxlco. Ver
socialmente indiscriminados e sexua lmente Glusberg, Jorge. Arte en lo Argentino: Del pop-ort o lo
nuevo Imogen, Buenos Aires: Ediciones de Arte
indifere ntes". Benjamin Buchloh apresentou uma
análise detalhada e crítica dessas práticas em Gaglianone, 1985: Richard, Nelly. Margins and
Conceptual Ar\, 1962-1969: From th e Aesthetics of Institutions: Art in Chile Since 1973, in Art ond Text.
Admlnistration to the Critique of Institutions, in 21, mai./jun, 1986: 17-1 14: Amaral, Aracy. Arte poro
quê? A preocupação social no arte brasileiro , 1930­
Ocwber, 55, inverno 1990: 105-143. Outras críticas
rec entes que comentam essas questões incluem 1970, São Paulo: Nobel. 1984: Zanln i, Wa lter.
Circunombulotio, São Paulo: Mu seu de Arte
Morgan, Robert C. The Sltu ati on of Conceptua l Ar\,
in Arts, 63, fev. 1989: 40-43. Dos artistas
Contemporânea da Universid ade de São Paulo,
considerados neste ensaio, Alfredo Jaar propôs uma 1973: 6 (1) jovem arte contemporânea, São Paulo:
crítica irrefutável desse aspecto da prática da arte Museu de Arte Contemporânea da Universidade de
conceitual no seguinte depo im ento : "O maior São Paulo, 1972: 8 ['] jovem arte contemporânea,
fracasso da arte conce itual foi definitivamente seu São Paulo: Museu de Arte Contemporânea da
provincian ismo ( ... ) no sentido que Tzvetan Todorov Universidade de São Paulo, 1974: Goldman, Shifra M.
usou o t ermo ( ... ) uma falha em reco nhecer que Elite Art ist s and Ausiences: Can They Mix' The
mU itas províncias e capit ais realmente existem ( ... ) Mexican Front of Cu ltural Workers, in Studies in
Lotin Americo Popular Culture, 4, 1985: 139-54; De los
t odos os pressupost os correntes a re speito da arte
fora m desafiados, mas isso foi feito, praticamente a grupos los indivíduos: Artistas plósticos de los grupos
portas fecha das, de uma forma extra ordinariamente metropolitanos. Cidade do México: Museo de Arte
[sic) exc lusiva, quase arrogante, e cega em relação a Carrillo Gil, 1985.
uma série de eventos polít icos que transform aram o 6 Cubltt, Sean e Dittborn, Eugenio. An A irmail Inter víew,
mundo. Obviamente, para os artistas conceit uais, a
in Brett, Guy e Cubitt, Sean. Comino Woy: The Airmoil
vida estava em algum outro lugar." Jaar. A lfredo,
Pointing of Eugenio Diuborn, Santiago: Eugenio
A lfredo Jaar. in Flash Ar( Internotionol, 143, nov./dez.
Dittborn, 199 1: 28.
1988: 11 7.
7 Jaar. Alfredo. La géographic ça ser\, d'abord, à faire la
4 Marchán FIZ. Del arte objectuo l 01 arte de concepto : 269­
guerre (Geography ~ War) , in Contemporónea, 2, jun.
270, O Grupo de los Trece foi constituído em 1989.
Buenos Aires em 1971 após uma visit a do diretor
polonês Jerzy Grotowski . Tinha como base o Centro 8 Esse ponto é abordado por Merewether, Charles. The
de Arte y Comunicación (Cayc), dirigido por Jorge Migration of Images: Inscriptions of Land and Body
Glusberg, e incluía os artistas Jacques Bedel, Luis F. in Latin América, In America: bride of the Sun,
Benedi\, Gregorio Dujovny, Carlos Ginzburg, Victor Antuérp ia: Koninklijk Museum voar Schone Kun sten,
Grippo, Vicente Marotta, Jorge González Mlr. LUIS 1992: 197-222.
Pazes, Juan Carlos Romero e Horaclo Zaba la. Para
um resumo da história e dos objetivos do grupo e 9 Dittborn (Chile vive, Madri: Círculo de Bellas Artes,
ilustrações de trabalhos do seus membros, ver EI 1987: 282) tinha explicado "Como todo trabajo de
Gruppo de los Trece, In Levina s, Gabriel (ed.). Arte arte que quiere dar cuenta de la periferia en la que
argentino contemporâneo, Madrid: Editorial Ameris, se produce e circula, mi obra se ha propuesto assumir
1979: 197-201 creativamente el irrecuperable atraso, asi como la
mu ltiest rat ificación de esta periferia (como todo
5 Uma olhada nos catálogos que acompanharam os dois trabalho de arte que pretende levar em conta a
levantamentos mais significativos de arte conc eituai periferia na qual ele é produzido e circula, meu t rabalho
- Llve in your heod: When Attitudes 8ecome Form se propôs a assumir criativamente o atraso irrecuperável
Concepts-Processes-Stiuotions-Informotion. Bern: . assim como a multiestratificação dessa periferia)".

162
r

10 Ver Cancli ni, Néstor Garcia. Culturas híbridos: Estroteg1os 15 Rlchard, Margins and Institutlons: 17.
poro entrar y so/ir de /0 modernidod, Cidade do
México: Editorial Grijalbo, 1989: 65-93 16 CamMzer estava em Nova York quando o governo

democrático do Uruguai caiu, em 1973. Apesar de

II Dos artistas considerados neste ensaio. Camnitzer ele não ter retorn ado. o evento marcou
viveu na área de Nova York ininterruptame nte indelevelmente sua vida e sua experiência nos
desde 1964, e Meireles lá morou em 197017 1. Estados Unidos. Dittborn e D iaz permaneceram no
Refietind o sobre a razã o de ter se mudado para lá, Chile durante O governo mi litar de P,nochet. Jaar
Camnitze r declarou: "Nova York parecia fascinante: o viveu a queda de Allend e e deixou o Chile, indo
centro do impéri o. A medida do sucesso era para Nova York em 198 2. Meirele s permaneceu no
estabelecida pelo império e não pelas coI6nias". Brasil durante a ditadura militar, com exceção dos
Citado em Stellweg, Carla, Magnet - New York: dO Is anos que passou em Nova York, Grippo viveu
Conceptual, Performance, Environmental. and os anos negros na Argentma, leirn er vivenciou o
Installation Art by Latin Ameri can Artlstls in New retorno da democracia e o período subseqü ente, de
York, in Cancel, Luis et 0/., The Lotin SPlrit: Art and pro funda crise econ6mica e social. no Brasil.
Artists in the United States, /920-/970, New York:
Bronx Museum of the Arts and Harry N. Abrams, " O tema arte e tortura no trabalho de Camnitzer,
1988 : 285. Para um reconhecimento de outros Dittborn e outros artistas da AméClca do Sul foi
artistas conceituai s latino-americanos ativos em analisado por Adams, Beverly, The Sublect o fTorture ,
Nova York durante esse período, ver Stellweg. op.cit.: e por Merewether, Charles, EI arte de la violencia:
284-31 I e BarMz, Jacqueline: Nelson, Florencia Un asunto de representación en el arte
Bazzano e Carton, Bergman. Lotin Americon Artists in contempo raneo, in Art Nexus, 2, out. 190 I: 92-96, e
New York since /970, Austin: Archer M. Huntingto n 3, jan 1992: 132-135, respectivamente.
Art Gallery, University ofTexas, 1987: 13-19.
18 "Se a interferência de Duchamp foi no nível da Arte
12 Para mais detalhes ver Barnitz, jacqueline. Conceptual (lógica do fen6meno) ( ... ) uma vez que o que se fa z
Ar t and Latln América: A Natural Alliance, in hoje tende a estar mais próximo da cultura do que
Encoun terslDisp/ocements: Luis Comnitzer, A/redo Joor, da Arte, é necessaClame nte uma Interferência
(i/do Meire/es, Austin : Archer M. HuntingtonArt polrtica. Porque se a estética fund amenta a A rte, é a
Gallery, University o fTexas, 1992: 35-48. política que fundamenta a Cultura," (Cildo Meireles.
Arte -Cu ltura, in Ma/osane s, I , set.lout./nov. 1975: 15.
13 Vários artistas latino-americanos em Nova York criaram
trabalhos experimenta is sob os auspícios do New 19 Arti stas concei tuais utilizam objetos em seu trabalh o ­
York Graph lc Workshop, fundad o por Camnitzer, fotografias, fitas de vídeo e áudio, desenhos, mapas,
Lilian Porter e José Guilhermo Castillo em 1964 e diagramas -, que fun cionam como documentos que
dissolvido em 1970 (entrevista por telefone registram a proposta co nceitual.
concedida ao autor por Luis Camnitzer em 24 de
20 Camnltzer, por exemplo, referiu-se à forma como
setembro de 1992). O Workshop foi mado como
importante enquanto submetida aos propósitos do
uma forma de ativismo político que rejeitava o
conteúdo, e Meireles falou a respeito de suas
est atuto de mercadoria atribuído à arte, buscando,
experiências para desenvolver uma linguagem de
em vez disso. fazê-Ia acessível a uma audiência de
inserçõo mais do que um "estilo". Ve r Camnitze, Lu is.
massa por meio de estampas. Lançou a idéia da
Cronology, in Camnltze, Mosquera e Ramlrez.
gráfica serializada na qual um único elemento
Camnitzer Retrospective: 52: e Meireles, in Brito e
poderia ser utilizado de muitas maneiras, conceit o
Marcieira de Sousa, (i/do Meire/es: 24.
descrito pelo acr6nimo Fandso ({ree ossemb/oge,
non{unctiono/, disp osab/e, seria/ object). Ver Camnitzer, 21 Buchloh. Co nceptuo/ Art - /9 62-/96 9: 124 -1 27.
Luis. Art in Editíons, In New Aprooches, New York:
Pratt Center for Contemporary Printmaklng and n Para uma aná li se da relação entre M elreles , leirner e

New York University, 1968. Shifra M. Goldman outros artistas brasileiros com Warhol, ver

analisou as atividades do Workshop em Presencias y Herkenhoff, Paulo. Arte e money, in Revisto Galena,
ausen cias: Liliana Portes en Nueva York, 1964 -1974, 24, out. 1989 : 60-67.
in Liliona Porter: Obro Gráfico, 1964 -1 990, San Juan:
Instituto de Cultura Puertorriquena, 1991: I, -22. 23 Barthes, Roland. Myth%gies (Lavers, A nnette trad.) ,

New York: Hill and Wang, 1972: 152-153.

14 O governo constitucional do Brasil foi deposto por um


golpe militar em 1964, e a nação foi governada por 24 Buchloh, Conceptual Art, 1962-1969: 128-129.
ditadores militares até 1985; o Uruguai foi 25 Camnitze, Lui s. Contemporary Colonial Art, paper
governado por uma ditadura militar de 1973 a 1985; apresentado no Anual International Congress of the
a Argent ina viveu uma sucessão de governos Latin Americ an Studies Association, Washington,
militares depois do golpe de 1966; e o Chile foi D.C .. 1970. Meireles também usou o termo
governado de 1973 até 1989 pelo ditador general embalagem para se referir a suas proposições com
Augusto Pinochet. O Peru estava sob poder militar readymodes.
de 1968 a 1980, a Bolívia de 1971 a 1982, e o
Equador de 1972 até 1980. Ver Adams, Beverly. The 26 Ver Camnitzer, Luis. Chrono logy, in Camnitzer.

subject ofTorture:The Art of Camnitzer, Nunez, Mosquera e Ramírez, Comnitzer Retrospective: 53.

Parra e Romero, Austin: Univer sity ofTexas, 1992:


21-38 (tese de mestrado). " Jaar, A lfredo Jaar: I 17.

28 Merew ether. Migration of Images: 202.

l.­
TRADUÇÃO M A RI C A RM E N RA M I R EZ I 63

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