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Sumário

1. RISCOS EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS COM ELETRICIDADE;........................................................................3


1.1. CHOQUE ELÉTRICO................................................................................................................................3
1.2. ARCO ELÉTRICO.....................................................................................................................................6
1.3. RISCOS ADICIONAIS...............................................................................................................................8
1.3.1. ALTURA...........................................................................................................................................8
1.3.2. ESPAÇOS CONFINADOS...................................................................................................................9
1.3.3. ÁREAS CLASSIFICADAS....................................................................................................................9
1.3.4. UMIDADE........................................................................................................................................9
1.3.5. CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS.........................................................................................................10
2. CONTROLE DO RISCO EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS;..................................................................................10
2.1. MEDIDAS DE CONTROLE ADMINISTRATIVO.........................................................................................10
2.1.1. ORDEM DE SERVIÇO ESPECÍFICA...................................................................................................10
2.1.2. PROCEDIMENTOS DE TRABALHO ESPECÍFICOS.............................................................................11
2.1.3. ANÁLISE DE RISCO.........................................................................................................................12
2.1.4. DIAGRAMAS UNIFILARES..............................................................................................................15
2.1.5. PRONTUÁRIO DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PROVISÓRIAS..........................................................15
2.1.6. PROJETO DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS........................................................................................22
2.2. MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA.....................................................................................................25
PROTEÇÃO CONTRA CHOQUE ELETRICO................................................................................................25
2.2.1. DESENERGIZAÇÃO.........................................................................................................................27
2.2.2. TENSÃO DE SEGURANÇA...............................................................................................................29
2.2.3. ATERRAMENTO.............................................................................................................................31
2.3. MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL..................................................................................................42
2.3.1 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL;................................................................................42
2.3.2. VESTIMENTAS DE PROTEÇÃO CONTRA OS EFEITOS TÉRMICOS DO ARCO ELÉTRICO E DO FOGO
REPENTINO.............................................................................................................................................44
2.4. SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO, MONTAGEM, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO......................................47
2.4.1. QUADROS DE DISTRIBUIÇÃO........................................................................................................47
2.4.2. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PROVISÓRIAS........................................................................................51
2.4.3. FERRAMENTAS ISOLADAS.............................................................................................................51
3. HABILITAÇÃO, QUALIFICAÇÃO, CAPACITAÇÃO E AUTORIZAÇÃO DOS ELETRICISTAS;.................................52
3.1. QUALIFICAÇÃO....................................................................................................................................52

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3.2. HABILITAÇÃO.......................................................................................................................................53
3.3. CAPACITAÇÃO......................................................................................................................................53
3.4. AUTORIZAÇÃO.....................................................................................................................................53
3.5. TRABALHADOR ADVERTIDO.................................................................................................................53
4. SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS;...................................................................54
5 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE ACORDO COM A NR-18;.................................................................................59
5.1. ITEM 18.21 DA NR-18;.........................................................................................................................59
5.1.1. SERVIÇOS NAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS......................................................................................60
5.1.2. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS..............................................................................................................61
5.2. DEMAIS ITENS DA NR-18;....................................................................................................................69

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1. RISCOS EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS COM ELETRICIDADE;
1.1. CHOQUE ELÉTRICO

O choque elétrico é um estímulo rápido e acidental sobre o sistema


nervoso, devido à circulação de uma corrente elétrica acima de
determinados valores.

A gravidade de um choque elétrico vai depender de vários fatores e


dentre eles nós vamos citar apenas os mais importantes para as medidas
preventivas.

São fatores determinantes da gravidade do choque, entre outros:

i. O percurso da corrente elétrica através do organismo, por onde a


corrente elétrica passa predominantemente.

Figura 1 – Percurso corrente elétrica no corpo humano

ii. A intensidade da corrente elétrica, quanto maior a intensidade, mais


graves serão os efeitos da sua passagem através do corpo.

iii. O tempo que dura essa descarga é de fundamental importância para


determinar a gravidade do choque, ainda que sejam tempos medidos em
segundos e milésimos de segundo.

iv. O tamanho da área de contato entre o corpo e a parte condutora de onde


parte a corrente que atravessa o corpo.

v. A pressão estabelecida entre o corpo e a parte condutora, que


determina um pior ou melhor contato, dificultando ou facilitando a
passagem das cargas elétricas.

vi. A natureza da corrente elétrica, pois temos sensibilidade diferenciada


para correntes alternadas e corrente contínua.

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vii. O valor da tensão, que afinal é quem provoca a passagem da corrente
elétrica através do corpo.

viii. A maneira como a corrente se distribui pelo corpo ao percorrê-lo.

ix. As condições de umidade da pele, favorecendo ou não um melhor contato


e circulação da corrente elétrica.

x. Fatores individuais, como o estado de saúde, a constituição física,


condições emocionais, o porte físico, etc.

Mais graves ou menos graves, os choques podem provocar vários


efeitos diretos no organismo, tais como:

 As contrações musculares, cuja violência está relacionada à


intensidade do choque e muitas vezes é responsável até pelo
afastamento entre a vítima e a parte energizada.

 A tetanização que é como uma câimbra, deixando o músculo crispado


mesmo após o fim do choque elétrico.

 As queimaduras que ocorrem devido o aquecimento provocado pela


passagem da corrente elétrica, podendo ocasionar vermelhidão, formação
de bolhas, queimaduras profundas e até mesmo carbonizar o tecido, são
mais importantes nos choques com tensões elevadas, e a deterioração da
epiderme é mais sensível com frequências altas.

 A parada respiratória, pode se manifestar devido à circulação de


corrente no diafragma, que é o músculo responsável pelo movimento
respiratório, ou indiretamente quando a corrente atua sobre o centro
de controle da respiração. De qualquer forma, o organismo perde a sua
capacidade de oxigenar o sangue, comprometendo o funcionamento dos
órgãos e em alguns minutos, do cérebro, com efeitos irreversíveis.

 A parada cardíaca, que ocorre com a circulação de correntes que


provocam o tensionamento exagerado das fibras do músculo cardíaco,
“prendendo-o”. Impedido de pulsar, o coração deixa de promover a
circulação do sangue, cessando a alimentação dos órgãos com oxigênio,
e entre eles o cérebro, com as mesmas consequências comentadas acima.

 A eletrólise que pode se manifestar tanto no sangue como nos demais


líquidos do corpo humano, é um fenômeno importante nos casos de choque

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com corrente contínua, em que é provocada a aglutinação de sais
minerais, formação de coágulos, surgimento de tromboses que podem
levar à morte. Importante também é a alteração de equilíbrio de
potássio, que chega a provocar a parada cardíaca.

 A fibrilação que consiste da “perda de compasso” do músculo cardíaco,


ou seja, o coração deixa de pulsar ordenadamente e passa a vibrar com
uma frequência de 170 a 300 vezes por segundo, sem, contudo, bombear
sangue para a oxigenação dos órgãos. Em pouco tempo se instala a
condição de parada respiratória.

Devem ser considerados agravantes dos efeitos diretos da passagem da


corrente elétrica através do corpo os efeitos indiretos, representados
pelas quedas e batidas. Não é pequena a quantidade de acidentes em que a
eletricidade foi apenas o gatilho e as conseqüências graves ficaram por
conta de fraturas, batidas sérias e morte por queda de alturas
consideráveis.

Tabela 1 - EFEITOS FISIOLÓGICOS DA CORRENTE ELÉTRICA

(CA de 15 a 100 Hz – trajeto entre extremidades do corpo)

CORRENTE REAÇÕES FISIOLÓGICAS HABITUAIS

0,1 a 0,5 mA Leve percepção superficial, habitualmente nenhum efeito

0,5 a 10 mA Ligeira paralisia muscular, início de tetanização,


habitualmente nenhum efeito perigoso

Nenhum efeito perigoso se houver interrupção em, no


10 a 30 mA
máximo 5 segundos

Paralisia muscular do tórax, falta de ar e tonturas,


300 a 500mA possibilidade de fibrilação ventricular, se tempo
superior a 200 ms.

Traumas cardíacos persistentes, efeito letal, salvo


Acima de 500
intervenção imediata de pessoal especializado com
mA
equipamento adequado.

VÁLIDO PARA PESSOAS COM PESO MÍNIMO DE 50 QUILOS

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1.2. ARCO ELÉTRICO

Um arco elétrico caracteriza-se pela passagem significativa de


corrente elétrica por um material normalmente não condutivo, como o ar,
movimentando-se a altas velocidades (aproximadamente 100 m/s).

Figura 2 – Arco elétrico

As falhas que originam um arco elétrico estão associadas, em geral,


a curtos-circuitos (entre fases e fase-terra), sendo que a maioria dessas
faltas é iniciada por meio de um curto-circuito fase-terra, evoluindo
rapidamente para um curto-circuito trifásico.

Os arcos elétricos produzem calor intenso, causam explosões, ondas


de pressão, entre outros efeitos, representando riscos aos trabalhadores
expostos a esse fenômeno.

A alta temperatura que pode envolver um arco elétrico é a principal


causa de preocupação com esse fenômeno. No ponto de origem do arco, a
temperatura pode atingir aproximadamente 20.000 ºC, o que equivale a
quatro vezes a temperatura de superfície do sol. Nenhum material
conhecido na Terra é capaz de suportar essa temperatura sem que ocorra o
seu derretimento e vaporização. Entretanto, além da alta temperatura, um
arco elétrico apresenta outros riscos, como os vapores metálicos tóxicos,
projeção de metal fundido, luz extremamente intensa e uma significativa
onda de pressão.

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A onda de pressão é provocada pela alta temperatura do arco, que
causa uma explosiva expansão do ar circunvizinho e dos metais existentes
no trajeto do arco. O cobre, por exemplo, sofre uma expansão em torno de
67.000 vezes quando muda do estado sólido para vapor.

As altas pressões geradas podem facilmente exceder centenas ou mesmo


milhares de kgf/m², rompendo os tímpanos e causando danos aos pulmões dos
trabalhadores. Os efeitos destrutivos dessas ondas de pressão, criadas
pelo aquecimento e expansão térmica do ar e vaporização dos condutores
metálicos, são conhecidos como “efeitos termoacústicos”. Os sons
associados a essas pressões podem exceder 160 decibéis.

Finalmente, o material sólido e o metal derretido são expelidos para


longe do arco em velocidades que excedem 1.200 km/h, o suficiente para
que as partículas penetrem completamente no corpo humano.

Com relação à luz emitida, o espectro de frequências do arco inclui


uma grande proporção de radiação na zona dos raios ultravioletas, podendo
causar danos à retina ocular de um ser humano.

A junção de todos esses efeitos ocorridos durante um arco elétrico


apresenta, entre outros, os seguintes riscos para os seres humanos:

• Queimaduras;

• Traumatismos cranianos;

• Esmagamento dos pulmões;

• Perda de membro;

• Surdez;

• Ferimentos resultantes de estilhaços;

• Fraturas ósseas;

• Cegueira;

• Cataratas;

• Morte.

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1.3. RISCOS ADICIONAIS

1.3.1. ALTURA

Durante vários anos os serviços executados em estruturas elevadas


eram realizados com o cinturão de segurança abdominal e toda a
movimentação era feita sem um ponto de conexão, isto é, o trabalhador só
teria segurança quando estivesse amarrado à estrutura, estando
susceptível a quedas.

Este tipo de equipamento, devido a sua constituição não permitia que


fossem adotados novos procedimentos quanto à escalada, movimentação e
resgate dos trabalhadores.

Com a preocupação constante em relação à segurança dos


trabalhadores, a NR-35 exigiu a aplicação de um novo sistema de segurança
para trabalhos em estruturas elevadas que possibilitam outros métodos de
escalada, movimentação e resgate.

A filosofia de trabalho adotada é de que em nenhum momento, nas


movimentações durante a execução das tarefas, o trabalhador não poderá
ficar desamarrado da estrutura. Portanto, deve utilizar cinto de
segurança tipo paraquedista conjugado com linha de vida instalada
adequadamente no local de trabalho.

Figura 3 – Utilização de cinto de segurança

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1.3.2. ESPAÇOS CONFINADOS

Ambientes confinados é qualquer aérea não projetada para ocupação


continua, movimentação restrita, a qual tem meios limitados de entrada e
saída e a ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes
perigosos e/ou deficiência/enriquecimento de oxigênio que possam existir
ou se desenvolver.

Estes ambientes podem possuir uma ou mais das seguintes


características:

 Potencial de risco na atmosfera;


 Deficiência de O2 (menos de19,5%) ou excesso (mais de23%);
 Configuração interna tal que possa provocar asfixia, claustrofobia,
ou que dificultem a saída rápida de pessoas;
 Agentes contaminantes tóxicos ou inflamáveis.

Figura 4 - Instalação elétrica subterrânea (espaço confinado)

1.3.3. ÁREAS CLASSIFICADAS

É uma área na qual a probabilidade da presença de uma atmosfera


explosiva é tal que exige precauções para a construção, instalação e
utilização de equipamentos elétricos.

1.3.4. UMIDADE

Os princípios que fundamentam as medidas de proteção contra choque


elétrico em áreas que apresentam umidade estão relacionados a diversos
fatores que, no conjunto devem ser considerados na concepção e na
execução das instalações elétricas.

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1.3.5. CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS

Durante a formação das nuvens verifica-se que, ocorre uma separação


de cargas elétricas, de modo que, geralmente, as partes da nuvem mais
próximas da terra ficam eletrizadas negativa ou positivamente enquanto
que, as partes mais altas adquirem cargas positivas ou negativas. Quando
a resistência dielétrica é rompida, ou melhor as cargas são suficientes
para ionizar o ar entre o ponto de partida e o ponto de chegada do raio,
ultrapassando o valor da rigidez dielétrica do ar, uma enorme centelha
elétrica salta da superfície da terra para a nuvem ou da nuvem para terra
ou de uma nuvem para outra ou mesmo, entre regiões diferentes da mesma
nuvem. É o que conhecemos como “raio”.

Dentre os sistemas de para-raios que podem ser utilizados para


proteção das edificações e das pessoas, os mais comuns são os da gaiola
de Faraday e o tipo “Franklin”, que é um mastro com uma haste na ponta. A
gaiola de Faraday faz com que a descarga elétrica percorra a superfície
da gaiola e atinja o aterramento. Já o tipo “Franklin” capta o raio pela
ponta e transmite a descarga até o aterramento.

2. CONTROLE DO RISCO EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS;


2.1. MEDIDAS DE CONTROLE ADMINISTRATIVO

As medidas de controle administrativo são aquelas medidas que devem


ser tomadas pela empresa no planejamento das atividades. Objetiva a
antecipação dos riscos através de projetos, análise de riscos e
organização das tarefas.

2.1.1. ORDEM DE SERVIÇO ESPECÍFICA

Uma ordem de serviço específica deve ser emitida antes de iniciar


qualquer atividade em instalações elétricas, conforme determina o item
10.11.2 da NR-10. Esse documento tem bastante importância, pois determina
a real tarefa a ser executada, evitando assim, que o profissional
interaja com o sistema sem autorização. Portanto, podemos afirmar que a
ordem de serviço específica é um tipo de autorização para intervir no
sistema. Deve ser arquivada, visto que com ela é possível rastrear as
atividades executadas pelos profissionais, as alterações e substituições
realizadas nas instalações.

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As ordens de serviço específicas devem ser aprovadas por trabalhador
autorizado, contendo, no mínimo, o tipo, a data, o local e as referências
aos procedimentos de trabalhos a serem adotados, conforme item 10.11.2 da
NR-10.

2.1.2. PROCEDIMENTOS DE TRABALHO ESPECÍFICOS

Procedimento de trabalho específico é uma sequencia de atividades


que devem ser desenvolvidas para a realização de determinado trabalho,
com a inclusão dos meios materiais e humanos, medidas de segurança e
circunstâncias que porventura impossibilitem sua realização.

O procedimento específico deve ser estruturado para contemplar o


maior número possível de variáveis quando da sua elaboração, não
esquecendo que deve ser dinâmico, isto é, deve ser adaptado a novas
condições sempre que for necessário.

Deve ter a participação em todo processo de desenvolvimento do


Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho -
SESMT, quando houver, conforme item 10.11.4 da NR-10.

Nenhum serviço pode ser executado sem um procedimento de trabalho


específico. Tais procedimentos devem ser específicos, padronizados, com
descrição detalhada de cada tarefa, passo a passo, assinados por
profissional qualificado nos termos do item 10.8 da NR-10.

O Procedimento deve ter no mínimo o seguinte conteúdo:

• objetivo – alvo que se pretende atingir;

• campo de aplicação – Limite ou situação para o emprego do


documento;

• base técnica – fundamentação e embasamento técnico adotado;

• competências e responsabilidades – Indicação das atribuições e das


responsabilidades em todos os níveis envolvidos;

• disposições gerais – Distribuição organizada dos assuntos tratados


no documento;

• medidas de controle - ações estratégicas de prevenção destinadas a


eliminar ou reduzir, sob controle, as incertezas com capacidade potencial

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para causar lesões ou danos à saúde dos trabalhadores e ao patrimônio, na
atividade e ambiente objeto da análise.

• orientações finais – Conjunto de observações e comentários de


fechamento e finalização do documento

2.1.3. ANÁLISE DE RISCO

A análise de risco tem por objetivo antecipar e identificar todos os


possíveis eventos indesejáveis e acidentes, possibilitando a adoção de
medidas preventivas à segurança e saúde do trabalhador e evitar danos aos
equipamentos e interrupção dos processos produtivos.

Existem diversas ferramentas de análise de risco, APR -Análise


Preliminar de Risco, FMEA (AMFE)-Análise de Modos de Falha e Efeitos,
HAZOP -Hazard and Operability Studies, etc, dentre elas destacamos a APR,
que será explicada a seguir.

Outra ferramenta que pode ser utilizada é o “check-list”, ou seja,


uma lista de verificação dos riscos e medidas de controle destes riscos.

2.1.3.1. ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO (APR)

Trata-se de uma técnica de análise prévia de riscos que tem como


objetivo antecipar a previsão da ocorrência danosa para as pessoas,
processos, equipamentos e meio ambiente. É elaborada através do estudo,
questionamento, levantamento, detalhamento, criatividade, análise crítica
e autocrítica, com consequente estabelecimento de precauções técnicas
necessárias para a execução das tarefas (etapas de cada operação), de
forma que o trabalhador tenha sempre o controle das circunstâncias, por
maiores que forem os riscos.

A Análise Preliminar de Risco é uma visão técnica antecipada do


trabalho a ser executado, que permite a identificação dos riscos
envolvidos em cada passo da tarefa, e ainda propicia condição para evitá-
los ou conviver com eles em segurança.

Por se tratar de uma técnica aplicável à todas as atividades, uma


grande virtude da aplicação desta técnica de Análise Preliminar de Risco
é o fato de promover e estimular o trabalho em equipe e a
responsabilidade solidária.

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É a aplicação do item 10.11.7 da NR-10 que determina que antes de
iniciar trabalhos em equipe os seus membros, em conjunto com o
responsável pela execução do serviço, devem realizar uma avaliação
prévia, estudar e planejar as atividades e ações a serem desenvolvidas no
local, de forma a atender os princípios técnicos básicos e as melhores
técnicas de segurança aplicáveis ao serviço.

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Modelo de APR

ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO - APR


Atividade:

Local:

Ordem de serviço nº:


Equipamentos, EPI EPC
ferramentas e
materiais

Riscos Medidas de controle Proteção

Equipe: Requisitos:
- Curso de NR-10 -
Segurança em
instalações e
serviços em
eletricidade
Procedimentos:
Observações:

2.1.3.2. CHECK LIST

O objetivo deste documento é criar o hábito de verificar os itens de


segurança antes de iniciar as atividades, auxiliando na detecção, na
prevenção dos riscos de acidentes e no planejamento das tarefas,
enfocando os aspectos de segurança.

Esse formulário pode ser vinculado no verso de uma “ordem de


serviço”.

Será preenchido de acordo com as regras de Segurança do Trabalho. “A


Equipe somente deverá iniciar cada atividade, após realizar a
identificação de todos os riscos, medidas de controle e após concluir o
respectivo planejamento da atividade”.

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2.1.4. DIAGRAMAS UNIFILARES

Os esquemas unifilares (também chamados de diagramas unifilares) são


desenhos técnicos que representam de forma simplificada o sistema
elétrico da empresa, desde a origem da instalação até os quadros de
distribuição de circuitos. Nesses esquemas, estão identificadas as
características elétricas (tensão, corrente nominal, potência etc.) de
transformadores, cabos, dispositivos de manobra e proteção de circuitos.
Trata-se de um documento técnico especializado e, portanto, deve ser
elaborado por um profissional habilitado.

2.1.5. PRONTUÁRIO DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PROVISÓRIAS

Se no canteiro de obras a carga instalada for superior a 75KW


(setenta e cinco), deve ser constituído o prontuário das instalações
elétricas de acordo com a NR-10.

Carga Instalada é a soma da Potência (rapidez com que a energia


elétrica é transformada em outra forma de energia) de todos os
equipamentos instalados no Canteiro de Obras. Este valor é obtido para o
dimensionamento das instalações elétrica do canteiro através do “quadro
de cargas”. Apenas para ilustrar, apresentamos a seguir tabela com a
potência de alguns equipamento encontrados em canteiros de obras.

Equipamento Potência

Grua 22 KW
Betoneira 2 KW

Serra Elétrica 1,5 KW

Bomba 2 KW

Policorte 1,5 KW
Vibrador 2 KW

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Guincho de materiais 9 kW
Guincho de passageiros 11 kW
Elevador tipo cremalheira 12 a 24 kW
Mini Grua 7,5 kW
Balacim 1,5 kW
Chuveiro elétrico 5 kW

Com esses dados em mente, podemos fazer uma conta rápida da carga
instalada no canteiro para saber se ultrapassa 75 kw.

De acordo com o inciso VI, do art. 2º, da resolução normativa nº 414


de 09 de setembro de 2010,da Agência Nacional de Energia Elétrica –ANEEL,
carga instalada é a soma das potências nominais dos equipamentos
elétricos instalados na unidade consumidora, em condições de entrar em
funcionamento, expressa em quilowatts(KW). Durante as auditorias deve-se
solicitar a apresentação projeto da subestação elétrica do
estabelecimento devidamente aprovado pela concessionária elétrica onde
fica registrado a respectiva carga instalada. Multiplica-se este valor,
pelo fator de potência, previsto também no projeto da subestação elétrica
e obtenha a carga instalada em KW que estará à disposição do empregador.
Caso este valor seja superior a 75 KW, é obrigatório, com base na NR-10,
a elaboração do Prontuário das Instalações Elétricas. Por exemplo, se no
projeto ficou definido que será instalada uma subestação de 250KVA e o
fator de potência é de 0,80; portanto, multiplicando 250 KVA por 0,80 o
valor obtido é 200 KW, valor este que obriga a empresa a elaborar o
prontuário das instalações elétricas.

O Prontuário das Instalações Elétricas - PIE é um sistema organizado


de informações pertinentes às instalações elétricas e aos trabalhadores
que sintetizará o conjunto de procedimentos, ações, documentações e
programas que a empresa mantém ou planeja executar para proteger o
trabalhador dos riscos elétricos.

O PIE deve conter, além dos diagramas unifilares, os seguintes


documentos:

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a. Conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas
de segurança e saúde, implantadas e relacionadas a NR-10 e
descrição das medidas de controle existentes;
b. Documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra
descargas atmosféricas e aterramentos elétricos;
c. Especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual e
o ferramental, aplicáveis conforme determina esta NR;
d. Documentação comprobatória da qualificação, habilitação,
capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamentos
realizados;
e. Resultados dos testes de isolação elétrica realizados em
equipamentos de proteção individual e coletiva;
f. Certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas
classificadas;
g. Relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações,
cronogramas de adequações, contemplando as alíneas de “a” a “f”.

Vamos comentar cada um dos itens:

a) conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas


de segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e descrição
das medidas de controle existentes;

COMENTÁRIOS: O item 10.11.1 da NR-10 diz: “os serviços em


instalações elétricas devem ser planejados e realizados em conformidade
com procedimentos de trabalho específicos, padronizados, com descrição
detalhada de cada tarefa, passo a passo, assinados por profissional que
atenda ao que estabelece o item 10.8 desta NR”. A estrutura mínima do
documento é definida no item 10.11.3: “os procedimentos de trabalho devem
conter, no mínimo, objetivo, campo de aplicação, base técnica,
competências e responsabilidades, disposições gerais, medidas de controle
e orientações finais”. Vale salientar que este documento deve ser
elaborado com a participação do SESMT, e onde houver, conforme item
10.11.4 da NR-10, e assinado por profissional habilitado. Outro aspecto
importante é que o procedimento técnico não é mais separado do
procedimento de segurança. Agora, um único documento deve conter os dois
aspectos do trabalho.

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Ainda sobre a alínea “a” do item 10.2.4 da NR-10, vale ressaltar que
os procedimentos não se limitam apenas aos procedimentos operacionais da
empresa, incluem também os procedimentos formais de execução de serviço
efetivamente instruídos aos empregados afetados, bem como as instruções
administrativas formais que sejam relacionadas aos trabalhos com
eletricidade. Nas instruções administrativas são registrados os dados
sobre como(forma legal)e para que(forma funcional) o trabalhador foi
contratado. Esses documentos são os seguintes:- cópia do contrato de
trabalho;- cópia de Ficha de Registro do Empregado, com anotações
atualizadas;- cópias das páginas da CTPS do empregado, que evidenciam a
atual admissão e as funções profissionais registradas antes e durante o
emprego; - cópias dos documentos que contêm as atribuições
funcionais(gerais e específicas) de cada categoria profissional envolvida
nas atividades elétricas; e, - cópia da autorização escrita, dada pela
empresa ao trabalhador, para que ele possa intervir em instalações
elétricas.

b) documentação das inspeções e medições do sistema de proteção


contra descargas atmosféricas e aterramentos elétricos;

COMENTÁRIOS: A NBR 5419/2001 estabelece na seção 6 as prescrições


relativas à inspeção dos SPDAs. A inspeção não se aplica aos subsistemas
do SPDA que tenham seus acessos impossibilitados por estarem embutidos no
concreto armado (ferragens estruturais) ou reboco. As inspeções visam
assegurar que:

- O SPDA está de acordo com o projeto;


- Todos os componentes do SPDA estão em bom estado: conexões e
fixações firmes e livres de corrosão;
- O valor da resistência de aterramento seja compatível com o
arranjo e com as dimensões do subsistema de aterramento e com a
resistividade do solo. Excetua-se desta exigência os sistemas
que usam as fundações como eletrodo de aterramento;
- Todas as construções acrescentadas posteriormente à estrutura
da instalação original devem ser integradas no volume a
proteger, mediante ligação ao SPDA ou ampliação deste;

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- A resistência pode também ser calculada a partir da
estratificação do solo e com uso de um programa adequado. Neste
caso fica dispensada a medição da resistência de aterramento.

A periodicidade das inspeções nos SPDAs é definido no capítulo 6 da


norma técnica NBR 5419 (Proteção de estruturas contra descargas
atmosféricas). O texto diz: “Uma inspeção visual do SPDA deve ser
efetuada anualmente”. Também é prescrito que, inspeções completas devem
ser efetuadas periodicamente, em intervalos de:

1) cinco anos, para estruturas destinadas a fins residenciais,


comerciais, administrativos, agrícolas ou industriais, excetuando-se
áreas classificadas com risco de incêndio ou explosão;

2) três anos, para estruturas destinadas a grandes concentrações


públicas (por exemplo: hospitais, escolas, teatros,cinemas, estádios de
esporte, centros comerciais e pavilhões), indústrias contendo áreas com
risco de explosão conforme NBR 9518, e depósitos de material inflamável;
e

3) um ano, para estruturas contendo munição ou explosivos, ou em


locais expostos à corrosão atmosférica severa (regiões litorâneas,
ambientes industriais com atmosfera agressiva etc.).

A elaboração dos laudos técnicos é atribuição profissional exclusiva


dos engenheiros eletricistas, e devem ser acompanhados de ART – Anotação
de Responsabilidade Técnica registradas junto ao CREA do Estado da
federação em que se encontra a instalação, e conter as cópias
autenticadas das certificações de aferição dos instrumentos de medida
utilizados e na validade legal

c) especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual


e o ferramental, aplicáveis conforme determina esta NR;

COMENTÁRIOS: Segundo a NR-6, compete ao SESMT - Serviço


Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – ou,
nas empresas desobrigadas de manter o SESMT, à CIPA- Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes – recomendar ao empregador o EPI adequado ao risco
existente em determinada atividade. Nas empresas desobrigadas de
constituir CIPA, cabe ao designado, mediante orientação de profissional

19
tecnicamente habilitado, recomendar o EPI adequado à proteção do
trabalhador.

A NR-10 determina no item 10.2.9.1 que, quando as medidas de


proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes para
controlar os riscos nos trabalhos em instalações elétricas, devem ser
adotados equipamentos de proteção individuais específicos e adequados às
atividades desenvolvidas, atendendo à NR-6.

Logo, deve-se fazer uma análise de risco para cada atividade, a fim
de verificar se existe uma medida de proteção coletiva tecnicamente
viável, ou se a medida de proteção coletiva, caso exista, é suficiente
para controlar os riscos. Se o risco permanecer, deve-se especificar um
EPI adequado. Os documentos relativos à análise de risco e à
especificação do EPI devem fazer parte do prontuário.

d) documentação comprobatória da qualificação, habilitação,


capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamentos realizados;

COMENTÁRIOS: Os documentos que comprovam a qualificação,


habilitação, capacitação e os treinamentos dos trabalhadores, e que,
portanto, devem fazer parte do prontuário são:

- Cópia dos diplomas de cada trabalhador qualificado – A


qualificação pode ocorrer, segundo o § 2º, do artigo 39 da lei
nº 9.384/08 – Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional
(LDB),em três níveis: cursos de formação inicial ou
qualificação profissional, de nível médio(eletrotécnicos ou
eletromecânicos)e superior(engenheiros eletricistas).
- Cópia do registro no competente conselho de classe;
- Comprovante de capacitação para trabalhadores não-qualificados
e documento que indica qual é o profissional habilitado,
responsável pelos trabalhos;
- Cópia de certificado de conclusão de trabalhadores que tenham
participado com aproveitamento satisfatório, do(s) curso(s)
constantes do Anexo II da NR 10, e do documento de autorização
para executarem serviços em instalações elétricas).

20
Devem ser mantidos também à disposição da auditoria os seguintes
documentos:- o Plano de Aulas elaborados para os treinamentos previstos;-
o contrato de prestação de serviço de treinamento institucional; - as
listas de presença que comprovam a participação dos empregados em
treinamentos técnicos e de segurança;- o conjunto de testes aplicados
junto aos treinandos, com as respectivas notas sobre o aproveitamento
obtido

e) resultados dos testes de isolação elétrica realizados em


equipamentos de proteção individual e coletiva;

COMENTÁRIOS: Os equipamentos de proteção individual e coletiva que


são classificados como isolados, devem ser testados para comprovar as
características desta isolação. Além dos testes de rotina, que são
realizados pelo fabricante do equipamento, devem ser realizados outros ao
longo da vida útil do equipamento para comprovar que o equipamento mantém
as características necessárias para garantir a segurança e a saúde dos
trabalhadores que usam estes equipamentos.

As características de isolação devem ser testadas em períodos


estabelecidos pela norma técnica do componente ou, se não for
especificado na norma, pelo fabricante. Os relatórios dos testes de
isolação - laudos dos ensaios - devem estar no Prontuário das Instalações
Elétricas.

f) certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas


classificadas; e

COMENTÁRIOS: De acordo com o item 10.9.2 da NR-10, “os materiais,


peças, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados à aplicação em
instalações elétricas de ambientes com atmosferas potencialmente
explosivas devem ser avaliados quanto à sua conformidade, no âmbito do
Sistema Brasileiro de Certificação”. Também deve fazer parte do
prontuário uma cópia dos certificados de conformidade emitidos por OCC –
Organismo de Certificação Credenciado.

g) relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações,


cronogramas de adequações, contemplando as alíneas de “a” a “f”.

COMENTÁRIOS: Tendo em vista que o Prontuário das Instalações


Elétricas é um conjunto de documentos que visa garantir a implementação

21
de medidas de controle e sistemas preventivos, exigidos pela NR-10, deve
conter tanto os documentos relativos à instalação elétrica como os
procedimentos relativos aos trabalhos realizados nas instalações.

A NR-10 determina que, além da auditoria na documentação, deve ser


realizada inspeção nas instalações elétricas da empresa. A partir desta
auditoria e inspeção, são identificadas todas as não-conformidades
relacionadas às medidas de controle e aos sistemas preventivos
implementados pela empresa, a fim de garantir a segurança e a saúde dos
trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações
elétricas e serviços com eletricidade. Na auditoria e na inspeção deve
ser elaborado um cronograma de adequação (correção das não-conformidades)
do prontuário (referente à documentação) e das instalações (referente às
medidas de controle implantadas).

O relatório, incluindo o cronograma de adequação, tem dois


objetivos: orientar os profissionais de segurança e de manutenção
elétrica da empresa no processo de adequação da NR-10; e facilitar a
fiscalização, a qual, de posse do relatório, pode verificar as não
conformidades com a Norma Regulamentadora. Portanto, o relatório deve
refletir a realidade da empresa na implantação das medidas de controle e
dos sistemas preventivos contra o risco elétrico.

A inspeção deve ser a primeira atividade feita na empresa no


programa de adequação à NR-10. Também deve ser realizada periodicamente
para garantir a manutenção da adequação. A periodicidade da inspeção não
está estabelecida na NR-10, pois depende da complexidade das instalações
e dos serviços em eletricidade executados na empresa. A periodicidade
deve ser estabelecida pelo profissional habilitado.

2.1.6. PROJETO DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Segundo a NBR 5679/77 o termo projeto é apresentado como definição


qualitativa e quantitativa dos atributos técnicos, econômicos e
financeiros de uma obra de engenharia e arquitetura, com base em dados,
elementos, informações, estudos, discriminações técnicas, cálculos,
desenhos, normas, projeções e disposições especiais.

22
Em sentido mais abrangente "Projetar", significa apresentar soluções
possíveis de serem implementadas para a resolução de determinados
problemas visando um objetivo comum.

Em um projeto de instalações elétricas, são fundamentais que fiquem


caracterizados e identificados todos os elementos ou as partes que
compõem o projeto. Basicamente qualquer projeto elétrico em uma
edificação se constitui em:

- Quantificar e determinar os tipos e localizações dos pontos de


utilização da energia elétrica;
- Fazer o dimensionamento definindo o tipo e o percurso de cabos
e eletrodutos;
- Fazer o dimensionamento definindo o tipo e a localização dos
pontos de medição de energia elétrica com malha de aterramento
(conforme normas da concessionária local), dispositivos de
manobras e de proteção, e, demais acessórios inerentes a
instalação.

As instalações elétricas temporárias em canteiros de obras devem ser


projetadas como toda instalação elétrica (Item 1.2.1 “c” da NBR 5410).
Ela é utilizada para acionar as máquinas e os equipamentos, bem como
dotar de iluminação adequada os locais de construção, sendo desfeitas
quando do termino da obra. Deverão ser executadas de forma tecnicamente
correta, obedecendo a NBR 5410 –Instalações Elétricas de Baixa Tensão e
outras NBR’s. Além disso, antes de entrarem em operação devem ser
vistoriadas por um profissional habilitado que emitirá um relatório de
conformidade das instalações (Item 4.1.14 da NR 5410).

O projeto elétrico deve atender ao que dispõem as Normas


Regulamentadoras de Saúde e Segurança no Trabalho, as recomendações
técnicas oficiais estabelecidas, e ser assinado por profissional
legalmente habilitado, conforme item 10.3.8 da NR 10.

O projeto de instalações elétricas temporárias, deve estar inserido


no PCMAT, com a previsão da carga a ser instalada, a localização dos
circuitos elétricos e suas ampliações, bem como seus componentes
elétricos (fios, cabos, quadros elétricos, chaves elétricas,
tomadas/plugues, dentre outros). O projeto das instalações elétricas deve
ser assinado por profissional legalmente habilitado, atendendo à norma

23
regulamentadora NR-10 – Segurança em Instalações e Serviços em
Eletricidade.

O Memorial Descritivo deve acompanhar o projeto, e conter todas as


informações necessárias ao entendimento do projeto. De acordo com o item
10.3.9 da NR-10, o memorial descritivo do projeto deve conter, no mínimo,
os seguintes itens de segurança:

a) especificação das características relativas à proteção contra


choques elétricos, queimaduras e outros riscos adicionais;

b) indicação de posição dos dispositivos de manobra dos circuitos


elétricos: (Verde - “D”, desligado e Vermelho - “L”, ligado);

c) descrição do sistema de identificação de circuitos elétricos e


equipamentos, incluindo dispositivos de manobra, de controle, de
proteção, de intertravamento, dos condutores e os próprios equipamentos e
estruturas, definindo como tais indicações devem ser aplicadas
fisicamente nos componentes das instalações;

d) recomendações de restrições e advertências quanto ao acesso de


pessoas aos componentes das instalações;

e) precauções aplicáveis em face das influências externas;

f) o princípio funcional dos dispositivos de proteção, constantes do


projeto, destinados à segurança das pessoas;

g) descrição da compatibilidade dos dispositivos de proteção com a


instalação elétrica.

A figura a seguir apresenta um projeto das instalações elétricas de


um canteiro de obras.

24
Figura 5 – Projeto das Instalações Elétricas do Canteiro de Obras

2.2. MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA

São as medidas que visam proteger todos os trabalhadores envolvidos


na atividade.

As medidas de proteção coletiva compreendem, prioritariamente, a


desenergização elétrica conforme estabelece esta NR e, na sua
impossibilidade, o emprego de tensão de segurança. Na impossibilidade de
implementação do estabelecido no subitem 10.2.8.2., devem ser utilizadas
outras medidas de proteção coletiva, tais como: isolação das partes
vivas, obstáculos, barreiras, sinalização, sistema de seccionamento
automático de alimentação, bloqueio do religamento automático.

PROTEÇÃO CONTRA CHOQUE ELETRICO

Quando se fala em proteger as pessoas contra choques elétricos,


deve-se lembrar que o perigo está presente quando o corpo da pessoa está
sendo percorrido por uma corrente elétrica superior a um dado valor por
um tempo maior do que o suportável.

Essa dependência corrente-tempo pode ser observada no próximo


gráfico , obtido a partir de estudos realizados pela IEC (International
Electrotechinical Comission).

25
Figura 6 - Efeitos do Choque Elétrico Segundo o Tempo e o Valor da Corrente

Portanto, fazendo uma analogia com as medidas de controle da NR-9,


devemos seguir a seguinte hierarquia para o controle dos riscos
elétricos:

A. Agir na fonte do risco:

A.1 Eliminar o risco na fonte, ou seja, a desenergização.

A.2 Utilizar tensão de segurança

A.3 Aterramento combinado com dispositivo de seccionamento


automático da alimentação

B. Agir na trajetória

B.1. Instalação de barreiras

B.2. Utilização de isolação dupla

C. Medidas administrativas

D. Utilização de EPI

26
2.2.1. DESENERGIZAÇÃO

A desenergização é um conjunto de ações coordenadas, sequenciadas e


controladas, destinadas a garantir a efetiva ausência de tensão no
circuito, trecho ou ponto de trabalho, durante todo o tempo de
intervenção e sob controle dos trabalhadores envolvidos.

Somente serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas


liberadas para trabalho, mediante os procedimentos apropriados e
obedecida a sequência a seguir:

1.Seccionamento: É o ato de promover a descontinuidade elétrica


total, com afastamento adequado entre um circuito ou dispositivo e outro,
obtida mediante o acionamento de dispositivo apropriado (chave
seccionadora, interruptor, disjuntor), acionado por meios manuais ou
automáticos, ou ainda através de ferramental apropriado e segundo
procedimentos específicos.
2.Impedimento de reenergização: É o estabelecimento de condições que
impedem, de modo reconhecidamente garantido, a reenergização do circuito
ou equipamento desenergizado, assegurando ao trabalhador o controle do
seccionamento.

Na prática trata-se da aplicação de travamentos mecânicos, por meio


de fechaduras, cadeados e dispositivos auxiliares de travamento ou com
sistemas informatizados equivalentes. Deve-se utilizar um sistema de
travamento do dispositivo de seccionamento, para o quadro, painel ou
caixa de energia elétrica e garantir o efetivo impedimento de
reenergização involuntária ou acidental do circuito ou equipamento
durante a execução da atividade que originou o seccionamento. Deve-se
também fixar placas de sinalização alertando sobre a proibição da ligação
da chave e indicando que o circuito está em manutenção.

O risco de energizar inadvertidamente o circuito é grande em


atividades que envolvam equipes diferentes, onde mais de um empregado
estiver trabalhando. Nesse caso a eliminação do risco é obtida pelo
emprego de tantos bloqueios quantos forem necessários para execução da
atividade.

Dessa forma, o circuito será novamente energizado quando o último


empregado concluir seu serviço e destravar os bloqueios. Após a conclusão

27
dos serviços deverão ser adotados os procedimentos de liberação
específicos.

A desenergização de circuito ou mesmo de todos os circuitos numa


instalação deve ser sempre programada e amplamente divulgada para que a
interrupção da energia elétrica reduza os transtornos e a possibilidade
de acidentes. A reenergização deverá ser autorizada mediante a divulgação
a todos os envolvidos.

3. Constatação da ausência de tensão: É a verificação da efetiva


ausência de tensão nos condutores do circuito elétrico. Deve ser feita
com detectores testados antes e após a verificação da ausência de tensão,
sendo realizada por contato ou por aproximação e de acordo com
procedimentos específicos.
4. Instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos
condutores dos circuitos: Constatada a inexistência de tensão, um
condutor do conjunto de aterramento temporário deverá ser ligado a uma
haste conectada à terra. Na sequência, deverão ser conectadas as garras
de aterramento aos condutores fase, previamente desligados.
5.Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada.
6. Instalação da sinalização de impedimento de reenergização: Deverá
ser adotada sinalização adequada de segurança, destinada à advertência e
à identificação da razão de desenergização e informações do responsável.

Os cartões, avisos, placas ou etiquetas de sinalização do travamento


ou bloqueio devem ser claros e adequadamente fixados. No caso de método
alternativo, procedimentos específicos deverão assegurar a comunicação da
condição impeditiva de energização a todos os possíveis usuários do
sistema.

Somente após a conclusão dos serviços e verificação de ausência de


anormalidades, o trabalhador providenciará a retirada de ferramentas,
equipamentos e utensílios e por fim o dispositivo individual de
travamento e etiqueta correspondente.

Os responsáveis pelos serviços, após inspeção geral e certificação


da retirada de todos os travamentos, cartões e bloqueios, providenciará a
remoção dos conjuntos de aterramento, e adotará os procedimentos de
liberação do sistema elétrico para operação.

28
A retirada dos conjuntos de aterramento temporário deverá ocorrer em
ordem inversa à de sua instalação.

Os serviços a serem executados em instalações elétricas


desenergizadas, mas com possibilidade de energização, por qualquer meio
ou razão, devem atender ao que estabelece o disposto no item 10.6. da NR
10, que diz respeito a segurança em instalações elétricas energizadas.

2.2.2. TENSÃO DE SEGURANÇA

A tensão de segurança é definida no glossário como extrabaixa tensão


originada em uma fonte de segurança. A extra-baixa tensão, que está
definida na NBR 5410 na seção 5.1.2.5, é a tensão que não provoca em uma
pessoa um choque elétrico perigoso, isto é, que leva a pessoa à
fibrilação cardíaca. A fonte de segurança é definida na NBR 5410 na seção
5.1.2.5.3.

Figura 7 – Equipamento gerador de extra baixa tensão

Existem dois principais sistemas de geração de tensão de segurança.


O SELV e o PELV:

A. SELV (do inglês “separated extra-low voltage”): Sistema de extra


baixa tensão que é eletricamente separada da terra de outros sistemas e
de tal modo que a ocorrência de uma única falta não resulta em risco de
choque elétrico.

B. PELV (do inglês “protected extra-low voltage”): Sistema de extra


baixa tensão que não é eletricamente separado da terra mas que preenche,
de modo equivalente, todos os requisitos de um SELV.

29
Os circuitos SELV não têm qualquer ponto aterrado nem massas
aterradas. Os circuitos PELV podem ser aterrados ou ter massas aterradas.

De acordo com o item 5.1.2.5.1 da NBR 5410, dependendo da tensão


nominal do sistema SELV ou PELV e das condições de uso, a proteção básica
é proporcionada por:

a) limitação da tensão; ou

b) isolação básica ou uso de barreiras ou invólucros.

Assim, as partes vivas de um sistema SELV ou PELV não precisam


necessariamente ser inacessíveis, podendo dispensar isolação básica,
barreira ou invólucro, se:

a) a tensão nominal do sistema SELV ou PELV não for superior a 25 V,


valor eficaz, em corrente alternada, ou a 60 V em corrente contínua sem
ondulação, e o sistema for usado sob condições de influências externas
cuja severidade, do ponto de vista da segurança contra choques elétricos,
não ultrapasse aquela correspondente à situação 1 definida no anexo C; ou

b) a tensão nominal do sistema SELV ou PELV não for superior a 12 V,


valor eficaz, em corrente alternada, ou a 30 V em corrente contínua sem
ondulação, e o sistema for usado sob condições de influências externas
cuja severidade, do ponto de vista da segurança contra choques elétricos,
não ultrapasse aquela correspondente à situação 2 definida no anexo C; e

c) adicionalmente, no caso de sistemas PELV, se as massas e/ou


partes vivas cujo aterramento for previsto estiverem vinculadas, via
condutores de proteção, à eqüipotencialização principal.

Não sendo satisfeitas essas condições, as partes vivas do sistema


SELV ou PELV devem ser providas de isolação básica e/ou de barreiras ou
invólucros, conforme anexo B.

De todo modo, a tensão nominal do sistema SELV ou PELV não pode


exceder o limite superior da faixa I (ver anexo A): 50 V em corrente
alternada ou 120 V em corrente contínua sem ondulação

Natureza da Corrente Situação 1 Situação 2 Situação 3


Ambiente Ambiente Ambiente
seco úmido encharcado

30
Alternada, 15Hz – 1000Hz 50 V 25 V 12 V
Contínua 120 V 60 V 30 V

A situação 2 é caracterizada por ambientes úmidos e molhados, e


quando o contato com o potencial da terra seja contínuo.

A situação 3 é caracterizada em condições submersas.

2.2.3. ATERRAMENTO

A execução do aterramento deve considerar as prescrições específicas


das normas técnicas da ABNT NBR 5410 (baixa tensão) e NBR 14039 (média
tensão). Em ambos os casos, devem ser observadas também as prescrições da
NBR 5419, que estabelece os critérios para os sistemas de proteção contra
descargas atmosféricas, incluindo o detalhamento da malha de aterramento.

O aterramento pode ser:

• Funcional: ligação através de um dos condutores do sistema neutro.

• Proteção: ligação à terra das massas e dos elementos condutores


estranhos à instalação.

• Temporário: ligação elétrica efetiva com baixa impedância


intencional à terra, destinada a garantir a equipotencialidade e mantida
continuamente durante a intervenção na instalação elétrica.

Toda instalação ou peça condutora que não faça parte dos circuitos
elétricos, mas que, EVENTUALMENTE, POSSA FICAR SOB TENSÃO, deve ser
aterrada, desde que esteja em local acessível a contatos. Além disso, as
Massas simultaneamente acessíveis devem estar vinculadas a um mesmo
eletrodo de Aterramento, conforme Item 5.1.2.2.3.4 da NBR 5410.

31
Figura 8 – Detalhe do Projeto de Aterramento

2.2.3.1 DEFINIÇÃO DE ATERRAMENTO

É uma ligação elétrica efetiva, confiável e adequada à terra. É de


aplicação obrigatória em estruturas e carcaças dos equipamentos, quadros
e painéis elétricos, etc. O aterramento das instalações é muito
importante para seu funcionamento e, principalmente, para a segurança dos
trabalhadores, usuários e terceiros. Pode se dar:

• por meio da instalação de sistemas de hastes de aterramento, fitas,


condutores, barras ou chapas metálicas cravadas ou enterradas no solo;

• por meio do aproveitamento de estruturas ou elementos metálicos


enterrados já existentes, que funcionem como eletrodos de aterramento.

Dependendo de “como” os sistemas estão conectados à Terra, podemos


ou não usar um ou outro meio de proteção das pessoas.

Os sistemas são identificados por duas letras principais e uma ou


duas auxiliares que têm os seguintes significados:

PRIMEIRA LETRA - Indica a situação da origem da alimentação com


relação à Terra.

T - significa que a origem da instalação tem um ponto (habitualmente o


neutro) ligado diretamente à Terra.

32
I - significa que a origem da instalação está totalmente isolada de Terra
ou está conectada à terra através de uma impedância.

SEGUNDA LETRA - Indica a situação das massas, (carcaças), com


relação à Terra.

T- significa que as massas estão individualmente (ou em grupos) ligadas à


Terra, independentemente do aterramento eventual de um ponto da
alimentação.

N - significa que as massas estão ligadas diretamente ao ponto neutro da


alimentação aterrado.

OUTRAS LETRAS

S - indica que as funções de neutro (N) e de proteção (PEN) são


asseguradas por condutores separados.

C - indica que as funções de neutro e de proteção são asseguradas por um


mesmo condutor (PEN).

Assim é que vários esquemas são possíveis, combinando-se as


condições de aterramento da alimentação e a condição de aterramento das
massas, isto é, das carcaças dos equipamentos e demais partes condutores
da instalação.

TN-S TN-C TN-CS TT IT

2.2.3.2. TOPOLOGIAS OU ESQUEMAS DE ATERRAMENTO:

Será apresentada primeiramente o esquema de aterramento em si e logo


em seguida as suas vantagens, desvantagens e riscos de adota-lo.

33
2.2.3.2.1 - ESQUEMA TT : 

A topologia TT é a mais difundida por ser o método de aterramento


mais fácil de se implementar e manter. Essa topologia basicamente se
caracteriza pelo enfiar uma ou mais hastes no solo e derivar dali o fio
Terra para os pontos finais de uso.

Entretanto, o esquema TT apresenta o risco de choque elétrico. A


solução nesse caso é a instalação de dispositivos DR, o qual será
comentado abaixo:

2.2.3.2.1.1 – TENSÃO DE PASSO:

Tensão de passo é um fenômeno que ocorre quando um gradiente de


energia , causado por uma descarga elétrica na haste aterrada
isoladamente ou quando a descarga é muito intensa em cima dessa haste.
Quando ocorre uma descarga elétrica para o solo, esse gradiente elétrico
se propaga para todos os lados da haste, de forma mais perigosa para quem
está dentro do raio de um ou dois metros numa descarga de uma Fase pra
terra. No caso de raios a distância de perigo é maior. Quanto mais
dificuldade esse ponto de descarga tiver pra dissipar esse energia para o
solo, devido a diversos fatores, pior o perigo.

O perigo está no momento em que uma pessoa caminha nessa zona de


risco, nesse gradiente de energia sendo dissipada à Terra. Os passos da
pessoa tendem a estar em potenciais diferentes e zonas com potenciais
elétricos diferentes, então quando um pé sai do solo e o outro permanece,
nesse ato de caminhar, a eletricidade pode subir por um pé, e descer pelo
outro ao tocar no solo, pela DDP criada entre um pé e outro,
eletrocutando o indivíduo ou animal que cruzar nesse gradiente. Isso pode
acontecer principalmente se o solo ou a pessoa estiverem molhados, a

34
pessoa descalça. E se esse evento ocorrer na rede elétrica externa de
distribuição, onde há linhas de alta tensão, a camada de borracha fina do
solado do calçado não irá isolar nada.

Figura 9 – Tensão de passo

No esquema TT isso é mais crítico, pois nesse esquema dificilmente


se consegue dissipar grande energia à Terra sem que com isso grande parte
dela fique “presa” nas proximidades da superfície da haste porque é
difícil conseguir uma resistência tão baixa no esquema TT igual á do
esquema TN, ainda mais com uma ou poucas hastes e pouco espaçadas uma das
outras. Um piso de borracha grossa em volta das hastes poderia servir
como um paliativo em descargas de baixa tensão. Por isso o uso de
dispositivos DR é obrigatório em qualquer esquema TT.

2.2.3.2.1.2- TENSÃO DE CONTATO:

A tensão de contato é aquela que pode se desenvolver nas carcaças


quando da falha no equipamento que venha a energiza-lo. No esquema TT
isso é crítico, pois é muito difícil conseguir uma resistência baixa o
suficiente. Se a resistência/impedância é alta demais, no momento em que
ocorrer uma falha desse tipo, o disjuntor ou fusível do equipamento, não
vai atuar, já que a corrente não tem como se elevar ao "infinito" para
que um simples disjuntor ou fusível venha atuar, em termos técnicos temos
uma baixa corrente de curto-circuito. Mesmo que se tenha um aterramento
TT com a resistência relativamente baixa, digamos de 5 Ohms, a atuação do
disjuntor ou fusível não é rápida o suficiente ou nem mesmo atua. O
disjuntor precisa agir instantaneamente, portanto para que o potencial da
carcaça não se eleve acima de 25 ou 50V AC.

35
Figura 10 – Tensão de toque

A solução seria a instalação de dispositivo DR. A siga DR vem de


“Diferencial Residual”. A função do DR é monitorar o ”balanceamento”
entre a corrente que vem pelo fio fase e o que retorna pelo condutor
neutro ou outra fase. Idealmente a diferença entre o que entra e sai é 0.
Há naturalmente pequenas fugas em qualquer instalação, então o valor
absoluto não dá exatamente 0, mas para efeitos de ilustração, essa
diferença dá 0. Quando ocorre um choque elétrico ou uma fuga para à Terra
por qualquer razão, o DR desarma o circuito, protegendo o usuário. Na
verdade, por norma, o uso de DR é estritamente obrigatório no esquema TT,
e é a única forma de se proteger o usuário nessa topologia. Mesmo que o
aterramento TT apresente uma resistência elevada, digamos uns 800 Ohms,
um dispositivo DR de alta sensibilidade (30mA) é capaz de proteger o
usuário prontamente.

Figura 11 – Dispositivo DR em corte

a instalação do DR é uma medida complementar, portanto, não


substitui o aterramento em hipótese alguma

36
2.2.3.2.2 - ESQUEMA TN-C:

O TN-C consiste em usar o mesmo fio neutro das caixas de


tomada/passagem para ligar o pino de aterramento dos equipamentos. Em
principio essa técnica é válida e funciona como um aterramento de baixa
impedância, mas há riscos grandes nessa topologia.

1 – O neutro tem corrente trafegando e dependendo de alguns fatores


e desequilíbrios na rede, esse condutor passa a não ter mais seu
potencial em 0 volt, sendo assim, pode apresentar um risco de choque
elétrico, principalmente se esse neutro se romper em alguma caixa de
passagem.

2 – Há o risco de alguém mexendo em alguma tomada ou caixa de


passagem inverter os fios, daí poderíamos ter até 220V na carcaça do
equipamento. 

Há poucos casos onde o esquema TN-C é viável, mas deve ser evitado
ao máximo. Sua utilização pode ser pior que a falta de aterramento. Não
há razões para não adotar outra topologia a não ser financeiras.

Importante destacar que DR é incompativel com o esquema TN-C, já que


nunca poderia atuar numa falha Fase-Carcaça (Terra), já que fio neutro e
fio terra seriam a mesma coisa nessa topologia.

37
2.2.3.2.3 - ESQUEMA TN-C-S: 

A topologia TN-C-S é um misto da TN-C com a TN-S. Numa rede de


distribuição típica, o neutro é aterrado e chega até o medidor de luz em
esquema TN-C e é aterrado novamente, a partir daí ele segue em TN-C até a
caixa de disjuntores. Desse ponto em diante, se ligarmos o fio terra no
neutro e derivá-lo separadamente do condutor neutro, está feito um
esquema TN-C-S. Entretanto, em qualquer rede onde temos o neutro multi-
aterrado e derivarmos o fio terra em qualquer ponto, o esquema continuará
sendo um TN-C-S, apenas a porção onde há a separação em diante,
consideramos TN-S. Logo globalmente o esquema é sempre um TN-C-S. A
diferença fica de onde derivamos o fio terra, quanto mais longe de uma
haste de aterramento, menos seguro. 

A vantagem em utilizar esse esquema é a facilidade de se obter um


aterramento confiável, de baixíssima impedância, muitas vezes menos que
0,5 Ohms, podendo-se assim utilizar apenas disjuntores para a proteção do
usuário, salvo casos onde o circuito é muito longo já que quanto mais
longo o circuito e menor a "bitola" da fiação, maiores as chances do
disjuntor não agir rápido o suficiente. De qualquer forma, um dispositivo
DR resolveria esse problema e é sempre muito bem vindo.

Esse esquema apresenta as mesmas desvantagens do esquema TN-C, mas


com menos riscos, só que ainda pode, apesar de mais dificil que no
esquema TN-C, ter elevação de potencial no fio terra após separado do
neutro na caixa de disjuntores. O esquema TN-C-S onde o fio terra é
derivado a partir do neutro do quadro de disjuntores pode ser usado caso
não haja nenhuma alternativa, e é recomendável que se use DR, mas nesse
caso o fio Terra propriamente dito tem que ser derivado do neutro antes
do neutro passar pelo DR. Mais recomendável que se derive o fio terra na
haste da entrada ou dentro do quadro de medição. 

38
No esquema TN-C-S o neutro deve ser aterrado em tantos pontos quanto
forem possíveis, desde que antes do dispositivo DR.

O uso de DPSs no esquema TN-C-S é importante entre as Fases e Neutro


ou Terra, e apenas entre Neutro-Terra quando a distância do ponto de
separação de condutores neutro e terra for superior a 3 metros.

2.2.3.2.4 - ESQUEMA TN-S:

O esquema TN-S consiste em termos um condutor terra separado desde


o transformador na rua, ou seja, o neutro só é aterrado uma vez, num
único ponto e ao longo de toda rede neutro e terra seguem em condutores
distintos, junto com as fases. É um esquema incomum de se ver no Brasil,
onde teriamos por exemplo ao invés de 4 condutores (3 Fases + Neutro) na
rede, teríamos na rua 5 condutores, um deles sendo o condutor terra de
proteção. Em alguns países isso é comum, mas geralmente toda rede é
subterrânea.

Vantagens:

- Diminuição dos perigos de tensão de passo pelo aterramento ser em


ponto único.

- Baixa impedância, permitindo rápida atuação dos dispositivos


seccionadores, fusíveis ou disjuntores, no caso de falhas internas no
equipamento, desde que sejam obedecidas distâncias e bitolas de
condutores. De qualquer forma, o uso de dispositivo DR é obrigatório hoje
em dia em qualquer topologia de aterramento em que seu uso é possível.

A recomendação do uso de DPS's é a mesma do esquema TN-C-S e TT,


todas as linhas devem ser protegidas pro DPS's.

39
A desvantagem do esquema TN-S é o uso de 5 condutores ao longo de
toda instalação, externa e interna, aumentando muito os custos. 

2.2.3.2.5 - ESQUEMA IT:

A topologia IT é utilizada em ambientes hospitalares onde não se


pode ter um desligamento instantâneo dos equipamentos no caso de um fio
de energia vier a tocar na carcaça. Uma impedância é colocada no caminho
que a corrente dessa falta passaria, para que a impedância seja alta (mas
não tão alta), o suficiente para que o disjuntor não desarme
repentinamente e mantenha os equipamentos funcionando corretamente.
Geralmente são utilizados detectores de falta à terra, para alertar as
pessoas desse evento e logo, a correção do mesmo.

2.2.3.3. RESISTÊNCIA DO ATERRAMENTO

Um dos objetivos do aterramento é o seccionamento automático da


alimentação. O sistema de aterramento deve oferecer um percurso de baixa
impedância de retorno para a terra da corrente de falta, permitindo,
assim, que haja a operação automática, rápida e segura do sistema de
proteção.

A NBR 5419/93 recomenda um valor máximo em torno de 10Ω. A NBR 5410


não traz nenhum valor máximo em particular, mas apresenta no item
5.1.2.2.4.3,“b” da NBR 5410, para o caso da proteção contra contatos
indiretos, uma fórmula para a determinação do valor da resistência, que é
dada por R a × I ∆ n ≤U L, onde:

UL - tensão limite de contato (50V ou 25V, nas situações 1 ou 2);

I∆n- corrente de atuação do dispositivo DR (da ordem de 30 mA).

40
Assim, para 50V e 30 mA, temos Ra ≤ 1,7kΩ, valor extremamente
elevado e muito fácil de ser obtido.

A NBR 5419 recomenda um valor máximo de 10 ohms. Como esse valor


atende a ambas as normas, é adotado como referência, ou seja, qualquer
valor até 10 ohms é “normalizado”.

Figura 12 - Proteção com dispositivo diferencial-residual

Importante destacar que a utilização de dispositivo DR é obrigatório


para aterramento de topologia “TT”, conforme item 5.1.2.2.4.3 da NBR
5410. Esta obrigação decorre da possibilidade de não seccionamento da
alimentação em caso de corrente de fuga para a terra não for grande o
suficiente para desarmar o disjuntor ou fundir o fusível. Vejamos um
exemplo:

Uma equipamento alimentado com 110V apresentou uma falha em seu


circuito elétrico energizando sua carcaça. O equipamento estava aterrado
e a resistência de aterramento era 10Ω. Com estes dados e aplicando a
“Lei de Ohms” (V =R × I ) temos que a corrente que flui para a terra é de
11A. Se o disjuntor ou fusível tiver corrente nominal de 15A, não
ocorrerá o seccionamento e o risco de choque elétrico não é eliminado.

Imaginemos agora que o mesmo equipamento não está aterrado. Se um


trabalhador acidentalmente entra em contato com a carcaça energizada e
com a terra, será atravessado por uma corrente elétrica de 73 mA que é
insuficiente para acionar o disjuntor, mas pode ser fatal.

41
Em ambos os casos, a existência de um dispositivo “DR” seccionaria a
alimentação em frações de segundos eliminando o risco de choque elétrico.

2.3. MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL


2.3.1 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL;

Os equipamentos de proteção individual fornecidos aos eletricistas


devem proteger contra os riscos de choque elétrico, não sendo os mesmos
utilizados pelos outros empregados do canteiro de obras. A seguir citamos
os EPI’s mais utilizados por eletricistas nos canteiros de obra.

• Capacete classe B

• Óculos de segurança

• Luvas e mangotes isolantes para eletricista (de acordo com a tensão de


trabalho)e luva de cobertura

• Cinto de segurança tipo paraquedista (atividades desenvolvidas em


alturas superiores a 2 metros do solo)

• Botinas de couro com solado de borracha isolante sem componentes


metálicos

Todos os equipamentos que possuem isolamento elétrico devem ser


submetidos a ensaios periódicos, conforme normas técnicas nacionais.

Tabela 2 – Periodicidade dos testes de isolamento

Equipamento Norma aplicável Periodicidade do ensaio


Capacete NBR 8221 Anual
Luva isolante NBR 10622 12 meses - luvas armazenadas
Mangotes NBR 10623 Seis meses - luvas em uso

2.3.1.1 LUVA DE SEGURANÇA ISOLANTE PARA PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS

A luva isolante é um EPI exclusivo do eletricista. Tem por objetivo


proteger o trabalhador do risco de choques elétricos. Pode ser utilizada
sozinha ou combinada com um mangote isolante com o mesmo nível de
proteção. Deve ser utilizada sempre que houver risco de contato com
partes energizadas ou com possibilidade de ficar energizada. Deve ser

42
selecionada de acordo com o nível de isolamento, possuindo seis classes,
conforme tabela abaixo.

Figura 13 – Luvas isolantes

Tabela 3 – Níveis de isolamento das luvas isolantes

Classe Tensão máxima de trabalho


00 500
0 1000
1 7500
2 17000
3 26500
4 36000

São fornecidas em nove tamanhos (8 a 12), que devem ser


especificados visando permitir o uso correto da luva.

Devem ser usadas em conjunto com luvas de pelica, para proteção


externa contra perfurações e outros danos. Deve-se usar talco neutro no
interior das luvas, facilitando a colocação e retirada da mão.

Antes do uso, as luvas isolantes devem sofrer vistoria e devem ser


periodicamente ensaiadas quanto ao seu isolamento;

2.3.1.2. Capacete Classe B

De acordo com a NBR 8221-Capacete de segurança para uso na


indústria, os capacetes são classificados em:

Classe A: Capacete para uso geral, exceto em trabalho com energia


elétrica;

Classe B: Capacete para uso geral, inclusive para trabalho com


energia elétrica;

43
As exigências feitas para um capacete de classe B englobam todas as
feitas para um de classe A, e a elas agrega exigências relativas ao
isolamento dielétrico. Neste sentido, pode-se considerar que a classe B
engloba a classe A.

Os ensaios periódicos constam de inspeção visual e ensaio de tensão


elétrica aplicada. O ensaio de tensão elétrica aplicada deve ser
realizado observando-se os mesmos valores especificados na NBR 8221.

Os ensaios periódicos devem ser realizados a cada ano.


Independentemente do prazo estabelecido, devem ser submetidos aos ensaios
periódicos os capacetes que o usuário constate apresentar qualquer
irregularidade.

Figura 14 – Capacete Classe B com aba total

2.3.2. VESTIMENTAS DE PROTEÇÃO CONTRA OS EFEITOS TÉRMICOS DO ARCO ELÉTRICO E DO


FOGO REPENTINO

As vestimentas de trabalho devem ser adequadas às atividades,


devendo contemplar a condutibilidade, inflamabilidade e influências
eletromagnéticas.

O Arco elétrico é gerado pela ionização de gás como consequência de


uma conexão elétrica entre dois eletrodos de diferentes potenciais, de
diferentes fases ou entre um eletrodo e um circuito de terra. Normalmente
é gerado acidentalmente devido à falha de equipamentos em curto circuito
e libera grande quantidade de energia calorífica num curto intervalo de
tempo, capaz de provocar a fusão de metais componentes dos equipamentos,
que podem ser lançados contra pessoas e objetos que estejam nas
proximidades causando queimaduras severas e combustão.

44
Já o “fogo repentino” é a reação de combustão acidental extremamente
rápida devido à presença de materiais combustíveis ou inflamáveis
desencadeada pela energia de uma centelha ou fonte de calor.

Chamamos de “energia incidente” parte da energia liberada como


resultado do arco elétrico ou do fogo repentino que incide sobre
determinado ponto de interesse, geralmente o trabalhador.

Pode-se estimar a energia incidente devido ao arco elétrico


utilizando-se parâmetros como: diagrama unifilar da instalação elétrica,
tensão de alimentação, correntes de curto circuito, características dos
sistemas de proteção das instalações elétricas (tempo de atuação da
proteção), posição do trabalhador etc.

No caso de fogo repentino, a estimativa da energia incidente é mais


simples, conhecidos o poder calorífico do material envolvido, o tempo de
atuação da chama e a posição do trabalhador, calcula-se o calor irradiado
que o atinge.

A energia incidente é informação fundamental para a determinação da


adequada proteção ao trabalhador pelo uso de barreiras, tais como as
vestimentas especiais.

De acordo com estudos, o corpo humano pode sofrer queimadura de


segundo grau quando exposto a uma energia na forma de calor de 5
Joule/cm . Com base no valor da energia liberada por um arco e o limite
2

do calor que o corpo humano pode suportar para não sofrer queimadura de
segundo grau, podemos avaliar e identificar vestimentas para proteger o
trabalhador contra queimaduras por arco elétrico.

Em 1999, a ASTM definiu um indicador denominado ATPV (Arc Thermal


Performance Value) para medir o desempenho dos tecidos e caracterizar as
roupas de proteção contra arco elétrico. ATPV é o valor máximo da energia
incidente sobre o tecido sem permitir que a energia no lado protegido
exceda o valor limiar de queimadura do segundo grau, ou seja, 5 Joules
por cm2 . Este valor é medido por testes específicos expondo o material
aos arcos elétricos em diferentes condições de corrente e de tempo de
exposição.

Tabela 4 - Especificação dos Equipamentos de Proteção Individual em função das Categorias de


Risco conforme a NFPA 70E

45
Risco Energia Incidente Categoria ATPV Mínimo
(cal/cm ) 2
de Risco (cal/cm2)
Mínimo até 1,2 0 não aplicável
Leve 1,2 a 4,0 1 4,0
Moderado 4,1 a 8,0 2 8,0
Elevado 8,1 a 25,0 3 25,0
Elevadíssimo 25,1 a 40,0 4 40,0

Exemplo de cálculo de energia incidente em um Painel de Distribuição


de Baixa Tensão Aberto (Barramento Exposto)

Dados: Tensão 440V;

Corrente de curto circuito: 40 kA;

Tempo de atuação da proteção: 0,2 s;

Distância do operador a fonte: 0,6 m;

Distância entre os barramentos: 40 mm;

Sistema solidamente aterrado (TN-S)

Resultados obtidos : NFPA-70E Ei = 6,76 cal/cm2

IEEE 1584 Ei = 3,90 cal/cm2

Figura 15 – Vestimenta categoria de risco 2

46
Além do aspecto primordial de máxima proteção dos trabalhadores
contra os efeitos térmicos do arco elétrico e do fogo repentino, as
vestimentas devem possuir características que garantam sua manutenção ao
longo do uso, tais como: resistência mecânica do tecido e linhas de
costura e retenção de cor.

Assim, cabe a cada profissional de segurança do trabalho avaliar a


melhor tecnologia para a proteção dos trabalhadores aos riscos a que
estarão expostos, considerando as propriedades dos tecidos e vestimentas
disponíveis e sua respectiva manutenção.

2.4. SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO, MONTAGEM, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO

A NR-10, no item 10.4.1, determina que “as instalações elétricas


devem ser construídas, montadas, operadas, reformadas, ampliadas,
reparadas e inspecionadas de forma a garantir a segurança e a saúde dos
trabalhadores e dos usuários, e serem supervisionadas por profissional
autorizado, conforme dispõe esta NR”. Destamos alguns assuntos mais
importantes para um maior esclarecimento.

2.4.1. QUADROS DE DISTRIBUIÇÃO

Numa obra os quadros de distribuição representam um papel importante


na prevenção de acidentes. Segundo suas características de utilização
podem ser: principal, intermediário e terminal, podendo este último ser
fixo ou móvel.

Os quadros elétricos utilizados nas instalações provisórias do


canteiro de obras devem atender aos requisitos de segurança expressos na
NBR 5410 e NBR 6808. Além de acomodar os componentes elétricos
(disjuntores, fusíveis, etc), o quadro elétrico deve prover isolação
suplementar dos componentes.

47
Figura 17 – Quadro de distribuição terminal – Quadro de
Figura 16 – Quadro de distribuição tomadas.

Desta forma, deve possuir grau de proteção adequado ao ambiente a


está exposto. Por exemplo, um quadro elétrico instalado em um canteiro de
obras está exposto à poeira e à umidade, devendo possuir grau de proteção
IP54. A seguir trataremos do grau de proteção.

A porta dos quadros elétricos, seja de distribuição ou de tomadas,


devem permanecer fechadas e não podem ser abertas sem o auxilio de uma
ferramental ou chave. Entretanto, poderá permanecer apenas fechado se
dispor de barreira isolante em seu interior que impeça o contato
acidental das pessoas com partes condutivas. Esta barreira deve possuir
grau de proteção no mínimo IP2X, ou seja, deve impedir o ingresso do dedo
do trabalhador (abertura de no máximo 12 mm) e só pode ser removida com
auxílio de ferramenta (Item 5.1.2.3.3.4 da NBR 5410).

Todos os quadros elétricos devem ser identificados em seu exterior e


possuírem o diagrama unifilar. O objetivo do diagrama unifilar é conferir
se os dispositivos instalados estão de acordo com o projeto.

Se o quadro elétrico for metálico, deve estar aterrado. Também deve


estar em local abrigado da chuva.

O quadro de madeira deve ser coibida por não atender a NBR 6808 da
ABNT e pelos seguintes motivos:

 Risco de combustão em caso de fogo nos contatos ou condutores;


 Não possui grau de proteção, pois não é certificado.
 A madeira molhada conduz.

48
2.4.1.1 GRAU DE PROTEÇÃO

O grau de proteção IP (Ingress Protection) (NBR IEC 60529)


classifica e avalia:

 O grau de proteção de pessoas contra o contato a partes energizadas


sem isolamento;

 o grau de proteção contra o contato as partes móveis no interior do


invólucro e proteção contra a entrada de corpos estranhos.
(incluindo partes do corpo como mãos e dedos)

 o grau de proteção contra entrada de poeira e contato acidental com


água em carcaças mecânicas e invólucros elétricos.

Um equipamento de alta disponibilidade, levando-se em consideração a


aplicação em um ambiente industrial deve ser robusto o suficiente para
estar sujeito, por exemplo a variações bruscas de temperatura, umidade,
chuva e um ambiente com bastante poeira. Para isso a classificação IP foi
criada, visando definir qual o grau de proteção desse equipamento e qual
o tipo de ambiente que ele suporta.

A classificação IP possui 3 números, sendo o primeiro, o índice de


vedação contra sólidos, o segundo contra líquidos e o terceiro contra
impactos mecânicos, porem esse último quase nunca é utilizado pelos
fabricantes. Abaixo temos a tabela explicando o valor de cada dígito para
proteção contra água e pó.

Tabela 5 – Índice de proteção contra penetração de sólidos e líquidos

49
2.4.1.2. DISPOSITIVOS DR

Um dispositivo de corrente diferencial-residual (dispositivo DR) é


um equipamento de proteção que detecta em um circuito a existência de uma
fuga à terra e provoca o seccionamento do circuito quando o valor da
corrente diferencial ultrapassa um valor definido.

Os dispositivos DRs constituem-se no meio mais eficaz de proteção


dos trabalhadores contra choques elétricos. É o único meio ativo de
proteção contra contatos diretos e, na grande maioria dos casos, o meio
mais adequado para proteção contra contatos indiretos. Segundo a NBR
5410, o uso de DRs com corrente diferencial-residual nominal igual ou
inferior a 30 mA é reconhecido como proteção adicional contra choques
elétricos.

A seção 5.1.3.2.2 da NBR 5410 estabelece alguns casos em que o uso


de dispositivo diferencial-residual de alta sensibilidade como proteção
adicional é obrigatório. ”Qualquer que seja o esquema de aterramento,
deve ser objeto de proteção complementar contra contatos diretos por
dispositivos a corrente diferencial-residual (dispositivos DR) de alta
sensibilidade, isto é, com corrente diferencial residual IΔN igual ou
inferior a 30 mA”:

a) Os circuitos que sirvam a pontos situados em locais contendo


banheira e chuveiro;

b) Os circuitos que alimentam tomadas de corrente situadas em áreas


externas à edificação;

c) Os circuitos de tomadas de corrente situadas em áreas internas


que possam vir a alimentar equipamentos no exterior;

d) Os circuitos de tomadas de corrente de cozinhas, copas-cozinhas,


lavanderias, áreas de serviço, garagens, e no geral, a todo local interno
molhado em uso normal ou sujeito a lavagens.”

Por tratar-se de um dispositivo de segurança nas instalações


elétricas, a função Diferencial-Residual do equipamento deverá ser
testada periodicamente (recomenda-se uma vez ao mês). Para efetuar tal
função, o DR dispões de um botão de teste, capaz de “simular” uma fuga à
terra.

50
Os pontos que alimentem aparelhos de iluminação posicionados a uma
altura igual ou superior a 2,50 m estão dispensados do “DR”.

Figura 18 – Dispositivo DR

2.4.2. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS PROVISÓRIAS

As instalações elétricas provisórias, necessárias para a execução de


obras de construção civil, não devem ser tratadas de forma negligente.
Provisório não quer dizer precário. É preciso sempre levar em
consideração a segurança dos trabalhadores que se utilizam dessas
instalações.

De acordo com o item 10.3.8 da NR 10 o projeto elétrico deve atender


ao que dispõem as Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança do
Trabalho, as regulamentações técnicas oficiais estabelecidas, e ser
assinado por profissional legalmente habilitado

Devem ser projetadas por um profissional habilitado, devem ser


montadas e manutenidas por profissional qualificado. Antes de entrar em
operação e após alguma modificação deve ser inspecionada por profissional
habilitado que emitirá um laudo de conformidade das instalações. (Item
4.1.14 da NBR 5410)

2.4.3. FERRAMENTAS ISOLADAS

Todo o ferramental utilizado pelos eletricistas deve possuir


isolação para o risco elétrico existente. Nos canteiros de obras,
geralmente as ferramentas devem ter isolamento para 1000 V. As principais
ferramentas são as seguintes:

 Alicate Universal isolado

 Chave de fenda com cabo e haste isolados

51
 Alicate de bico redondo isolado, etc.

 Bastões e varas de manobra

Figura 19 – Ferramentas isoladas 1000 V

O item 10.4.3.1 da NR-10 determina que os equipamentos, dispositivos


e ferramentas que possuam isolamento elétrico devem estar adequados às
tensões envolvidas, e serem inspecionados e testados de acordo com as
regulamentações existentes ou recomendações dos fabricantes.

3. HABILITAÇÃO, QUALIFICAÇÃO, CAPACITAÇÃO E AUTORIZAÇÃO DOS


ELETRICISTAS;

3.1. QUALIFICAÇÃO

A exigência de qualificação de pessoas para trabalhar em serviços de


eletricidade encontra-se amparada na própria CLT, em seu artigo 180.
“Somente profissional qualificado poderá instalar, operar, inspecionar ou
reparar instalações elétricas”

De acordo com o item 10.8.1 da NR-10, é considerado trabalhador


qualificado aquele que comprovar conclusão de curso específico na área
elétrica reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino, o que pode ocorrer,
segundo o paragrafo 2º do artigo 39 da Lei nº 9.394/08 - Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em três níveis: cursos de
formação inicial ou qualificação profissional, de nível médio
(eletrotécnicos ou eletromecânicos) e superior (engenheiros
eletricistas).

Desta forma, a qualificação deve ocorrer através de cursos


regulares, reconhecidos e autorizados pelo Ministério da Educação e
Cultura, com currículo aprovado e mediante comprovação de aproveitamento

52
em exames de avaliação, estabelecidos no Sistema Oficial de Ensino
(portadores de certificados ou diplomas).

3.2. HABILITAÇÃO

Habilitados são aqueles previamente qualificados e que tenham


registro em um conselho de classe. É o caso dos técnicos e engenheiros.
Para os habilitados, há competências exclusivas, como, por exemplo, a
assinatura dos projetos.

3.3. CAPACITAÇÃO

A capacitação consiste na formação do eletricista ministrada pela


própria empresa através de seus trabalhadores qualificados ou
profissionais contratados. A capacitação só é valida na empresa que a
realizou e nas condições estabelecidas pelo profissional habilitado e
autorizado responsável pela capacitação. Os trabalhadores capacitados
devem trabalhar sob a supervisão de trabalhador habilitado e autorizado.

3.4. AUTORIZAÇÃO

Para intervir nas instalações elétricas de uma empresa não basta o


conhecimento, a qualificação ou a capacitação, é necessária uma
autorização formal da empresa. São considerados autorizados os
trabalhadores qualificados ou capacitados e os profissionais habilitados,
com anuência formal da empresa.

Os trabalhadores para serem autorizados a intervir em instalações


elétricas devem possuir treinamento específico sobre os riscos
decorrentes do emprego da energia elétrica e as principais medidas de
prevenção de acidentes em instalações elétricas, de acordo com o
estabelecido no Anexo II da NR-10.

A autorização de cada trabalhador deve ter uma abrangência segundo o


seu conhecimento, treinamento e interesse do empregador. A empresa deve
estabelecer sistema de identificação que permita a qualquer tempo
conhecer a abrangência da autorização de cada trabalhador.

3.5. TRABALHADOR ADVERTIDO

A NBR 5410 traz também a Pessoa advertida (BA4). É a pessoa


adequadamente informada, ou supervisionada por pessoas qualificadas. Deve

53
receber treinamento com o objetivo de habilitá-la a evitar os perigos e
prevenir os riscos que o uso da eletricidade possa criar.

É aplicável naqueles casos de trabalhadores que não trabalharão nas


instalações elétricas, mas estarão nas suas proximidades.

A seguir apresentamos um esquema que ilustra a sistemática de


autorização dos eletricistas.

4. SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS;


A sinalização é uma medida complementar de controle dos riscos. E
sendo complementar ela necessita da adoção de outras medidas de prevenção
para ser eficaz (barreiras, invólucros, obstáculos,..), contudo se
constitui num item de segurança simples e eficiente apara a prevenção de
riscos de origem elétrica em geral.

A sinalização é um procedimento de segurança que promove a


identificação (indicação, avisos), as orientações (instruções de
bloqueios, de direção,) e advertências (proibição, impedimentos) nos
ambientes de trabalho.

A sinalização pode ser fornecida através de sistemas luminosos,


sonoros ou visuais.

54
Figura 20 – sinalização de segurança

De acordo com o item 10.10.1 da NR-10, as instalações e serviços em


eletricidade devem adotar sinalização de segurança adequada, destinada à
advertência e à identificação, obedecendo ao disposto na NR-26 -
Sinalização de Segurança. Contudo, as sinalizações específicas ao risco
de choque elétrico em instalações de média tensão já constam da NBR 14039
e, por outro lado, alguns tipos de placas de sinalização já existem no
mercado.

É importante ressaltar que, apesar de não estar explícito na Norma,


os dizeres utilizados na sinalização são obrigatórios em língua
portuguesa, salvo em condições onde, sob justificativa, seja necessário o
uso de outro idioma.

A sinalização deve contemplar as situações a seguir:

a) identificação de circuitos elétricos;

Consiste de impor uma forma que permita identificar um circuito


entre os demais coexistentes. Já está mencionada como exigência no
subitem que trata da segurança em projetos, seja com, anilhas , etiquetas
ou outro meio seguro, durável, conhecido dos trabalhadores e aplicado nos
locais onde se faz necessário distinguir os circuitos. Também muito
aplicável aos quadros e painéis elétricos para identificar os
dispositivos de comando (disjuntores, chaves, relés,....)

55
Figura 21 – Quadro de distribuição com identificação dos dijuntores

b) travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de manobra e


comandos;

É a utilização de um sistema que permita às pessoas , saber que o


dispositivo está bloqueado, que não deve ser operado, que o botão não
deve ser apertado ou a alavanca não deve ser acionada , de uma forma
clara e objetiva, que evite interpretações dúbias e que permita
identificar o autorizado que o travou, o serviço, a hora e data e seu
contato.

Para o bloqueio da passagem de corrente elétrica em determinado


circuito, deve-se bloquear, principalmente, os dispositivos elétricos que
alimentam a rede.

O principal ponto de bloqueio é o disjuntor, por ser um dispositivo


de seccionamento do circuito. Há vários tipos de dispositivos de
bloqueio, cada um adequado a um tipo de disjuntor. Vejamos as figuras a
seguir:

56
Figura 22 – Travamento do disjuntor

Figura 23 – Bloqueio de disjuntor tipo din

Outro tipo de bloqueio possível é o de plugue para tomadas. Este


tipo de bloqueio deve ser utilizado quando for ser realizada a manutenção
de um equipamento e se deve evitar sua energização acidental.

Figura 24 – Bloqueio de plugue para tomada

Quando várias pessoas precisam bloquear o mesmo dispositivo, faz-se


necessário a utilização de bloqueio múltiplo. A multiplicidade pode ser
obtida no próprio bloqueio do dispositivo ou através de caixa para
bloqueio em grupo.

57
Figura 25 – Garra para 6 cadeados

Figura 26 – Caixa de bloqueio em grupo para até 12 cadeados

c) restrições e impedimentos de acesso;

É a aplicação de recursos ou de dispositivos de sinalização que


indiquem os impedimentos e restrições ou a permissão de acesso ou
permanência de pessoas às áreas ou locais, que por sua natureza ou pelas
formas de proteção existentes, são de acesso exclusivo de pessoas
advertidas ou por elas acompanhadas e supervisionadas. Por exemplo, nos
locais de serviço elétrico somente será permitido o ingresso de
autorizados ou pessoas por eles acompanhados e supervisionados, na forma
da Norma.

d) delimitações de áreas;

É o processo de estabelecer os limites através de dispositivos


adequados e resistentes à situação em que serão empregados. Estes também
deverão ser claros e de imediata interpretação pelas pessoas que acessam
as áreas limítrofes.

58
e) sinalização de áreas de circulação, de vias públicas, de
veículos e de movimentação de cargas;

f) sinalização de impedimento de energização;

É a aplicação de alguma forma pré-estabelecida e convencionada, de


conhecimento das pessoas, que deixe claro que um circuito ou dispositivo
não pode ser energizado. Pretende-se com isso sinalizar no ponto de
operação, no acionamento do equipamento.

Figura 27 – Etiqueta de sinalização de impedimento.

g) identificação de equipamento ou circuito impedido.

Esta é a identificação no equipamento ou circuito, indicando que ele


está impedido de ser energizado. Este sub item apesar de parecer uma
repetição do anterior, enfatiza a colocação de aviso no próprio
equipamento, não apenas em documentação, livro, quadro sinótico ou punho
de manobra ou botão de comando.

5 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE ACORDO COM A NR-18;

5.1. ITEM 18.21 DA NR-18;

A NR-18 destina um capítulo para as instalações elétricas,


preocupando-se que aspectos básicos. Tudo o que ela trata, já deveria ser
adotado ao se aplicar a NBR 5410. Entretanto, há vários itens que tratam
de riscos elétricos em outros capítulos da norma.

59
Podemos dividir suas exigências em serviços nas instalações
elétricas e instalações elétricas. A seguir comentaremos o texto na
norma.

5.1.1. SERVIÇOS NAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

18.21.1 A execução e manutenção das instalações elétricas devem ser


realizadas por trabalhador qualificado, e a supervisão por profissional
legalmente habilitado.

COMENTÁRIO: As instalações devem ser montadas e manutenidas por


eletricistas qualificados e sempre deve haver um eletricista habilitado
na supervisão. Este habilitado não precisa estar o tempo todo no
canteiro, mas deve periodicamente vistoriar as instalações e ser o
responsável técnico pela execução.

Devemos diferenciar aqueles eletricistas que trabalham nas


instalações elétricas provisórias daqueles que fazem a instalação
definitiva, que atuam como montadores, apenas passando conduites e cabos,
mas sem risco de energização do sistema. Os primeiros devem trabalhar com
ferramental isolado, EPI’s isolantes e vestimentas, já os últimos podem
trabalhar com equipamentos comuns. Mas essa diferenciação só será
possível, se o sistema de autorização estiver implementado, definindo
quem poderá intervir nas instalações provisórias.

18.21.2 Somente podem ser realizados serviços nas instalações quando


o circuito elétrico não estiver energizado.

COMENTÁRIOS: Os serviços devem ser realizados com o circuito


desenergizado. Isso significa que devem ser tomados todos os passos da
desenergização, caso contrário, os procedimento devem ser realizados como
se estivessem desenergizados.

18.21.2.1 Quando não for possível desligar o circuito elétrico, o


serviço somente poderá ser executado após terem sido adotadas as medidas
de proteção complementares, sendo obrigatório o uso de ferramentas
apropriadas e equipamentos de proteção individual.

COMENTÁRIOS: Neste caso ocorre o trabalho em circuitos energizados.


De acordo com o item 10.6.1.1 da NR-10, além do curso básico da NR-10, os

60
trabalhadores devem receber treinamento de segurança para trabalhos com
instalações elétricas energizadas.

5.1.2. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

18.21.3 É proibida a existência de partes vivas expostas de


circuitos e equipamentos elétricos.

COMENTÁRIOS: As instalações elétricas devem possuir isolação de suas


partes energizadas.

A isolação dupla ou reforçada é, de acordo com o item 5.1.2.3 da NBR


5410, uma das medidas de proteção contra choques elétricos.

A isolação dupla pode ser obtida de duas forma:

a. Uma isolação básica e outra isolação suplementar

b. Uma isolação reforçada

Figura 28 – Isolação dupla

Existem componentes que são fabricados com isolação dupla e outro


que precisam ser instalados dentro de invólucros que fornecerão a
isolação suplementar, como por exemplo, um quadro elétrico.

Os equipamentos que recebem duplo isolamento de fábrica são


classificados como “classe II” e identificados pelo símbolo abaixo.

Figura 29 - Símbolo da Classe II

61
Os cabos utilizados também devem possuir duplo isolamento, que pode
ser de fábrica (cabo PP) ou obtido com a utilização de isolamento
suplementar (utilização de conduites isolantes).

Já aqueles dispositivos que possuem apenas isolamento simples, devem


ser instalados dentro de invólucros isolantes destinados a prover
isolação suplementar.

Os quadros elétricos são invólucros que fornecem isolamento


suplementar para os barramentos e dispositivos de comando e proteção.

Os barramentos nus devem estar separados de todas as partes


condutoras por uma distância não inferior a 20 mm. Se o invólucro puder
ser aberto sem a necessidade de uma chave ou de uma ferramenta, as partes
energizadas nuas que ficarem acessíveis após a abertura do invólucro
devem estar protegidas contra contatos fortuitos por meio de obstáculos
que só possam ser desmontados por meio de uma chave ou de uma
ferramenta. 

18.21.4 As emendas e derivações dos condutores devem ser executadas


de modo que assegurem a resistência mecânica e contato elétrico adequado.

COMENTÁRIOS: As emendas e conexões devem estar mecanicamente firmes


e permitir o perfeito contato

elétrico, com a área de contato igual ou maior à seção dos


condutores que interligam.

18.21.4.1 O isolamento de emendas e derivações deve ter


característica equivalente à dos condutores utilizados.

COMENTÁRIOS: As emendas nos cabos de duplo isolamento devem ser


executadas com fita de borracha autofusão.

18.21.5 Os condutores devem ter isolamento adequado, não sendo


permitido obstruir a circulação de materiais e pessoas.

COMENTÁRIOS: Os condutores elétricos devem ser estendidos em


conduítes, eletrodutos, eletrocalhas, etc., de forma a não obstruírem a
passagem de pessoas, máquinas e materiais.

62
18.21.6 Os circuitos elétricos devem ser protegidos contra impactos
mecânicos, umidade e agentes corrosivos.

COMENTÁRIOS: Os circuitos devem ser instalados conforme previsto no


projeto. As interferências ocorrem quando há improviso. As instalações
dentro do canteiro devem ser aéreas ou enterradas, nunca devem ficar
sobre o solo sem proteção, com exceção dos cabos dos equipamentos
manuais. Neste último caso, os cabos devem ser protegidos contra impactos
mecânicos com a colocação de uma proteção de madeira ao longo do cabo.

Figura 30 – Instalações elétricas no canteiro de obras

Figura 31 – Proteção contra impactos mecânicos de cabo sobre o solo

18.21.7 Sempre que a fiação de um circuito provisório se tornar


inoperante ou dispensável, deve ser retirada pelo eletricista
responsável.

COMENTÁRIOS: As fiações e cabeações inoperantes, ou seja, não mais


necessárias, deverão ser eliminadas para evitar acidentes por engano e
evitar o acúmulo desnecessário de fios espalhados no canteiro.

18.21.8 As chaves blindadas devem ser convenientemente protegidas de


intempéries e instaladas em posição que impeça o fechamento acidental do
circuito.

63
COMENTÁRIOS: Devem ser instaladas em invólucros adequados (caixas,
quadros, painéis, bastidores) situados preferencialmente em locais
cobertos e devidamente sinalizados. As operações nesse equipamento
deverão ser protegidas contra manobras involuntárias ou acidentais.

18.21.9 Os porta-fusíveis não devem ficar sob tensão quando as


chaves blindadas estiverem na posição aberta.

COMENTÁRIOS: As chaves de seccionamento elétrico deverão ser


instaladas a montante dos dispositivos de proteção (porta-fusíveis,
disjuntores eletromagnéticos, etc.), de forma a permitir o seu manuseio
seguro com o seccionamento da chave.

18.21.10 As chaves blindadas somente devem ser utilizadas para


circuitos de distribuição, sendo proibido o seu uso como dispositivo de
partida e parada de máquinas.

COMENTÁRIOS: As chaves blindadas são dispositivos de seccionamento


protegidos contra toques acidentais por intertravamento mecânico entre o
acionamento e a tampa. No seu interior estão instalados fusíveis que
devem possuir capacidade compatível com o circuito.

Devem ser protegidas contra intempéries por não possuir grau de


proteção suficiente para ficar exposta à chuva, geralmente possuem IP 22.

Figura 32 – Chave blindada

Os dispositivos adequados de parada e partida de máquinas e/ou


equipamentos são os interruptores, botoeiras e chaves acionadoras que
permitam manobras simultaneamente à operação, e devem instalados em
posição segura de acionamento.

64
18.21.11 As instalações elétricas provisórias de um canteiro de
obras devem ser constituídas de:

a) chave geral do tipo blindada de acordo com a aprovação da


concessionária local, localizada no quadro principal de distribuição.

b) chave individual para cada circuito de derivação;

c) chave-faca blindada em quadro de tomadas;

d) chaves magnéticas e disjuntores, para os equipamentos.

COMENTÁRIOS: Atualmente, as instalações elétricas dos canteiros tem


utilizado disjuntores. Quase não encontramos fusíveis. Portanto, não é
uma irregularidade, por exemplo, que o quadro de tomadas tenha
disjuntores no lugar da chave faca blindada. O uso de dispositivos “DR” é
de suma importância para garantir a segurança dos trabalhadores contra o
risco de choque, pois desliga em frações de segundos ao detectar uma
diferença residual provocada por uma falta.

18.21.12 Os fusíveis das chaves blindadas devem ter capacidade


compatível com o circuito a proteger, não sendo permitida sua
substituição por dispositivos improvisados ou por outros fusíveis de
capacidade superior, sem a correspondente troca da fiação.

65
Figura 33 – Fusíveis instalados em chave faca blindada

COMENTÁRIOS: Não permitir o uso de fusíveis improvisados ou


inadequados, pois, na ocorrência de uma sobrecarga, além do
superaquecimento do sistema com o consequente incêndio, pode provocar a
“queima” das máquinas e/ou equipamentos ligados no circuito.

Os fusíveis devem ser projetados com capacidade adequada ao circuito


a proteger, devendo sempre serem substituídos por dispositivos de mesma
capacidade, de forma a evitar a não proteção (fusíveis com capacidade
superior ao circuito).

18.21.13 Em todos os ramais destinados à ligação de equipamentos


elétricos, devem ser instalados disjuntores ou chaves magnéticas,
independentes, que possam ser acionados com facilidade e segurança.

COMENTÁRIOS: O disjuntor ou o dispositivo de proteção deve ser


instalado por circuito de alimentação (ramal) e ter capacidade compatível
com a carga à qual será submetido o ramal, de forma a protegê-lo.

18.21.14 As redes de alta-tensão devem ser instaladas de modo a


evitar contatos acidentais com veículos, equipamentos e trabalhadores em
circulação, só podendo ser instaladas pela concessionária.

COMENTÁRIOS: As redes de alta tensão deverão ser instaladas em


elementos de distribuição (dutos, canaletas, calhas, leitos, etc.)
separados e independentes dos demais circuitos existentes.

O distanciamento mínimo deverá ser de 5 m de altura, quando


instalados em arruamento de veículos, e de 3 m de altura, para as demais
situações. Quando abaixo de 2,5 m, os elementos de distribuição deverão
possuir invólucros de proteção contra acessos e choques mecânicos.
Cuidado especial deverá ser tomado para as redes de alta tensão da
concessionária local em logradouros públicos, especialmente quando a obra
interferir nessa rede. Nesse caso deverá ser solicitada proteção
adicional à concessionária ou instaladas barreiras nos limites da zona de
risco, com sinalização adequada.

18.21.15 Os transformadores e estações abaixadoras de tensão devem


ser instalados em local isolado, sendo permitido somente acesso do
profissional legalmente habilitado ou trabalhador qualificado.

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COMENTÁRIOS: Deve ser construída, preferencialmente, uma casa de
força adequada para abrigar os equipamentos. Na impossibilidade, fazer o
isolamento por meio de cerca ou barreira, devendo o portão ser mantido
permanentemente fechado. As chaves devem permanecer em poder do
eletricista e/ou do responsável pela obra. Em caso de cerca metálica,
esta deverá estar devidamente aterrada.

18.21.16 As estruturas e carcaças dos equipamentos elétricos devem


ser eletricamente aterradas.

COMENTÁRIOS: O aterramento das estruturas e carcaças dos


equipamentos (massas) devem utilizar a malha de aterramento do canteiro.
A utilização da hastes isoladas para o equipamento é um improviso. Assim
como as fases e o neutro é distribuído dentro do canteiro, o condutor de
proteção (“terra”) também deve ser. Além disso, o uso do dispositivo “DR”
é indispensável, pois sem ele é possível que o disjuntor ou fusível não
desarme rapidamente em caso de choque elétrico, por não atingir uma
corrente tão alta, podendo ocasionar um óbito ou lesões graves no
trabalhador.

Deverão ser inspecionadas as conexões entre condutor de aterramento


e malha de aterramento através de caixas de inspeção.

A verificação da resistência elétrica do solo (medição ôhmica) é


feita por um aparelho denominado terrômetro e deve ser realizada por
engenheiro eletricista.

18.21.17 Nos casos em que haja possibilidade de contato acidental


com qualquer parte viva energizada, deve ser adotado isolamento adequado.

18.21.18 Os quadros gerais de distribuição devem ser mantidos


trancados, sendo seus circuitos identificados.

COMENTÁRIOS: Os invólucros dos circuitos de distribuição (caixas,


quadros, painéis, bastidores) devem:

 Estar sinalizados com sinais de advertência elétrica e com


identificação;
 Ter identificação de cada circuito (por exemplo: circuito de
iluminação, de tomadas, de máquinas, etc).;
 Estar permanentemente fechados;

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 Ser instalados em superfícies não combustíveis;
 Estar aterrado eletricamente;
 Estar bem visíveis e ser de fácil acesso;
 Ser mantidos trancados, mas passíveis de serem abertos em
situações de emergência.

18.21.19 Ao religar chaves blindadas no quadro geral de


distribuição, todos os equipamentos devem estar desligados.

COMENTÁRIOS: O objetivo desse procedimento é evitar:

 A formação de arco voltaico;


 Impactos mecânicos violentos;
 O funcionamento acidental do equipamento.

A chave também não deve ser desligada se a máquina ou equipamento


estiver sendo utilizado.

18.21.20 Máquinas ou equipamentos elétricos móveis só podem ser


ligados por intermédio de conjunto de plugue e tomada.

COMENTÁRIOS: Não deve ser permitida a ligação direta das pontas


desencapadas do fio de alimentação do equipamento na tomada, ou ligadas
diretamente na rede elétrica de alimentação. Não deve ser permitida a
ligação simultânea de mais de um equipamento à mesma tomada, salvo se a
instalação for projetada para esta finalidade.

Figura 34 – Plugues e tomadas blindadas

A tabela abaixo indica as cores especificadas em plugse tomadas de


acordo com a voltagem utilizada.

68
5.2. DEMAIS ITENS DA NR-18;

18.4.1.3 Instalações móveis, inclusive contêineres, serão aceitas em


áreas de vivência de canteiro de obras e frentes de trabalho, desde que,
cada módulo:

e) possua proteção contra riscos de choque elétrico por contatos


indiretos, além do aterramento elétrico.

COMENTÁRIOS: A proteção contra riscos de choque elétrico por contatos


indiretos se dá pela equipotencialização e pelo seccionamento automático.
A NBR 5410 chama de proteção supletiva. Massas ou partes condutivas
acessíveis não devem oferecer perigo, seja em condições normais, seja, em
particular, em caso de alguma falha que as tornem acidentalmente VIVAS.
(Item 5.1.1.1 NBR 5410).

18.4.2.3 As instalações sanitárias devem:

h) ter adequadamente protegidas;

18.4.2.10.1 Os alojamentos dos canteiros de obra devem:

i) ter instalações elétricas adequadamente protegidas.

18.4.2.12.1 Quando houver cozinha no canteiro de obra, ela deve:

l) ter instalações elétricas instalações elétricas adequadamente


protegidas;

COMENTÁRIOS: Isso significa que as instalações elétricas devem: ser


projetadas e inspecionadas por profissional habilitado, ter aterramento
(laudo + memória de cálculo), ter dispositivos de proteção instalados
(disjuntores, DRs), mantidas em perfeito estado de conservação e

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funcionamento, sem emendas de fios e cabos inadequadas, sem partes vivas
expostas e sem fios e cabos nas áreas de circulação;

18.7.2 A serra circular deve atender às disposições a seguir:

b) ter a carcaça do motor aterrada eletricamente;

COMENTÁRIOS: Como todo equipamento, o motor da serra circular deve


ser aterrado.

18.10.8 Quando for necessária a montagem (de estruturas metálicas),


próximo às linhas elétricas energizadas, deve-se proceder ao desligamento
da rede, afastamento dos locais energizados, proteção das linhas, além do
aterramento da estrutura e equipamentos que estão sendo utilizados.

COMENTÁRIOS: Todas essas medidas devem estar previstas no PCMAT.

18.11.8 Os equipamentos de soldagem elétrica devem ser aterrados

COMENTÁRIOS: O terminal de aterramento está ligado ao chassi da


Fonte. Este deve estar conectado a um ponto eficiente de aterramento da
instalação elétrica geral.

18.14.10 Devem ser tomadas precauções especiais quando da


movimentação de materiais, máquinas e equipamentos próximos às redes
elétricas.

COMENTÁRIOS: A movimentação de máquinas e equipamentos próxima às


redes elétricas deve ter planejamento e procedimento específicos

18.14.21.3 As torres dos elevadores devem estar afastadas das redes


elétricas ou estar isoladas conforme normas específicas da concessionária
local.

COMENTÁRIOS: Deve ser contatada a concessionária local para as


providências cabíveis. Em caso de ausência de manifestação da
concessionária, deverá haver a especificação das medidas de segurança,
sob responsabilidade de engenheiro habilitado.

18.14.24.7 A estrutura da grua deve estar devidamente aterrada de


acordo com a NBR 5410 e procedimentos da NBR 5419 e a respectiva execução
de acordo com o item 18.21.1 desta NR.

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COMENTÁRIOS: O aterramento deve ser verificado SEMESTRALMENTE (Anexo
III, Item XIII, letra “i”, da NR-18). Tratando-se de gruas sobre trilhos,
ambos devem ser aterrados. A dispensa de pára-raios deve constar do
manual do fabricante, PCMAT ou em parecer técnico específico.

18.15.4 No PCMAT devem ser inseridas as precauções que devem ser


tomadas na montagem, desmontagem e movimentação de andaimes próximos às
redes elétricas.

COMENTÁRIOS: Deve ser contatada a concessionária local para as


providências cabíveis. Em caso de ausência de manifestação da
concessionária, deverá haver a especificação das medidas de segurança,
sob responsabilidade de engenheiro habilitado.

18.15.45 Na utilização de andaimes suspensos motorizados deverá ser


observada a instalação dos seguintes dispositivos:

18.15.48 As plataformas por cremalheira devem dispor dos seguintes


dispositivos:

a) cabos de alimentação de dupla isolação;

b) plugs/tomadas blindadas;

c) aterramento elétrico;

d) dispositivo Diferencial Residual (DR);

COMENTÁRIOS: O condutor de aterramento deve chegar até o equipamento


junto com a alimentação.

18.15.47.6 O equipamento (Plataforma Cremalheira) deve estar


afastado das redes elétricas ou estas estarem isoladas conforme as normas
específicas da concessionária local.

COMENTÁRIOS: Deve ser contatada a concessionária local para as


providências cabíveis. Em caso de ausência de manifestação da
concessionária, deverá haver a especificação das medidas de segurança,
sob responsabilidade de engenheiro habilitado.

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