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ATOR 1: ADYR FIÚZA DE CASTRO

Nome: Adyr Fiúza de Castro – um dos criadores do Centro de Informações do Exército – CIE.
Chefe do Centro de Operações de Defesa Interna (CODI).
Caracterização: Fardamento militar, quepe. Roupas com as insígnias militares, as medalhas de
condecoração, gravata e blusa social. Óculos de grau. Pintar as mãos de tinta vermelha,
semelhante a sangue.
Texto
Eu já tinha interesse por informação e contra-informação, desde a Escola de Estado Maior.
Sempre fui ligado a esta área e muito curioso a respeito do inimigo. Eu mandava todas as
informações coletadas para o gabinete do Ministro de Guerra. Havia uma espécie de rivalidade
entre os centros de informações. Era muito fácil infiltrar no movimento estudantil, eles eram
muito amadores. Era muito fácil. O máximo do máximo era “virar” alguém do outro lado. Pega
alguém importante do outro lado e “vira” ele, pra trabalhar para você. O CODI foi criado porque
muitos órgãos de informações estavam batendo cabeça, faltava uma estrutura para coordena-
los. Quando o preso entrava, a primeira coisa que se fazia era identifica-lo. Então, eram
mandados se despir. O interrogador deve ser um homem muito calmo, frio, e precisa ser muito
inteligente. Interrogatório é a coisa mais crucial que existe.
ATOR 2: CARLOS ALBERTO FONTOURA

Nome: Carlos Alberto Fontoura. Nascido no Rio Grande do Sul, foi chefe do Estado Maior do
Exército de 1967 a 1969. Posteriormente, tornou-se chefe do Serviço Nacional de Informações
(SNI), de 1969 a 1973.
Caracterização: Terno e gravata, com blusa social. Pintar as mãos de tinta vermelha,
semelhante a sangue.
Texto
O SNI era um “abacaxi”. Tudo que havia de ruim no país era o SNI que tinha feito. O objetivo da
Revolução não era durar vinte anos. Quando começou a luta armada, a revolta armada contra a
Revolução, a coisa mudou de figura. Houve aquele episódio famoso do Lamarca. O Lamarca sair
de um regimento levando um caminhão com duzentos fuzis?! As Forças Armadas não tinham
preparo para combater a guerra de guerrilha. Qual foi a pressão que nós criamos? Reagimos à
pressão das esquerdas no governo Jango. Não havia liberdade, porque eles queriam um
excesso de liberdade. É ausência absoluta ou omissão do poder público. É o caos. Nós
endurecemos, mas endurecemos com a verdade. Muita gente colaborou, civis, deputados,
muita gente. A censura era uma decisão do governo. Neste país, tudo presta, mas o povo ainda
não está à altura do país que Deus que lhe deu.
ATOR 3: DIRCE MACHADO DA SILVA
Nome: Dirce Machado da Silva, agricultura. Nascida em 4 de setembro de 1934, na cidade de
Rio Verde/GO, Dirce Machado da Silva foi professora, parteira, militante e dirigente do Partido
Comunista Brasileiro de Goiás – mesmo com a ilegalidade do partido. Em 1966, foi presa e
torturada.
Caracterização: calça jeans, camisa listrada (pode ser vermelha), óculos, livro na mão (pode ser
um de capa vermelha), instrumentos de agricultura: enxada, pá ou um pote com terra. Na
enxada e pá, algumas manchas de sangue.
Texto
Eu era militante do Partido Comunista, meu marido também, e pertencíamos ao Comitê
Distrital de Séries, e aí fomos designados para ir lá para ajudar essa região. Aí foi quando veio o
golpe de 64, a gente sabia que ia ser caçado. Nós acompanhávamos tudo pelo rádio, meu
marido chegou em nossa casa à noite na mata do Formoso e já estava com as malas prontas.
Em abril de 1966, no começo do mês, fomos surpreendidos pela polícia no nosso esconderijo.
Nos enfiaram na viatura com pontapés, empurrão e todo tipo de palavrão, duas léguas depois
pararam os carros em um encontro de estradas. Aí começa a sessão de horror. Um grupo ficou
a uma pequena distância me obrigando a olhar eles espancando meu marido. Eu virava o rosto
e eles puxavam os meus cabelos e me obrigavam a olhar. Eu desmaiei, quando acordei estava
molhada de pinga e vomitando.
ATOR 4: IZABEL FÁVARO

Nome: Izabel Fávero. Nascida no Paraná, em Caxias do Sul. Izabel cursou magistério na Escola
Normal Duque de Caxias. Izabel e Fávero ingressaram em 1969 na Vanguarda Armada
Revolucionária Palmares (VAR Palmares), organização de esquerda que combatia os militares.
Caracterização: calça jeans, blusa branca, casaco escuro – pode usar um lenço sobre a cabeça.
Na blusa branca, algumas manchas de sangue.
Texto
Eram mais ou menos 2 horas da manhã quando chegaram à fazenda dos meus sogros em Nova
Aurora. A cidade era pequena e foi tomada pelo Exército. Mobilizaram cerca de 700 homens
para a operação. Eu, meu companheiro e os pais dele fomos torturados a noite toda ali, um na
frente do outro. Era muito choque elétrico. Fomos literalmente saqueados. Levaram tudo o que
tínhamos: as economias do meu sogro, a roupa de cama e até o meu enxoval. No dia seguinte,
fomos transferidos para o Batalhão de Fronteira de Foz do Iguaçu, onde eu e meu companheiro
fomos torturados pelo capitão Júlio e pelo tenente Mário. Foi pau de arara, choques elétricos,
jogo de empurrar e, no meu caso, ameaças de estupro. Dias depois, chegaram dois caras do
DOPS do Rio, que exibiam um emblema do Esquadrão da Morte na roupa, para ‘ajudar’ no
interrogatório. Eu estava grávida de dois meses, e eles estavam sabendo. No quinto dia, depois
de muito choque, pau de arara, ameaça de estupro e insultos, eu abortei. Durante anos, eu tive
insônia, acordava durante a noite transpirando. Recebia telefonemas anônimos, passava noites
sem dormir.
ATOR 5: RAUL ELLWANGER

Nome: Raul Ellwanger. Iniciou sua carreira artística em 1966, no circuito universitário de Porto
Alegre. Em 1968 era estudante de Direito na PUC-Rio Grande do Sul. Identificou-se com grupos
que, mais tarde, viriam a formar a Vanguarda Armada Revolucionária, participou da reunião em
que a VAR se cindiu e houve a criação da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares, na qual
permaneceu.
Caracterização: Camisa listrada, calça jeans, violão.
Texto
Começou uma perseguição a mim por cantar músicas de protestos, eu fui finalista em festivais
locais e nacionais bem importantes. A perseguição seguiu por ações e direitos trabalhistas,
porque eu trabalhava no escritório da família Araújo. Então, havia perseguição porque eu
participava da UNE, na PUC, participava da política, no diretório acadêmico do direito. Surgiram
os telefonemas, os seguimentos, as fotografias, chegou uma mensagem final entre aspas: “para
calar-se e abster-se”. A perseguição por cantar, por advogar, por reivindicar, me obriga a atuar
clandestinamente, eu participo dos grupos secretos: “Grupo do Carlos” e “VAR-Palmares”. Eu
era mantido em vigilância durante a noite para ouvir os sons dos presos comuns que eram
torturados na madrugada, porque não podiam fazê-lo de dia quando havia imprensa.
ATOR 6: MARCOS PENNA DE ARRUDA

Nome: Marcos Penna Sattamini de Arruda. Nascido no Rio de Janeiro, estudou Geologia na
UFRJ. Após o golpe militar, Marcos integrou o grupo Ação Popular, do movimento estudantil no
Brasil. Mudou-se para São Paulo em 1967. Marcos foi preso em 1970, por falsas alegações, e foi
brutalmente torturado.
Caracterização: Calça jeans, blusa colorida, jaqueta. Roupas azuis. Manchas de sangue em sua
jaqueta.
Texto
Fui preso na rua lá em São Paulo, isso foi no dia 11 de maio de 1970. Foi na Operação
Bandeirante, em São Paulo. Antes de qualquer pergunta tira a roupa, primeiro sobe a escada e
depois chega lá na salinha onde tem um cavalete, ferro e tudo. Tiram a roupa me penduram e
quando eu já estou lá começam a dar choques e aí que começam as perguntas, foi só aí que
começaram a perguntar. Então eu fiquei lá levando choque e sendo perguntado durante horas.
Eles colocaram musica altíssima, eu fiquei com trauma de barulho por causa da música.
Barulho, música, ferro caindo tudo que era extremo eles faziam para quebrar a resistência não
é? Em suma foi uma coisa tão brutal que quando chegou a época de eu estar morrendo eu
comecei sentindo aquele suor frio cobrindo o meu corpo. E eles batiam e eu não reagia, eles
davam choques o meu corpo se dobrava todo e caia de novo, não sai mais som nenhum. E essa
é a hora que a gente deseja que a morte chegue, pois ela é uma libertação para acabar o
inferno.
ATOR 7: Leitor – “Retratos da Ditadura”
Você deve ler o texto abaixo para cada grupo que visitar nossa feira.
Caracterização: roupa toda preta, para não destoar da sala.
Texto
A memória de um período importante da história recente do Brasil − a ditadura militar, que vai
de 31 de março de 1964, data do golpe, até 1985, com a eleição, ainda que indireta, de Tancredo
Neves − ainda tem muitos fatos a serem recuperados.

A história oficial se depara com as dificuldades de ‘assimilar’ a de outros participantes,


sobretudo daqueles que fizeram oposição ao regime de exceção, instaurado no país. Isso ocorre
porque ela é feita pelas frações dominantes da burguesia, classe que jamais assume a ótica dos
oprimidos, uma vez que tal postura significa sua negação e, por conseguinte, sua destruição.

Esse texto é de Maria Joffily e reflete a participação dos diversos atores sociais na Ditadura
Militar. Nosso trabalho conta com diversas fontes: nosso livro didático, músicas feitas na época e os
depoimentos de militares e militantes de esquerda, que estavam presentes e atuantes nos anos da
Ditadura Civil-Militar no Brasil.

Agora, assista à nossa peça, chamada: “RETRATOS DA DITADURA MILITAR”.

-- Peça ao grupo para entrar na sala e se sentarem, enquanto os atores leem o texto..
ATOR 8: Operador técnico – “Retratos da Ditadura”
Caracterização: roupa toda preta, para não destoar da sala.

 Você será responsável por passar os slides para os grupos que visitam a feira. Lembre-
se, também, de acompanhar as músicas da playlist. No momento que as pessoas estão
ouvindo os atores, deixe o som bem baixo, apenas de fundo. Quando todos terminarem
de ler, pode aumentar novamente a música.
APÓS A APRESENTAÇÃO, peça aos convidados que escolham um número entre 1 e 20 e faça
uma das perguntas abaixo:

PERGUNTAS
1. Qual a principal medida tomada pelo Ato Institucional n. 5?
2. O que são atos institucionais?
3. Por que muitos jovens aderiram à luta armada contra a ditadura
4. Como teve início a Ditadura Militar no Brasil, que durou de 1964 a 1985?
5. Quais os interesses dos Estados Unidos em apoiarem o Golpe Militar de 1964?
6. O que foi a campanha das Diretas Já?
7. Como a “linha dura” militar reagiu diante da crise da ditadura e do avanço das
oposições?
8. O que o deputado federal Ulysses Guimarães tem a ver com a ditadura militar?
9. Que importante lei foi aprovada pelo governo militar em 1979?
10. Quem foram o primeiro e o último presidente militar da Ditadura de 1964 a 1985?
11. Que presidente foi destituído com o golpe civil-militar de 1964?
12. Qual o principal objetivo da chamada “Operação Condor”?
13. Em 1985, após 21 anos de ditadura, o primeiro presidente civil foi eleito de forma
indireta. Quem foi?
14. Com o AI-2, o sistema brasileiro era dividido em apenas DOIS partidos. Quais eram seus
nomes?
15. Responda: CERTO ou ERRADO: o último presidente militar, Costa e Silva, prometeu uma
abertura política para a democracia de forma lenta e gradual.
16. De quem é a música “Pra não dizer que não falei das flores”, de 1979?
17. O que representou a Copa de 1970 para a Ditadura Militar?
18. Que fator externo contribuiu para a crise econômica no governo militar em 1973?
19. Do ponto de vista social, como ficou marcado o “Milagre Econômico”?
20. Além dos sindicatos, cite outros dois grupos da sociedade civil que participaram dos atos
contra o regime antes do AI-5.
! ! RESPOSTAS ! !
1. O presidente podia fechar o Congresso Nacional, e o direito ao habeas corpus foi
suspenso para crimes considerados políticos.
2. Ato Institucional: decreto que dava ao presidente da República poderes que não
constavam na Constituição de 1946.
3. Muitos militantes de esquerda acreditavam que tinham forças para derrotar a ditadura
pelas armas e implantar um regime socialista em seu lugar.
4. Através de um golpe militar, ocorrido em 31 de março de 1964, que tirou o presidente
João Goulart do poder.
5. Durante a Guerra Fria, os EUA desejavam manter a influência no Cone Sul – ou seja, na
América do Sul.
6. Em 1984, diversos grupos manifestaram apoio a iniciativa de tornar DIRETAS as eleições
para presidente. Comícios, manifestações, passeatas pediam o retorno das eleições
diretas, e ficaram conhecidas como “Diretas Já”.
7. Os militares insatisfeitos passaram a praticar atos de terrorismo, explodindo bancas de
jornais e enviando cartas-bombas.
8. Ulysses Guimarães era presidente do único partido de oposição, o MDB, se tornou figura
importante na luta contra a ditadura
9. Lei de Anistia – ampla e irrestrita.
10. Castelo Branco (primeiro) e João Figueiredo (último).
11. João Goulart.
12. Perseguir e reprimir os movimentos opositores que se organizavam contra as ditaduras,
sobretudo os movimentos de esquerda.
13. Tancredo Neves.
14. MDB (Movimento Democrático Brasileiro) e ARENA (Aliança Renovadora Nacional).
15. ERRADO.
16. Geraldo Vandré.
17. Propiciou uma operação de propaganda do governo Médici, tentando associar a
conquista ao regime autoritário.
18. Crise do petróleo. Em 1973, os países produtores de petróleo haviam aumentado o
preço do barril em 70%.
19. O aspecto mais negativo do milagre econômico foi a concentração de riqueza do país.
Nesse período milhões de pessoas empobreceram.
20. Movimento estudantil, Ordem dos Advogados do Brasil, militares de esquerda.
21.

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