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Figura 1.1: Foto de uma Matriz de Multieletrodos MEA60. À direita, ampliação do centro da MEA.
No círculo central existe um receptáculo de vidro que é o local onde as células nervosas
são cultivadas. O processo é o seguinte: embriões de ratos especialmente criados em
laboratórios, dentro de todas as normas éticas de pesquisa, são anestesiados e parte do
hipocampo do cérebro dos ratos é extraída cirurgicamente aos 18 dias de vida. Estas
células são células-tronco que ao se reproduzir no centro da MEA vão produzir as
células do tecido nervoso: os neurônios e as células da Glia. A Glia é o tecido nervoso
que tem por função sustentar e nutrir os neurônios. No centro da MEA estão os
microeletrodos, feitos de platina negra revestida com óxido de titânio e montados
naquele local através de nanotecnologia do mesmo tipo empregado na fabricação dos
circuitos integrados (litografia de raios X), conforme é mostrado na Figura 1.1 à direita.
Após se desenvolver sob a MEA, os neurônios fazem conexões expontaneamente com
os microeletrodos, conforme mostra a Microfotografia 1.2.
Figura 1.2: Microfotografia dos neurônios que se desenvolvem ao redor de um microeletrodo. À direita,
esquema mostrando um neurônio.
Figura 1.3: Cultura de Neurônios em MEA sendo mantida pela infusão de nutrientes e antibióticos.
Em um neurônio típico, o impulso nervoso (que é um sinal elétrico) se propaga no
sentido dendrito-axônio. A Figura 1.4 abaixo mostra o aspecto típico do sinal elétrico
gerado por um único neurônio.
2 . Spikes e Bursts
Níveis elétricos mais elevados do que a média destes sinais são chamados spikes.
Sempre que a amplitude do sinal elétrico ultrapassa um determinado nível de
"threshold" temos um spike. Um conjunto de spikes próximos é chamado "burst". Na
Figura 1.5 à esquerda, os "x" marcados em vermelho mostram os spikes e à direita, em
cima, um esquema ilustrado as distâncias IBI e ISI.
Figura 1.5: Spikes e Bursts registrados na MEA. À direita, ilustração esquematizando os Intervalos entre
Bursts e ISI (Intervalos entre Spikes).
Toda a documentação do Neurorighter pode ser acessada na Internet através da [ref. 1].
4. Aplicações
Um dos mais interessantes experimentos com MEA é ilustrado na Figura 1.7 [ref. 5].
Trata-se de um sistema de controle em malha fechada, onde (1) representa a Cultura de
células nervosas na matriz de multieletrodos, (2) representa o amplificador de sinais,
conversor A/D e o computador (4), que executa um programa que reproduz um ratinho
num labirinto, o qual tenta encontrar sua recompensa (queijo). Esse ratinho virtual na
tela do computador passa a ser controlado pelos sinais elétricos provenientes da própria
matriz de multieletrodo. Quando o ratinho está indo para o lado certo, o módulo (3) que
é o Estimulador, gera impulsos elétricos que são interpretados pelos neurônios in vitro
como um feedback positivo. O sinal proveniente dos neurônios (em 60 canais) é então
amplificado e combinado usando-se Algoritmos de Software (Filtros de Wiener e Filtros
Kalman). É preciso fazer uma "média ponderada" dos 60 canais para tentar entender a
"linguagem dos neurônios" e esta média é feita por métodos matemáticos (regressão
linear) pelos citados algoritmos. É uma importante área de Processamento de Sinais que
ajuda a Neurociência a entender os neurônios, campo de aplicação para DSPs e FPGAs.
(1) Francisco Fambrini é professor nos cursos de engenharia na Unisal - Campinas e Mestre em Ciência
da Computação com o tema "Registro de Sinais em matrizes multieletrodo".
Referências
[1] https://sites.google.com/site/neurorighter/
[2] Nicolelis, Miguel, 2012: Muito Além do Nosso Eu, Companhia das Letras, Rio de Janeiro.
[3] Acessado na internet em 11/2013: http://www.blog.telecomfuturecentre.it/tag/neural-
networks/
[4] Site do laboratório do Prof. Nicolelis: http://www.nicolelislab.net/
[5] http://www.its.caltech.edu/~daw/papers/04-WDP.pdf