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ANATOMOFISIOLOGIA

HUMANA I
Fisiologia Humana
Ano letivo 2021/2022

Sara Ferreira (BSc, PhD), Professor Adjunto


Email: saramaferreira@ipcb.pt
Aula 2 – Fisiologia do Sistema Nervoso
Humano

1 2 3

TECIDO NERVOSO POTENCIAIS DE MEMBRANA APLICAÇÃO DOS


CONHECIMENTOS

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1. Tecido Nervoso

Sistema nervoso
central

Cérebro e medula espinhal

Sistema nervoso
periférico

Nervos que conectam o


cérebro e a medula espinhal
com os músculos do corpo,
glândulas, órgãos dos sentidos
e outros tecidos
Sistema nervoso central e periférico. Retirado de: https://www.news- 3
medical.net/health/What-is-the-Nervous-System-(Portuguese).aspx
1. Tecido Nervoso

Neurónio  célula nervosa que constitui a unidade básica do sistema nervoso

Geram sinais elétricos que se movem de uma


extremidade a outra em um neurónio ou para células
vizinhas

Libertação de neurotransmissores
Representação de um neurónio. Retirado de:
https://www.simplypsychology.org/motor-
neuron.html

A maioria dos neurónios servem como integradores porque seus outputs


refletem os inputs que recebem de até centenas de milhares de outros
neurónios

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1. Tecido Nervoso
Estrutura e manutenção dos neurónios

Objetivo: comunicação célula a célula

Extensões: Recebem e transmitem informação


através dos neurónios

Corpo celular: contém o núcleo e os ribossomas


(informação genética e maquinaria necessária
para a síntese de proteínas)

a) Representação de um tipo de neurónio. (b) Neurónio


observado através de um microscópio. Adaptado de:
Widmaier, Raff & Strang (2014) 5
1. Tecido Nervoso
Estrutura e manutenção dos neurónios

Dendritos: extensões do corpo celular altamente ramificadas

Dendritos

Sistema nervoso periférico Sistema nervoso central

Recebem informação sensorial, Recebem informações de outros


transferindo-a para as regiões neurónios, com os dendritos a assumir
integradoras dos neurónios sensoriais um papel mais importante

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1. Tecido Nervoso
Estrutura e manutenção dos neurónios

As ramificações dos dendritos aumentam a área de superfície da célula

Espinhas dendríticas: protuberâncias


em forma de botão que aumentam
a área de superfície dos dendritos
ainda mais

Ribossomas
Maquinaria para a síntese de
proteínas para remodelação da
forma das espinhas dendríticas em
resposta à variação da atividade
sináptica Representação de um neurónio e sinapse. Retirado de:
http://cdn.zmescience.com/wp-content/uploads/2013/09/dendritic-spine.png

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1. Tecido Nervoso
Estrutura e manutenção dos neurónios

Axónio: fibra nervosa; extensão longa que se estende do corpo celular e realiza a
saída e propagação de sinais para as células-alvo

Segmento inicial: surge do corpo celular e


antes da bainha de mielina; onde sinais
elétricos são gerados

Ramos colaterais: ramificações que


aumentam a esfera de influência da célula

Representação de um neurónio. Retirado de:


https://www.getbodysmart.com/wp-
content/uploads/2017/09/Collateral-branch-Axon-Structure-
and-Functions-770x500.png 8
1. Tecido Nervoso
Estrutura e manutenção dos neurónios

No terminal do axónio e seus ramos são libertados neurotransmissores:


• Para uma lacuna extracelular, com a célula oposta ao terminal (sinapse)
• Através de protuberâncias ao longo do axónio e seus terminais (varicosidades)

Representação de uma sinapse. Retirado de: https://effzett.fz- Representação de uma varicosidade num neurónio. Retirado de:
juelich.de/en/2-19/wiry-synapse/ http://droualb.faculty.mjc.edu/Course%20Materials/Physiology%20101
/Chapter%20Notes/Fall%202007/chapter_11%20Fall%202007.htm 9
1. Tecido Nervoso
Estrutura e manutenção dos neurónios

Sinapse  junção anatomicamente


especializada entre dois neurónios onde um
neurónio altera a atividade elétrica e
química de outro

Pode ocorrer entre:


• um terminal de axónio e um dendrito ou
corpo celular
• dois dendritos
• um dendrito e um corpo celular
• um terminal de axónio e um segundo
terminal de um axónio
Representação de uma sinapse. Retirado de:
https://www.dreamstime.com/cross-section-synapse-neuronal-
connection-nerve-cell-d-illustration-image147326585
10
1. Tecido Nervoso
Estrutura e manutenção dos neurónios

Na maioria das sinapses, a transmissão é


realizada por neurotransmissores

Alteram o neurónio recetor ligando-


se a recetores específicos na
membrana do neurónio recetor

Representação de uma sinapse. Retirado de:


https://www.dreamstime.com/cross-section-synapse-neuronal-
connection-nerve-cell-d-illustration-image147326585
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1. Tecido Nervoso
Estrutura e manutenção dos neurónios

Neurónio pré-sináptico  Conduz um sinal em direção a


uma sinapse

Neurónio pós-sináptico  Conduz os sinais longe de uma


sinapse

Um neurónio pode ser pós-sináptico para


uma célula e pré-sináptico para outra

Um neurónio pós-sináptico pode ter milhares de junções


sinápticas na superfície de seus dendritos e corpo celular
Um neurónio pós-sináptico para uma
célula pode ser pré-sináptico para outro.
As setas indicam a direção da
transmissão neural. Adaptado de:
12
Widmaier, Raff & Strang (2014)
1. Tecido Nervoso
Estrutura e manutenção dos neurónios

Axónios de muitos neurónios cobertos por bainhas de mielina

Aceleram a condução dos sinais


elétricos ao longo do axónio e
conservam energia

No cérebro e medula espinhal  mielina produzida pelos


oligodendrócitos

No sistema nervoso periférico  mielina produzida pelas


células de Schwann

(a) Mielina formada por células de Schwann, e


(b) oligodendrócitos em axónios. Adaptado de: 13
Widmaier, Raff & Strang (2014)
1. Tecido Nervoso
Estrutura e manutenção dos neurónios

Nódulos de Ranvier:
- Espaços entre secções adjacentes de mielina
- Local onde a membrana plasmática do axónio está
exposta ao fluido extracelular
- Zonas de condução de eletricidade
- Local de geração de potenciais de ação

(a) Mielina formada por células de Schwann, e


(b) oligodendrócitos em axónios. Adaptado de: 14
Widmaier, Raff & Strang (2014)
1. Tecido Nervoso
Estrutura e manutenção dos neurónios

Manutenção da estrutura e função


do axónio celular

Cinesina e Dineína

Proteínas motoras que se


deslocam ao longo de
microtúbulos ao longo de todo o
comprimento do axónio

Transporte no axónio ao longo de microtúbulos por dineína e cinesina. Adaptado


de: Widmaier, Raff & Strang (2014)

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1. Tecido Nervoso
Estrutura e manutenção dos neurónios

Transporte pela cinesina


- Movimento anterógrado
- Movimento de nutrientes, enzimas,
mitocôndrias, vesículas cheias de
neurotransmissores e outros
organelos

Transporte no axónio ao longo de microtúbulos por dineína e cinesina. Adaptado


de: Widmaier, Raff & Strang (2014)

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1. Tecido Nervoso
Estrutura e manutenção dos neurónios

Transporte pela dineína


- Movimento retrógrado
- Movimento de vesículas de
membrana reciclada, fatores de
crescimento e outros sinais
químicos que afetam a morfologia
bioquímica e conectividade do
neurónio

Transporte no axónio ao longo de microtúbulos por dineína e cinesina. Adaptado


de: Widmaier, Raff & Strang (2014)

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1. Tecido Nervoso
Classes funcionais de neurónios

Classes funcionais de
neurónios

Neurónios aferentes Nerónios eferentes Interneurónios

Transmitem informações do
Transmitem informações
SNC para células efetoras, Ligam os neurónios dentro
dos tecidos e órgãos do
como músculos, glândulas do SNC
corpo em direção ao SNC
ou outros tipos de células
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1. Tecido Nervoso
Classes funcionais de neurónios

Representação das classes funcionais de neurónios. Adaptado de: Widmaier, Raff & Strang (2014);
Retirado de: https://pocketdentistry.com/2-the-neural-anatomy-of-orofacial-pain/

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1. Tecido Nervoso
Classes funcionais de neurónios – Neurónios aferentes

• Possuem recetores sensoriais nas suas extremidades


• Propagam sinais elétricos dos seus recetores para o cérebro ou medula espinhal (SNC)

Região sensorial:
• Porção especializada da membrana plasmática
• Célula separada mas intimamente associada à
terminação do neurónio

Regiões recetoras em neurónios aferentes. Retirado de:


20
http://droualb.faculty.mjc.edu/Course%20Materials/Physiolo
gy%20101/Chapter%20Notes/Fall%202007/chapter_10%20Fall
%202007.htm
1. Tecido Nervoso
Classes funcionais de neurónios – Neurónios aferentes

• Associado ao corpo celular existe apenas um axónio (processo), podendo contudo


ser separado em processo central e processo periférico

Entra no CNS para formar Ramos dendríticos convergem


junções com outros neurónios das terminações recetoras

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1. Tecido Nervoso
Classes funcionais de neurónios – Neurónios eferentes

• Transmite informações para fora do SNC para células efetoras, particularmente


músculos, glândulas, neurónios e outras células
• Corpo celular com múltiplos dendritos
• Pequeno segmento do axónio está no SNC
• Maior parte do axónio está no SNP

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1. Tecido Nervoso
Classes funcionais de neurónios – Interneurónios

• Integradores e permutadores de sinal


• Integram grupos de neurónios aferentes e eferentes
• Quanto ↑ a complexidade da ação, ↑ nº de interneurónios
interpostos
• Encontram-se inteiramente dentro do SNC
• Representam > 99% de todos os neurónios

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1. Tecido Nervoso
Outras células – Células da glia

• Fornecem elementos físicos e


metabólicos de suporte ao
neurónio
• No SNC: oligodendrócitos,
astrócitos, microglia e células
ependimárias
• No SNP: células de Schwann

Células da glia do sistema nervoso central. Adaptado de: Widmaier, Raff & Strang (2014)

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1. Tecido Nervoso
Outras células – Células da glia

Oligodendrócitos
Formam a bainha de mielina dos
axónios do SNC

Células da glia do sistema nervoso central. Adaptado de: Widmaier, Raff & Strang (2014)

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1. Tecido Nervoso
Outras células – Células da glia

Astrócitos
Regulam a composição do fluido
extracelular no SNC removendo
K+ e neurotransmissores das
sinapses

Permitem a formação da
barreira hematoencefálica

Sustentam metabolicamente os
Células da glia do sistema nervoso central. Adaptado de: Widmaier, Raff & Strang (2014)
neurónios
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1. Tecido Nervoso
Outras células – Células da glia

Astrócitos
Guiam e estimulam o
crescimento de neurónios
durante o desenvolvimento
embrionário

Especula-se que participam na


sinalização de informações no
cérebro
Células da glia do sistema nervoso central. Adaptado de: Widmaier, Raff & Strang (2014)

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1. Tecido Nervoso
Outras células – Células da glia

Microglia
Semelhantes a macrófagos
Executam funções imunológicas
no SNC
Contribuem para a remodelação
da sinapse e plasticidade

Células da glia do sistema nervoso central. Adaptado de: Widmaier, Raff & Strang (2014)

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1. Tecido Nervoso
Outras células – Células da glia

Células ependimárias
Encontram-se nas cavidades
cheias de líquido dentro do
cérebro e da medula espinhal
Regulam a produção e o fluxo
do líquido cefalorraquidiano

Células da glia do sistema nervoso central. Adaptado de: Widmaier, Raff & Strang (2014)

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1. Tecido Nervoso
Outras células – Células da glia

Células de Schwann
Produzem a bainha de mielina dos axónios dos
neurónios do SNP

Representação das células de Schwann. Retirado de:


https://www.news-medical.net/health/What-are-Schwann-
Cells.aspx
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1. Tecido Nervoso
Crescimento e regeneração neuronal

O crescimento neuronal no embrião, começa com uma série de divisões de células


precursoras indiferenciadas (células estaminais)

Após última divisão celular, cada célula filha neuronal:


 Sofre diferenciação (para neurónios ou células da glia)
 Migra para a sua localização final
 Envia processos/extensões que se tornarão o seu axónio e dendritos

31
1. Tecido Nervoso
Crescimento e regeneração neuronal

 Cone de crescimento, forma a ponta de cada axónio

Envolvido em encontrar a rota


correta e o alvo final para o axónio

Conforme o axónio cresce, ele é guiado ao


longo das superfícies de outras células, mais
comumente células da glia

Representação dos mecanismos que contribuem para a orientação


dos cones de crescimento. Retirado de:
https://www.redalyc.org/pdf/287/28730109.pdf

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1. Tecido Nervoso
Crescimento e regeneração neuronal

A via que o axónio segue depende de


influencias de atração, apoio, desvio ou
inibição exercidas por vários tipos de moléculas:
 Moléculas de adesão celular nas
membranas das células da glia e neurónios
embrionários
 Fatores neurotróficos solúveis no fluido
extracelular em torno do cone de
crescimento ou seu alvo distante
Visualização dinâmica do crescimento neuronal. Retirado de:
https://www.redalyc.org/pdf/287/28730109.pdf

33
1. Tecido Nervoso
Crescimento e regeneração neuronal

Assim que o alvo do cone de crescimento é alcançado, a sinapses são formadas

Encontram-se ativas antes de sua maturação final

Esta atividade inicial determina a sua função final

Após o crescimento e projeção dos axónios, 50% a 70% dos neurónios recém-formados
sofrem apoptose

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1. Tecido Nervoso
Crescimento e regeneração neuronal

Ao longo da vida, nosso cérebro tem uma grande capacidade para modificar a sua
estrutura e função em resposta à estimulação ou lesão  plasticidade

 Envolve a geração de novos neurónios e


a remodelação de conexões sinápticas
 Varia com a idade

No SNP ocorre a regeneração A regeneração funcional de


funcional de axónios cortados pela axónios cortados do SNC
formação de um cone de geralmente não ocorre
crescimento

35
2. Potenciais de Membrana
Princípios básicos de eletricidade

Fluído extracelular  Rico em Na+ e Cl-


Fluído intracelular  Contém altas concentrações K+ e moléculas ionizadas
(compostos de fosfato e proteínas carregados negativamente)

Distribuição das partículas carregadas ao longo da membrana plasmática


levam à formação de fenómenos elétricos

Essencial na integração do sinal e comunicação célula a célula

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2. Potenciais de Membrana
Princípios básicos de eletricidade

 Cargas do mesmo tipo repelem-se


 Cargas opostas atraem-se

Potencial elétrico/Diferença de
potencial  Diferença de valor de
carga entre dois pontos (Volts)

Corrente  Movimento da carga


elétrica

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2. Potenciais de Membrana
Princípios básicos de eletricidade

Impedimento ao movimento da carga elétrica  Resistência


Resistência

Lei de Ohm: I = V/R

Fluxo de Fluxo de I – corrente


corrente corrente
Resistência
V – Tensão
baixo elevado R - Resistência

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2. Potenciais de Membrana
Princípios básicos de eletricidade

Materiais que têm uma alta resistência elétrica reduzem o fluxo de corrente 
isoladores
Materiais que têm uma baixa resistência, permitem um fluxo rápido de corrente 
condutores

A água, que contém iões dissolvidos,


Fluídos intracelular e extracelular que
é relativamente boa condutora de
possuem iões, também tem a
eletricidade porque os iões
capacidade de transportar corrente
transportam a corrente

Membrana plasmática é uma região de elevada resistência elétrica (lípidos tem


poucos grupos carregados) que separa dois compartimentos aquosos de baixa
resistência 39
2. Potenciais de Membrana
Potencial de membrana em repouso

Célula em condição de repouso:


- Interior da célula carregado negativamente em
relação ao seu exterior
- Diferença de potencial negativo (carga em excesso no
interior da célula)

Potencial de membrana em repouso, dependendo da célula,


varia de -5 a -100 mV; nos neurónios varia de -40 a -90 mV

a) Aparelho para medir potenciais de membrana. O voltímetro registra a diferença entre os elétrodos
intracelular e extracelular. (b) A diferença de potencial de membrana plasmática medida por um
microeléctrodo intracelular. Adaptado de: Widmaier, Raff & Strang (2014) 40
2. Potenciais de Membrana
Potencial de membrana em repouso

O potencial de membrana em repouso existe devido a um minúsculo excesso de iões


negativos dentro da célula e um excesso de iões positivos fora da célula

As cargas negativas em excesso dentro da célula são eletricamente atraídas pelo


excesso de cargas positivas fora da célula, e vice-versa versa

O excesso de cargas (iões) acumulam-se em uma camada fina e


apertada contra as superfícies interna e externa da membrana
plasmática

Excesso de cargas positivas fora da célula e de cargas negativas em excesso no interior da célula e
41
envolvidas pela membrana plasmática. Adaptado de: Widmaier, Raff & Strang (2014)
2. Potenciais de Membrana
Potencial de membrana em repouso

Diferenças de concentração de Na+


e K+ ocorrem pela ação da bomba
Na+/ K+-ATPase (Na+ out; K+ in)

Distribuição de Cl- varia entre os tipos


de células

Legenda: 1 – positivo (+); 2 – negativo (-)

42
2. Potenciais de Membrana
Potencial de membrana em repouso

A magnitude do potencial de membrana em repouso depende principalmente de:


(1) diferenças nas concentrações de um ião específico nos fluidos intracelulares e
extracelulares
(2) diferenças na permeabilidade da membrana para os diferentes iões, que refletem o
número de canais abertos para diferentes iões na membrana plasmática

43
2. Potenciais de Membrana
Potencial de membrana em repouso

a) Não ocorre movimento; canais estão fechados; cargas positivas e


negativas em equilíbrio

b) Canais de K+ abrem; difusão do K+ do compartimento 2 para o 1

c) Excesso de carga positiva no compartimento 1; excesso de carga


negativa no compartimento 2; existência de diferença de potencial
de membrana

d) A carga negativa do compartimento 2 atrai o K+; carga positiva do


compartimento 1 repulsa o K+

e) Produção de um fluxo igual, mas oposto ao fluxo produzido pelo


gradiente de concentração; potencial de equilíbrio
Geração de um potencial através de uma membrana devido à difusão de K+ através de canais de K+ (vermelho). As setas representam o
movimento dos iões e o comprimento da seta representa a magnitude do fluxo. Os iões de K+ que cruzam a membrana são tão poucos que as
concentrações de iões não mudam significativamente em nenhum dos lados da membrana da etapa (a) à etapa (e). Adaptado de: Widmaier, Raff
44
& Strang (2014)
2. Potenciais de Membrana
Potencial de membrana em repouso

A magnitude do potencial de equilíbrio (em mV) para qualquer tipo de ião depende do
gradiente de concentração para aquele ião através da membrana

 Concentrações igual em os dois lados  fluxo devido ao gradiente de concentração


será 0 e o potencial de equilíbrio 0

 gradiente de concentração  o potencial de equilíbrio  será necessário acionar


um maior fluxo de iões para atingir o equilíbrio

45
2. Potenciais de Membrana
Potencial de membrana em repouso

Se o gradiente de concentração de qualquer ião for conhecido, o potencial de


equilíbrio para esse ião pode ser calculado por meio da equação de Nernst

Eion – potencial de equilíbrio para um ião em


particular (mV)
Z – valência do ião
Cout – concentração extracelular do ião
Cin – concentração intracelular do ião
*61 é um valor constante que tem em consideração
a contante universal do gás, a temperatura (37 C),
e a contante elétrica de Faraday

46
2. Potenciais de Membrana
Potencial de membrana em repouso

Legenda: 1 – positivo (+); 2 – negativo (-)

47
2. Potenciais de Membrana
Potencial de membrana em repouso

Outros fatores contribuem para influenciar o potencial de membrana:


 Muitas moléculas carregadas contribuem para as propriedades elétricas gerais da
membrana das células
 Raramente as membranas são permeáveis a apenas um ião de cada vez

Dados os gradientes de concentração e


permeabilidades de membrana relativas
(P) para Na+, K+, e Cl-, o potencial de uma
membrana (Vm) pode ser calculado
usando a equação Goldman-Hodgkin-Katz
(GHK)

48
2. Potenciais de Membrana
Potencial de membrana em repouso

PK = 1
PNa = 0,04
PCl = 0,45

 A permeabilidade relativa determina


quão fortemente o potencial de
repouso de membrana é influenciado
pelo potencial de equilíbrio
Legenda: 1 – positivo (+); 2 – negativo (-)

49
2. Potenciais de Membrana
Potencial de membrana em repouso

O potencial de membrana em repouso de um neurónio é semelhante ao potencial de


equilíbrio do K+ (EK), devido a uma grande permeabilidade ao K+

 Movimento por difusão para fora da célula de K+ e


para dentro de Na+ (gradiente de concentração)
 Concentrações de K+ e Na+ ao longo do tempo são
mantidas em equilíbrio pela bomba Na+/K+-ATPase
(gradiente eletroquímico)

Forças que influenciam os iões de sódio e potássio num potencial de membrana em repouso. (a) Em um potencial de membrana em repouso
membrana em repouso de -70 mV, tanto a concentração como o gradiente elétrico favorecem o movimento para dentro do Na+, enquanto a
concentração de K+ e gradientes elétricos estão em direções opostas. (b) A maior permeabilidade e movimento de K+ mantém o potencial de
50
membrana em repouso em um valor próximo a EK. Adaptado de: Widmaier, Raff & Strang (2014)
2. Potenciais de Membrana
Potencial de membrana em repouso

A bomba Na+/K+-ATPase:
 Mantém o gradiente de concentração para os iões de K+ e Na+
 Ajuda a estabelecer um potencial de membrana mais diretamente

Movem 3 Na+ para fora da célula


por cada 2 K+ para dentro da célula

Interior da célula mais negativo do


que seria apenas da difusão iónica

51
2. Potenciais de Membrana
Potencial de membrana em repouso
a) b) c)

Resumo das etapas de estabelecimento do potencial de membrana de repouso. Adaptado de: Widmaier, Raff & Strang
(2014)
a)
 Bomba Na+/K+-ATPase estabelece gradientes de concentração do K+ e Na+, gerando um
potencial negativo
 Bombeamento de 3 Na+ para fora por cada 2 K+ bombeados para dentro
 Gradiente de concentração determina os potenciais de equilíbrio para os dois iões
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2. Potenciais de Membrana
Potencial de membrana em repouso
a) b) c)

Resumo das etapas de estabelecimento do potencial de membrana de repouso. Adaptado de: Widmaier, Raff & Strang
(2014)
b)
 ↑ permeabilidade da membrana ao K+, ocorrendo maior fluxo deste ião para fora da célula,
comparativamente com o fluxo de Na+ para dentro da célula
 Potencial de membrana torna-se mais negativo no interior da célula, aproximando-se do valor
de equilíbrio do K+
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2. Potenciais de Membrana
Potencial de membrana em repouso
a) b) c)

Resumo das etapas de estabelecimento do potencial de membrana de repouso. Adaptado de: Widmaier, Raff & Strang
(2014)
c)
 Um neurónio em repouso, no qual o fluxo de iões através da membrana atinge um equilíbrio
dinâmico
 Permeabilidade devida a canais de K+ (canais vermelhos) e de Na+ (canais azuis)

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3. Aplicação dos Conhecimentos
Questões de revisão no Kahoot! – Introdução à Fisiologia Humana

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3. Aplicação dos Conhecimentos
Questões para bonificação – Introdução à Fisiologia Humana

1. O povo Inuit do Alasca e do Canadá têm uma capacidade notável de trabalhar no


frio sem luvas e não sofrer diminuição do fluxo sanguíneo na pele. Isto prova que há
uma diferença genética entre os Inuit e outras pessoas em relação a este
característica? Faça relação com os processos de adaptação e aclimatação.

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3. Aplicação dos Conhecimentos
Questões para bonificação – Introdução à Fisiologia Humana

2. Qual seria o efeito, na via representada pela imagem, se o mecanismo de feedback


negativo fosse removido.

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3. Aplicação dos Conhecimentos
Questões para bonificação – Introdução à Fisiologia Humana

3. O que aconteceria à via eferente, no sistema de controlo representado na figura, se


a temperatura corporal aumentasse acima do normal?

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