Você está na página 1de 4

2021/2022

Avaliação dos fatores que influenciam a fixação na aplicação de processos de macroscopia


Beatriz Guisado, nº 20191308
Histotecnologia I
Docente: Carina Valente
Ciências Biomédicas Laboratoriais
Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias, Instituto Politécnico de Castelo Branco
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
OBJETIVOS possuam um tampão que lhes permita estabilizar o pH
da solução, de modo a que a fixação decorra a um pH
Este relatório baseia-se na atividade da
fisiológico (7,2 – 7,5). Está descrito que resultados
avaliação da influência do pH da solução fixadora,
obtidos com fixadores não tamponados são muito
nomeadamente do formol a 10% tamponado e o formol
variáveis. [2]
não tamponado, e da espessura dos tecidos no processo
de fixação e na aplicação de processos de macroscopia. No laboratório de anatomia patológica, o
Neste caso, foram colhidos, processados, incluídos, formol tamponado é um fixador universal que permite
cortados e corados, fragmentos histológicos de fígado. manter o tecido por longos períodos sem o deteriorar e
o seu pH normal é de cerca de 7,4. [2]

A velocidade de penetração dos fixadores é


INTRODUÇÃO
relativamente lenta e por isso de modo a garantir uma
A fixação é uma das etapas da técnica fixação o mais homogénea possível aconselha-se que a
histológica e tem a finalidade de preservar as estruturas espessura máxima dos espécimes não seja superior a 2-
morfológicas das células e tecidos no estado in vivo. O 3 mm. [2]
fixador ideal é aquele que inibe a autólise, a putrefação
Relativamente à atividade prática a
e também evita o deslocamento de moléculas durante o
macroscopia é muito importante, tal como todo o
processo de fixação e subsequentes manipulações, tais
processo histológico. Pode-se por exemplo, identificar
como o processamento e a impregnação. [1]
invasões macroscópicas de lesão e obstruções do hilo
Existem alguns parâmetros que são hepático. Tudo isto irá ajudar a classificar a patologia
determinantes para uma boa fixação, tais como o pH e associada. [3]
o tamanho dos espécimes na penetração dos fixadores.
[2]

A concentração iónica de um fixador deve ser METODOLOGIA

equilibrada, uma vez que o processo de morte celular é Para a realização desta atividade prática
acompanhado por modificações de pH que podem primeiramente fez- se a análise macroscópica do fígado
alterar a afinidade aos corantes e introduzir artefactos. e de seguida foram colhidos 4 fragmentos histológicos,
Por estes motivos, é indispensável que os fixadores com diferentes dimensões. Foram colhidos 3
1
2021/2022
fragmentos com 2 a 3 mm de espessura por 15 mm de microscópio e efetuou-se o respetivo controlo de
comprimento e 15 mm de largura e estes qualidade das preparações histológicas.
corresponderam aos fragmentos a). Foi ainda, colhido 1
O fragmento 3 foi colocado em formol não
fragmento com 5 a 6 mm de espessura por 15 mm de
tamponado e o fragmento 4 foi colocado em formol a 10
comprimento e 15 mm de largura e este correspondeu
% tamponado. Ambos os fragmentos foram colocados
ao fragmento b).
na solução fixadora cerca de 6 semanas (foram imersos
Antes de serem colhidos os respetivos dia 8 de outubro de 2021 e foram processados dia 18 de
fragmentos, efetuou-se a identificação das cassetes novembro de 2021).
amarelas respetivamente com a seguinte nomenclatura
Dia 18 de outubro de 2021 procedeu-se ao
C/ 11/ 21/ # 1.
processamento dos tecidos de acordo com o protocolo
O fragmento 1 correspondia a um dos estipulado. Dia 19 de outubro de 2021, efetuou-se a
fragmentos a) e foi colocado em formol a 10% inclusão dos fragmentos e dia 3 de dezembro de 2021
tamponado com a seguinte nomenclatura C/ 11/ 21/ 1. efetuou-se o corte, a coloração de Hematoxilina &
Eosina e por fim, a montagem das lâminas no meio
O fragmento 2 correspondia ao fragmento b) e
resinoso. Os fragmentos foram posteriormente
foi colocado em formol a 10% tamponado com a
observados ao microscópio e efetuou-se o respetivo
seguinte nomenclatura C/ 11/ 21/ 2.
controlo de qualidade das preparações histológicas.
O fragmento 3 correspondia a um dos
fragmentos a) e foi colocado em formol não tamponado
com a seguinte nomenclatura C/ 11/ 21/ 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O fragmento 4 correspondia a um dos Relativamente à descrição macroscópica, a peça


fragmentos a) e foi colocado em formol tamponado com foi orientada anatomicamente e fotografada, como é
a seguinte nomenclatura C/ 11/ 21/ 4. possível ver na Figura 1.

Os fragmentos 1 e 2 foram colocados na solução


fixadora cerca de 2 semanas (foram imersos dia 8 de
outubro de 2021 e foram processados dia 21 de
outubro).

Dia 21 de outubro de 2021 procedeu-se ao


processamento dos tecidos de acordo com o protocolo
Figura 1 – Fígado orientado anatomicamente com a face anterior a) e face
estipulado. Dia 22 de outubro de 2021, efetuou-se a posterior b)
inclusão dos fragmentos e dia 5 de novembro efetuou-
Tem-se uma peça de hepatectomia total,
se o corte, a coloração de Hematoxilina & Eosina e por
recebida a fresco, com 744,2 g e com 29,0 × 22,0 × 2,5
fim, a montagem das lâminas no meio resinoso. Os
cm (comprimento × largura × altura). A cápsula está
fragmentos foram posteriormente observados ao

1
Legenda da nomenclatura: 11 – Número do aluno
C – Turma 21 – Ano letivo
# - Número do fragmento
2
2021/2022
maioritariamente integra com uma área de 1,0 cm por
1,0 cm danificada e com algumas zonas hemorrágicas.
O parênquima hepático está aparentemente normal,
contendo também algumas zonas hemorrágicas.

Após o seccionamento do órgão não foram


encontradas lesões visíveis no parênquima.

A avaliação dos resultados obtidos após Figura 3 – Visualização ao microscópio da lâmina C/ 11/ 21/ 1 na objetiva
de 10 X
colheita de fragmentos, processamento, inclusão, corte
e coloração de Hematoxilina & Eosina fez-se através do Relativamente ao controlo de qualidade da
controlo de qualidade das preparações histológicas lâmina C/ 11/ 21/ 2, que correspondia a um fragmento
(Figura 2). com 5 a 6 mm de espessura por 15 mm de comprimento
e 15 mm de largura que foi imerso em formol a 10%
tamponado durante aproximadamente 2 semanas, foi
possível observar que o tecido se encontrava bem
corado e que a lâmina foi bem montada. É ainda
possível observar que este tecido se encontrava com
uma intensidade de coloração menor do que o tecido da
lâmina C/11/ 21/1, isto deve se ao facto de a última ter
Figura 2 – Preparações histológicas devidamente identificadas uma espessura menor, logo a difusão do corante no
tecido será maior relativamente ao tecido C/ 11/ 21/2.

Relativamente ao controlo de qualidade da


lâmina C/ 11/ 21/ 1, que correspondia a um fragmento
com 2 a 3 mm de espessura por 15 mm de comprimento
e 15 mm de largura, que foi imerso em formol a 10%
tamponado durante aproximadamente 2 semanas, foi
possível observar que o tecido se encontrava
fragmentado. Isto pode advir de diversas causas, a
Figura 4 – Visualização ao microscópio da lâmina C/ 11/ 21/ 2 na objetiva
primeira é que o tecido se pode ter descolado da lâmina de 4 x (A) e na de 10 X (B).
e se ter colado por cima, a segunda é que as passagens
em água quente podem não ter sido suficientes para
colar o tecido à lâmina, o corte pode ainda ter sido mal Relativamente ao controlo de qualidade da
feito e por fim poderiam existir também bolhas de ar por lâmina C/ 11/ 21/ 3, que correspondia a um fragmento
debaixo do fragmento e este não aderiu à lâmina. com 2 a 3 mm de espessura por 15 mm de comprimento
e 15 mm de largura, que foi imerso em formol não
tamponado durante 6 semanas, foi possível observar que
existiam algumas dobras e alguns depósitos de corante.
Ao fim de 6 semanas o pH do formol não tamponado
3
2021/2022
era de 4,9, é presumível que tenha existindo, durante as Ainda é importante salientar que o fígado é um
6 semanas, a oxidação do formaldeído em ácido fórmico tecido difícil de cortar e que é facilmente degradado. Por
(pH= 5) reduzindo assim a qualidade das colorações, ter sido a primeira peça em que existiu o contacto com
uma vez que a acidez promove a degradação dos a macroscopia, o tecido esteve mais tempo no processo
tecidos. [4] de seleção de fragmentos e face aos resultados
histológicos obtidos, também é presumível que o tecido
tenha sido macerado durante o processo de disseção.

CONCLUSÃO

Com esta atividade prática é possível concluir


que é de extrema importância a utilização do formol a
Figura 5 – Visualização ao microscópio da lâmina C/ 11/ 21/ 3 na objetiva 10% tamponado na técnica histológica e que a espessura
de 4 x (A) e na de 10 X (B).
dos fragmentos deve de estar entre 2 a 3 mm de modo a
que o corante consiga fazer a difusão homogénea no
Relativamente ao controlo de qualidade da tecido.
lâmina C/ 11/ 21/ 4, que correspondia a um fragmento
com 2 a 3 mm de espessura por 15 mm de comprimento
e 15 mm de largura que foi imerso em formol REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
tamponado durante 6 semanas, foi possível observar que
[1] Bancroft, J., Layton, C. e Suvarna, K. Bancroft's
o tecido se encontrava fragmentado. Isto pode advir de
Theory and Practice of Histological Techniques (7th
diversas causas, a primeira é que o tecido se pode ter
Edition). Elsevier. 2012. ISBN-13: 978-0702042263 /
descolado da lâmina e se ter colado por cima, a segunda
ISBN-10: 0702042269
é que as passagens em água quente podem não ter sido
suficientes para colar o tecido à lâmina, o corte pode [2] Pinto, I., C, N, V, B. Avaliação de novos fixadores

ainda ter sido mal feito e por fim poderiam existir em Anatomia Patológica. Universidade de Aveiro

também bolhas de ar por debaixo do fragmento e este Departamento de Biologia (2010). Disponível em:

não aderiu à lâmina. Ao fim de 6 semanas o pH do https://ria.ua.pt/bitstream/10773/8776/1/6215.pdf

formol tamponado era de 7,28. [3] Manual de Macroscopia. Centro Hospitalar São João
Serviço de Anatomia Patológica (2012).

[4] Liberal, J. Histotecnologia I. Aula 3- Teórica. 2021-

2022.

Figura 6 – Visualização ao microscópio da lâmina C/ 11/ 21/ 4 na objetiva de 4 x

Você também pode gostar