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Yersinia Pestis

PARTICIPANTES: ADELMIR ARAÚJO

                            BRUNO LOPES

                            CLAUDETE OLIVEIRA

                            MELISSA DOS REIS


Introdução e História

 A peste, causada pelo patógeno bacteriano Yersinia


pestis, é reconhecida por médicos e populações como
uma entidade nosológica única há séculos, porque é a
única doença caracterizada por gânglios linfáticos
inchados (chamados de bubões) a causar epidemias
mortais. 

  É uma doença zoonótica estabelecida em focos


estáveis nas Américas, África e Eurásia. 

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Na Europa apareceu três pandemias de peste: 
1. conhecida como Peste Justiniana, 
2. durou de 1346 ao século XVIII, chamado período de “Peste Negra” 

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3. provavelmente começou em 1772 na província chinesa de Yunnan e se espalhou pelo mundo na
véspera do século 20. 

A infeção por Y. pestis pode causar cinco formas principais de peste: 


• a peste bubônica,
• septicêmica,
• pneumônica,
• meníngea e
• faríngea. 
 Além disso, Y. pestis pode causar ulceração da pele em sua porta de entrada, relatada como carbúnculos

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e úlceras, juntamente com pústulas, manchas, petéquias, hematomas e gangrena. 

 A etiologia da peste foi resolvida em 1894 em Hong Kong pelo médico suíço-francês Alexandre Yersin,
que era filiado ao Instituto Pasteur e que também contribuiu para a resolução de parte do ciclo de
transmissão de Y. pestis envolvendo o rato (Rattus rattus) e suas ectoparasitas (Xenopsylla cheopis). 
 É um bacilo ou coccobacillus Gram-negativo
Microbiologia
da Peste Anaeróbio facultativo, não móvel e não esporulado

 Cresce dentro de 24 a 72 h a uma faixa de temperatura de 4 a 40


°C (ótimo, 28 a 30 °C) a pH 7,4

  Y. pestis se espalha através da linfa e vasos sanguíneos para o


baço e fígado e causa septicemia 

 Disseminação nos pulmões (resultando em peste pneumônica


secundária), meninges e líquido cefalorraquidiano (causando
meningite). 

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Fontes
naturais de
Y.  pestis

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Y. pestis no solo

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 Alexandre Yersin em 1894 escreveu que havia isolado uma cepa atenuada de Y.
pestis num solo de 4 a 5 cm abaixo da superfície de uma casa que era o lar de
vítimas da peste em Hong Kong e após fazer colheitas e experimentos com solos
de outras casas cujo donos também estavam infetados a peste foi considerada na
época como sendo causada por uma bactéria telúrica do solo contaminado por
fezes de ratos ou outros animais infetados
Y. pestis e protozoários

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 Com base em estudos de ecologia do solo na Rússia, suspeitava-se que Y. pestis
poderia se envolver em interações intracelulares com cistos de protozoários e
algas verde-azuladas (anteriormente cianobactérias), permitindo a preservação a
longo prazo no solo, assim várias amebas, pertencentes principalmente ao gênero
Acanthamoeba (incluindo A. castellani), os estudos experimentais demostraram a
sobrevivência e replicação da Y. Pestis nesses protozoários.
Y. pestis em animais

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 Mais de 200 espécies de mamíferos (principalmente roedores) podem ser
infetados
 Cães podem apresentar peste pneumônica primária e atuar como fonte de
contaminação em humanos, além disso, os gatos domesticados podem ser
infetados após a caça e o consumo de presas selvagens infetadas, como roedores,
ou por picadas de pulgas. Animais selvagens, gado e animais domesticados são,
portanto, fontes de praga para outros animais e seres humanos que vivem em
contato com eles.
A transmissão de um hospedeiro para outro baseia-se
Transmissão

principalmente em picadas de pulgas infetadas,
induzindo gânglios linfáticos aumentados e dolorosos
da praga  típicos, referidos como bubões, seguidos de
disseminação septicêmica do patógeno. 
 A inalação de gotículas após contato próximo com
mamíferos infetados induz a peste pneumônica
primária. 
 O consumo de carne crua contaminada causa peste
faríngea e gastrointestinal. 

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Transmissão de Y. pestis para populações animais: 

 Solo contaminado com Y. pestis pode ser


uma fonte de infeção em mamíferos.

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 transmitida por pulgas em populações animais:
A transmissão interanimal pode ser realizada por ectoparasitas animais, e aproximadamente 80 espécies

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de pulgas são listadas como vetores comuns de Y. pestis. Paul-Louis Simond fez vários estudos e
experiências com ratos e pulgas e descobriu bacilos da peste em intestinos de pulgas de ratos em Cutch-
Mandvi, Índia.

E concluiu que a transmissão da peste de rato para rato, de rato para humano e de humano para humano
poderia ser mediada por pulgas de qualquer tipo.

Existem duas principais vias de transmissão da peste por pulgas: 


- Fase inicial ou transmissão em massa (EPT)
- “transmissão dependente de biofilme”
- Fase inicial ou transmissão em massa (EPT) - foi descoberta entre 1904 e 1947. Foi demonstrado que
de 3 h a 7 dias após a infeção e antes do bloqueio, a pulga tem a capacidade de infetar um animal
saudável durante sua próxima refeição de sangue. 

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Duas limitações principais das implicações da fase inicial/transmissão em massa foram propostas por
Hinnebusch et al.: 
1. uma concentração de inóculo superior a 10 8 bactérias/ml, necessária para uma transmissão efetiva;
2. o número de bactérias transmitidas individualmente por cada pulga é extremamente baixo. 
Por isso Fase inicial ou transmissão em massa é eficaz apenas em um hospedeiro altamente sensível. 
- “transmissão dependente de biofilme”, foi descrito em artigos de 1914 e 1915 por Bacot e Martin
demonstrando a capacidade vetorial de bloquear X. cheopis e Ceratophyllus fasciatus em ratos: as
pulgas podem desenvolver um biofilme bacteriano na válvula proventricular do intestino médio de 1 a 3
dias após a ingestão. 

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• O biofilme bloqueia parcialmente ou completamente o intestino médio de modo que as pulgas não
possam mais se alimentar e morram. 

• A capacidade vetorial das pulgas bloqueadas é muito maior do que a experimentada durante o EPT. 

• Os fatores que supostamente influenciam o bloqueio e a eficiência da transmissão incluem baixa


temperatura, sazonalidade, as espécies de pulgas envolvidas e sua morfologia proventricular e
frequência de alimentação. 
Transmissão de Y. pestis para populações humanas: 

mordidas de animais e
consumo de carne animal e Por contato indireto mediado
contato com carcaças de
seus derivados: forma principalmente pelo contato de
animais: peste bubônica. 
reemergente de transmissão de ectoparasitos de animais. 
peste zoonótica.

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Diferentes rotas de transmissão inter-
humana e infecção humana a partir de
fontes de peste. como transmissão por
aerossol, consumo de carne crua ou mal
cozida, contaminação transcutânea por
esfola de carcaça e picadas de pulgas não
humanas. 
Uma vez infectados os seres humanos, a
transmissão inter-humana efetiva pode
ocorrer por meio de aerossóis (no caso da
peste pulmonar) e ectoparasitas humanos,
como piolhos do corpo e da cabeça e
pulgas humanas ( P. irritans ).

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 Transmissão de aerossóis: Uma vez que o Y. pestis tenha sido introduzido em uma
população humana, ele pode ser transmitido de um paciente com peste pneumônica para
outros indivíduos por meio da transmissão por gotículas. 

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 Ectoparasitas humanos (piolho humano): os piolhos humanos podem ser um vetor eficaz
da peste devido à sua presença contínua no corpo humano ou nas roupas. 

Pediculose
 Pulgas humanas (P. irritans): foi demonstrado que P. irritans digere sua refeição
de sangue rapidamente e defeca grandes quantidades de fezes contendo Y.

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pestis virulento logo após a alimentação para se livrar da infeção. A transmissão
de ectoparasitos humanos por meio de fezes infetadas é atualmente a hipótese
mais parcimoniosa para explicar a transmissão inter-humana antiga e moderna da
peste.
              Peste no século 21

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 A história natural da peste é moldado  Nas últimas décadas, 21 países
pelo tempo e pela geografia. Mas espalhados pelas Américas, África e
desde 2005 deixou de ser uma Ásia relataram um total de 26.237
doença notificada pela OMS , excetos casos de peste. A África
casos de peste pulmonar e casos experimentou o maior número de
documentados em países onde a casos de peste em todo o mundo
doença não é endêmica. (97%)
                Peste no século 21

 As pulgas Xenopsylla são considerados


fatores-chave em Madagascar • Em 2017,
foram avaliado 2.400 casos, de entre eles 32
casos foram confirmados microbiológicos •

  Algumas característica comuns são


associado a zonas rurais de baixa densidade
e zona áridas ou (pouca ou nenhuma
humidade) 

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Seus aspetos dependem parcialmente da via de
contaminação de pessoas de todas as idades e os sexos são
suscetíveis à peste, embora casos de peste tenham sido
relatados em crianças,  nas ultimas décadas.

             ASPECTO  Além disso, a peste é uma causa de casos


agregados de linfonodos febris aumentados que podem 
CLINICO ser confundidos com tularemia, mas levam a
um diagnóstico inequívoco em uma situação epidêmica 
mortal.

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             Aspetos Clínicos

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      A peste bubônica        A peste septicêmica
 bubônica responde rapidamente  pode ser primária, na ausência de
geralmente à terapia antibiótica bubões, ou secundária a uma forma
apropriada (reduzindo a mortalidade bubônica e é caracterizada por
de 60% para 5%) toxemia rapidamente progressiva e
dominadora
                  Aspeto clinico
 O diagnóstico da peste permanece tedioso, na  sua fase precoce é mais facil 

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de começar o tratamento.
Ex: antibiioticos. 

 As amostras clínicas podem ser manuseadas em um laboratório de nível 2 de


biossegurança, mas é obrigatório realizar o isolamento, a cultura e a manipulação de
Y. pestis em um laboratório de nível 3 de biossegurança
Prevenção

 As medidas de prevenção primária antes da exposição potencial a Y. Pestis podem


incluir a prevenção de áreas com epidemia da peste conhecida.

 Em relação aos ectoparasitas potencialmente contaminados(Pessoas devem evitar o


contacto com pulgas dos roedores doentes)

 vestir-se com roupas de proteção, usar repelentes para evitar a exposição a


ectoparasitas quando ao ar livre e aplicar repelente de insetos contendo dietiltoluamida
nas pernas e tornozelos.

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Foi desenvolvidas vacinas e administradas para prevenir a peste mas estes causam

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efeitos colaterais e não existe evidencias sobre a eficácia na prevenção da peste
negra. 

Embora uma vacina viva atenuada seja usada em alguns países, como a China e a
Rússia , atualmente não há vacina recomendada pela OMS para prevenir a peste.

A prevenção secundária no caso de exposição potencial a Y. pestis baseia-se na


administração de tetraciclina  as pessoas que são picadas por pulgas durante um
surto local.
Numa situação de acidente em massa, recomenda-se a terapia oral com

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doxiciclina, tetraciclina ou ciprofloxacina.

A prevenção da transmissão de humano para humano de pacientes com


peste negra deve ser alcançada através da manutenção de casos
confirmados e suspeitos .

Além disso, o uso de aventais, luvas, máscaras cirúrgicas e proteção


ocular é altamente recomendado para impedir a propagação da doença.
 O controle da peste baseia-se em parte na vigilância ativa de animais, como carnívoros
selvagens, ou seja estes são infetados através  de ingestão de carcaças infetadas.

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  Portando, devem der considerados como indicador de transmissão as populações de
roedores que por sua vez transmitem ao seres humanos por meios de pulgas.

 Em áreas epidémicas, é obrigatório eliminar alimentos e abrigo para roedores em torno


de casas, locais de trabalho e certas áreas de recreação, como locais de piquenique ou
acampamentos.

 . A vigilância ativa a longo prazo dos focos de peste, juntamente com a rápida resposta
dos profissionais de saúde durante as epidemias, ajuda a reduzir com sucesso os casos
humanos.
 As chaves para o tratamento bem-sucedido da peste são o
reconhecimento precoce e a administração oportuna de
antibióticos eficazes.

 Se a administração de antibióticos eficazes e terapias for


Tratamento: adiada por mais de 24 h, geralmente esta doença será
fatal para os pacientes.

 A maioria dos isolados de Y. pestis em todo o mundo é


sensível à estreptomicina; no entanto, uma cepa
multirresistente (MDR) foi isolada em Madagascar.

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 A maioria dos casos humanos pode ser tratada com sucesso com
antibióticos eficazes, de acordo com a recomendação dos Centros de
Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).

 . A estreptomicina ou a gentamicina são as opções mais utilizadas e caso


estes não estejam disponíveis são administrados com tetraciclina ou
doxiciclina.

 O tratamento deve ser mantido por 10 dias e a taxa de sucesso, quando


iniciado precocemente, é de mais de 90%.

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 De acordo com OMS os antibióticos que são comumente usados contra
Enterobacteriaceae, como estreptomicina, gentamicina, doxiciclina, e
cloranfenicol, são comprovadamente eficazes contra a peste se administrado

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prontamente.

 Os tratamentos com antibióticos devem ser continuados por 10 a 14 dias, e a


melhora é clinicamente evidente 2 a 3 dias após o início do tratamento com
antibióticos.

 A  taxa de sucesso do tratamento, quando iniciado precocemente, é de mais de


90%.

 Os pacientes contaminados devem ficar em isolamento respiratório durante


as primeiras 48 horas de tratamento antibiótico para prevenir a contaminação de
outras pessoas
              Conclusão

 Y.pestis está entre os patógenos humanos oportunistas das antigas e mais mortai
s relatados;

 A contaminação humana de fontes selvagens pode ocorrer por picadas de pulgas 
e carrapatos, contato transcutâneo, inalação de aerossóis ou ingestão oral;

 Os dados atuais indicam que
a epidemiologia da peste é extremamente complexa porque está intrinsecamente
ligada a um determinado ambiente e tempo.

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