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A Origem Zoonótica dos

Agentes Etiológicos da Aids


Walter A. Eyer-Silva
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Os dois agentes etiológicos da Aids descen- vezes com resultados catastróficos11. O aumen-
dem de lentivírus, que infectam sem causar do- to da mobilidade das populações humanas; as
ença, embora, por uma questão de similaridade mudanças demográficas; a exploração do meio
genética e estrutural com o HIV, sejam chama- ambiente; o desleixo com a pesquisa em
dos de vírus da imunodeficiência símia (SIV), infectologia; a grande habilidade de adaptação
seus hospedeiros naturais há centenas de milha- de alguns agentes a ambientes em constante mu-
res, talvez até milhões, de anos1,2. Como expli- tação; as mudanças climáticas, as mudanças
car que variantes distintas de SIV, oriundas de comportamentais humanas; as alterações de
hospedeiros símios diferentes, cada qual com hábitat; um aumento do contato com animais em
seu hábitat natural, aos quais a espécie humana seu hábitat natural, inclusive primatas não-huma-
expôs-se ao longo de milênios3, puderam desen- nos; além do desenvolvimento de procedimen-
volver-se em vírus de grande potencial de disse- tos médicos como transfusão sangüínea,
minação epidêmica e introduzir-se nas vacinação, alotransplantes e xenotransplantes,
populações humanas quase simultaneamente no são condições que podem favorecer a emergên-
século XX, e não antes? cia de novas doenças infecciosas do homem11.
O HIV-1 foi introduzido nas populações hu- Atualmente, encontramos o HIV-1 entre os
manas através de ao menos três transmissões três agentes etiológicos responsáveis pelo maior
zoonóticas do SIVcpz, cujo hospedeiro natural número de mortes em todo o mundo, acompa-
é o chipanzé Pan troglodytes, mais precisamen- nhado do Plasmodium falciparum e do Myco-
te o Pan troglodytes troglodytes, uma de suas qua- bacterium tuberculosis 12 . A cronologia da
tro subespécies que ocorre, ameaçada de colonização humana por estes agentes difere
extinção, na África equatorial ocidental4,8. Há em larga escala. Os dois últimos são causas de
uma coincidência geográfica entre o hábitat na- doenças humanas milenares, descritos na se-
tural do P. t. troglodytes e as regiões onde se ob- gunda metade do século XIX pelo francês
servam infecções humanas pelos três grupos Alphonse Laveran (1845-1922) e pelo alemão
conhecidos de HIV-1, bem como a maior diver- Robert Koch (1843-1910), respectivamente. Os
sidade de variantes representativas do grupo M, primeiros casos humanos de tuberculose prova-
responsável pela pandemia2,4,9,10. velmente resultaram da ingestão de carne ou
Albert Osterhaus, do Instituto de Virologia da leite contaminados com o M. bovis (ou uma sua
Erasmus University Rotterdam, recentemente variante), endêmico em mamíferos já no perío-
reviu as condições que durante o curso das últi- do paleolítico, muito antes do surgimento das
mas décadas podem ter tornado a espécie huma- primeiras aglomerações humanas em vilas ou
na ainda mais vulnerável à emergência de novos aldeias13. O advento dos primeiros ajuntamen-
agentes infecciosos como resultado da transpo- tos humanos com mais de 25.000 habitantes e,
sição da barreira interespécies que separa o hos- mais adiante, sua posterior associação com a
pedeiro natural do hospedeiro humano, algumas pobreza generalizada da Europa feudal e as mu-
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Capítulo 5 41
danças demográficas e sociais da chamada Revolução In- sido as amplas oportunidades de exposição humana a san-
dustrial propiciaram as condições necessárias para o sur- gue ou secreções mucosas de primatas não-humanos du-
gimento e disseminação epidêmica do M. tuberculosis, rante atividades, como a caça e o abate, ou mesmo o
provavelmente como um mutante do M. bovis. Também a consumo de carne crua ou malpassada2,27. Há exemplos do-
malária surgiu com a aurora da humanidade, presumivel- cumentados de transposição interespécie de SIV entre
mente na África tropical14,15. Tornou-se endêmica desde as primatas não-humanos na natureza28, de infecção ocupa-
primeiras comunidades agrícolas, para se disseminar e cional de seres humanos com cepas de SIV29 e de transmis-
estabelecer em civilizações ribeirinhas da Mesopotâmia, da são de HIV-1 através de mordida humana 30 . Se a
Índia, da China e do vale do Nilo, de onde alcançou as costas transferência natural pode ocorrer durante a exposição a
mediterrânicas. Tanto a tuberculose como a malária in- sangue ou excreções de primatas não-humanos durante a
fluenciaram, de forma significativa, a evolução genética caça, abate ou outras atividades, a pergunta que surge en-
humana. Algumas formas de hemoglobinopatia, por exem- tão é por que a epidemia de Aids só emergiu na segunda
plo, conferem proteção contra as apresentações graves de metade do século XX27.
malária causada pelo P. falciparum16. A alta prevalência na (Um ponto que está por merecer maior atenção da comu-
África subsaariana da mutação falcêmica no códon 6 da cadeia nidade científica é a hipótese de que a transposição da barrei-
β da hemoglobina foi mantida ao longo das gerações ape- ra interespécies, ou a amplificação de seu efeito, possa ter
sar da extrema gravidade clínica do seu genótipo homo- ocorrido através da contaminação em série de seres humanos,
zigoto (HbAS)15. A pressão seletiva da tuberculose também quando da administração parenteral de medicamentos e vaci-
resultou na retenção de genes humanos protetores17. nas. Em diversas circunstâncias, tais eventos podem ter ocor-
Já a história de pandemia do HIV-1 é bem mais recen- rido em épocas suficientemente remotas para constarem nos
te e somente veio à tona em 198118,20. O primeiro caso de atuais bancos de dados eletrônicos31. Antes da disponibilida-
infecção pelo HIV-1, que hoje se tem conhecimento, data de da penicilina, por exemplo, vários institutos buscaram a
do início de 1959: um paciente do sexo masculino, de ori- cura da neurossífilis com a inoculação parenteral de
gem banto, habitante de Leopoldville, atual Kinshasa, na plasmódios de primatas não-humanos. Durante os esforços de
República Democrática do Congo, ex-Congo Belga21. Sabe- erradicação da malária, buscou-se determinar se primatas
se que ele apresentava deficiência de glicose 6-fosfato não-humanos podiam representar reservatórios de plasmódios
desidrogenase e era portador de traço falcêmico: ele mes- capazes de causar malária humana. Em bizarros experimen-
mo, portanto, descendente de gerações e gerações de afri- tos, inoculou-se em humanos sangue destes animais, inclusi-
canos submetidos à pressão seletiva da malária. ve de Cercocebus torquatus atys, hospedeiro natural do
Diversas linhas de evidência sugerem que, no início da SIVsm, um vírus indistinto do HIV-224,31. Pode-se listar uma
década de 80 do século XX, a Aids era, ao menos em seu série de campanhas de injeção em massa conduzidas durante
estágio epidêmico, uma nova entidade nosológica na Áfri- o século XX, especialmente na África central e ocidental, em
ca. A revisão dos prontuários de hospitais belgas e france- que a norma era a administração de vacinas e medicamentos
ses, para onde os pacientes africanos de melhor poder por pessoal pouco qualificado usando procedimentos não-esté-
aquisitivo se dirigiam em caso de doença grave, demons- reis24. Um exemplo dramático de epidemia iatrogênica na Áfri-
trou que a Aids só se tornou comum após 198022. Os resul- ca é a prevalência da hepatite C no Egito, a maior do planeta,
tados de entrevistas com clínicos de ampla prática no associada a campanhas de tratamento parenteral da
esquistossomose com derivados antimoniais32. Mesmo fora das
continente africano durante as décadas de 60 e 70 do re-
campanhas de injeção em massa, o uso excessivo e
ferido século sustentavam que seria a Aids reconhecida
inapropriado de medicações parenterais parece ser um grande
como uma entidade clínica, se existisse além de casos ra-
problema em regiões subsaarianas. Estudos etnográficos mos-
ros ou esporádicos. Mesmo que fosse largamente limitada
travam que, na década de 60 do século XX, cerca de 80% das
às comunidades rurais, a Aids dificilmente deixaria de ser
residências de Uganda dispunham de sua própria seringa par-
detectada no ambiente urbano em razão da grande mobi- ticular24. Em Muanza, no início da década de 90 do referido
lidade das populações africanas22. Um dos médicos envol- século, mostrou-se que um quarto dos pacientes que procura-
vidos na investigação dos casos de Ruanda trazia a va auxílio médico recebia medicações intramusculares e que
experiência de cerca de 300 esofagoscopias ao ano desde uma variedade de bactérias patogênicas podia ser recuperada
1979 e notou uma afluência marcante de candidíase de cerca de 40% das agulhas e seringas “esterilizadas.”)33
esofagiana apenas a partir de meados de 198323.
E, quando a transposição da barreira interespécies re-
Marx et al.24 lembram-nos que, se os agentes etiológi- sulta em catástrofes, como a pandemia de Aids, ganha re-
cos da Aids estivessem circulando em populações huma- levo a questão mesma de qual é afinal a origem das doenças
nas antes do século XX, o tráfico negreiro, concentrado infecciosas, qual a origem de sua patogênese, de sua capa-
nas mesmas áreas onde surgiram o HIV-1 e o HIV-2, teria cidade em ceifar vidas humanas. Lederberg34 explica que
oferecido ampla oportunidade, ao longo dos séculos, para o ponto de partida axiomático para respondermos a estas
a sua emergência. E não teriam sido os únicos retrovírus questões é o simples reconhecimento de que os seres humanos,
humanos disseminados desta forma: evidências filogenéti- os outros animais, as plantas, os micróbios, são todos co-ha-
cas incriminam o comércio escravista como introdutor do bitantes do planeta. E que, embora alguns micróbios de fato
subtipo A do HTLV-I (dito subtipo cosmopolita) no Novo demonstrem grande potencial em reciclar nossa matéria de
Mundo25,26. volta à geosfera, o passo mais sofisticado para administrar-
A hipótese da transposição natural propõe que a expli- mos as instabilidades de co-habitação será o abandono da
cação mais simples e plausível para a introdução nas po- posição maniqueísta tipo nós bons, eles maus e entender-
pulações humanas dos agentes etiológicos da Aids tenha mos que, em longo prazo, os micróbios estão interessados
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42 Capítulo 5
na nossa sobrevivência. E nos lembra da mitocôndria, o pessoas e tinham contato apenas ocasional com outros
mais bem-sucedido de todos os micróbios34. grupos humanos. Sob essas circunstâncias, os patógenos
Posto que nosso destino é co-habitar com os micró- que causam doença aguda, mas não conseguem persistir no
bios e que devemos administrar as instabilidades desta co- hospedeiro humano, não têm chances de sobreviver e dis-
habitação, talvez seja útil entender qual é a origem dos seminar-se. Para se sustentarem nas populações humanas,
patógenos humanos. Acompanham-nos desde a emergên- os patógenos precisam constantemente encontrar novos
cia de nossos ancestrais primatas ou colonizaram-nos pos- hospedeiros suscetíveis e não-imunes. Dessa forma, pare-
teriormente, transpondo recentemente a barreira in- ce plausível que o evento das doenças epidêmicas só se tor-
terespécies? Robin Weiss35 aposta nas duas respostas: al- nou possível com nossa evolução de agrupamentos
guns agentes provavelmente co-evoluíram com a espécie isolados de caçadores-coletores errantes para comunidades
humana e outros transpuseram a barreira interespécies há maiores, de vida mais fixa e dependente da agricultura e
relativamente pouco tempo. da administração de rebanhos. Tomemos aqui o sarampo
como exemplo. Foi provavelmente com as primeiras
Os agentes que nos acompanham desde outras etapas
domesticações de caprinos no Crescente Fértil, há cerca de
de nossa evolução como espécie tipicamente são de baixa
sete a oito mil anos, que o vírus do sarampo transpôs a bar-
virulência, causam doença grave apenas em uma pequena
reira interespécies. O sarampo não teria como manter-se
parcela dos expostos, provocam manifestações das quais a
em agrupamentos humanos isolados, pois deixa seus so-
maioria dos acometidos se recupera sem seqüelas e/ou
breviventes imunes e depende constantemente de novos
causam doença em hospedeiros de idade mais avançada. E,
hospedeiros suscetíveis35,39,40.
quando causam doença, a melhora das manifestações clí-
nicas não significa necessariamente erradicação da infec- A esta habilidade exposta por um agente infeccioso em
ção. Tomemos, por exemplo, o vírus Epstein-Barr, o agente se manter em uma população específica de hospedeiros,
etiológico da mononucleose infecciosa heterófilo-positiva. chamamos número reprodutivo básico ou R0. A compreen-
Este agente infecta quase a totalidade da população mun- são de seu significado pode nos ajudar a entender por que
dial ainda na infância ou adolescência, em geral de forma a pandemia de Aids não é um fenômeno anterior à segun-
subclínica, coloniza os linfócitos B, carreia consigo uma da metade do século XX. Essa taxa é essencialmente o nú-
bateria de genes que favorece a proliferação celular e per- mero médio de novas gerações bem-sucedidas que um
siste indefinidamente no organismo, evadindo a vigilância organismo, homem, sapo, peixe ou pulga, consegue gerar na
das células T citotóxicas36. Ocasionalmente, a infecção ausência de superpopulação ou outros efeitos dependentes
pelo vírus Epstein-Barr pode cursar com graves manifesta- da densidade populacional41. Em termos epidemiológicos,
ções clínicas, como ruptura esplênica, trombocitopenia R0 também pode ser chamado de taxa de infecção secun-
grave que leva à hemorragia cerebral, síndrome de dária, o número médio de novas infecções que resultam da
Guillain-Barré e mononucleose infecciosa fatal, além de uma introdução de um indivíduo infectante em uma população
variedade de desordens linfoproliferativas resultantes do de suscetíveis42.
desarranjo da replicação celular. Há toda uma família de Segue-se que a infecção não pode sustentar-se quando
vírus homólogos ao Epstein-Barr que infectam hospedei- R0 < 1 e poderá manter-se quando R0 > 1. Pode-se supor, por
ros primatas não-humanos do Novo e do Velho Mundo37 exemplo, que as febres hemorrágicas causadas pelos vírus
com divergências filogenéticas entre si que tendem a Lassa e Ebola, causas esporádicas de surtos letais, apresen-
acompanhar as divergências filogenéticas de seus próprios tam, no presente momento, um R0 < 1 para as populações
hospedeiros primatas. O vírus Epstein-Barr é, portanto, um humanas, sendo mantidas por um R0 > 1 em reservatórios
agente infeccioso que co-evoluiu com a espécie humana e, animais41.
em conjunto com seus homólogos símios, proporciona-nos A dinâmica da disseminação das doenças sexualmente
uma oportunidade de examinar como a natureza desenvol- transmissíveis pode ser estudada aplicando o modelo mate-
ve estratégias de co-habitação persistentes, embora nem mático R0 = ßcD. ß é a probabilidade média de que um hos-
sempre pacíficas37. pedeiro infectado vá transmitir a infecção. Seu valor pode
Os agentes do segundo grupo são os responsáveis pelo variar grandemente, dependendo do estágio desta. No caso
que chamamos de zoonoses. Aqui, temos a. patógenos da infecção pelo HIV, a alta infectividade durante a infecção
cujo reservatório pode ser um animal, como os agentes da primária desempenha papel da maior relevância na manu-
raiva e da leptospirose; b. patógenos que possuem um ani- tenção da epidemia. D representa a duração média da
mal como vetor, como o protozoário da malária e os vírus infectividade. A sustentação da epidemia depende de c, o
da dengue e da febre amarela; além de c. patógenos de pro- número médio de novos parceiros, bem como de sua diver-
vável origem animal que se estabeleceram em populações sidade, por unidade de tempo. Daí a importância de com-
humanas e abandonaram seus hospedeiros animais origi- preendermos a estrutura das malhas sociais de interação sexual
nais, como os agentes da tuberculose e da varíola (oriun- para o controle da epidemia de Aids. De forma que R0 pode
dos provavelmente de hospedeiros ruminantes), do variar dependendo de um grande leque de circunstâncias.
sarampo (oriundo provavelmente de hospedeiros Dito de outra forma, a emergência e persistência de
caprinos) e os agentes etiológicos... da Aids38. novas doenças infecciosas, como a Aids, envolvem muito
Mas uma coisa é um patógeno lograr transpor a barrei- mais do que simplesmente sabermos de onde vieram41.
ra interespécies, outra muito diferente é conseguir manter- Talvez os contatos com os primatas não-humanos, hospe-
se de forma bem-sucedida no novo hospedeiro. Donde deiros naturais de uma variedade de lentivírus, não se te-
Robin Weiss38 conclui que o evento das epidemias é rela- nham dado com uma freqüência suficiente para tornar
tivamente recente na história humana, pois nossas primei- possível a transposição da barreira interespécies antes do
ras comunidades contavam com um número limitado de século XX. Mas uma explicação alternativa e bem mais
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Capítulo 5 43
convincente seria a alteração do valor de R041. Se ao longo 13. Bates JH, Stead WW. The history of tuberculosis as a global
daquele século ocorreram alterações na taxa de aquisição epidemic. Med Clin North Am, 77:1205-17, 1993.
de novos parceiros sexuais, resultantes talvez da maior cir- 14. Day KP. Malaria: a global threat. In: Krause RM, ed. Emerging
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conjunto com outros padrões de movimentação humana, 15. Carter R, Mendis KN. Evolutionary and historical aspects of
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político-sociais, então o aumento da taxa de aquisição de 16. Hill AVS. Human genetics and infection. Mandell, Douglas
novos parceiros sexuais, quando comparada à das primei- and Bennett’s Principles and Practice of Infectious Diseases.
ras décadas do século XX, pode resultar em substanciais 4ª ed., Philadelphia: Churchill Livingstone, 2000.
elevações de R0 e na persistência da infecção nas populações 17. Bloom BR, Small PM. The evolving relation between
humanas. Exatamente o que, há pouco, Albert Osterhaus humans and Mycobacterium tuberculosis. N Engl J Med,
expôs com outras palavras11. 338:677-8, 1998.
As circunstâncias que envolveram o advento da pande- 18. Pneumocystis pneumonia — Los Angeles. MMWR Morb
mia de Aids permanecem em larga escala desconhecidas Mortal Wkly Rep, 30:250-2, 1981.
apesar dos enormes avanços dos últimos anos. Respostas 19. Follow-up on Kaposi’s sarcoma and Pneumocystis pneumo-
de quando, onde e como seus agentes etiológicos foram in- nia. MMWR Morb Mortal Wkly Rep, 30:409-10, 1981.
troduzidos nas populações humanas, e por que um deles lo- 20. Kaposi’s sarcoma and Pneumocystis pneumonia among
grou disseminar-se de forma pandêmica não são meras homosexual men. New York City and California. MMWR
curiosidades científicas. Como bem frisou Julian Cribb43, a Morb Mortal Wkly Rep, 30:305-8, 1981.
compreensão das origens da Aids deve ser buscada pelo 21. Zhu T, Korber BT, Nahmias AJ, Hooper E, Sharp PM, Ho DD.
menos por dois bons motivos. Em primeiro lugar, não há An African HIV-1 sequence from 1959 and implications for
catástrofe humana que deva ser deixada por investigar; é es- the origin of the epidemic. Nature, 391:594-7, 1998.
sencial que saibamos evitar tais calamidades no futuro. Em 22. Biggar RJ. The Aids problem in Africa. Lancet, 1:79-83, 1986.
segundo lugar, o conhecimento das origens pode, algumas
vezes, iluminar caminhos para solucionar o problema43. 23. Van de Perre P, Rouvroy D, Lepage P et al. Acquired immu-
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Capítulo 5 45
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