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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE ODONTOLOGIA
CENTRO DE PESQUISAS EM ODONTOLOGIA SOCIAL

CURSO DE PACIENTES COM NECESSIDADES ESPECIAIS

Módulo 3
GESTANTES
DRª FERNANDA FRANCO
ME. ALINE MACAREVICH CONDESSA
GESTAÇÃO É CONDIÇÃO ESPECIAL PARA
ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO?
GESTANTES
ONDE A GESTANTE DEVE SER ATENDIDA?

Gestantes de baixo risco podem e devem ser atendidas na atenção

primária, nas UBS devendo ser inseridas na rotina do pré-natal.

Gestantes de alto risco devem ser encaminhadas ao CEO, com o

acompanhamento do CD da equipe de referência.


GESTAÇÃO DE ALTO RISCO
Gestação, parto e puerpério de risco são situações nas quais a

mulher apresenta complicações no seu estado de saúde por

doenças preexistentes ou intercorrências da gravidez no parto

ou puerpério, geradas tanto por fatores orgânicos quanto por

fatores socioeconômicos e demográficos desfavoráveis.

PORTARIA Nº 1.020, DE 29 DE MAIO DE 2013


TERATOGENICIDADE
• Pode causar desenvolvimento anormal do embrião ou feto;
• Depende do tempo gestacional, da dose e da suscetibilidade
da mãe e do feto;
• Malformações da face: entre o 20º dia e a 12ª semana de vida
intrauterina.
AGENTES TERATOGÊNICOS
• Tabaco • Agentes infecciosos

• Álcool – Toxoplasmose
– Sífilis
• Medicamentos
– Rubéola
• Drogas ilícitas
– Citomegalovírus
Tabaco
• Parto prematuro

• Fenda nasolabial

• Efeito adverso no desenvolvimento mental

• Complicações na gravidez: baixo peso ao nascer, ruptura


da placenta, placenta prévia, aborto espontâneo, atraso
no desenvolvimento neuropsicomotor, distúrbios de
comportamento, entre outros.
Álcool
• Efeito dose-dependente;
• Álcool cruza a barreira placentária;
• Alterações físicas, cognitivas e comportamentais;
• Síndrome Alcoólica Fetal (SAF):
– Déficit de crescimento;

– Alterações faciais;

– Anormalidade do SNC;
Medicamentos

• Talidomida: focomelia – alteração em membros


superiores e inferiores;
• Antiepiléticos e anticonvulsivantes;
• Antibióticos: tetracilina
Drogas Ilícitas
• Alterações comportamentais:
– Hiperatividade

– Atraso no desenvolvimento psicomotor

– Atraso no desenvolvimento da linguagem

• Síndrome da abstinência neonatal

• Cocaína: vasoconstritor  hipoxia fetal, necrose de membros,


retardo no crescimento, entre outros.
Toxoplasmose congênita

• Doença parasitária – protozoário Toxoplasma gondii


• Maior gravidade no primeiro trimestre;
• Síndrome ou tétrade de Sabin: alterações neuro-motoras;
• Cuidados durante a gestação: sorologia e orientação higieno-
dietéticas.
Sífilis congênita
• Treponema pallidum;
• Transmissão vertical transplacentária, em qualquer período
da gestação;
• Manifestações clínicas na criança são geralmente tardias;
• Casos graves: surdez congênita, dentes e ossos anormais,
hidrocefalia e deficiência mental.
Rubéola
• Risco em mulheres que não desenvolveram o anticorpo
contra o vírus;

• Síndrome da rubéola congênita:


– Catarata
– Defeitos cardíacos
– Surdez
– Ocasionalmente: deficiência mental, glaucoma, microftalmia, defeitos
dentários, baixo peso, entre outros.
Citomegalovírus

• Infecção viral mais comum do feto humano;

• Maioria assintomática;

• Sequelas neurossensoriais;

• Outras sequelas: prematuridade, baixo peso, microcefalia, microftalmia,


cegueira, calcificação cerebral, surdez, deficiência mental, paralisia cerebral,
fenda palatina, entre outros.
ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO À GESTANTE:
PREVENÇÃO CONTRA RISCOS À MULHER E AO BEBÊ
Manifestações bucais mais frequentes em
gestantes

• “Gengivite gravídica” = aumento da vascularização e da


resposta exagerada aos fatores locais;
• Hiperplasia gengival;
• Lesões gengivais pediculadas ou sesséis;
• Candidíase;
Gestantes apresentam maior risco à cárie?

• Cárie relacionada à negligência na higiene bucal e à alteração


na dieta;
• A gravidez não é responsável pelo desenvolvimento de cáries
nem pela perda de minerais dentários da gestante;
• Aumento da atividade de cárie relacionado a:
– Maior consumo de doces
– Aumento da acidez bucal
– Ingestão mais frequente de alimentos
– Diminuição da higiene bucal
Anamnese
Avaliar:
– período gestacional;
– características da evolução da gestação;
– existência de alguma doença ou alteração sistêmica
concomitante;
Buscar informações sobre possibilidade de riscos na gravidez.
Atendimento durante o 1º trimestre
• Maior susceptibilidade do feto à influência teratogênica e ao aborto por ser
o período da embriogênese.

- Sempre que possível postergar a intervenção odontológica para o segundo


trimestre.
- Realizar profilaxia, tratamento periodontal, eliminar focos infecciosos e
tratamentos restauradores.

- Avaliar sinais vitais – maior propensão a alterações cardiovasculares e


diabetes gestacional.

- Atentar aos exames hematológicos e glicemia


Atendimento durante o 2º trimestre
Melhor período para o tratamento odontológico, realizar
procedimentos.

• Solicitar exames complementares, se necessário.

• Radiografias: assegurar o uso do avental de chumbo.

• Elaborar o plano de tratamento. Programar sessões curtas e


confortáveis para a mãe e o bebê.
Atendimento durante o 3º trimestre de
gestação

• Evitar consultas longas;


• Posicionar a paciente corretamente na cadeira (almofada nas
costas, evitando a pressão da veia cava inferior pelo bebê que pode
desencadear em hipotensão supina).
• Orientar gestante sobre a importância do cuidado precoce à saúde
bucal do bebê;
Atendimento à gestante de alto risco
• Anamnese criteriosa;
• Solicitar exames complementares laboratoriais, conforme o
procedimento a ser realizado:
– se cruentos: hemograma com plaquetas (variações quantitativas e
qualitativas das hemácias, leucócitos e plaquetas), coagulograma (TP,
TTPA e INR);

• Solicitar avaliação médica por escrito ou por telefone;


• Avaliar sinais vitais antes do atendimento;
Atendimento à gestante de alto risco
• Realizar procedimentos de dentística e periodontia leves.

Procedimentos mais cruentos, se possível, devem ser postergados.

• Programar sessões curtas e confortáveis para a mãe e para o bebê.

• Nos casos de infecção, promover a descontaminação local associada

ao uso de antimicrobianos (avaliar risco/benefício com obstetra).

• Nos casos mais severos e de risco para mãe e bebê atender em

ambiente hospitalar.
Anestésico Local
• A Lidocaína a 2%, com Epinefrina 1:100.000, salvo restrição
médica, é o anestésico mais indicado para uso na gravidez;
• Utilizar seringa de aspiração;
• Limite de 3,6 ml (2 tubetes) por sessão de atendimento.
• Evitar o Uso do anestésico Prilocaína com Felipressina = risco
de metemoglobinemia.
Prescrição Medicamentosa
Prescrever com cautela os medicamentos, já que a
maioria das drogas lipossolúveis ultrapassa a barreira
placentária.

Primeira escolha para gestantes:


• Analgésico: Paracetamol
• Anti-inflamatório:meios físicos – frio ou calor
• Antibiótico: Penicilinas
Referências
• Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.020, de 29 de maio de 2013. Institui as
diretrizes para a organização da Atenção à Saúde na Gestação de Alto Risco. Brasília,
2013.

• Elias, R. Odontologia para pacientes com necessidades especiais – Uma visão clínica.
Editora Revinter, 2007.

• Varellis, MLZ. O paciente com necessidades especiais na Odontologia – Manual Prático.


Editora Santos, 2005.

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