Doença Provocada: A doença provocada pelo vírus é a varíola, que pode ter diferentes
níveis de gravidade, a varíola menor e a maior. A menor tem lesões mais superficiais
sendo a sua duração curta e de letalidade muito baixa, enquanto a maior apresenta
impactos no corpo muito graves, em alguns casos irreversíveis, durante vários dias e é
altamente letal. O período de incubação varia entre 7 a 14 dias e inicialmente os
sintomas causados pela mesma são severos como, febre extremamente alta, cefaleias,
calafrios, dores nas costas e eventualmente surge um elevado número de máculas
(alteração na pele, devido à acumulação de melanina) na cara do infetado,
progredindo para pápulas (pequenas elevações sólidas), mais tardiamente para
vesículas que contêm líquido (bolhas) e, finalmente para pústulas (elevações infetadas
com pus e de centro escuro). Este processo ocorre em poucos dias.
Taxa de incidência: Existem várias evidências de que a varíola infeta desde a
antiguidade e permaneceu durante milhares de anos até ser extinguida em 1977, no
entanto, os primeiros casos devidamente identificados foram em 430 a.C, em Atenas.
A doença sempre se manifestou em epidemias, nunca foi nomeada de pandemia pois
esta apenas danificou fortemente certas regiões do mundo como o Brasil, Sul da Ásia,
a Europa (mais especificamente Reino Unido) e África.
Como se descobriu a vacina: A primeira vacina foi criada por Edward Jenner em 1796
apesar de já terem sido criadas versões anteriormente por diferentes indivíduos, como
por exemplo Benjamin Jesty, mas que não chegariam a ser utilizadas porque até
Jenner criar a sua versão o processo não seria conhecido por todos), a partir do vírus
da varíola bovina (um vírus parecido com o da varíola, mas muito menos perigoso e
com uma carga viral menor).
Jenner (também com a ajuda de estudos anteriores, como o de John Fewster que
notou que uma infeção prévia com varíola bovina tornava as pessoas imunes à varíola
humana), ao se aperceber que as leiteiras que tinham estado em contacto com gado
infetado com varíola bovina muitas vezes eram imunes à varíola humana, apercebeu-
se de que isso poderia ser a origem de uma solução para o problema.
A partir daí, Jenner formulou uma teoria: a teoria de que o líquido presente nas bolhas
das mãos das leiteiras infetadas com varíola bovina as tornava imunes à varíola.
Para testar a sua teoria, Jenner inoculou James Phipps, filho do seu jardineiro, com
varíola bovina, causando-lhe febre e algum mau-estar, mas nenhuma infeção maior.
Seguidamente, injetou nele uma versão moderada do vírus da varíola, quando já se
encontrava recuperado. O vírus não se manifestou. Passado algum tempo, Jenner
voltou a inoculá-lo com a versão moderada do vírus da varíola, com o mesmo
resultado.
Com isso, Jenner provou que a infeção com varíola bovina tornava as pessoas imunes à
varíola e começou todo um processo de vacinação em massa.
Como seria esperado, a vacina produzida por Jenner não é a mesma que se utiliza
atualmente: a vacina atual é constituída por um vírus semelhante à varíola bovina, o
vírus vaccinia. A origem deste vírus não é totalmente conhecida, mas pensa-se que é
um vírus derivado ou da varíola bovina ou da varíola equina.
Curiosidades: A primeira forma para combater a varíola foi descoberta na China, no
século XVI (já se praticava desde o século X). Crostas (das bolhas formadas devido à
presença de varíola) misturadas com um tipo de pó eram inaladas por pessoas
saudáveis, que desenvolveriam um caso moderado (varíola minor) da doença e que a
partir da recuperação seriam imunes. Essa técnica tinha uma taxa de mortalidade de
entre 0,5 a 2,0%, mas era consideravelmente mais baixa do que a taxa de mortalidade
da varíola em si que era de entre 20 a 30%.
Um método usado em Inglaterra no século 18 envolvia expor líquido das bolhas de
varíola a fumo de turfa, enterrá-lo no chão com cânfora por um período de tempo de
até 8 anos, para finalmente o inserir na pele de um indivíduo usando uma faca,
cobrindo o corte com uma folha de alface.
Este método nunca falhou, mesmo tendo sido criado por alguém sem qualquer
experiência em medicina.
A palavra varíola provém do latim varius que significa manchado ou varus que significa
espinha.