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Talvez 9 Vezes

Sara Gustavo
1ª edição
Índice
Prólogo

Primeira Parte:
“Que Rapaz estranho!”
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3.

Segunda Parte:
“Se apaixonou?”
Capítulo 1
Capítulo 2.
Capítulo 3

Terceira Parte:
“A morte é o fim e o começo”
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Prólogo
Essa história é sobre uma pessoa incrível que pretendo levar para vida toda. Foi
no dia 28 de outubro que resolvi escrever, nesse dia ela se questionou nove vezes tentando
superar sua dor. Apresento o protagonista dessa história Valdemar Agostinho
carinhosamente chamado de Vado, jovem estudante do ensino médio como muitos outros
um aluno normal porem, suas perguntas e conclusões escritas num papel á lapiseira,
rasgado de um caderno se revelaram inspiradoras.
Agradecimentos
Sou primeiramente grata a Deus pela vida e pela graça de poder escrever esta
história e poder partilha-la, aos meus familiares e amigos que sempre me apoiaram em
tudo até agora especialmente aqueles que estiveram de forma direta ou indireta ligados a
execução desta obra literária, ao meu amigo e Designer Gráfico Kapanda, ao meu amigo
que escritor Paulo Gonçalves pelo apoio na estruturação e organização desta obra,
agradeço também ao Ricardo Jorge pela ajuda na edição e apoio na divulgação, aqueles
que serviram de fonte de inspiração e a você que esta lendo neste momento um Bem-haja.
PRIMEIRA PARTE
“Que Rapaz Estranho!”
Capítulo 1
Tudo começou na primeira semana de aulas da décima classe escola nova, colegas
novos, a minha sala estava cheia de rapazes claro eu fui me atirar no curso técnico de
informática era de se esperar. Acabei por calhar numa turma de crescidinhos alguns até
tinham idades compreendidas entre 17 á 23 anos.
Bem, entravam diferentes professores na sala e todos eles faziam a mesma
pergunta para os alunos “Porquê você escolheu informática?”. Cada um tinha a resposta
dele, outros até eram bem irônicos e engraçados ao responder. Entrou na sala um
professor que parecia simpático, cumprimentou a turma e exclamou:
Professor — Futuros engenheiros! Eu serei o vosso professor de TLP (Técnicas e
Linguagens de Programação) essa é uma aula só de apresentação podem fazer
perguntas.
Então começamos a fazer perguntas do tipo:
O professor é casado? Tem filhos? A quanto tempo leciona? é formado nessa área?
Cenas assim…, mas não faltava a pergunta mais importante do Kikas
Ele levantou a mão tipo já é bem sério. Kikas—Prof tens carro?
Todos começaram a rir achando a pergunta meio desnecessária e ele fazia a mesma
pergunta para cada professor que entrasse na sala. Era porque ele queria poupar dinheiro
de táxi.
Lá bem ao fundo eu reparei que tinha um colega magrelo que estava calado e se
sentava inclinando a cadeira para trás apoiando a parede. Então o professor começou a
perguntar a partir da primeira fila porquê você esta nesse curso? Eu lembro da resposta
de alguns como o Sousa —Meu pai quis que eu fizesse, disse ele.
Joaquim —Estou aqui porque gosto de informática.
Suely Natacha—A principio não queria fazer, mas acabei mudando de ideia.
Nelson —Fiz por influencia de alguém próximo a mim que é formado nisso.
E depois chegou a vez daquele colega magrelo que sentava lá na ultima carteira da sala
inclinado e aí o professor perguntou:
Professor—Como te chamas?
Valdemar— Vado da UTV
Professor— Esse é o teu nome mesmo jovem!?
Valdemar— Sim é meu nome Prof.
Respondeu assim com uma sobrancelha levantada e bem calmo tipo o país é só dele. A
UTV é um grupo de jovens que fazem cenas ilícitas no nosso bairro tipo roubar, se drogar,
lutar e coisas de gênero a maioria deles mora nos últimos sectores os quais eu não costumo
frequentar por muitos motivos, que vou contar numa outra história. Voltando ao assunto
o professor continuou com as perguntas
Professor—Onde moras? e ele respondeu que morava no Sambizanga, oque deixou todos
colegas pasmos olhando para ele porque para o professor anterior ele disse que morava
no Panguila, e para a professora Ana falou que morava na Vidrul. Daí eu fiquei admirada
e perguntei para mim mesma “esse cara bate bem?” Em seguida lhe foi feita a famosa
questão Professor—Porquê você escolheu informática?
Valdemar— Quero ser traficante.
E o professor levantou com o rosto perplexo —Traficante! Oh miúdo estas você ta falar
sério?
Valdemar— Ya prof vou ser Hacker traficante, pra ter dinheiro é mesmo a única coisa
importante que eu quero ter.
Professor—Tens que se rever rapaz.
E o professor depois se despediu da turma indo para outra sala.
Capítulo 2
No dia seguinte da mesma semana eu acordei bem-disposta tomei um banho
escolhe uma roupa que achava adequada para aquele dia, claro que já tinha escolhido
mentalmente um dia antes eu tenho esse habito não sei se é errado, mas é bem legal enfim
me preparei e fui para a escola sem comer porque tem dias em que sinto preguiça de
comer de manhã, aquele era um destes dias. Chegando lá me sentei na carteira da frente
que fica na fila do meio escolhe o lugar em que me sentaria para sempre até terminar o
ensino médio, tentei interagir com os colegas não foi difícil, nunca tive dificuldades para
socializar. Fiz logo amizade com dois colegas o Nelson e a Maravilha tínhamos muitos
assuntos em comum por sermos da mesma religião e gostarmos dos mesmos estilos
musicais, então na hora do intervalo nos sentamos e começamos a conversar daí passou
o rapaz estranho, aquele que deixou o professor admirado ontem estava de uma camisola
vermelha bem descontraído reparei no seu andamento parece até que tem ritmo nos pés
foi assim que pensei naquele instante. Uma cena que me chamou a atenção foi sua
maneira de pensar, sua mente, fora isso eu não fui com a cara dele logo de primeira. Eu,
o Nelson e a Maravilha falávamos sobre Deus ele chegou perto da gente e começou a rir
daí eu perguntei — É o quê? E ele com uma sobrancelha levantada e tranquilo tipo o país
é só dele disse — Assim vos deu mesmo só stalo de falar sobre isso?
Eu— Sim é um bom assunto, você não acredita em Deus?
Valdemar— Me responde ainda uma coisa. Você tem certeza que nada é por acaso ou
melhor nada vem do nada?
Eu— Ya nada vem do nada é verdade, porque tudo foi criado por Deus.
Valdemar— Se nada vem do nada, isso significa que Deus não veio do nada, então quem
criou Deus?
Eu fiquei em silêncio pensando em como responder a isso, por sorte o Nelson logo olhou
para ele e afirmou —No princípio era a palavra e a palavra estava com Deus e a palavra
era Deus. Nele foram feitas todas as coisas.

Eu e a Maravilha nos alegramos com a resposta que o Nelson deu, mas o Rapaz
não estava convencido e foi criando outros argumentos transformando tudo em um grande
debate no qual toda a turma passou a prestar a atenção, cada argumento que ele criava me
deixava irritada perguntei para mim mesma
—Ele não para de se questionar ?! até onde esse jovem quer chegar com isso?
Procurei uma forma de interromper a conversa, porém eu não sabia que o tal rapaz
era vizinho da Maravilha minha companheira durante a primeira semana de aulas porque
na semana seguinte ela decidiu mudar de curso e ir para Contabilidade e Gestão, pois
estava fazendo informática por influencia do irmão na realidade não era o sonho dela e
sim do seu irmão, eu até acompanhei ela para a área pedagógica ao ir fazer a troca e tudo,
mas essa é uma história que vou contar numa outra altura. Ao voltar para casa cada um
tinha o caminho para o seu sector, contudo a principio andávamos em grupo. Durante o
regresso eu pude notar que o Valdemar ou Vado como preferimos chama-lo sim o rapaz
que eu considerei estranho, tinha um ciclo de amizade cheio de animação e criavam
sempre ideias para beber, fumar ou simplesmente curtir. Mas, pela conversa lá na sala
sobre nada ter vindo do nada ele mostrou ser inteligente e persuasivo, eu não conseguia
perceber porquê apoiava essas ideias que normalmente destroem qualquer estudante.
Fiquei triste com aquela situação pensei logo — Eh! Aquele é um cérebro perdido.
Capítulo 3
Durante o decorrer do ano passamos a conhecer melhor uns aos outros e a
tratarmo-nos como família, nos divertíamos imenso em algumas aulas por causa do
comportamento do Valdemar ele sempre agia sem medo enfrentava alguns professores as
vezes se levantava e dizia ao professor que não quer mais assistir a aula ou entregava a
folha em branco logo no inicio da prova, nós chamamos isso de a lei do abandono só os
.3fortes são capazes disso e sempre reclamava da organização da escola, tanto que a até
a professora Ana, lhe deu o nome de “Gerência” como se fosse o controlador da gestão
do colégio ela tem esse costume ao menos na nossa turma muitos colegas foram
nomeados por ela, tinha um que lhe chamava de o Titanic, porque usava um corte de
cabelo que mais parecia um navio naufragado outros eram o quarteto fantástico enfim, é
a professora mais amada do nosso curso. Acabei resumindo que o Valdemar sim aquele
rapaz que eu considerava estranho era como a cereja no topo do bolo da turma, tipo em
todas as famílias, turmas ou ciclos de amizade tem sempre o wy mais louco e destemido
que levanta o astral dos outros e faz brincadeiras parvas. O que eu não sabia era que por
trás de tudo aquilo existia uma grande dor. Certo dia eu cheguei à escola, passei pelas
escadas que vão em direção ao andar de baixo porque as senhoras que fazem as limpezas
estavam trabalhando no andar de cima, dei uma volta depois voltei e subi de longe vi o
Valdemar perto da porta da nossa sala com o Manuel, me aproximei deles:
Eu —wey estas triste porquê?
Valdemar—Lembrei hoje que a minha mãe morreu, estou cansado de viver com
mãe do outro.
Manuel—Não se preocupa mano eu to contigo e você sabe, você é meu eu sou teu
e não te largo você sabe.

Valdemar— Em 2014 no dia 2/12 perdi a mãe


Mas eu já morava com ele, o meu Pai.
No inicio estava tudo bem, uma boa relação muito boa por vezes esquecia que morava
com madrasta. Mas no ano de 2016 aí começou a mudar quando ele se separou da tia
lúcia para ficar com a tia Teresa, aí começou a estragar tudo. Você sabe como é um
homem apaixonado tudo o que a mulher fala para ele é verdade ela sempre esta certa e
eu errado…
E aí estragou tudo oque era, pai virou padrasto maltratos constantemente. Era se ele
me encontra em casa é mal, me encontra na rua é male, me encontra a assistir era
male, se eu jantar depois dele era não podia, se eu ter amigos era male, se eu acordar
tarde é porque bebi, se eu esquecer algo fumei, se eu entrar tarde estou a sair na festa
etc.
E depois comecei a odiar o meu pai porque me chamava de maldito, bastardo, e me
mandava maldições que o ano não vai acabar para mim, que um dia ele próprio me
mataria com catana e muitas coisas que me fogem da mente.
Segunda Parte:
“Se apaixonou?”
Capítulo 1
Passado um certo tempo depois das férias aconteceu algo inesperado, recebemos
colegas novos caloiros, mas entraram no meio bem no segundo trimestre. Eram três uma
rapariga e dois rapazes, cada colega deu as boas vindas da sua forma o Rogério, o rei da
simpatia, foi logo se apresentar para a colega nova visto que eles moravam no mesmo
sector. O nome dela é Ruth Sónia, porem preferi ser tratada apenas por Ruth. A nossa
turma é cheia de rapazes e na altura só haviam quatro meninas Eu, a Finésia e a Suely por
esse motivo a Ruth foi recebida com muita atenção por todos menos pelo Valdemar que
se comportava como se ela não existisse. Logo na primeira semana deles resolvi criar
conversa porque ela ficava muito calada, Eu—Oi Bae, seja Bem-vinda a sala dos
Informáticos.
Ruth—Obrigada.
Eu—Você mora nesse bairro?
Ruth—Sim, com a minha irmã mais velha e o meu cunhado.
Eu—Que bom…eu também moro cá. Porquê você escolheu esse curso? tens mbora cara
de Enfermeira.
Ela começou a rir de forma descontraída e logo respondeu—Meu pai quis que eu fizesse.
Eu—Sinto muito, mas acredito que vais acabar por gostar, eu por acaso gosto imenso.

Continuamos conversando e eu percebi que ela não era tão tímida quanto pensei então o
Valdemar se aproximou de nós e entrou na conversa —Não fala com essa aí vai querer
te conquistar, ela é do nosso time. Disse isso para ela, e a Ruth começou a rir e olhando
para mim com uma cara de espanto. Eu, porém, já estava acostumada com isso, metade
da escola na altura achava que eu era lésbica por estar sempre com a Bernadeth e nós duas
eramos das poucas garotas que não namoravam ninguém da escola, mas essa é uma outra
conversa…logo eu vi que a Ruth ficou admirada, ela pensou que fosse verdade o que o
Valdemar disse então eu desmenti —Não liga para o que ele diz, a malta aqui pensa que
eu sou lésbica, na verdade eu até uso isso como boa desculpa para não namorar ninguém.
— Hãm agora entendi. Pensei…respondeu assim com aquele ar de quem ainda não esta
convencido.
—A sério não liga mesmo é gastar soldo em vão. Quando eu disse isso ela começou a rir
e nós mantivemos a conversa o Valdemar foi embora como se não se importasse com a
colega nova.

No final daquele dia eu tinha ganhado uma amiga nova, que se sentou ao meu lado
no dia seguinte da mesma semana. Não demorou muito para alguns dos rapazes da turma
começarem a se apaixonar por ela e tentarem a sorte como se diz. O Fábio foi um desses
ele ficava o tempo todo perto da Ruth na escola sempre conversando e o Valdemar ficava
com se tivesse nem aí, até chamava ela de mulher do Fábio. O Valdemar era daqueles que
dizem sempre, eu não amo ninguém, nunca vou casar, não gosto de mulheres porque
vocês trazem dor de cabeça coisas assim as vezes dizia que mulher não é pessoa nem ser
humano nos chamava de espécie estranha. Ninguém dava muita atenção afinal era o Vado
a falar sim o garoto estranho da turma, a cereja no topo do bolo. Passado um tempo a
Ruth começou a mostrar interesse pelo Valdemar porque além da escola eles também
eram do mesmo sector oque quer dizer que, eram vizinhos, mas não moravam muito perto
um do outro era tipo atravessar a pequena ruela duas miniavenidas e lá estavam. Não
demorou muito para começarem a trocar olhares, e voltar juntos para casa com o Rogério
que se intitulou padrinho da Ruth.

Na turma haviam algumas garotas que não se davam bem, parecia uma rivalidade
é assim lugar onde tem mulher não faltam problemas assim, começou entre a Alexandra
e a Telma primeiro. Eu estava na sala conversando com um dos colegas novos o Dalton
Newton Luquebi, que mentiu para mim porque o nome dele não era esse, mas essa é uma
outra história, enquanto conversávamos juntamente com o Fidel, os colegas estavam
distraídos alguns nos seus computadores, outros nos telemóveis enfim de repente as duas
começaram a brincar de forma agressiva. Parecia uma briga, uma pegava no cabelo da
outra, e tentavam derrubar-se. Começamos a olhar.

Joaquim—Oh! Essas assim estão a fazer o quê então?

Fernando—Parem com isso! Vocês assim bem matolonas eh! azar yeah

Ninguém se aproximava para lhes separar, então a brincadeira começou a se tornar


numa coisa séria, chapadas, arranhões típico de uma briga de garotas, começaram a se
empurrar as carteiras que estavam de lado caiam ao chão, e o barulho era tão alto que
quem estava no andar de baixo ouvia. Se tornou uma cena arrasadora, a Telma ficou com
os olhos cheios de raiva, tanta que até nem ligava para os colegas gritando, larguem-se,
já chega! Vocês vão se ferir, … Mesmo assim elas não paravam, suas roupas quase se
rasgavam, a sala ficou toda desarrumada não sei como as carteiras não se partiram.

Eu—Delegado!! Você é yoga faz alguma coisa elas vão se matar!

Joaquim—Vou fazer o quê assim?

Johnny— Vamos só lhes separar…

Eles se aproximaram, o Joaquim pegou na Telma de costas e o Johnny na


Alexandra puxando elas, e logo em seguida estavam separadas e exaustas. Os colegas se
negaram a arrumar a sala, afinal foram elas que brigaram sem motivo. Começou então a
inimizade. Como o Valdemar era muito amigo da Telma e não lhe dava bem com a
Alexandra então ele ficou do lado da amiga dele.

No bairro alguns amigos perceberam oque se passava e tentaram dar uma pilha
tipo um empurrãozinho ou uma ajuda quer dizer algo assim, mas o Valdemar ficava
indiferente como se não estivesse interessado. Bem, como todos os dias eu acordei, tomei
um banho e me preparei escolhi uma roupa que achava adequada para aquele dia claro
que era uma calça e camisa, durante o primeiro ano do ensino médio eu não usava saias
outro motivo que fazia os colegas pensarem que eu era do time fora do sistema ou melhor
lésbica, continuando saí de casa e fui para escola novamente sem comer por causa da
preguiça de comer pela manhã. Quando cheguei na escola me surpreendi. —Aquilo é o
Vado e a Ruth abraçados!!?
O delegado Joaquim —Oh Sarita você não sabe que ela é dama do Vado?
Eu—Começou como? aonde? quando? será que eu to cega e não percebi! Já agora
delegas, não é Sarita …é mesmo só Sara.
Joaquim— Voce sabe que eu te chamo assim, fica calma Sarita.
Eu— Uhm...

Aconteceu o seguinte, de tanto eles ficarem juntos a turma começou a chamar a


Ruth de namorada do Valdemar e como nenhum deles desmentiu ficou mesmo assim
afinal quem cala consente. Mas houve um dia em que a Telma chegou perto da Ruth com
aquele jeito dela de saudar as pessoas com um grito bem alto como se tivesses lhe dito
que sofres de audição

Telma—Dama do meu wy Valdemar, estas bem?

Ruth—Sim estou fixe. Respondeu com um sorriso no rosto

Telma—Oh! Então esta confirmado mesmo… yha esta aí o Joaquim meu delegado Big!
Com o Rogério vou pausar com eles na escada.

Ruth—Vai mesmo, estou a esperar o Vado.

Ninguém fez um pedido de namoro oficial para o outro eles só aceitaram a


brincadeira. Faziam um casal muito fora do padrão, mas bonito pareciam a dama e o
vagabundo aquele filme da Disney. Ela, uma garota calma, bonita, de família cristã e
inteligente, estudiosa. Ele, o Valdemar… o garoto louco e incompreendido que perdeu a
mãe aos 9 anos e não lhe dava bem com o seu pai nem com a madrasta, que não ligava
mais para os estudos e enfrentava os professores, frequentava a escola só por frequentar,
e querendo se tornar um traficante no futuro, o rapaz que fumava e bebia até se embriagar
com os amigos. Entre muitos que gostaram dela ele a conquistou sem ao menos se
esforçar daí eu disse para mim mesma —Não é conto de fadas nem Julieta e Romeu Sara,
é mesmo real isso esta a acontecer.

Depois de um tempo no decorrer do ano, as pessoas começaram a perceber. Não


demorou muito para alguns dos professores descobrirem e acharem muito estranho, oque
os admirava era a Ruth ficar com o Valdemar sendo eles tão diferentes em muitos aspetos,
o bom é que ela sempre mostrou não se importar com a opinião de muitas pessoas. Alguns
professores achavam o Valdemar uma má influencia para a Ruth como namorada dele e
para mim como amiga dos dois. Até fomos expulsos da aula de Desenho Técnico por
implicância do professor.
Ruth— A culpa é vossa, poderias ter dado na mão dele.
Eu— Assim estas com ciúmes?! Se não tivesses feito escândalo o prof não nos tirava da
sala estas a culpar quem?
Valdemar— Relaxam, a aula dele nem é tão boa e eu também não trouxe os materiais de
desenho mesmo.
Eu— assim mesmo estragou já nos marcaram, ele vai mandar chamar nossos
encarregados.
Ruth—Minha irmã vai fazer um drama bem grande.
Valdemar— Epá problema vosso, eu nem ligo pra esse prof.
Ficamos na escadaria ao lado do campo, bem nos degraus de cima por causa da vista e do
vento agradável que lá fazia, ficamos por um tempo ouvindo músicas e jogando conversa
fora, alguns colegas da nossa turma se juntaram a nós, porque também não tinham os
materiais para poderem ficar na aula, passados alguns minutos a Natália veio com
algumas das suas amigas da décima primeira e conversávamos todos, até a aula de
Desenho terminar, foi a primeira vez que Eu e a Ruth passamos por isso, sempre tivemos
fama de alunas exemplares. Tanto que até alguns dos professores nos tinham como
referencia na turma.
Numa segunda feira clichê, dia em que todos chegam pontualmente, a escola fica
movimentada, estava um sol intenso logo pela manhã. Bem, nesse tínhamos aula de
português no primeiro tempo com o professor Augusto, ele é muito amigo da turma toda,
sempre nos sentimos à-vontade para expressar nossas dúvidas e conversar também.
Prof. Augusto —Bom dia turma, estão todos bem?
Todos—Bom dia professor, sim estamos.
Claro todos estávamos bem menos a Telma ela sempre tinha uma pergunta por fazer,
alguns professores até lhe chamavam de máquina de dúvidas como por exemplo o Alemão
nosso professor de Física, contudo essa é uma outra conversa.
Telma— Professor, eu tenho uma pergunta.
Prof. Augusto —Ainda agora Telma! Tens de esperar a aula nem se quer começou.
Telma — é importante professor.
Prof. Augusto —Espera, mesmo. Aliás eu antes de entrar na vossa turma faço mesmo
uma oração, quando vejo no meu horário “sala 8”, eh! Vocês sempre têm dúvidas e
assuntos que me desviam do plano de aula.
Telma— tem que ter uma aula só para fazermos perguntas professor.
Prof. Augusto —Vou fazer isso Telma. Senhorita Ruth esta tudo bem, certo?
Ruth—Sim.
Prof. Augusto —O coração esta a bater mesmo bem?
Ruth— Esta Muitíssimo bem.
Prof. Augusto—Isso é muito bom, tens de escolher bem quem vai cuidar dele.
Netilson—Eh! Prof já escolheu.
O professor ficou admirado, piscando os olhos como se tivesse grãos de areia dentro
deles, enquanto alguns colegas riam-se da situação.
Prof. Augusto— Quem é ele? Eu—você lhe conhece prof.
Ruth—É o Valdemar.

O Professor ficou logo espantado, só não caiu de costas em consideração a roupa


que usava acho eu, porque o Valdemar não tinha um bom histórico nas aulas de língua
Portuguesa, sempre complicava, sabotava a aula ou simplesmente esperava o professor
entrar para dizer a ele que não quer assistir a aula porque não lhe interessa ouvir oque o
professor tem a dizer.
Prof. Augusto— estas mesmo bem da cabeça? Ruth—estou.
Disse com uma expressão que passava segurança enquanto a malta se fartava de rir da
cara de pasmo do professor.
Prof. Augusto—Pronto né, se já escolheu vamos fazer mais como. Mas eh! Meu Deus é
mesmo já Valdemar!!! Melhor começarmos com a aula.
Ruth —é melhor mesmo professor.
Capítulo 2
Ruth—Foi na casa dele, fiquei com saudades então queria ver ele de tarde. Avisei para
ele que iria para lá por volta das 15 horas, ele estava sozinho em casa, depois de eu bater
a porta por alguns instantes, ele abriu a porta com aquela cara de sério e convencido.
Entrei em casa sentamos na sala e lhe encontrei a ouvir música entrei na vibe dele de
ouvir música e começamos a conversar.
Valdemar— Quando a gente vai dar o primeiro beijo Ruth?
Ruth— Estamos à espera de quê?

Depois ele levantou e aí aconteceu o tão esperado primeiro beijo, e é claro que a
Ruth não poderia ficar lá por muito tempo a irmã dela é uma boa controladora, tanto que
eu acho que ela realmente deveria trabalhar com o SIC ou ajudar a Marinha. Sempre que
ela visse os dois voltando juntos da escola ficava logo chateada com a Ruth, dizia que não
queria lhe ver mais com aquele rapaz e cenas de gênero. Claro que a princesa ou melhor
a querida Ruth, ficava chateada com ela as vezes tinham trocas de palavras e outras vezes
não dava importância. É uma particularidade das pessoas quando estão apaixonadas.

O ano letivo decorria e algo diferente estava a acontecer, começamos a notar uma
mudança no Valdemar, ele não matava mais as aulas, nem bebia mais, em alguns
domingos até ia para a igreja, mas não era constante claro afinal trata-se do Vado, o cara
que tem muitas dúvidas com relação a Deus, o melhor de tudo é que as notas passaram
de ruins para boas e a relação com os professores melhorava dia após dia. Foi no
penúltimo dia de provas antes das férias do segundo trimestre, estavam todos contentes
com as suas notas exceto alguns, o figura, considerado o único careca com brilho da turma
estava a tentar criar uma ideia para todos nos despedirmos daquele trimestre juntamente
com o Fernando, Noel, e tantos outros… eu e a Ruth estávamos no andar de cima olhando
para eles a distância o Valdemar estava no meio deles claro.

Eu—O Vado mudou muito yeah! Ta ficar mais aplicado e menos enfim você sabe

Ruth—Deus esta a ouvir as minhas orações.

Eu—Costumas orar por ele!?

Ruth—Sim, todas as noites quando oro por mim, pela casa e tal yeah também oro por
ele.

Eu— Parece que as orações estão mesmo a fazer efeito Bae, continua assim estou a
gostar, vocês se amam mesmo bué.

Valdemar—Estão a fala de quê já? Ei vocês duas!

Ruth—Nada de mais. Eu—é como, vamos para onde no ultimo dia de aulas?

Valdemar— Acho que para algum lugar fixe, mas todos têm de contribuir.

Eu—Esta bem, faremos isso.


Como em todos dias durante as semanas de aula, naquele dia eu acordei de manhã
tomei um banho, escolhi uma rupa que achava adequada para aquele dia, e como em
muitos outros dias estava com preguiça de comer, então simplesmente fui para a escola,
cheguei meio tarde e depois que abriram o portão entrei com os outros colegas que
também se atrasaram. Quando entrei na sala de aula encontrei o Máquina, ele não é da
nossa turma, nem do nosso curso, mas gostava de frequentar a sala 8, ele estava lá todo
contente gritando com a Telma eu só não entendia o porquê.

Máquina—Vocês não estão mais a brincar eh! Aqui agora esta assim matou a cobra
mostrou o pau.

Telma—Já fiz cinco meses só deste conta hoje.

Eu—Oi mundo! Temos reunião aqui hoje?

Valdemar—Yeah estamos a parabeniza a Telma pela gravidez.

Eu— você ta grávida Telma!!!

Telma—sim, vê então a barriga.

Era real, a ela estava mesmo gravida, toquei na barriga e já se notava através da
roupa apesar de ter uma barriga pequena, parecia muito à-vontade com a situação, oque
me admirou. Normalmente jovens da sua idade no ensino médio, não gostariam de estar
grávidas tão cedo, outras pensariam em fizer um aborto, mas era a Telma, destemida e
cheia de garra assim como o seu amigo Vado. A princípio frequentava as aulas mesmo
com a gravidez, porém depois que ficamos de férias e regressamos as coisas mudaram,
começou a ter complicações, tinha de estar sempre no hospital poe estes motivos teve de
parar com os estudos por um tempo. Três meses depois teve a criança nasceu, era época
de férias, vi as fotos do bebê no grupo que a turma tem no facebook. A turma ficou com
menos uma rapariga e continuamos assim.
Voltando das férias, passaram-se duas semanas normais de aulas, faltavam poucos
dias para o aniversário da Ruth, o Valdemar como sempre parecia não se importar, agia
assim com indiferença em muitos momentos. No dia do aniversário, logo que ela chegou
na sala foi recebida com abraços e beijinhos, o Joaquim até lhe levantou no colo, faltava
o Valdemar. Eu tinha levado chocolates porque ela gostava muito, lhe dei os parabéns e
me sentei na carteira da frente no meu lugar. Ficamos conversando por um tempo e de
repente chegou o Valdemar, namorado da aniversariante, usando umas calças olímpicas
verdes bem largas de maneira que nunca tínhamos visto, fez até um corte novo, desenhou
um coração com a laminagem do corte o professor de matemática viu e disse para ele
—Coração na cabeça meu puto estas muito apaixonado! E depois, pôs-se a rir.
Ele tinha algo na mão para dar a ela, logo que chegou na sala deu o seu abraça do
feliz aniversário a Ruth estava muito emocionada, com uma lágrima no canto do olho e
aquela expressão de sorriso que não se apagava. Trouxe chocolates e outros doces como
prenda lhe deu uma camisa timbrada tinha escrito: “Hoje é o dia da princesa “,” Muitos
parabéns”.
A Ruth ficou muito contente, para alguém que mostrava sempre indiferença, dessa
vez ele tinha se importado. Ficamos animando a sala com música, o Figura tinha trazido
a sua coluna, na realidade o nome dele é Severino um dos colegas mais extrovertidos da
turma, chamamos ele de figura por ser mesmo uma “figura” no sentido da palavra então
pausamos numa grande animação, até chegar a aula de Francês, que era uma das
preferidas da turma toda pelo professor ser muito querido, mesmo com aquele sotaque
estranhamente diferente.
Professor—Bom dia turma!
Todos—Bon Jour Prefesseur!
Professor—Muito bem parecem todos muito contentes, o quê que se passa?
Eu—Hoje é o aniversário da Ruth prof.
Professor—Oh! Pequena Rutinha … que bom, esta a crescer hein não pode esquecer de
agradecer a Deus.
Ruth— Oui, Prefesseur.
Professor— vamos então parabenizar a nossa pequena, quem tem algo para lhe dizer
pode vir aqui na frente.
Passaram vários colegas se colocaram na frente do quadro perto do professor,uma
a um de forma organizada, todos para dizer a ela o quanto é querida e especial, até o Noel
fez aquelas danças engraçadas, levantava um pé e depois o outro batendo palmas, e outros
truques que só saiam na aula de francês, parecia uma coriografia dele e do professor, e
sem esquecer o fenomeno da turma, a Alexandra ela parece mais uma discipliana
complexa, preecisa de ser estudada por ter uma voz bonita e agradável de se ouvir, cantou
a música dos parabéns em francês claro para fazer jus a aula em que estavamos, já que
ela é a pessoa que fala francês com maior fluencia entre todos os colegas da turma e
naquele dia era tudo para a Ruth enquanto ela derramava lágrimas, porém sempre com
um lindo sorriso, ficou inclinda no meu colo e eu a abraçava, foi emocionante para todos.
No fim das aulas ela foi para casa com o Valdemar, o Rogério,o Muli, a Alexandra e toda
a malta que morava nos ultimos sectores. Eu voltei para casa junto com os que moravam
no meu sector.
Capítulo 3
Passado um tempo as coisas no colégio foram mudando, a Telma e a Alexandra
se revelaram grandes amigas afinal, mas depois surguiu outra inimizade, entre a
Alexandra e a Suely. Eu começei a pensar que a turma seria bem mais calma se fossemos
todos rapazes, garotas têm uma facilidade e tanto para se desemtender. As férias finais
chegaram, cada um em sua casa, o Noel foi para Viana onde ficaria até a festa da virada
de ano, o Netilson saio do bairro também uma semana depois, a Bernadeth, que todo
mundo achava ser minha namorada, foi passar férias na casa dos seus tios e depois de ver
as pautas, a Ruth foi para casa dos pais dela, oque significa que estva bem longe do amor
da sua vida. Entretanto, Eu, o Valdemar, a Telma e companhia ficamos mesmo no bairro
até a passagem de ano. Passamos de classe todos, era provavel que estariamos todos
juntos no ano seguinte, fora os que desistiram durante o ano, como o Israel, a Telma por
causa da gravidez, o Figura foi para a recruta e outros.
Chegou o novo ano, não estavamos tão empolgados para voltar a estudar como da
primeira vez, apenas tinhamos muitas saudades dos nossos colegas e dos ciclos de
amizade. Numa segunda feira incomum, acordei e me preparei para ir a escola, T-chirt
branca, saia preta sim isso mesmo saia, eu disse que era incomum.
Voltamos, abraçoos e beijinhos para matar as saudades, dei bom dia para todo o
pessoal que estava no pátio do andar de cima e de baixo, vi a minha mimosa, a Ruth dei
um abraçao e perguntei -Como foram as férias ?
Ruth—foram boas tirando só as saudades. Me deu um outro abraço e quase me esmagava,
a miúda afinal tem força.
Eu—yeah eu também tive muita, então onde passou a maior parte das férias?
Ruth—fiquei na casa dos meus pais claro né.
Eu—ta fixe Bae, bora na salaaaaaaaa!
Chegamos e ocupamos o lugar de sempre a carteira da frente da fila do meio,
consideramos o lugar da sorte não me lembro de termos notas negativas sentando lá. O
Valdemar ainda não tinha chegado parecia que não iria vir, mas a Ruth como sempre fez
as honras de reclamar da carteira.
Ruth— Essa carteira não é minha.
Fernando— Você ta boa Valdemara!
Ruth— Repete?
Fernando— Eu disse Ruth, eh! É necessário me olhar assim?!
Eu— Ruth esse teu olhar...
Ruth— você já me sabe Sara
Fernando— é como, teu marido não veio?
Ruth— Disse que as férias dele ainda não acabaram, daqui só proxima semana.
Eu— Vai perder matéria tipo brincadeira.
Ruth— Ele é quem sabe.
Fernando— Vocês jovens dessa geração...
Eu— olha quem fala.
Logo de inicio não tínhamos muitas aulas ficávamos na sala a conversar, enquanto
alguns dos professores novos entravam na sala e se apresentavam foi assim até o final do
dia. No dia seguinte, o Valdemar tinha vindo não era de se esperar, chegou tarde e
encontrou a malta toda na escola, entrou com aquele andamento relaxado como se não
estivesse atrasado e aquela calma tipo o país é só dele, primeiro se encontrou com o Fidel
e recebeu os óculos escuros dele.
Valdemar— Meu wy Fidel é como, estas fixe né?
Fidel— Oh wy não é assim da minha cena ....
Valdemar— Fica calmo ta se bater!
Fidel — Eu to calmo, ontem não vieste porquê?
Valdemar— Você veio ganhaste oquê?
Fidel— Ah! Você...
O Valdemar deu aquele sorrisinho tipo tem toda razão, colocou os óculos que
ficavam mais bonitos na cara dele do na do próprio Fidel. E começou a andar como se
tivesse ritmo nos pés, um passo depois do outro. Sentou no lugar de sempre, a carteira do
fundo inclinando ela para trás e com os pés no ferro de baixo da carteira, estávamos todos
em nossos lugares trocando ideias. Naquele instante entrou um professor novo, alto
moreno estava de um panque na cabeça, vestia uma camisa azul claro e uma calça branca,
relógio no pulso esquerdo um prata cliché de ténis brancos nos pés estilo descontraído,
entrou todo alegre.
Prof. Oseias — Bom dia turma
Todos— Bom dia professor ....
Professor— Estão todos bem né? Po-po-podem sentar ...
Num ligeiro gaguejar se mostrou ser muito simpático e meio que engraçado,
porém não sabia ele que estava na mira do cara incompreendido por qualquer professor,
o jovem da ultima carteira que fica na fila do meio.
No momento da sua apresentação, começou por dizer o seu nome e em seguida
perguntou—Eu pareço ser professor de que disciplina ?
Os colegas começaram a dar seus palpites aleatoriamente, oque formou um
pequeno escândalo na sala, mas a voz do professor dominava a voz de todos os colegas
na sala, ele tem uma voz bem audível. A Tânia deduziu que ele era professor da disciplina
de FAI, eu deduzi que era Matemática, o Alexandre disse que só poderia ser professor de
FAI sem dúvidas.
Prof. Oseias—Bem, os colegas aqui estão todos certos na realidade eu dou aula
de dessas disciplinas também, mas serei o vosso professor de eletrotecnia ou melhor
eletrotecnia.
Eu—Mas!!!nós já eliminamos essa cadeira !!NEPUSSIVEL...
Suely Natacha —A Sara tem razão professor, nós já não deveríamos ter aulas de
electro. Falou assim a nossa mulata, com aquele ar de expressividade que até lhe faz
parecer uma tuga que mora em Lisboa.
Prof. Oseias— O ministério da educação ou a escola achou que vocês deveriam
ter essa disciplina esse ano, então cá estou eu. A-a-al-alguém tem uma questão a fazer?
Luís—O professor é de que religião?
Prof. Oseias—Tenho cara pa-pareço ser de que religião?
Eu gritei em alta voz—Pentecostal!!!
Prof. Oseias—Como é que percebeste? Dei um sorriso escondidinho e depois
respondi —Pela forma do professor de falar bem alto e também pelo nome”Oseias” é
Bíblico.
Prof. Oseias—A-a-analisaste bem. Então mais perguntas
Entrou um silencio profundo na sala de aula, que a gente costuma a falar tipo Jesus
passou, oque significava que ninguém tinha ideias do que perguntar.
Prof. Oseias—Já que é assim então é a vossa vez de se apresentar, vamos começar por
esta fila aqui.
Apontou seu dedo a fila que ficava no lado esquerdo da sala. Estava assentado na primeira
carteira o Dan Chama fez a sua apresentação dizendo seu nome completo, onde mora,
com quem mora, oque gosta de fazer nos tempos livres e porque escolheu Informática.
Da mesma forma a Adelina, Adilson Falo, o Henriques e todos os outros colegas da turma,
quando chegou a minha fila que é a do meio, todos no apresentamos no final faltava o
Valdemar porque ele fica sempre na ultima carteira da fila do meio inclinando a carteira
tipo é dono da escola.
Prof. Oseias—Colega aí de T-shirt branca, po-pode se levantar para se apresentar ya
não temos muito tempo.
Valdemar—Sou Valdemar Agostinho, moro aqui mesmo no Pg.
Falou com aquele ar de quem esta nem aí para o professor e com uma sobrancelha
levantada tipo o aborrecimento lhe pertence. Em seguida se sentou.
Prof. Oseias—Assim acabaste? esse colega é forte ya. Como é que te chamas mesmo?
—Valdemar.
Prof. Oseias—Valdemar...estas mesmo bem ?
Valdemar—estou prof
Prof. Oseias— Não vais terminar a tua apresentação?
Valdemar— Não sou obrigado.
A turma toda ficou em suspense, afinal estávamos à espera da reação do professor depois
de uma resposta dessas ele, porém começou a rir ligeiramente e disse— Epá
Valdemar...moras no gostoso?
Valdemar— não. Moro no sector 9.
Prof. Oseias— Mas, gostoso então é sector que?
Eu comecei a rir e depois respondi— até hoje nem sei se é que sector prof. Aqui ta tudo
confuso.
Marcos— yeah, mas eu acho que é sector 5
Alexandre—5 é mais em baixo lá perto da DORIP, gostoso é mesmo sector 6.
Suely Natacha —Concordo com o Alexandre, até porque mais para cima fica o sector 2.
Prof. Oseias—Grande desordem ya, o 2 fica junto do 6 e o 4 junto do 9 eh!
A turma pôs-se a rir e todos ficaram comentando em simultâneo. O Valdemar sempre
calmo na dele. O professor reparou e lhe disse—eu estou a morar no gostoso sei lá se é
sector que. Quando quiseres passa lá em casa esta bem, eu moro sozinho as vezes gosto
de pessoa que cria ideia.
Valdemar e Marcos—Ooooh! Não estragou nada.
Marcos — se gostas de ideias prof essa é a turma certa.
Valdemar—Yeah é só ter Kino. Vamos aparecer.
Prof. Oseias—Só tem um, porém, eu não sei cozinhar, até vou entrar já num curso de
culinária estou a passar mal, quase fiquei doente por causa de comer cenas dessas tias.
Marcos—Nós cozinhamos prof
Prof. Oseias— Mas, só estou a convidar os rapazes em especial o Valdemar ya as meninas
podem esquecer.
Todos—Eeeeh!!!prof.
Prof. Oseias— é para e-e-evitar alguns problemas.
Valdemar —Não tem problema
Prof. Oseias—Go-go-gostei do teu ser Valdemar, vais ser meu afilhado ou melhor aceitas
ser meu afilhado?
Valdemar —ya num estraga prof.
Particularmente achei interessante a forma como o professor Oseias soube lhe dar
com Valdemar, cenas como aquela eram raras de acontecer na nossa turma, na realidade
a única que se entendia com a nossa turma era a professora Ana, as pessoas chamam ela
de minha mãe por sermos meio que parecidas no especto físico e no comportamento
talvez. No inicio do novo ano letivo tudo estava calmo e parecia que esse seria o grande
ano em que a turma faria grandes projetos afinal deixamos de ser caloiros, mas nem tudo
foi como esperado.
Terceira Parte:
“A morte é o fim e o começo”
Capítulo 1
Na semana seguinte de aulas, eu fiquei incomodada tinha uma alergia bem forte
no rosto e em outras partes do corpo pareciam acnes, mas maiores parecia um borco
espinho que foi depilado com faca, até só usava já mascara e não tirava por nada, uma
enfermeira disso que não poderia ficar exposta ao sol e comecei a fazer uma medicação,
parecia mais que estava a me drogar pois os medicamentos me davam muito sono e
tiravam toda a força do meu corpo então eu não ia mais com frequência para a escola,
mas a Ruth e a Bernadeth faziam questão de me visitar o Valdemar veio uma vez só até
nos divertimos quando fui lhes acompanhar porque chama a Bernadeth de confusa e ficam
discutindo por causa disso eu particularmente acho sem nexo, embora me divirta vendo
eles discutindo assim. Ele ficou que nem um relâmpago na escola aparecia de raspão,
quer dizer de vez enquanto. Era porque seu pai estava doente e em estado grave no
hospital e isso o abalava de certa forma. semanas depois recuperou e voltou para casa
passados alguns dias teve uma crise repentina e faleceu. Eu estava em casa bem relaxada
da minha vida, tinha acabado de chegar da igreja tirei os sapatos e coloquei num canto
deixei a pasta por cima da minha cama e fui direto para o computador como de costume,
a minha mãe até nem disse nada naquele dia, é normalmente ela reclama por eu estar
muito tempo usando o computador e diz que deveria passar mais tempo com a família,
bem naquele dia ela não disse mesmo nada. Estava estudando algumas matérias em PDF
e resolvi entrar no facebook.

Publicações de luto chamaram a minha atenção, amojes de choro e eu não sabia


do que se tratava —Quem morreu!? O que aconteceu!!!?
Perguntava a mim mesma. Haviam algumas mensagens em espera então fui lê-las entre
elas estava a do Valdemar, abri e estava escrito “Meu Pai morreu hoje.”
Dei um grito e não acreditei de primeira, —Como assim wey? Ele já não tinha
melhorado?
Valdemar—yeah tinha, mas deu uma crise.
Tentei consola-lo com uma mensagem, porem não sabia bem oque dizer, o quê
que se diz para alguém que perdeu o Pai… me entristeceu imenso na realidade eu não
convive com o senhor, mas senti a dor do meu amigo foi oque me fez chorar.
No dia seguinte já me sentia um pouco forte então de manhã encontrei a malta
na escola, todos tristes a Ruth só num canto chorando, eu disse para mim mesma —yeah
Sara é real o cara perdeu o Pai. Cheguei perto da Ruth e lhe dei um abraço bem forte,
não dava para pedir para ela parar de chorar, então eu só fu repetindo —Vai passar
bebê, vai passar ta… ele é forte e vai superar.
Ruth— Eu orei, pedi a Deus para isso não acontecer.
Eu— isso faz parte da life, onde esta o Vado agora? vamos para a casa dele depois
daqui claro.
Ruth— O Valdemar foi sara, e-ele foi ontem mesmo.
Eu —Como assim, porquê? O óbito não vai ser na casa dele?
Ruth—Não o óbito vai ser em vina, e ele não tem mais familiares aqui além da
madrasta, então é capaz de não voltar mais e nem estudar mais aqui.
Depois destas palavras devastou-se e começou a chorar, então eu disse a ela —E
se ele ir morar na tua casa? Deu um sorriso em meio as lágrimas.
Ruth —Minha irmã nos mata de vez!
Eu— então e se for na minha? Pera aí na minha também não vai dar.
Ruth —Claro que não né.
Eu— Já sei!!! vou alugar uma casa para vocês que tal.
Ruth — Farias mesmo isso?
Eu —Sim faria Bae, yeah depois é só comprarmos o cachorrinho e será o lar perfeito.
Ruth — És a maior.
Eu—Cê sabe que eu vos amo bwe.
Ruth— também te amo muito.
Nos abraçamos aí de novo, e ficamos assim, mas eu pensei agora a sério —de
onde vou tirar dinheiro para alugar uma casa meu Deus, eu que trabalho na empresa
DP (dependente do Pais), misericórdia yah.
O clima na sala estava pesado, tipo aqueles velórios das novelas mexicanas cada
professor que entrava conseguia sentir a tristeza no ar. Chegado o memento de intervalo
tínhamos de conversar sobre o assunto.
Fernando —Onde esta a acontecer o óbito filha?
Ruth— Em viana.
Joaquim— Vamos para lá amanhã mesmo, cada um prepara dinheiro de táxi.
Suely Natacha— Calma, eu acho melhor irmos no dia do enterro, sabendo também que
nem todos vão poder estar lá, vão só alguns para representar a turma.
Ruth — Eu vou.
Johnny— A maioria mesmo vai ir, é Valdemar wey.
Eu— yeah nós vamos claro.
Adilson Falo — Têm de ficar alguns aqui para explicar aos professores, não vamos
matar um dia de aulas a turma toda assim.
Fernando — Na ba alguns vão ficar então.
Noel— Ruth você, vão te deixar ir na tua irmã?
Ruth— E eu lá quero saber…eu vou amanhã nos encontramos na paragem.
Capítulo 2
Chegou o dia do enterro, eu não poderia ir por causa da medicação e das
alergias, mas a sala ficou vazia literalmente. Poucos são os que ficaram, os professores
entravam na sala e ficavam admirados. O professor Evaristo que nós tratamos por prof.
Ever, entrou na sala para dar uma olhada na turma visto que ele não seria mais o nosso
professor de matemática como no ano passado. Ele entrou na sala com aquela postura
de Rapper que ele tem estava de um terno azul escuro sem a gravata, relógio no pulso e
ténis nos pés. Logo que cumprimentou a turma ficou espantado com o numero de alunos
que estavam presentes e disse— Bom dia turma, onde é que foram os outros?
Fábio—Eles estão neste momento em viana, no enterro do Pai do Valdemar.
Prof. Ever—Uau! O Senhor morreu de quê?
Fábio—Já estava doente faz um tempo.
Prof. Ever — Sim, mas já tinha melhorado eu lembro do Valdemar ter me dito isso.
Fábio— Exatamente e depois teve uma crise e faleceu
Prof. Ever— E tu Sara não foste porquê?
Eu— Estou doente prof.
Prof. Ever— esta bem então epá sinto muito.
Falei com o Vado por telefone no mesmo dia, parecia bem, mas eu sabia que ele
não estava. No dia seguinte a Ruth me contou como foi o enterro, disse que ele não
chorou na frente dela, era de se esperar afinal é o Valdemar o cara que gosta de passar
boa disposição aos outros e não tristeza principalmente para quem ele ama. Dias se
passaram e a família dele resolveu que ele viveria no cazenga e estudaria lá, tentamos
nos acostumar com a ideia mesmo sentindo um vazio na turma. O Valdemar vinha nos
visitar de vés enquanto entrava na sala e assistia a aula como se ainda estudasse no
colégio, e nos divertíamos porque os professores novos que não lhe conhecem achavam
que ele era um aluno novo, ele se aproveitava disso para brincar e ser expulso das aulas.
A Ruth ficava muito contente quando ele chegava de surpresa, mas chorava sempre nas
despedidas. E isso deixava o Valdemar muito triste, com pensamentos de terminar tudo
só para ela ficar feliz com outra pessoa no futuro. Ele contou o que estava pensando
para mim, e eu pedi que ele não fizesse isso, porque ela provavelmente não suportaria.
E a vida ficou assim, pais mortos, namoro a distância, ter de se enquadrar a uma
nova realidade e superar a dor ficou difícil. Chegou um momento em que as pessoas se
questionam “porquê isso tinha de acontecer comigo” e essa pergunta gera outras que
afogam os pensamentos em um mar de dor e angustia e estar longe daqueles que
poderiam te dar consolo só aumenta a dor que se sente.
Na outra semana o Valdemar ligou para mim de noite eram 19 horas eu estava
na cozinha enquanto o telefone tocava no quarto, a Jerusa minha irmã mais nova de 6
anos, viu e veio correndo me chamar. Eu fui e atende.
—Como é kié wey , estas bem Valdemar?
—Yeah estou fixe Sara e você? —Também estou fine, então aí ta a cuiar?
— Aqui ta tudo bem hoje visitei a minha avó e isso me deixou contente.
—Me alegra saber que esta contente, ideias?
—Amanhã vou estar aí no colégio.
—Oh! My god! Que bom, vamos esperar por te.
— yah, mas não avisa na tua comadre Ruth.
— Uhm...porquê então wey?
—Eu quero lhe fazer uma surpresa. — Ham então é na boa.
—yah e para também já de falar calão estas a ouvir
—Porquê então Vado?
—Assim teus filhos e netos vão ver avó deles a falar esses mambos...não pode.
—Ta fixe então vou deixar.
—tchau então até amanhã.
—tchau wey.
Desliguei o telefone. E quando entrei no facebook perguntei para ele como estava a sua
relação com o pai antes dele falecer.
Valdemar—Eu não tinha uma boa relação com o meu Pai. Mas quando ele ficou doente
todo mudou eu voltei a sentir o amor do meu pai o que era odio se transformou em
amor, ele me dizia para ter cuidado com a minha madrasta porque ela não gostavade
mim, me defendia dela com unhas e dentes dela, brincava comigo elogiava o meu
sorriso, dizia que tenho olhos tipo dele, que tenho a aparência dele, que se a minha mãe
estivesse em vida casaria com ela porque ela era a unica mulher que ele amou e muita
coisa boa.

E no dia 25/9/2021 ele morre foi uma dor enorme

Assim que comecei a sentir o amor dele. por mim de volta ele se foi.
Capítulo 3
Numa quinta feira dia de educação física, aula em que eu nunca chego cedo a não
ser que o Seabra venha me buscar em casa. Eu fui para escola de manhã primeiro e sabia
que o Valdemar viria, mas não poderia dizer para a Ruth e isso era como uma tortura
porque as vezes ela ficava tristinha no seu canto a pensar. Mais tarde por volta das onze
horas passou um cara pela janela da nossa sala, estávamos na aula de química todos bem
atentos a aula, mas a Ruth percebeu logo que era o Valdemar, começou a sorrir assim que
o viu eu olhei para a janela e vi-o também, t-shirt verde, calça jeans e a mochila cor de
vinho com pintinhas de várias cores que todos nós conhecemos.

Cumprimentamos, abraçamos demos berros de alegria no meio do corredor do colégio no


andar de baixo da área politécnica, típico dos informáticos, porem eu ainda sou de opinião
que os jovens da mecânica são mais desordeiros do que nós. Eu me despedi deles, voltaria
para casa, ir pegar a minha indumentária de educação física. Deixei a Ruth e a Bernadeth
na escola, elas não costumam voltar porque moram muito distante da escola, e como a
minha casa fica bem perto eu tenho a paciência de voltar quase sempre.

Duas horas depois e eu estava de volta, cheguei no portão da escola e abri,


normalmente o colégio fica meio vazio no turno da tarde, fui para o campo e não encontrei
ninguém a ter aulas, só estavam alguns colgas jogando bola, a Maravilha grito para mim
a distancia— O professor não vai vir hoje!!!

Eu—Esta bem! Respondi em alta voz. E comecei a procurar por eles o Valdemar, a Ruth
e a Bernadeth. Curiosamente entrei numa das salas do andar de baixo e eles estavam lá
juntamente com a Kaginga, o Keano e o Elkana que eu prefiro tratar por Seabra. Estavam
a fazer tempo porque não queriam ir cedo para casa, o Netilson também estava lá com o
seu computador por cima da carteira. Eu sentei, e começamos a conversar sobre quem
queria ir para casa. E ninguém queria, a Bernadeth estava com problemas por causa dos
pais e não queria estar em casa, a Ruth queria passar mais tempo com o Valdemar e ele
com ela, eu estava cansada psicologicamente porque não tinha deixado um bom clima em
casa então não queria voltar. O Valdemar estava com uma folha de papel na mão e deu
para eu ler, de primeira me espantei. Ele olhou para mim fixamente a Ruth estava deitada
no chão da sala de aula, relaxando porque o ar condicionado estava ligado d repente a
Tânia também entrou e se jogou no chão. O Valdemar repetiu para mim dizendo —Sara
lê. E eu abri e comecei a ler internamente por causa do barulho que a Kaginga e o Seabra
faziam.

Depois de ler, comecei a lacrimejar, ele dizia para mim —não chora, só um sofredor consegui
entender a dor do outro.
Olhei para a Ruth e perguntei —Tu também leste?
Ruth—Não terminei de ler, sabia que iria acabar chorando.
Eu—yeah fizeste bem.
Depois disso eu dobrei o papel e coloquei no bolso, limpei as lágrimas e disse
com um sorriso no rosto—Isso fica comigo agora é meu.
Valdemar—Sem makas, Sara minha wy.
Levantamos tipo nada aconteceu, a Kaginga e o Seabra estavam a atira-se com papeis
eram as folhas de prova da Isabel ela esqueceu na sala de aula no turno da manhã. A
Bernadeth entrou na brincadeira, o Netilso. Bagunçamos a sala e depois saímos como se
nada tivesse acontecido. Ao voltar para casa eu e o Valdemar acompanhamos a Ruth até
um sector perto da casa dela em seguida fui com o Vado até a paragem, ele entrou no
carro e disse “adeus até o próximo ano”.
Termina aqui a primeira parte de TALVEZ 9 VEZES. Em breve será disponibilizada a
sua continuidade.

“Perdido em um labirinto de palavras, achamos o caminho entre aquelas que


nos guiam até a verdade”.

Sg_Pricess

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