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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU)

INSTITUTO DE ARTES (IARTE) - CURSO DE TEATRO


DISCIPLINA: VISUALIDADE DA CENA I
PROF. DR. MARIO PIRAGIBE

TEXTO REFLEXIVO III – APONTAMENTOS SOBRE MAQUIAGEM CÊNICA

MARCIEL DOMINGUES FERREIRA JUNIOR

Uma coisa legal que eu percebi, que eu tinha receio no início da disciplina, é que para a
maquiagem teatral não precisa ter medo dos traços estarem bem acentuados, pois é justamente
assim que deve ser. De modo que, tendo em vista que outros fatores, como luz e a disposição
do público, a maquiagem em cena pode acabar por dispersar um pouco dos traços dela.
Vou tomar como um exemplo, para melhor contextualizar essa perspectiva, o processo
de envelhecimento pela maquiagem. Após a limpeza da pele e de um tratamento com base,
deve-se partir para as rugas, olheiras, realçar a afinação do rosto, bem como, a flacidez da pele.
É um trabalho minucioso que deve se ater em demarcar os traços, conforme a anatomia das
próprias rugas do ator/atriz, tendo, ainda, trabalho de luz e sombra sobre esses traços. Em meus
experimentos, nos momentos de aula, eu ousei a trabalhar esse processo, todavia, meu erro era
sempre suavizar, o que acabava sendo por demais, de maneira que, para aqueles que estavam
próximos - e com um espaço bem iluminado -, dava para perceber os traços. Contudo, caso eu
fosse apresentar num palco com uma distância maior e uma iluminação mais baixa,
provavelmente essa minha maquiagem teria se dispersado.
Ainda nessa perspectiva de maquiagem bem acentuada, tenho outro processo que
participei, que foi o compartilhamento da disciplina de Corpo-Voz III, onde tive de fazer uma
maquiagem que dava profundidade para os meus olhos, como também, arqueava a minha
sobrancelha, sem que eu precisasse fazer esforços. Quando acabamos de nos maquiar e fizemos
o ensaio técnico sob as luzes que seriam usadas eu percebi que, apesar de maquiagem parecer
bem estranha sob o foco de luz branca, quando sob a luz âmbar ou vermelha ela trazia um efeito
bem interessante, quase natural para o que se pretendia.
Nesses trabalhos de maquiagem, outro fator bem interessante que percebi foi, se por um
lado podemos produzir uma maquiagem partindo do interno para o externo da personagem, por
outro, pela própria maquiagem, conseguir melhor submergir à personagem, corporificando em
nós mesmos todos os traços dela. Eu, particularmente, sinto que, quando ensaio de cara limpa,
não consigo trazer o que gostaria para a minha personagem, as vezes travo com minha timidez
de ser eu mesmo em cena. Entretanto, quando me maquio, me sinto mascarado e livre para
libertar de mim essa minha personagem. Caso semelhante é o de um amigo do curso, que, além
de ator, é palhaço. Como ele sempre diz, quando está de cara limpa ele sente que o palhaço não
vem, mas, basta colocar ao menos o nariz vermelho que o palhaço surge quase que
instantaneamente nele.

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