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STEPHANOU, Maria; BASTOS, Maria Helena Camara (Orgs.).

Histórias e
memórias da educação no Brasil. – v. III: século XX. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

O primeiro capítulo do livro faz uma análise do livro "A educação nas
constituições brasileiras" de Carlos Roberto Jamil Cury. As autoras, Maria Stephanou e Maria
Helena Câmara Bastos, destacam as principais contribuições e limitações da análise de Cury
sobre a história da educação no Brasil que aborda a evolução histórica da educação nas
Constituições brasileiras desde a independência nacional até a contemporaneidade. A obra de
Cury analisa a educação em diferentes constituições que existiram em três períodos distintos,
sendo eles, respectivamente, a educação nas constituições do Império, nas constituições da
Republica e na Constituição de 1988.
Primeiramente, antes de abordar a obra de Cury em si o capítulo traz a tona que a
educação é um direito de todos os cidadãos e que é dever do Estado providenciar e fiscalizar a
mesma, após isso o capítulo aborda a educação brasileira a partir da perspectiva das diferentes
constituições que o país teve ao longo de sua história, mostrando que elas têm um papel
importante na construção do pensamento e na definição das políticas educacionais. Ele
destaca como esses documentos refletem as diferentes visões e projetos políticos que guiaram
a educação brasileira. Para tal, apresenta primeiramente as constituições imperiais com
objetivo mostrar como a educação foi aos poucos incluída na constituição e qual era a sua
finalidade neste contexto.
Ademais, o decorrer do capítulo se concentra nas constituições republicanas para
ilustrar as transformações ocorridas na educação brasileira após a Proclamação da República.
Nestas Constituições, a ideia de educação se ampliou, trazendo para o debate a necessidade de
formação de um povo moderno e eficiente para a construção do país. A criação de instituições
educacionais estatais foi um fato marcante deste período, bem como a introdução de uma
visão nacionalista no ensino.
Além disso, no final do capítulo, o autor examina a Constituição de 1988 e são
descritos os principais avanços que surgiram a partir de então, ressaltando as mudanças que
decorreram do processo de democratização do país, mostra também o fim da centralização
administrativa e a ênfase na descentralização do sistema educacional, a valorização do ensino
fundamental e uma maior democratização do acesso ao ensino superior.
Nesse sentido, o ponto forte do capítulo é a contextualização histórica
apresentada, demostrando como cada constituição foi importante para a formação de uma
ideia de educação e como elas foram escritas com propósitos distintos em cada período
histórico, permitindo que o leitor compreenda os impactos que a política e as ideologias de
classes produzem no processo de ensino e de aprendizagem.
Entretanto, uma possível crítica é que, ao apoiar-se muito aos aspectos políticos e
históricos, o capítulo acaba por se tornar um tanto superficial, sem aprofundar-se em questões
pedagógicas e didáticas que também são importantes no processo educativo. Além disso, Cury
poderia ter traçado ações práticas para superar os problemas atuais da educação no país, em
vez de apenas olhar para o passado e refletir sobre a formação do sistema educacional
brasileiro
Por fim, não apenas o primeiro capítulo do livro como também os demais são
essenciais para professores, estudantes e pesquisadores interessados em compreender o papel
da educação na história do Brasil e as mudanças ocorridas por meio de diferentes contextos
históricos nacionais, haja vista que o livro traz diferentes perspectivas de diversos autores
sobre a história da educação brasileira. O livro serve tanto como referência histórica quanto
para estimular a reflexão sobre os desafios da educação nacional.

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