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Clube: Cultura Cearense

Lenda do tesouro de Ipu

Conta a lenda, que em Ipu havia um dragão que guardava em uma


gruta um tesouro muito antigo trazido por antepassados da cordilheira
dos Andes. Um imigrante holandês descobriu uma forma de fazer o
monstro dormir, então conseguiu roubar um pouco do tesouro que o
monstro guardava na gruta. Feito isso, levou-o para a frente da Igreja
de São Sebastião, que estava sendo construída em Ipu, e o enterrou
para que toda a sua riqueza fosse protegida pelo santo. Em seguida,
partiu para a gruta novamente. A intenção, desta vez, era a de levar
todo o ouro que existia no local. Mas como não conseguiu adormecer
o dragão, suficientemente, foi morto por ele, os antigos contam que a
entrada da gruta do holandês fica escondida a direita do véu d`água
na bica do Ipu.
Apareceu muita gente disposta a explorar a gruta do holandês, no
entanto, a pessoa que se deu bem não precisou ir até lá. Trata-se de
um homem chamado João da Costa Alecrim que, sem precisar
enfrentar nenhum monstro nem entrar em nenhuma gruta, deu com o
tesouro do holandês diante da Igreja de São Sebastião. Assim, ficou
rico da noite para o dia. Toda vez que saía de casa, porém, era
recebido com indiferença pela população do Ipu. Como ela
considerava que aquele ouro todo estava sob a guarda de um santo
(São Sebastião) não admitia que ninguém se servisse dele tal como
fez Alecrim. Assim, toda vez que passava pelas ruas do povoado, a
população dava-lhe as costas.
A lenda da botija de ouro

Uma das lendas mais interessantes do interior do Brasil, é a da botija de ouro.


Entes sobrenaturais aparecem em sonho ou durante o dia mesmo, para indicar
a um escolhido a existência de uma botija cheia de ouro escondida em certo
lugar, que deveria ser desenterrada, geralmente, à meia-noite para aumentar o
mistério. A pesquisadora Helenita Hollanda coletou várias histórias de botijas
nos estados nordestinos e é possível traçar algumas características dessa
lenda que surgiu, em alguns lugares, do boato segundo o qual padres jesuítas
teriam enterrado dobrões de ouro próximos a seus conventos pouco antes de
serem expulsos do Brasil em 1759 pelo Marquês de Pombal, o secretário de
estado do reino de Portugal.
A partir de um fato verdadeiro, cria-se a lenda que se popularizou nos grotões
brasileiros. Mas quem vai tentar desenterrar a botija precisa ultrapassar vários
empecilhos, conforme o relato da filha de um comerciante da cidade
pernambucana de Aliança cujo pai José Matias conseguiu retirar as peças de
ouro do local indicado em sonho pelo espírito de um amigo.
A instrução é que ele pegasse a enxada e fosse cavar à meia-noite embaixo de
uma árvore, numa encruzilhada e não prestasse atenção nos eventos que
demônios iram criar no local para distraí-lo ou assustá-lo. Quando ele estava
cavando apareceu bode, galinha, galo cantando tudo pra ele desviar o olhar.
Mas Zé Matias se manteve firme e localizou a botija cheia de moedas de prata
e ouro. Ele retirou o butim sobrenatural e precisou mudar da vila onde morava
pois, segundo a lenda, quem acha uma botija de ouro em determinado lugar
não pode gastar o dinheiro lá, a menos que enterrasse um pinto vivo. Zé Matias
preferiu não fazer essa maldade com a ave, se mudou, comprou um armazém
e prosperou na vida graças ao presente do além. Tenho certeza que essa
história vai motivar muitos leitores do interior a relembrar os casos de botijas de
suas regiões.

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