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1 º Te m p o r a d a

01
AS LAMPARINAS

As lamparinas eram um dos artefatos mais importantes


da antiguidade. Naquela época não existiam lâmpadas
ou energia elétrica e para ter acesso a luz era preciso
depender desse tipo de artefato. A lamparina mais
antiga a ser encontrada no MAB é datada da época de
Abraão, na Era de Bronze.

Esse objeto era feito de barro e para acendê-lo era


necessário ter uma fonte de combustível. Na grande
maioria das vezes era usado azeite de oliva, para esse
propósito, justamente porque nessa época não existia o
querosene, ou álcool, ou outros tipos de combustíveis
que são tão comuns hoje e o azeite conservava muito
bem a chama.

De período para período é possível observar uma


mudança no formato das lamparinas, no acervo do
museu é possível encontrar esses artefatos do período de
Bronze, Ferro, Helenistico, do período do Novo
Testamento, Bizantino, e mais.

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As lâmpadas nos ajudam a datar alguns estratos
arqueológicos, porque cada uma tem um formato e
características próprias para a época que foram feitas. Ao
serem encontradas em sítios arqueológicos é possível
usá-las para identificar em que momento aquelas
pessoas viveram. 

Uma das histórias mais conhecidas da Bíblia que envolve


as lamparinas é a parábola das 10 virgens (a história pode
ser encontrada em Mateus 25). Jesus sempre fazia
questão de usar elementos do cotidiano em seus
ensinamentos, para facilitar a compreensão do povo. 

Na parábola, o principal problema das virgens tolas era a


falta do azeite, porque sem ele as lamparinas não
ficariam acesas. Ter o azeite na época era até mesmo
uma questão de segurança, por ser a única fonte de luz
disponível. 

Além da parábola existem diversos textos que fazem


referência a luz e as lamparinas, como no caso de Jó
18:5-6, em que lemos: “A lâmpada do ímpio se apaga e a
chama do seu fogo se extingue. Na sua tenda a luz se
escurece; a lâmpada de sua vida se apaga”. Ou ainda o
famoso Salmo 119:105 , que afirma: “A Tua palavra é
lâmpada que clareia os meus passos e luz que ilumina os
meus caminhos.”

A partir do elementos arqueológicos, usados na época, os


autores fizeram analogias que poderiam ser
compreendidas. Ao longo da Bíblia a luz aparece em
diversas passagens e o povo de Deus chega a ser
comparado à luz. Através da nossa luz nós podemos
trazer muitos aos pés de Cristo. Que sejamos como as
lamparinas repletas de azeite e brilhemos por onde
passarmos.
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02
MÁSCARA

MORTUÁRIA EGÍPCIA

Uma cultura dos egípcios que pode lançar luz sobre


alguns textos da Bíblia é a Máscara Mortuária Egípcia. O
objeto que pode ser encontrado no MAB, data de
aproximadamente 2.600 anos atrás. 

A máscara era encaixada no sarcófago de quem morria e


a elaboração variava para a patente de quem morria. Os
Faraós recebiam máscaras de ouro, outros de madeira e
assim elas iam mudando. 

De acordo com a crença egípcia, esse objeto permitia


que o falecido fosse reconhecido no mundo dos mortos,
porque, para eles, todos os seres humanos, além do corpo
f ísico, têm o espírito e a alma. Mas embora os egípcios
cressem na vida pós morte eles não tinham a ideia de
“imortalidade da alma”, um conceito grego cunhado
depois.

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Os egípcios acreditavam que para viver no mundo dos
mortos era preciso ter um corpo físico, por isso eles
mumificavam bem as pessoas que morriam, pois ele
precisava ser conservado. Além disso, o mundo dos mortos
era encarado por eles como um mundo paralelo, e não
necessariamente um céu e inferno, e sim um outro mundo. 

Segundo a crença, quando a pessoa morria ela era levada


por Anúbis para um julgamento frente ao deus Osíris, e após
esse julgamento ele poderia entrar no mundo dos mortos,
onde ele encontraria bens e fartura. 

O deus Anúbis era quem vinha levantar o espírito do


defunto do sarcofogo, mas para isso ele antes precisava
reconhecer quem estava sepultado, e o que possibilitava
esse reconhecimento era justamente a máscara mortuária.
Assim, o deus reconhecia o indivíduo pela máscara e o
chamava, caso o morto não tivesse essa identificação ele
seria desconsiderado e não seria levado ao mundo dos
mortos, perdendo a vida eterna. 

Claramente essa é uma crença egípcia, que a Bíblia não


considera como verdadeira, então por que ela nos ajuda a
compreender as escrituras? 

A partir de acenos arqueológicos nós podemos


compreender que as máscaras mortuárias não eram usadas
apenas para fins funerários, mas podiam ser usadas em
rituais religiosos para representar os deuses. Ou seja, eram
usados também para os ritos pagãos.

Talvez por esse motivo, Deus tenha proibido o povo de Israel


de fazer semelhanças do que acima no Céu e embaixo na
terra. Isso porque no livro de Êxodo encontramos a
passagem que explicita essa ordem: “Não faça ídolos de
metal para você” - Êxodo 34:17.

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As máscaras estavam profundamente ligadas a
representações pagãs e divinas, portanto faz sentido que
Deus tenha colocado um mandamento que proibisse a
imagem de escultura. A adoração deveria ser voltada
apenas para Ele, e nós não sabemos como Ele é. 

Qual é a idolatria de hoje? O que Deus deveria abolir


hoje?

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03
O artefato com uma

função misteriosa

O artefato em si pode ser considerado simples: são duas


cavidades, ou vasos, interligados por um cano. Acredita-
se que a peça era usada para misturar os elementos
colocados em cada uma das cavidades. Mas, até hoje,
existe um mistério na arqueologia com relação a real
função desse tipo de objeto.

Esse mesmo modelo de artefato pôde ser encontrado em


culturas mesoamericánas, muito posteriores à época da
Bíblia. Entre os Maias foram encontrados artefatos
parecidos com esse modelo, mas no Oriente Médio esse
tipo de exemplar é extremamente raro. O MAB tem em
seu acervo esse objeto após muita procura e
investigação.

Algumas hipóteses são levantadas com relação ao objeto


misterioso:

1. O artefato pertencia à elite ou era usado em ritos


sagrados específicos.

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Essa afirmação se dá pela raridade do objeto.

2. Os líquidos colocados no recipiente tinham intuito


religioso. 

Os líquidos poderiam ser vinho, algum tipo de azeite,


usados como oferendas, em algum rito de libação.

3. O recipiente poderia ser usado para mistura de


outros elementos, como o mel (mais especificamente
o mel de tâmara) e leite de cabra. 

Esse leite adoçado faz referência a uma das grandes


promessas de Deus ao povo de Israel, a de que eles
teriam uma terra que mana leite e mel.

“Por isso desci para livrá-los das mãos dos egípcios e tirá-
los daqui, para uma terra boa e vasta, onde há leite e mel
com fartura” - Êxodo 3:8

Muitos entendem que essa fartura de mel seria pelas


tamareiras em abundância na terra e o leite vinha das
cabras. Em Israel este era o comum, diferente da
facilidade que temos hoje de beber leite de vaca ou mel
de abelha, as condições do lugar favoreciam outros tipos
de cultivo.

O leite e o mel combinados tinham um significado muito


importante. O mel sozinho já poderia representar a
palavra de Deus e a sabedoria. A junção dos dois
elementos representava a riqueza, a fartura, o que Deus
tinha planejado para o seu povo.

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Deus quer o melhor para os seus filhos, o problema é que
muitas vezes nossos complexos nos impedem de receber
todas as bênçãos que Ele tem pra nós. As ações de Deus
na história desafiam a nossa lógica, mas se estivermos
abertos e não permitirmos que crenças limitantes nos
impeçam de receber as bênçãos, Ele também tem para
nós uma terra reservada, que mana leite e mel.

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04
Cofre enterrado

Aparentemente é um pequeno vaso de cerâmica, mas na


arqueologia ele pode ser chamado de pote cofre, ou vaso
cofre. Na época já existiam bancos, mas abrir as contas
bancárias era um luxo reservado apenas para os que
eram muito ricos e as pessoas mais comuns precisavam
guardar seus bens consigo. 

As jóias, moedas e o que mais fosse considerado de valor,


eram guardadas e seladas nesse pote, depois enterradas
em um lugar seguro. Por esse motivo começaram as
tradições dos piratas, que partiam em busca de um
tesouro enterrado. No Brasil, na época de Canudos,
também são encontrados artefatos com esse mesmo
fim. 

Na época de Jesus essa prática era muito comum e Jesus


usa esse exemplo em uma de suas parábolas, a dos
talentos (a história pode ser encontrada em Mateus
15:14-26).

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Na história um senhor rico viaja e deixa cada servo com
um quantia: a um ele da 5 talentos, a outro 2 e a outro 1.
Os que receberam 5 e 2 duplicaram o valor fazendo
negócios com o dinheiro recebido, agora o que recebeu 1
talento “saiu, cavou um buraco no chão e escondeu o
dinheiro do seu senhor”, provavelmente em um artefato
como o pote cofre. 

Ao voltar de viagem, o rico senhor acerta as contas com


os servos. Os que receberam 5 e 2 mostraram seus
ganhos e lucros, já o que recebeu apenas 1 disse que
escondeu o talento, por ter medo do senhor. O fim da
história do servo é triste, por cair em desgraça aos olhos
do senhor. 

Outra passagem que faz referência ao artefato está em


Mateus 6:19 que diz: “Não acumulem para você tesouros
na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os
ladrões roubam e furtam”. 

O talento deve ser usado para multiplicar talentos, como


explicitado na parábola. Jesus faz questão de reforçar a
ideia de que é necessário partilhar o que recebe, porque
acumular o tesouro na terra não leva a nada, apenas
acumulando tesouros no Céu teremos a vida eterna.

Na segunda carta de Paulo aos Coríntios, o apóstolo


também diz: “Temos esse tesouro em vasos de barro, para
mostrar que o poder que tudo excede provém de Deus e
não de nós”, 2 Coríntios 4:7.

Paulo quis dizer que o tesouro de Deus, o tesouro


espiritual, a salvação, a graça, é depositada em vasos de
barro, que somos nós. Muitas vezes as pessoas se
baseiam na aparência física,dos bens adquiridos, mas o
verdadeiro tesouro de Deus somos nós.

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05
Evidências da

nossa redenção

O relato da crucificação de Jesus é provavelmente o mais


conhecido de toda a Bíblia. Esse episódio é marcante
para todos aqueles que se dizem cristãos.

Mesmo sendo muito difícil encontrar restos humanos de


pessoas crucificadas, tendo sido encontrados apenas três
em escavações arqueológicas, por não terem direito a um
enterro digno, existem artefatos que nos ajudam a
contextualizar como eram essas crucificações. 

O original da réplica, que pode ser encontrada no MAB,


foi encontrado logo após a Guerra de 6 Dias, o momento
em que Jerusalém foi tomada pelos israelenses e se
tornou sua capital. Durante a reforma da cidade, eles
encontraram túmulos e ossários, onde os ossos eram
depositados.

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No calcanhar de um desses ossos que foi achado havia
um prego, o que confirma que esse indivíduo havia sido
crucificado e provavelmente teve seu corpo sepultado, e
não jogado no lixão como de costume aos crucificados,
por alguma intervenção política ou financeira de seus
familiares. 

Além do trabalho legístico, que nos ajuda a entender


como os crucificados provavelmente estavam na cruz,
esse achado também revelou um segredo que intrigava
muitas pessoas: o constante achado de pregos de
crucificação em lugares de sepultamento. 

Existia uma superstição judaica que permitia que o judeu


carregasse 3 coisas no Shabat: um dente de chacal, um
ovo de gafanhoto, ou um prego de crucificação. Os
pregos da crucificação eram usados como simpatias e
por isso faz sentido que eles apareçam sempre em
túmulos.

Mesmo com tantas informações arqueológicas não é


possível ter uma visão geral do “grande acontecimento”
se não fizermos uso da teologia. Do ponto de vista
teológico, a diferença da morte de Jesus na cruz, não se
deve ao que foi visto, mas aquilo que não podemos ver. 

Jesus sofreu a morte de redenção. Ele não foi apenas um


mártir, Ele foi o cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo. 

Como você recebe a história da crucificação? Como um


dado histórico ou como o relato que mostra a morte de
alguém que você ama?

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06
Uma

bolsa térmica?

Feita de couro de animal, usada para armazenar líquidos


e mantê-los frescos, o odre era a bolsa térmica dos
tempos bíblicos, diferente de como alguns podem
acreditar que o odre era algum tipo de vaso ou cerâmica.
A praticidade da bolsa permitia que ela fosse carregada
por longas distâncias e usada principalmente no deserto.

Uma das passagens associadas ao artefato é a própria


fala de Jesus, registrada no livro de Lucas, no capítulo 5
versos 36 e 37. “Então lhes contou essa parábola: ninguém
tira um remendo de roupa nova e costura em roupa
velha; se o fizer estragará a roupa nova, além do que o
remendo não se ajustará à velha. E ninguém põe vinho
novo em vasilha de couro velha; se o fizer o vinho novo
rebentará a vasilha, se derramará, e a vasilha se estragará”.

O termo vasilha de couro faz referência ao odre, no


original grego.

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Jesus nessa passagem diz que ninguém põe vinho novo
em odre velho, porque essas bolsas ao longo do tempo
vão criando fissuras e se desgastando. Quando o vinho for
colocado dentro desse odre, quando fermentar ele vai
expandir e o couro rachar, derramando o vinho e
estragando o odre. 

Ele ainda ressalta que quem está acostumado com vinho


velho não prefere o novo, falando de um vinho que não
era bem vindo. A palavra que Jesus pregava poderia ser
considerada como um vinho novo, que não estava sendo
recebido por aqueles que se acostumaram com o velho. 

Muitas vezes é preciso desaprender para então aprender


da maneira certa. O processo não é fácil, mas é
necessário. Se não estivermos dispostos a experimentar o
“vinho” novo, no caso a palavra de Deus, não adianta ela
ser pregada. Existe uma censura para aqueles que têm o
pensamento antigo e não estão dispostos a renová-los. 

É preciso ter uma mente que esteja disposta a aceitar a


mensagem de Deus e para isso é preciso se desapegar de
algumas velhas tradições e hábitos, disponibilizando
espaço para o novo.

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07 Paleta

de Narmer

A Paleta de Narmer é um achado egipicio, seu original


está no Cairo, mas o MAB tem uma réplica idêntica do
artefato. 

Existe um mistério com relação ao objetivo dessa paleta,


alguns pensam que seria para cosméticos, outros para
colocar tinturas, ou ainda que servisse como espécie de
escudo ou algo do tipo. Mesmo não sabendo exatamente
para o que ela servia, é possível aprender com o
testemunho epigráfico que ela apresenta. 

Os desenhos da paleta trazem, de um lado, como figura


principal o Faraó Narmer, com uma clava na mão, prestes
a golpear o inimigo, e em cima de diversos outros
inimigos, como sinal de potência suprema. A Bíblia
apresenta passagens que indicam pisar nos inimigos,
sendo uma fala comum do Oriente Médio.

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No outro lado, Narmer também é representado, mas sua
coroa é diferente da representada no primeiro lado, isso
porque cada uma tem um significado diferente. Essas
coroas são a representação sequencial do alto e do baixo
Egito. O alto sendo na verdade o sul do Egito e o baixo o
norte.. 

Narmer foi o primeiro faraó que conseguiu unificar o alto e


baixo Egito, e foi nessa época que os escribas começaram a
inventar os primeiros traços da escrita hieroglífica. Na paleta
é possível ter uma ideia de como começou esse processo de
escrita. 

Na Paleta de Narmer são encontrados registros de uma fase


fonética dos hieróglifos. Como exemplo se dá a
representação de um peixe e um cinzel, que correspondem
respectivamente, na língua egípcia, a nar e mer, justamente
o nome do faraó representado no artefato. 

No objeto ainda são encontradas outras figuras, como a de


monstros que representam o caos. No livro de Jó também
nos é apresentado monstros representando esse caos, e em
visão é mostrado Deus combatendo esses monstros. Além
disso, na paleta é apresentado o faraó descalço perante o
deus Osíris, porque representava um sinal de respeito ao
estar frente a uma divindade. 

Em Êxodo quando Moisés é chamado para libertar o povo


de Israel ele também precisa tirar suas sandálias. Essa não é
última vez que esse pedido é feito, ele é repetido em Josué
5:15. “O comandante do exército do Senhor respondeu: “Tire
as sandálias dos pés, pois o lugar que você está é santo. E
Josué as tirou”.

Para fins litúrgicos, não encontramos nenhuma lei bíblica


que obrigue retirar os sapatos, mas existia uma crença
egípcia que fazia referência a isso. Moisés e Josué foram
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criados dentro dessa cultura. Se Deus aparecesse na
sarça e não pedisse que os calçados fossem retirados,
Moisés poderia entender que na verdade se tratava de
um demônio, e não da voz do Senhor. 

Deus deu a mensagem de uma forma que quem a


recebeu pudesse entender de forma completa.

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08 As joias de

2700 anos atrás

Nos tempos da Bíblia as jóias eram diferentes daqui


estamos acostumados a ver hoje em dia, mas não tanto
assim. O conjunto que o MAB apresenta conta com
algumas argolas, de diferentes tamanhos, feitas de
materiais como ferro, bronze e outros, que poderiam ser
usadas como algum tipo de pulseira ou para outro fim.

Em Gênesis 24:22 é possível encontrar uma referência


direta as joias da época: “E aconteceu que, acabando os
camelos de beber, tomou o homem um pendente de
ouro de meio siclo de peso, e duas pulseiras para as suas
mãos, do peso de dez siclos de ouro”.

Esta passagem conta a história do servo de Abraão que


partiu para buscar uma esposa para Isaque.

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Nesse ponto ele encontra Rebeca, que se tornaria esposa

de Isaque, e oferece para ela pendentes de ouro. O modo

como ele deu as jóias para ela já era um indicativo de que

ele estava representando os interesses patrimoniais de

outra família.

No Oriente Médio, nos tempos antigos e até hoje, o

casamento na grande maioria das vezes é na verdade um

acordo entre duas famílias, e não entre um homem e

uma mulher. Por isso, são enviados representantes para

negociar esses acordos, como no caso do servo de

Abraão. As joias, nesse caso, serviram como um

emblema para um acordo nupcial. 

Existe uma diferenciação entre o uso de jóias por

mulheres em homens. Por exemplo, quando as mulheres

usavam as argolas no nariz, poderia ser considerado

vaidade, mas quando um homem usava da mesma

forma, era uma maneira de desonrá-lo. 

Quando o homem era capturado em uma guerra e se

tornava escravo, ele passava por esse processo e era

puxado por essa argola no nariz. A passagem de 2

Crônicas 33:11 fala sobre o rei Manassés que sof reu essa

pena: “Por isso, o Senhor enviou contra eles os

comandantes do do exército do rei da Assíria, os quais

prenderam Manassés, colocaram-lhe um gancho no nariz

e algemas de bronze e o levaram para Babilônia”. 

Quando vamos ao livro de Ezequiel encontramos Deus se

colocando na posição de noivo interessado em desposar

Israel, e Ele leva as joias para ela, assim como o servo de

Abraão. “Adornei-a com jóias, pus braceletes em seus

braços e uma gargantilha em torno do seu pescoço; dei a

você um pendente, pus brincos em suas orelhas e uma

linda coroa em sua cabeça”, Ezequiel 16:11.

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Deus usa o gesto cultural da época para passar a

mensagem de que Ele queria ser o esposo de Israel, no

sentido de ser o único Deus e mantenedor do povo. Essa

mesma figura de linguagem pode ser encontrada no

Apocalipse, quando Deus vai mais uma vez em busca de

sua esposa, que assume o papel da igreja, no livro.

As joias nos ajudam a entender como as transações

sociais funcionam na época bíblica, por isso é tão

importante buscarmos formas diferentes de nos

aprofundar na palavra de Deus, a fim de entender seu

texto e contexto de forma inteira e completa.

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09
“Uma

vasilha inútil”

No Salmo 119:83 lemos o seguinte texto: “Embora eu seja


como uma vasilha inútil, não me esqueço dos teus
decretos”. Essa passagem apresenta um problema de
tradução que cerca os editores da Bíblia moderna,
porque às vezes existe uma expressão idiomática ou uma
palavra que não faz sentido para nossa cultura. Então, se
ele mantém a expressão é possível que nós não
entendamos o que ele quer dizer, mas se ele muda muito
a expressão corre o risco de esvaziar o sentido original. 

Mas por que falar sobre isso? Porque esse termo “vasilha
inútil” encontrado no texto, é uma dessas referências que
foi alterada. Nesse caso específico, no hebracio a
passagem diz: “Já me assemelho a um odre na fumaça,
mas não me esqueço dos teus decretos”. 

Uma das melhores formas para interpretar os textos


bíblicos é ler a passagem no maior número de Bíblias
que puder. Cada tradução pode representar um
complemento do contexto real da mensagem.
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O odre é uma peça feita de couro de animal, como já
explicado em outro capítulo, e era usado para armazenar
líquidos e mantê-los frescos. Quando o odre estragava,
eles o penduravam na tenda, pois poderiam aproveitar o
couro futuramente, e como costume dos beduínos eles
acendiam fogueiras em frente às tendas para espantar os
predadores, e a fumaça acabava infestando o ambiente, e
consequentemente o odre era atingido, um
comportamento que se assemelha ao dos patriarcas
bíblicos. 

Trazendo para a aplicação do Salmo, a passagem


simplesmente quer dizer que mesmo velho, desprezado
e estragado, ainda assim os decretos do Senhor não
seriam esquecidos. 

A idade não tira você do caminho de Deus. Quando você


se sentir velho para fazer alguma coisa, lembre-se de que
grandes heróis da fé como Moisés, Abraão e Noé, foram
chamados já com a idade avançada para realizar a obra
de Deus. Porque o que importa não é o que está do lado
de fora, mas se por dentro ainda guardamos os decretos
do Senhor.

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10
Mulheres do período

Greco-romano

A beleza da mulher sempre foi enaltecida desde os


tempos antigos e as estatuetas do período Greco-romano
também fazem referência a isso. Nas estatuetas
disponíveis no MAB, é possível perceber o padrão de
beleza da época, as vestimentas, como as mulheres eram
retratadas, a partir do comprimento do cabelo, da
representação dos olhos e mais. 

Um dos objetos retrata uma mulher, mas era usado como


uma lamparina, que serviria para iluminar toda a casa. 

Uma particularidade de um dos artefatos é que a mulher


tem em sua cabeça um adereço de lua crescente, tem os
olhos bem delineados e está olhando por uma janela. Essa
informação faz sentido ao associarmos com a passagem
de 2 Reis: “Depois Jeú veio a Jizreel, o que ouvindo
Jezabel, pintou-se em volta dos olhos, enfeitou a sua
cabeça, e olhou pela janela”, 2 Reis 9:30.
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A representação do artefato não faz referência específica a
Jezabel, afinal ele foi esculpido anos depois, mas ele ajuda a
compreender a história. A mulher do artefato está em
posição de sedução, o que nos ajuda a entender que
Jezabel pretendia fazer a mesma coisa, no caso seduzir Jeú. 

Jeremias 4:30, também associa a pintura dos olhos a


sedução: “Agora, pois, que farás, ó assolada? Ainda que te
vistas de carmesim, ainda que te adornes com enfeites de
ouro, ainda que te pintes em volta dos teus olhos, debalde
te farias bela; os amantes te desprezam, e procuram tirar-te
a vida”.

É interessante esse jogo que a Bíblia faz entre a beleza


feminina por um lado, que é estimulada por ser amada, e a
mulher que se enfeita por não ser amada e por isso precisa
seduzir a outros. Esse elemento vale também para os
homens. Os artefatos fazem referência a mulheres, mas o
cuidado e respeito pelo corpo é uma regra também para os
homens.

Com relação ainda a referência da lua crescente nos


artefatos, em Isaías 3:17-18 encontramos uma explicação:
“Portanto o Senhor fará tinhoso o alto da cabeça das filhas
de Sião, e o Senhor porá a descoberto a sua nudez, naquele
dia tirará o Senhor os ornamentos dos pés, e as toucas, e
adornos em forma de lua”. 

Essas passagens nos ajudam a entender um pouco os


aspectos com relação a moda e dos enfeites que haviam na
época da Bíblia. Mas o mais importante é entender por
quem você se arruma e como se arruma. Você o faz como
uma forma de honrar o Espírito Santo ou como uma forma
de seduzir os que estão ao redor, por que ainda não
conseguiu sentir o amor de Deus?

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11 A peneira

de mais de

2000 anos

Esse artefato foi muito importante no passado, ele chega


a parecer uma peneira do período Greco-romano. Esse
coador era usado para filtrar as moscas e insetos que
poderiam ter caído dentro de algum vaso de bebida,
assim ao passar para o copo era usado essa peneira para
manter a bebida limpa. 

Esse instrumento se tornou muito mais importante para


os hebreus devido às leis de saúde que eles tinham. Os
israelitas não podiam comer qualquer coisa pois existiam
prescrições, dadas por Deus a Moisés, que guiavam a
dieta do povo. 

Em Levítico 11:4 encontramos um exemplo: “Destes,


porém, não comereis; dos que ruminam ou dos que têm
unhas fendidas; o camelo, que rumina, mas não tem
unhas fendidas; esse vos será imundo”.
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Nesse sentido, o Judeu que segue as regras bíblicas não
come porco, frutos do mar, não mistura leite com carne,
como o proprio texto disse, o camelo, insetos de todo tipo,
menos o gafanhoto que foi o único liberado para
consumo, e outros. 

A peça nos ajuda a linkar o texto de Levítico com uma


passagem do Novo Testamento. Em um dos grandes
discursos de Cristo, Ele disse: “Na cadeira de Moisés estão
assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois,
que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as;
mas não procedais em conformidade com as suas obras,
porque dizem e não fazem”, Mateus 23:1-3. 

Quando Jesus se refere à hipocrisia dos fariseus, ele faz


uso de uma hipérbole, que funcionava como um reforço
linguístico, para enfatizar a mensagem: “Guias cegos!
Vocês coam um mosquito e engolem um camelo”,
Mateus 23:4. 

Percebe as referências dadas à passagem de levítico e ao


artefato? Aqui Jesus fala que os fariseus cumprem a lei
em parte, pois coam o mosquito, mas descumprem a lei,
pois engolem o camelo. 

A partir dessa história pode ser levantado o


questionamento: será que estamos cumprindo os
mandamentos de Deus por amor, ou como uma forma
de legalismo? As obras não são o meio nem a causa da
salvação são o resultado dela. Por isso não podemos cair
no mito da graça barata, mas também não devemos ir
para o outro lado, acreditando que pelas obras podemos
ganhar o céu.

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12
“Como o prato

que retine”

Um dos instrumentos musicais presentes no acervo do


MAB é uma peça de bronze grego, que funcionava como
um prato de banda, mas em uma escala menor. Esse
objeto é especificamente mencionado em uma das
cartas de Paulo aos coríntios: “Ainda que eu fale a língua
dos homens e dos anjos, se não tiver amor serei como o
sino que ressoa ou como o prato que retine”, 1 Coríntios
13:1.

Todo o capítulo 13 desta carta é dedicado ao amor, com


especificações sobre o que ele é, como o reconhecer e
como o oferecer, além de explicitar o maior amor que
existe, o de Deus.

Quando a cidade de Corinto recebeu essa carta, ela estava


imersa em promiscuidade. Os conceitos de amor eram
perversos e desumanos, bem diferente do amor que Deus
gostaria que seus filhos tivessem acesso.

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Em Corinto existia um grande templo para a deusa

Af rodite, e antes de casar, muitas mulheres deviam vender

a sua virgindade para o templo, se assentando na estrada a

caminho do templo e se alguém passasse e gostasse,

poderia ter relações sexuais com a jovem desde que

deixasse uma quantia para construção e manuntençaõ do

templo.

Percebe o tamanho da atrocidade que era pregada como

amor? A ideia associada a não ter amor é como o prato que

retine, um instrumento que não produz nenhum som

agradável. 

Todos somos instrumentos, mas que tipo nós temos sido?

Temos permitido que Deus dedilhe uma bela canção ou

estou sendo alguém como um címbalo que retine? 

Quando nos colocamos nas mãos de Deus, Ele se mostra

através de nós, podemos ser o reflexo dele nessa terra. O

mundo está coberto de ódio e rancor e cabe a nós ser o

amor, o amor daquele que deu todo o amor por nós.

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