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Silvânia Vieira de Miranda RSP

A gestão da informação e a
modelagem de processos

Silvânia Vieira de Miranda

Introdução

A definição e a racionalização das informações são de fundamental impor-


tância para o alcance dos objetivos estratégicos de uma organização, tanto no
setor privado quanto no setor público. No entanto, existe diferença de abordagem
do processo de gestão da informação (GI) entre as instituições do setor público
e as organizações do setor privado, devido ao fato de que as organizações públicas
normalmente gerenciam informações em nome do governo e devem cumprir
certas obrigações perante a sociedade, com respeito ao trato da informação.
Entende-se que a compreensão e o estudo dos fluxos de informações como
processos que agregam valor à informação podem ser explorados para a promo-
ção da governança do setor público. Um dos exemplos de clareza no tratamento
de processos informacionais pode ser visto na página do Governo do Canadá,
que apresenta, no seu Portal para a Gestão da Informação, um modelo de matu-
ridade de gestão1 em cinco níveis, sendo que os quatro primeiros estão relacio-
nados às condições dos processos e práticas de gestão da informação.

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O presente estudo apresenta breve sequência de atividades que transforma


revisão da literatura sobre a gestão da insumos em produtos, agregando valor
informação e sobre a diferença entre (MIRANDA E STREIT, 2007).
gerenciar informações em organizações O processo de gestão de informações
públicas e privadas, conceitos de mode- inclui várias fases ou etapas, dependendo
lagem de processos e estudo de caso. da abordagem com a qual se está traba-
A modelagem de processos é tratada lhando. Na definição de Davenport (1997),
como um dos itens de gerenciamento um processo genérico de gestão da infor-
necessários para alcançar nível maior de ra- mação (GI) é composto de quatro fases:
cionalização. A proposta de metodologia determinação dos requisitos ou neces-
para mapeamento e descrição de sidades de informação, captura, distri-
processos de GI incorpora as ideias buição e uso das informações. Uma
de racionalização, controle e maturidade representação do processo genérico da GI
crescente. Apresenta, também, os resul- encontra-se na Figura 1.
tados já obtidos em trabalho prático de Na fase de determinação de requisitos,
modelagem realizado em uma organiza- definem-se as necessidades de informação,
ção pública. A experiência ainda é recente envolvendo a identificação de objetivos e a
e não atingiu maiores graus de maturidade, combinação entre objetivos e usos da
mas já apresenta resultados promissores. informação. A fase de recepção pode
envolver atividades de: monitoramento do
A gestão da informação (GI) e ambiente, categorização das informações
as organizações públicas em uma estrutura relevante, formatação e
representação da informação. Documentos
O gerenciamento da informação, são, normalmente, uma forma de repre-
segundo Davenport (1997), é um conjunto sentar a informação com determinada
estruturado de atividades que espelha a estrutura e contexto. A fase de distribuição
forma pela qual uma organização captura, da informação envolve a conexão de
distribui e usa informação e conhecimento. gestores e usuários da informação. Nessa
Definir e pensar na GI como processo etapa, define-se, por exemplo, qual a mídia
enfatiza medição e busca de melhorias. mais apropriada, quais os usuários para cada
Processo pode ser qualquer atividade ou tipo de informação e qual a estratégia mais
conjunto de atividades que transforma adequada para levar uma informação
recursos em produtos (entradas em saídas), específica ao seu usuário. A fase final do
e possui mecanismos de controle e verifi- processo de gestão é a referente ao uso da
cação de qualidade. Ou, ainda, uma informação, na qual podem ser estabelecidas

Fonte: Davenport (1997).

Figura 1: Processo genérico de gestão da informação (GI)

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várias formas de melhorias, como: medi- e redes – infraestrutura para gestão); e


ções, contextualização e incorporação de capacidade organizacional (competências,
medidas de uso na avaliação de resultado metodologias, aprendizagem). A estratégia
(DAVENPORT, 1997). direciona a construção da arquitetura
Fazer gestão da informação significa operacional e a integração da cadeia de
dirigir e dar suporte efetivo e eficiente ao ciclo valores dos processos informacionais
informacional de uma organização, desde o (relação com os parceiros, avaliação da
planejamento e desenvolvimento de sistemas receptividade do público), com base nas
para receber as informações à sua distribuição competências existentes e desejáveis para
e uso, bem como sua preservação e segu- atingir os objetivos traçados.
rança. A informação é um recurso estraté- A GI deve ser realizada com base em
gico que deve estar alinhado aos requisitos políticas bem traçadas, arquitetura bem
legais e políticos do negócio e, como qualquer desenhada e gestão do ciclo de vida da
recurso, deve ter sua produção e uso informação, de maneira que os serviços e
gerenciados adequadamente. produtos possam servir adequadamente
O planejamento organizacional deve aos clientes. Isso significa encarar o processo
incluir aspectos ligados à GI: o ciclo de da gestão da informação do ponto de vista
captação, recebimento, criação e distri- do ambiente como um todo, incluindo
buição de informações precisa fazer parte arquitetura e tecnologia da informação;
de um programa que objetiva assegurar a estratégias, políticas e comportamentos
eficiência e eficácia dos processos informa- ligados à informação; processos de
cionais. A infraestrutura de gestão, a de trabalho; e pessoas. Portanto, a gestão da
tecnologia de informação e a de recursos informação deve considerar:
humanos devem ser bem planejadas. Isso • integração de diversos tipos de
envolve: estratégia (visão, orientação, informação (estruturada, não estruturada,
planos, políticas e financiamento); arquite- automatizada, não automatizada, textos,
tura operacional (modelo operacional, áudio, vídeo etc.) e reconhecimento das
segurança, dados, aplicativos, tecnologias tendências à mudança;

Fonte: Ponjuán Dante (1998)

Figura 2: Ciclo de Vida da Informação

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• ênfase na observação e descrição; objetivos ao gerir informações: cumprir


• foco nas pessoas e no comporta- uma missão; assegurar o acesso (ou a
mento informacional. privacidade) de um cidadão ou empresa
A representação do ciclo de vida da a determinadas informações de interesse
informação, disposta na Figura 2, é uma público; prestar contas à sociedade sobre
das mais utilizadas, mas mostra apenas as os programas e serviços sob sua respon-
fases e sua natureza circular. A informação sabilidade; tornar mais transparentes as
expressa interações de pessoas e grupos ações e decisões do governo; preservar
em um contexto histórico. Suas condições os registros sociais, econômicos e histó-
de produção, intermediação e uso não são ricos do país etc. Uma organização
iguais e essa desigualdade se reproduz em privada obedece às necessidades do seu
termos de oportunidades de acesso e uso. negócio. A gestão da informação em
Nem todos os agentes socioeconômicos organizações públicas pode guardar
têm o mesmo acesso à informação, nem peculiaridades com a esfera privada,
podem transformar a informação em devido às diferenças e singularidades em
conhecimento com a mesma eficiência, o relação aos objetivos e à análise custo/
que provoca assimetrias. O Estado, por benefício dos processos informacionais.
intermédio de seus agentes, pode cumprir A gestão da informação em uma orga-
um papel com relação à assimetria nização pública deve ter como guias a visão
informacional: ele concorre para “equi- de futuro, a missão e os objetivos institu-
librar” as condições de acesso e uso da cionais expressos por leis e regulamentos,
informação (MIRANDA E STREIT, 2007). O aos quais a instituição deve obedecer. Prover
artigo 170 da Constituição Federal do Brasil informação de qualidade deve resultar em
estabelece que a ordem econômica deve serviços que atendam às necessidades dos
observar os princípios da função social da cidadãos; conquistem a confiança pública e
propriedade, da livre concorrência, e da a credibilidade; aumentem a produtividade;
defesa do consumidor. A ação regula- e reduzam os custos da administração
mentar do Estado torna-se importante pública. Uma política de gestão de infor-
para prover informações que propor- mações leva em conta a complexidade do
cionem maior poder de barganha da ambiente e oferece orientação sobre a
sociedade civil no que se refere aos grupos maneira pela qual a informação deve ser
econômicos mais poderosos e organi- criada, utilizada e conservada. Em organi-
zados, por exemplo. zações governamentais, ela objetiva o
Gestores governamentais podem cumprimento de mandados (leis e regula-
adotar diferentes definições para gestão mentos); o apoio aos programas e serviços
da infor mação: gestão de todos os do governo; a realização de suas prioridades
formatos de informação dentro de um estratégicas; e a capacidade do governo para
planejamento comum; planejamento, satisfazer suas obrigações em matéria de
orçamento, manipulação e controle da responsabilidades prescritas pela lei. A GI
informação durante todo o seu ciclo de deve-se preocupar em proteger a infor-
vida; gestão coordenada dos recursos de mação pessoal, apoiar a tomada de decisão
uma organização fundamentada sobre a e formular políticas claras de prestação de
informação (MIRANDA E STREIT, 2007). informações e serviços em programas de
Uma organização pública tem vários qualidade.

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A proposta desenvolvida no compo- otimizados passou a ser considerada


nente organizacional – objeto de estudo – opção para construir sistemas mais
foi tratar a GI como processo e, em uma aderentes às necessidades dos negócios e
perspectiva de níveis de maturidade, atingir dos usuários.
níveis crescentes de governança. Dentro de Pensando a GI dentro de um modelo
um planejamento estratégico, significaria de maturidade, e na fase inicial em que os
melhorar a eficiência e a eficácia das práticas processos e práticas ainda estão fragmen-
de gestão existentes. tados, a modelagem de processos de
Modelos de maturidade são abor- informação é passo inicial no sentido
dagens que procuram prover melhorias em de organizar o ambiente de gestão. A
processos, fornecendo à organização modelagem dos processos de informação,
elementos essenciais para torná-los mais baseada no ciclo de vida, pode delinear
efetivos. O Modelo Integrado de Capaci- ações de melhoria mais eficientes. As etapas
dade de Maturidade (Capability Maturity do ciclo de vida da informação podem
Model Integration – CMMI), por exemplo, ser consideradas processos, possibilitando
embora seja uma abordagem que na sua a otimização da capacidade de gestão.
origem esteve voltada para o desenvol- A modelagem busca verificar o alinha-
vimento de software, pode ser usado como mento entre as atividades executadas e o
guia para melhorar a gestão de projetos de objetivo do negócio (eficácia), e a adequa-
uma organização ou de partes dela. Apesar ção entre o consumo de recursos e os
de as descrições dos níveis de maturidade produtos gerados (eficiência). A mode-
de gestão da informação serem bastante lagem de processos é uma ferramenta
abrangentes, observa-se a importância da gerencial analítica e de comunicação
abordagem baseada em processos para a (VILLELA, 2000). Sua utilização permite:
promoção de melhores práticas. • identificar os processos-chave, suas
demandas e produtos;
Proposta para modelagem e • identificar eventuais atividades redun-
descrição de processos de gestão dantes e processos (subprocessos) que não
da informação participem de objetivos traçados para a
organização;
Segundo Baldam et al (2007), o • identificar relacionamentos críticos
aumento das exigências de transparência (sequências e interações) entre processos e
nas transações executadas pelas organi- subprocessos;
zações é um dos fatores que explica o • identificar necessidades de informação,
interesse pela modelagem de processos. de construção de sistemas, e de elaboração
Outros fatores são: a resposta às crescentes de produtos e serviços específicos;
exigências de responsabilidade social; a • avaliar complexidade, eficiência e
evolução intensiva da tecnologia da infor- eficácia dos processos e subprocessos
mação; e a necessidade de dar papel mais (relação custo/benefício);
relevante aos usuários dos sistemas, • averiguar o alinhamento dos pro-
passando a reconhecê-los como respon- cessos com as funções de uma unidade
sáveis pelos processos. A modelagem de organizacional e/ou de uma organização;
sistemas baseada em modelagem do • aprofundar o entendimento dos
estado futuro de processos de trabalho processos e subprocessos existentes,

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registrando e disseminando o conheci- subunidade organizacional, e quais os


mento gerado; grupos envolvidos; o nível de detalhamento
• aprofundar o conhecimento relativo da modelagem; e o conjunto de técnicas e
à capacitação necessária para atuar em formas de representação a serem usadas
determinado processo ou subprocesso; (o tipo de mapa).
• identificar críticas, contribuições e
oportunidades de inovação, e propor O uso da informação na organização
melhorias e aperfeiçoamentos para a gestão A estrutura organizacional é a forma
de processos. pela qual se ordenam todos os elementos
Entende-se que a modelagem de de uma instituição em relação às suas
processos, dentro de uma abordagem de atribuições, responsabilidades e relaciona-
níveis de maturidade, pode ser utilizada não mentos. Essa estrutura influi no modelo dos
apenas para obter maior entendimento da processos de comunicação e de gestão das
GI como também para traçar horizontes informações. As organizações processam e
de desenvolvimento da governança geram informações para diminuir a
corporativa. A modelagem pode com- ambiguidade e a incerteza provindas do
preender quatro fases: o planejamento ambiente em que atuam, e para elaborar
(diagnóstico ou definição dos processos a produtos e serviços informacionais.
serem mapeados e da metodologia a ser Organizações complexas padronizam
utilizada); o mapeamento dos processos; a comunicação, mantêm a informação
o monitoramento (criação dos mecanismos relevante com o uso de mecanismos
de controle e verificação de qualidade); e formais de documentação e desenvolvem
uma fase de intervenções para atingir mais nichos de estabilidade para a ação. O
eficiência e efetividade na gestão dos número de unidades (departamentos) em
processos de informação, alcançando, uma organização reflete sua complexidade
assim, maiores níveis de maturidade. e necessidade de processamento da infor-
mação para uma performance efetiva. As
Diagnóstico inicial para modelagem organizações burocráticas podem ser
de processos consideradas similares a estruturas mecâ-
Antes de iniciar a modelagem e a nicas, que têm uma hierarquia muito
descrição dos processos, é interessante delineada; e as organizações públicas são,
realizar um diagnóstico para subsidiar a normalmente, burocráticas. Isso indica que
realização do trabalho. Nesse contexto, é o processo de gestão da informação nas
de fundamental relevância conhecer a organizações públicas obedece, normal-
estrutura organizacional onde os processos mente, a uma cadeia de decisão vertical e
operam, as estruturas formais de comuni- definida, dividida em funções. A redução
cação existentes no ambiente, as técnicas da ambiguidade e da incerteza ocorre de
de gestão e as tecnologias utilizadas na cima para baixo, provendo a base da
organização. É necessário, ainda, deter- cadeia de decisões com tarefas e respon-
minar as fronteiras do processo de GI e sabilidades claramente especificadas. O
os subprocessos a serem mapeados; os formato mais comum em organizações
acionadores, os resultados e as conse- públicas costuma ser o tradicional organo-
quências de cada processo; se o processo grama, que especifica uma estrutura mais
de GI envolve mais de uma unidade ou ou menos “piramidal” (MIRANDA, 2007).

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As tecnologias de trabalho e as de ser realizado e a representação do mapa,


informação, usadas em um ambiente, deixando-se registradas as técnicas esco-
também influem no processo de organizar lhidas e os motivos da escolha. Para
a informação. Tecnologias para transfor- modelar atividades, tarefas, documentos
mação de recursos podem ter dois etc. pertencentes a um determinado pro-
componentes: um intelectual – políticas, cesso, a literatura apresenta diversas técnicas
metodologias, critérios, regras e procedi- que podem ser aplicadas na área da GI. O
mentos –, e outro de máquina – uso de conjunto de técnicas mencionado nesta
ferramentas e equipamentos para efetuar as seção compõe uma proposta de metodo-
operações (TAYLOR, 1986). No caso das logia, entendida como capaz de gerar
tecnologias da informação, a parte intelectual
fica, normalmente, por conta dos critérios
e procedimentos que estabelecem as rotinas
e regras de uso da informação, as quais
podem ser transformadas, com ajuda de
alguma tecnologia de máquina (hardware e
software), em sistemas de informação
automatizados ou não.
Normalmente as pessoas se reportam
de maneira formal aos seus superiores, de “A definição e a
acordo com a hierarquia funcional da racionalização das
organização. Mas também é comum informações são de
existirem estruturas horizontais e trans-
versais de comunicação, geradas para fundamental
facilitar e agilizar a solução de problemas importância para o
específicos que não necessitam passar pela alcance dos objetivos
estrutura formal de decisão, ou mesmo estratégicos de uma
para “driblar” essa estrutura. A diferença
organização.”
entre as estruturas formais e informais é
tanto maior quanto mais rígida e vertical é
a organização. Entende-se que a identifi-
cação dos canais informais de comuni-
cação pode ajudar a realizar o mapeamento
dos processos de GI com maior rapidez
e fidedignidade. informações suficientes para realizar a
modelagem com êxito.
Metodologia e técnicas de representação Inicialmente, a pesquisa documental
Entende-se que o trabalho de mode- pode ser usada para fazer um inventário
lagem de processos deve estar fundamen- dos documentos, das informações, das
tado em uma proposta metodológica. tarefas etc. existentes no ambiente por
Assim, após concluir o diagnóstico do meio, por exemplo, da consulta aos regu-
ambiente e identificar os processos de lamentos e aos manuais de procedimentos
gestão a serem modelados, deve-se esco- e rotinas existentes. Assim como os
lher a forma pela qual o mapeamento vai documentos, as pessoas podem ser uma

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fonte importantíssima de informação pode abranger um grupo de trabalho, uma


para o mapeamento de processos. Entre- unidade organizacional ou a organização
vistas com as pessoas que realizam tarefas- como um todo.
chave nos processos escolhidos podem Mapa de um processo é uma “foto-
trazer grande contribuição. Reuniões de grafia” que representa como os recursos
trabalho com grupos de profissionais que (entradas) são transformados em produtos
realizam atividades ou tarefas de um (saídas). Existem várias técnicas que podem
mesmo processo também podem ser ser usadas para representar o mapa de um
utilizadas para triangular informações processo de trabalho (neste caso, o processo
geradas com o uso de outras técnicas. de GI). Essas técnicas geralmente mostram
Uma técnica que pode ser usada nesse o processo mediante a organização do
caso é o grupo focal ou discussão em conjunto de informações coletadas sobre
grupo. Além disso, a própria observação ele de forma compreensível, com o uso de
dos processos de trabalho pode contri- símbolos predefinidos. Cada uma delas pos-
buir para gerar informações para o sui vantagens e desvantagens, virtudes e li-
mapeamento (M IRANDA , 2007). Esse mites. A escolha da forma de representação
grupo de técnicas permite obter acesso depende do objetivo pretendido com o
tanto ao conhecimento já registrado sobre mapeamento, dos resultados que se quer
os processos quanto ao conhecimento obter, do ambiente a ser representado, do
tácito ainda não registrado. As técnicas tempo para a realização do trabalho etc.
podem ser usadas em um contínuo ou Algumas das técnicas de representação mais
alternadamente; mas, no seu conjunto, conhecidas são: o Fluxograma ou diagrama
podem permitir que o entendimento seja de fluxo; o IDEF (Integration Definition for
paulatinamente estendido e ao mesmo Function Modelling); o LOVEM-E (Enhanced
tempo aprofundado. É importante que Line of Visibility Enterprise Modelling); o
o processo como um todo fique devida- E-TOM (Enhanced Telecommunications Operations
mente registrado e documentado para Map); o EPC/ARIS (Architecture of Integrated
futuras consultas, revisões e propostas de Information Systems); e o BPM (Business Process
melhoria. Modelling Notation).
O mapa dos processos é uma forma Uma descrição de processo, segundo
de representar o uso dos recursos existentes Alvarenga Neto (2004), deveria incluir
em um dado ambiente, explicitando entradas, recursos, controles e a interligação
interações e relacionamentos (atividades, dos processos. Brain et al (2005) ressaltam
recursos, controles, produtos etc.). que é interessante eleger, primeiramente, os
Segundo Marrelli (2005), é a descrição elementos a serem representados no mapa,
passo a passo das ações tomadas pelas para então escolher a técnica mais adequa-
pessoas ao usarem um conjunto específico da. Uma das formas de escolher a técnica
de recursos para produzir um conjunto adequada é preparar um quadro com os
definido de produtos. O mapa mostra os requisitos de modelagem que se quer
recursos, os usuários, a sequência de ações representar e verificar qual técnica atende
tomadas e os resultados do processo de melhor a esses requisitos. Esse tipo de
trabalho em forma de matriz ou de fluxo. exercício facilita a escolha da técnica de
Também pode incluir tempo, condições representação a ser usada. Entende-se que
de trabalho, consequências, feedback etc., e a melhor técnica é, provavelmente, aquela

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cujo formato seja mais facilmente elaborar e fornecer produtos ou serviços


assimilável dentro do ambiente a ser de informação, tanto para consumo interno
mapeado. (em processos de negócio) como para
distribuição à sociedade, como indicativo
A prática da modelagem do cumprimento de funções institucionais.
Após a realização do diagnóstico Os usuários internos do processo informa-
(identificação dos processos e das tecno- cional são as unidades da organização, que
logias empregadas, estudo da estrutura e se encarregam de cumprir partes da missão
fluxos de informação etc.) e a escolha das institucional. Os usuários externos podem
técnicas de mapeamento e de represen- ser pessoas jurídicas nacionais e estrangeiras,
tação dos mapas, inicia-se o trabalho de pessoas físicas nacionais e estrangeiras,
campo. outros órgãos governamentais nacionais e
A proposição e a apresentação de um estrangeiros.
projeto para a modelagem objetivam Os processos essenciais de GI devem
explicitar os fundamentos do trabalho e ser explicitados, bem como seus sub-
torná-lo conhecido para o público-alvo, processos. O objetivo de cada processo
clarificando seus propósitos, sua meto- deve ser caracterizado, e também suas
dologia e os resultados pretendidos, com formas de controle e regras de negócio.
apoio do diagnóstico realizado. Isso facilita Os acionadores dos processos e as formas
o nivelamento conceitual da equipe de de acionamento devem ser identificados.
modelagem e diminui as resistências ao É importante identificar em cada processo:
fornecimento das informações. Além os clientes, as informações usadas, os
disso, pode contribuir para motivar as produtos e serviços gerados, os sistemas
pessoas com relação ao trabalho, porque de informação envolvidos, as interfaces
poderão compreender os objetivos e ter com outros processos, a sequência prin-
uma visão prévia de como serão atingidos. cipal das atividades e os fluxos de infor-
Vale lembrar a importância da elaboração mações. O nível de uso e os formatos das
de cronograma inicial de trabalho, levando tecnologias de informação utilizadas no
em conta todas as fases de modelagem. ambiente devem ser levados em conside-
Deve ficar claro que o desenvolvimento ração para que se possa propor melhorias.
dos trabalhos vai depender, em grande Os sistemas de informação, automatizados
medida, das pessoas e que, portanto, o ou não, deverão ser identificados; e o seu
cronograma é apenas indicativo. funcionamento e conexão com os
processos mapeados precisam ser
Mapeamento dos procedimentos e rotinas avaliados. É possível que a melhoria de
Os processos da área de GI em orga- algum processo dependa, em algum grau,
nizações públicas são desenhados para da melhoria de um sistema de informação
atender à missão da organização. Os fatos que funcione em conexão com um
geradores dos processos da GI são, processo.
portanto, regulamentos emitidos que Entendendo que, no cumprimento de
fornecem a base legal para a exigência das sua missão, a organização pública deva agir
informações captadas, seus formatos, com responsabilidade social, deveria-se
periodicidade, formas de controle etc. Tais também avaliar uma forma de dimensionar
processos visam, entre outros objetivos, os custos das tarefas e processos. Se a

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organização possuir um sistema de custos lizadas ou mesmo automatizadas, visando


implantado, este poderá ser utilizado, mas à redução de custos, para não onerar todo
sua falta não impede o mapeamento dos o processo.
custos das tarefas e dos processos. Outro Com base nessas análises, pode-se
ponto a ser considerado são as compe- iniciar a construção de indicadores de
tências para realizar cada tarefa em cada produtividade e de resultado para avaliar
processo. Se a organização contar com a a efetividade dos processos e o uso da
descrição de suas competências, esta informação no processo de gestão. Com
poderá ser aproveitada. Caso contrário, o uso dos indicadores, os progressos
também há possibilidade de incluí-la como podem ser avaliados de acordo com os
objetivo para o mapeamento. níveis de maturidade que se quer atingir.

Os mecanismos de controle e Propostas de melhoria


verificação de qualidade Após a análise de risco e custo/bene-
Com o mapeamento concluído, as res- fício e com base nos indicadores, podem
trições, os problemas, os desvios, e os ris- ser preparadas as propostas de raciona-
cos existentes em cada processo devem ser lização e as possibilidades de melhoria. A
avaliados. A avaliação permitirá que sejam decisão de adotar ou não melhorias vai
identificadas possíveis melhorias no funci- depender de quão bem aceito e condu-
onamento, fluxo, resultados etc. dos pro- zido foi o mapeamento, e do apoio
cessos de GI. Os problemas existentes oferecido pela gerência às sugestões feitas.
devem ser listados para que formas de As propostas de melhoria podem permitir
racionalização dos processos e do uso das o estabelecimento de cronograma de
informações possam ser avaliadas. Para isso, implementação de acordo com níveis de
é interessante identificar os pontos fortes e maturidade a serem alcançados e estima-
fracos de cada processo, os impactos e os tivas do tempo para atingi-los. Na elabo-
riscos envolvidos. ração do relatório final, devem ser descritos
Para avaliar o custo total de cada pro- os impactos decorrentes dos riscos vislum-
cesso e verificar a relação custo/benefício brados nos processos, caso os problemas
do processo de gestão da informação, é detectados não sejam solucionados.
necessário listar as unidades e subunidades
envolvidas nos processos, as pessoas Mapeamento da área de gestão de
alocadas e os recursos físicos utilizados. De informações em uma organização
posse dos dados sobre os custos, é preciso pública – Estudo de Caso
avaliar propriamente os valores criados nos
processos, dadas as especificidades das O objetivo estabelecido para o trabalho
organizações públicas. Uma técnica que de modelagem dos processos de GI da
ajuda nessa avaliação é a do desenho da unidade organizacional, na instituição
cadeia de valor do processo, a qual tenta pública sob análise, foi racionalizar e
discriminar o ordenamento sequencial da uniformizar procedimentos e processos
criação de valor para o produto final do nas várias subunidades responsáveis por
processo analisado. Podem existir fases gerir as informações corporativas. O nível
que não agreguem valor e, nesse caso, de maturidade da área de GI da unidade
deveriam ser as primeiras a serem raciona- organizacional era inicial. Portanto, a

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modelagem foi um dos primeiros passos incluindo software elaborado internamente.


para atingir maior nível de conhecimento O Plano de Ação se reflete também como
dos processos para, então, pensar em racio- estrutura de gestão, nas descrições dos ma-
nalização. O papel da unidade organi- nuais internos e nas opções de objetos do
zacional, que é responsável pela gestão de sistema de custos. Dessa forma, todos os
grande parte das informações corporativas instrumentos de gestão estão alinhados em
da organização pública sob análise, pode uma mesma lógica e em linguagem
ser descrito como identificar, selecionar, correspondente: os manuais estabelecem as
adquirir, preservar e distribuir informações responsabilidades, o que é feito e como é
para o sistema financeiro, o governo e feito; e o sistema de custos registra quanto
os cidadãos (em todas as mídias, consi- custa o que é feito.
derando a duração), desenvolvendo
produtos e serviços apropriados a todos
os clientes, de acordo com a missão da
organização.
Na primeira fase da modelagem,
foram feitos a formulação conceitual e o
projeto de mapeamento. Realizou-se
pesquisa documental, foi escolhida a meto-
dologia e a forma de representação dos “O mapeamento
mapas. Os regulamentos internos, manuais de processos é um
de procedimentos e rotinas, e outros primeiro passo para
documentos existentes na unidade organi-
zacional foram consultados. Definiram-se,
que a gestão da
também, os processos a serem mapeados; informação possa
um processo piloto para teste de meto- adquirir um mínimo
dologia e visualização do diagrama de de critério e visão
representação foi escolhido. de futuro.”
A unidade estudada tem suas atividades
definidas a partir da sua parte na missão
organizacional, que é estabelecida por lei.
Como componente de uma organização
pública, a unidade está inserida no planeja-
mento governamental, o qual está estru-
turado na forma do Plano Plurianual (PPA), Nesse contexto, a modelagem de
que se desdobra em diretrizes e metas para processos pode funcionar como instru-
a administração federal (SILVEIRA, 2005). As mento de controle, na medida em que
funções da unidade estão definidas nos possibilita revisar constantemente a base da
macroprocessos da organização, conforme estrutura e apontar problemas e falhas que
o planejamento governamental. O Plano de se refletirão em cadeia pelos outros instru-
Ação da Unidade é o instrumento de mentos utilizados. A modelagem registra
planejamento utilizado. Representa um tarefas, fluxos de informação, controles,
sistema de planejamento que contém as alocação de pessoas e custos, além dos
funções e atividades a serem acompanhadas, problemas. Manter os processos e os riscos

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mapeados e atualizados pode ser uma os sistemas ligados a ela; as formas de


forma eficiente de planejar de baixo para controle de qualidade; e o fluxo da infor-
cima, de acordo com problemas técnicos, mação. Dado que a unidade não se orga-
operacionais e administrativos. Enquanto nizava por processo, cada tipo de infor-
isso, os problemas externos de adaptação mação foi tratado como se gerasse um
da unidade e da organização às mudanças processo, embora se referisse, na verdade,
ambientais são absorvidos de cima para a um produto na forma de uma base de
baixo, complementando a atuação dados gerada durante o desenrolar do
gerencial. processo de gerenciar a informação. Foi,
A forma de modelagem escolhida foi então, elaborado o projeto de mapea-
a Business Process Management (BPM), usando, mento, explicitando o objetivo do trabalho,
para a diagramação, a notação Business a metodologia de coleta de informações e
Process Management Notation (BPMN). O o mapa inicial do processo piloto. Estava
BPM é uma abordagem funcional que trata incluído o mapeamento de todos os
do planejamento, modelagem, controle e processos, em seis das cidades onde a
execução de processos de trabalho, orien- unidade organizacional atuava. Um
tando as atividades. A notação BPMN foi cronograma organizou as viagens para
desenvolvida pelo Business Process coleta de informações, análise do conjunto
Management Iniciative (BPMI.org) e permite de informações colhidas, elaboração dos
representar as atividades de um processo, documentos de processo, análise e criação
sem esquecer os fluxos informacionais de indicadores, e uma possível fase de
relacionados a essas atividades, as pessoas implementação de melhorias.
que as executam e seus papéis, a sequência Elaborados os documentos de pro-
lógica na qual são executadas as tarefas e cesso com as informações colhidas, estes
os eventos ligados a elas. Tal forma de foram enviados por e-mail aos fornece-
representação permite que as pessoas dores de informação para serem confir-
ligadas à área de negócio e seus clientes mados. Houve também contatos por
possam entender o diagrama (Business telefone para esclarecimentos adicionais. Os
Process Diagram – BPD) e, também, que os documentos detalharam os objetivos de
profissionais da área de tecnologia possam cada processo, as definições básicas refe-
traduzir mais facilmente o diagrama em rentes às informações usadas, as referências
comandos de sistemas (BALDAM, 2007; legais e normativas que forneciam base legal
OMG, 2006). e regulamentar às tarefas realizadas, e o
As informações utilizadas na unidade detalhamento das rotinas dos processos.
organizacional foram identificadas e Nas rotinas, foram explicitados resultados
descritas em “catálogos”, contendo: o obje- esperados para as tarefas, entradas e saídas
tivo e a base legal de cada informação de dados e informações durante a reali-
coletada; os fornecedores e clientes da zação dessas, desvios detectados com
informação; os gestores responsáveis; os relação ao objetivo, custos e competências
sistemas utilizados para captar, organizar, para realizá-las; utilizou-se um item de
tratar e divulgar as informações; os produtos controle inicial baseado no tempo de reali-
e serviços gerados a partir da informação zação. Foi construída uma base de dados
coletada; a existência ou não de projetos com as informações sobre todos os
de melhoria envolvendo a informação e processos, com vistas a facilitar a análise

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Silvânia Vieira de Miranda RSP

dos problemas e desvios e a construção existentes em outras cidades ficaram


de indicadores. responsáveis pela captação e divulgação
A unidade organizacional estudada das informações de grupos de sistemas.
gerenciava seus processos e sistemas de O projeto de modelagem incluía,
forma descentralizada. Os vários sistemas ainda, um próximo passo que seria a
captadores de informações eram geren- elaboração do mapa estratégico da unidade
ciados por local de captação e por tipo de organizacional e a implantação da metodo-
informação captada. A análise dos logia Balanced ScoreCard (BSC). Essa última fase
processos mostrou que isso gerava desvios ainda não foi implantada.
de procedimentos e dificuldades de acom-
panhamento. Os custos foram avaliados, Conclusão
e realizou-se a análise de custo/benefício
dos sistemas mais problemáticos e mais A gestão de informações baseada no
caros como forma de complementar o ciclo de vida da informação pode ajudar
quadro de conclusões. Foram detectados a minimizar as diferenças existentes entre
desvios nas tarefas com relação à interpre- organizações públicas e privadas, se estiver
tação dos regulamentos a serem obede- fundamentada em projetos de melhorias
cidos; relativos a etapas dentro de uma por níveis de maturidade. A GI por
mesma tarefa para locais diferentes; processos, com o objetivo de galgar níveis
problemas com a automatização dos crescentes de maturidade, deve ter uma
sistemas e com os fluxos de alguns prática baseada no aprofundamento do
processos. Esses desvios foram reunidos conhecimento e da competência necessária
e organizados; seus impactos e riscos, para atingir esse objetivo.
avaliados; e alguns indicadores gerenciais, O mapeamento de processos é um
formulados. primeiro passo para que a GI possa adquirir
Para mostrar os resultados da mode- um mínimo de critério e visão de futuro.
lagem, suas conclusões e sugestões, foi Com o avanço da implementação de
elaborada uma apresentação à chefia da melhorias e com a formação de uma cultura
unidade. Com base nos indicadores e nas de melhoria constante, níveis superiores de
conclusões apresentadas, foram tomadas maturidade podem ser atingidos. A partir
algumas decisões: organizar o trabalho da do uso de critérios e indicadores de desem-
área de GI por processos e gerenciar os penho, os processos informacionais dentro
sistemas existentes por tipos de informação de uma unidade ou organização podem
similar – grupos de sistemas relacionados funcionar com maior efetividade e eficácia,
passariam a ser gerenciados em um mesmo de maneira que seja vislumbrado um hori-
local. O objetivo foi concentrar o geren- zonte de desenvolvimento.
ciamento para direcionar a solução dos Em relação ao caso relatado neste tex-
problemas detectados e atribuir responsa- to, as decisões ainda não tiveram tempo
bilidades definidas para cada sistema e hábil para serem avaliadas em toda sua
local. Os subcomponentes da sede da extensão, pois as mudanças são recentes.
unidade ficaram responsáveis pelo controle Espera-se que, ao final de um ano, seja
de qualidade da informação gerenciada e possível avaliar, pelo menos do ponto de
pelo controle interno do processo de gestão vista dos custos, e ter um resultado mais
da informação. Os subcomponentes preciso, comparando-se com o histórico do

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RSP A gestão da informação e a modelagem de processos

ano anterior. Do ponto de vista do funcio- que a unidade organizacional poderia ser
namento e da efetividade dos processos e classificada em um nível acima do que estava
sistemas, será necessário, ao final de algum antes, passando para o nível 2, no qual,
tempo, realizar pesquisa com os usuários das conforme Canada (2003), há processos e
informações e com os administradores dos práticas definidos mas não sistemáticos,
sistemas, para coletar dados que permitam existindo apenas um nível mínimo de
avaliação mais detalhada. Os indicadores disciplina e controle.
construídos somente poderão mostrar Entende-se que uma proposta de
resultado após decorrido prazo suficiente prática com fases definidas e metodolo-
para análise de série histórica. Espera-se que gicamente bem fundamentada, conforme
a implantação da metodologia BSC contri- sugerido no presente estudo, pode ser
bua para melhor acompanhamento das adotada tanto em organizações públicas
atividades e mantenha a ligação entre a quanto privadas, guardadas as devidas
estratégia da unidade e as atividades descritas especificidades.
e avaliadas nos processos de trabalho. Com (Artigo recebido em dezembro de 2008. Versão
as mudanças ocorridas, é possível considerar final em março de 2010)

Nota

1
O modelo de maturidade de gestão da informação permite avaliar as práticas utilizadas pelas
organizações nessa área, indicando o nível de maturidade mediante a comparação com padrões
utilizados no mercado e, consequentemente, possibilitando o desenvolvimento de melhorias. Para
mais informações do modelo de maturidade de gestão da informação do Governo do Canadá,
verificar http://www.informationmanagement.gc.ca/.

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RSP A gestão da informação e a modelagem de processos

Resumo – Resumen – Abstract

A gestão da informação e a modelagem de processos


Silvânia Vieira de Miranda
O estudo trata da gestão da informação, utilizando a abordagem de níveis de maturidade como
forma de obter melhorias na governança corporativa de uma organização do setor público. A gestão
da informação é entendida como processo, e o mapeamento de processos é tratado como primeiro
passo para gerar oportunidades de melhoria. Uma proposta de formato para modelar e descrever os
processos de gestão da informação é apresentada, e um caso prático de mapeamento baseado na
proposta é descrito. O mapeamento foi realizado em uma organização pública, em uma unidade
organizacional responsável por gerir grande parte das informações corporativas da organização.
Algumas fases do trabalho já foram cumpridas, e as fases seguintes fazem parte de um cronograma
em andamento. Os resultados práticos observados indicam que a metodologia proposta pode ser
interessante para atingir, paulatinamente, maiores níveis de conhecimento sobre como gerenciar
adequadamente a informação.
Palavras-Chave: Gestão da informação, governança corporativa, modelagem de processos.

La gestión de la información y la creación de modelo de procesos


Silvânia Vieira de Miranda
El estudio trata de la gestión de la información y utiliza el abordaje de niveles de madurez a fin
de obtener mejoras en la governanza corporativa de una organización del sector público. La gestión
de la información se entiende como proceso , y el registro de procesos es tratado como primer paso
hacia las oportunidades de mejora. Una propuesta de formato para modelar y describir los procesos
de gestión de la información es presentada, y un caso práctico de registro basado en la propuesta es
descripto. El registro fue realizado en una organización pública, en una unidad organizacional
reponsable de regir gran parte de las informaciones corporativas de la organización. Algunas fases del
trabajo ya están hechas y las fases siguientes hacen parte de un cronograma en marcha. Los resultados
prácticos ya observados indican que la metodología propuesta puede ser interesante para que se
alcance mayores niveles de conocimientos respecto a cómo regir la información adecuadamente.
Palabras clave: Gestión de la información, governanza corporativa, modelo de procesos.

Information management and process modeling


Silvânia Vieira de Miranda
The text deals with information management, using a maturity level approach as a path to
obtain corporate governance at a public organization. Information management is understood as a
process, and process modeling is considered a first step to generate improvement opportunities to
managing processes. A methodological procedure is proposed. Mapping and describing the proces-
ses of information management includes four phases: diagnosis, practice, measure construction,
and improvement. A case study is presented as an example. Results describe the initial phases of the
mapping process, and practical results already observed. The methodology used is an interesting
path to achieve higher levels of knowledge about how to properly manage information processes
inside a public organization.
Keywords: Information management, corporate governance, process modeling.

Silvânia Vieira de Miranda


Economista; mestre em Ciência Política; especialista em Inteligência Organizacional e Competitiva; doutora em
Ciência da Informação; analista do Banco Central do Brasil. Contato: silvania.miranda@bcb.gov.br

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