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COMPLICAÇÕES DE VARICELA
EM CRIANÇAS INTERNADAS NO
HOSPITAL INFANTIL JOANA DE GUSMÃO
Florianópolis
Universidade Federal de Santa Catarina
2007
DANIEL DELAGNELO BABY
COMPLICAÇÕES DE VARICELA
EM CRIANÇAS INTERNADAS NO
HOSPITAL INFANTIL JOANA DE GUSMÃO
Florianópolis
Universidade Federal de Santa Catarina
2007
iii
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS...............................................................................................iii
RESUMO....................................................................................................................iv
ABSTRACT.................................................................................................................v
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS...............................................................vi
SUMÁRIO..................................................................................................................vii
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................1
2 OBJETIVOS.............................................................................................................7
3 METODOLOGIA.....................................................................................................8
3.1 Delineamento do Estudo..........................................................................................8
3.2 Casuística.................................................................................................................8
3.2.1 Critérios de Inclusão de Pacientes........................................................................8
3.2.2 Critérios de Exclusão de Pacientes.......................................................................8
3.3 Procedimentos.........................................................................................................9
3.3.1 Definições de Variáveis........................................................................................9
3.3.1.1 Idade de Diagnóstico.........................................................................................9
3.3.1.2 Avaliação Imunológica....................................................................................10
3.3.1.3 Complicações por Varicela..............................................................................10
3.3.1.4 Seqüelas...........................................................................................................10
3.3.1.5 Diagnósticos....................................................................................................11
3.3.1.6 Infecção Cutânea Secundária..........................................................................11
3.3.1.7 Dias Totais de Internação................................................................................11
3.4 Armazenamento de Dados.....................................................................................11
3.5 Análise Estatística.................................................................................................11
3.6 Aspectos Éticos.....................................................................................................11
4. RESULTADOS......................................................................................................12
5. DISCUSSÃO..........................................................................................................20
6. CONCLUSÃO........................................................................................................32
viii
REFERÊNCIAS........................................................................................................33
NORMAS ADOTADAS............................................................................................36
ANEXOS....................................................................................................................37
APÊNDICE................................................................................................................40
Ficha de avaliação.......................................................................................................43
1
1. INTRODUÇÃO
feto em desenvolvimento. Essa transmissão é incomum, todavia, uma vez que a maioria das
gestantes, pela faixa etária avançada, são imunes ao VZV.17Além da doença clínica severa na
mãe, a infecção congênita ocorrendo nas primeiras 20 semanas18 de gestação pode levar a um
raro, mas reconhecido conjunto de anormalidades. Os bebês afetados podem apresentar
hipoplasia de extremidades, cicatrizes cutâneas, atrofia muscular localizada, encefalite, atrofia
cortical, anormalidades oculares e baixo peso ao nascer. A varicela gestacional pode resultar,
também, em latência neural assintomática com um risco aumentado de herpes-zoster em
idades mais jovens. Outro grupo de risco são os neonatos que contraem a infecção in utero
pouco antes do parto. A instalação da varicela materna até cinco dias antes do parto é
associado com 17% de risco de varicela neonatal, que se instala entre cinco e dez dias após o
nascimento, cujos afetados possuem taxa de mortalidade de 31%.5
A varicela primária tem uma taxa de mortalidade de dois a três pacientes para cada
100.000 casos, com a menor fatalidade entre crianças de um a nove anos (aproximadamente
uma morte para cada 100.000 casos). Comparados com essas faixas etárias, menores de um
ano têm uma taxa de mortalidade quatro vezes superior, ao tempo em que adultos atingem
uma taxa 25 vezes maior.14
Em quase todos os casos, a varicela é uma doença autolimitada e tratamento
sintomático é suficiente. Porém, o uso de antivirais19 nas complicações virais e de antibióticos
em complicações bacterianas pode ser mandatório. Outros artifícios terapêuticos , como a
utilização da imunoglobulina hiperimune para varicela-zoster (VZIG)2, 17 e a vacina 20, mesmo
após a exposição ao vírus, podem alterar decisivamente o curso clínico da doença desde que
respeitadas as devidas indicações.
As complicações relacionadas fomentam uma das maiores indicações da vacinação
universal em crianças com vacina anti-VZV com vírus vivo atenunado, já que este grupo tem
uma morbidade elevada e um consumo de recursos importante.21
A vacina contra varicela é recomendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e
pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) para todas as pessoas não imunes com mais
de um ano de idade.8 Entretanto, ainda não foi incluída no calendário de rotina brasileiro e só
está disponível gratuitamente nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais
(CRIE) para alguns grupos de risco.22
O município de Florianópolis, desde janeiro de 2002, integra o seleto grupo de cidades
brasileiras que adotaram a política de vacinação para varicela a todas as crianças atendidas
pela rede municipal de saúde entre um e dois anos de idade. No primeiro ano da inclusão da
vacina, teriam sido aplicadas nas Unidades Locais de Saúde da capital catarinense mais de
6
2. OBJETIVOS
3. METODOLOGIA
3.2. Casuística
Foram analisados 193 prontuários, cujos registros da unidade de isolamento do HIJG
informavam tratar-se de casos de varicela que lá foram internados. Desse montante 11
prontuários não apresentavam qualquer referência à suposta internação por varicela e quatro
casos foram excluídos por dizerem respeito a pacientes com mais de 15 anos de idade.
Perfaz-se, assim, um total de 178 casos válidos de varicela analisados.
3.3 Procedimentos
Através do livro de registros de internação da unidade de isolamento referentes aos
anos pertinentes, foram levantados os nomes e os números de prontuários de todos os
pacientes que lá ingressaram.
Os prontuários requeridos foram disponibilizados pelo SAME (Serviço de Arquivo
Médico e Estatística) do HIJG. Foi, então, realizada uma revisão detalhada de todos os
registros em prontuário referentes à internação por varicela necessários para o preenchimento
de um protocolo previamente elaborado (Apêndice 1).
As seguintes variáveis constituíam o protocolo: número do prontuário; data de
nascimento; data do diagnóstico de varicela; data da internação; data da alta ou óbito; gênero
do paciente; naturalidade; procedência; ausência ou presença de doença de base, e tipo em
caso afirmativo; ausência ou presença de tratamento imunossupressor, e o medicamento
utilizado em caso afirmativo; presença ou ausência de vacinação prévia para varicela, e o
tempo da última dose em caso afirmativo; administração ou não de profilaxia pós-exposição
com imunoglobulina para varicela zoster (VZIG) e o tempo decorrido da dose; administração
ou não de aciclovir profilático após a exposição e o tempo passado do uso do mesmo; tipo de
complicações decorrente da varicela com separação primária entre os grupos: bacterianas e
virais, e subdivisão das últimas em neurológicas, hematopoiéticas ou diversas; exames
complementares realizados; realização ou não de tratamento com aciclovir terapêutico durante
a internação; realização ou não de tratamento com antibióticos durante a internação e, em caso
afirmativo, o tipo de antibiótico empregado; tempo de permanência hospitalar total com
especificação entre cuidados intensivos e tradicionais; presença ou não de seqüelas no
momento da alta ou óbito, com detalhamento do tipo de seqüela em caso afirmativo.
Todos os dados foram, a seguir, digitalizados para posterior análise.
3.3.1.4 Seqüelas
Foram consideradas seqüelas quaisquer condições patológicas decorrentes, direta ou
indiretamente, das complicações por varicela. Entenderam-se como tais, desde a reevolução
de um processo infeccioso após a alta de paciente hospitalizado por varicela até repercussões
clínicas provenientes de iatrogenias ocorridas na internação pela doença.
11
3.3.1.5 Diagnósticos
Tanto o diagnóstico de varicela quanto de complicações provenientes desta, foram
aceitos em conformidade com o parecer dos clínicos responsáveis pela condução de cada
caso.
4. RESULTADOS
40
36
35
31
Número de internações
30 28
25
20 18
14 13
15
9
10
6 6
3 4 3 4
5 2 1
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Idade (anos)
12
Número de Internações 10
2001
8 2002
2003
6
2004
4 2005
2 2006
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Meses
40
35
Número de Internações
30
25
20
15
10
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Meses
Figura 3 – Análise do somatório mensal das internações de 178 pacientes por varicela
ao longo de 5 anos.
A idade média dos pacientes no momento da internação foi de 3,5 anos (DP ± 3,7) e a
mediana foi de 2 anos. A média de idade dos pacientes provenientes de Florianópolis foi de
4,4 anos (DP ± 3,9) e dos pacientes dos procedentes das demais cidades foi de 3,1 (DP ± 3,5)
anos, diferença estatisticamente significativa (p=0,036).
Com relação à procedência dos pacientes, observou-se que 156 (87,6%) eram
provenientes da mesoregião da Grande Florianópolis, 48 (27,0%) dos quais especificamente
da capital, 16 (8,99%) da mesoregião Sul, três (1,69%) da Serrana, 2 (1,12%) do Vale do
14
Itajaí. Um paciente (0,56%) era proveniente da cidade de São Paulo. Não houve pacientes
procedentes das mesoregiões Norte e Oeste do estado.
A distribuição por gênero foi igualitária. Dos 178 casos analisados, 89 integrantes
pertenciam (50%) ao sexo masculino e 89 integrantes (50%) ao sexo feminino.
A indicação do caso índice da varicela foi referida no prontuário de 29 pacientes
(16,3% do total), dos quais em 13 (44,8%) o irmão teria sido a fonte de contágio, em cinco
(17,2%) primos, em três (10,3%) colegas de escola ou creche, em dois (6,9%) a mãe, em duas
situações (6,9%) contato intra-hospitalar e em uma (3,4%) o pai com herpes zoster. Em três
(10,3%) ocasiões foi referido contato com criança desconhecida com varicela.
Com relação às manifestações clínicas, o tempo transcorrido entre o aparecimento das
primeiras lesões e a internação hospitalar variou de zero a dez dias com uma média 3,63 dias
(DP ± 2,00). Em 13 casos (7,3%), a varicela teve início no hospital em pacientes que já se
encontravam internados por outras indicações.
Com relação às complicações da varicela, 94 pacientes (52,8%) tinham complicações
de infecções bacterianas secundárias, 26 (14,6%) apresentaram tanto complicações
bacterianas como virais, 18 (10,1%) apenas virais, enquanto que 40 pacientes (22,5%) não
desenvolveram qualquer complicação.
O número total de complicações apresentada pelos pacientes foi de 187 (Tabela 1),
sendo que alguns desenvolveram mais de uma complicação, das quais 135 (72,2% das
complicações) foram infecções bacterianas secundárias.
Das infecções bacterianas secundárias a mais freqüente foi a cutânea, ocorrendo em
102 casos (54,6%), sendo 71 destas (38,0%) superficiais e 31 (16,6%) profundas. A média de
idade das crianças que apresentaram infecção cutânea foi de 3,1 anos, enquanto que a das que
não apresentaram foi de 4,0 anos com diferença não estatisticamente significativa (p=0,10).
A pneumonia bacteriana acometeu 14 pacientes (7,5%). A conjuntivite bacteriana
acometeu 7 pacientes (3,7%). Sepse ocorreu em 6 pacientes (3,2%). O quadro de IVAS
bacteriana esteve presente em 3 pacientes (1,6%). Linfadenite ocorreu em 1 paciente (0,5%).
A artrite séptica ocorreu em 1 paciente (0,5%).
Evidenciou-se que 27,8% do total de complicações foram presumivelmente virais. A
desidratação foi ressaltada no prontuário de 12 pacientes (6,4%). A pneumonia viral acometeu
7 pacientes (3,7%). Foi constatada trombocitopenia inferior a 100.000 plaquetas em 7
pacientes (3,7%). Houve 5 casos de estomatite (2,7%). A conjuntivite viral acometeu 2
pacientes (1,1%), assim como existiram 2 casos de IVAS viral (1,1%). A varicela manifestou-
se na forma hemorrágica em 3 pacientes (1,6%). Três pacientes (1,6%) apresentaram CIVD
15
uma média de 6,6 dias em unidades de cuidados tradicionais (DP ± 10,6) e 0,7 dia em
cuidados intensivos (DP ± 5,9).
Trinta e três (18,5%) pacientes apresentavam doença de base, e todos foram
considerados com comprometimento imunológico pela doença subjacente ou pelo tratamento
associado que realizavam: 15 (45,5%) pacientes eram leucêmicos, 13 dos quais estavam em
tratamento quimioterápico; 5 (15,2%) pacientes apresentavam HIV; 3 (9,0%) pacientes
apresentavam síndrome nefrótica e utilizavam corticosteróides; 2 pacientes(6,1%) continham
tumor de Wilms e recebiam quimioterapia; 2 (6,1%) pacientes haviam ressecado
neuroblastomas e continuavam em curso de quimioterapia; 2 (6,1%) pacientes eram neonatos;
1 (3,0%) paciente apresentou a associação de Linfoma não Hodkin com Linfoma de Burkit e
recebia quimioterapia; 1 (3,0%) paciente possuía artrite reumatóide juvenil e utilizava
corticosteróides; 1 (3,0%) paciente apresentava a associação de lúpus eritematoso sistêmico
(LES) e insuficiência renal crônica e recebia corticoterapia; 1 (3,0%) paciente apresentava
sarcoma de Ewing e recebia quimioterapia.
Não se evidenciou diferença significante do período total de hospitalização entre os
pacientes com e sem doença de base (p=0,9693). A média de idade dos pacientes com doença
de base foi estimada em 5,2 anos (DP ± 3,9) e dos pacientes sem doença de base em 3,1 anos
(DP ± 3,5) (p=0,0022).
Apenas três pacientes (1,7%) do total apresentavam referência no prontuário a terem
sido previamente vacinados para varicela. Um deles, 15 dias antes da internação, outro quatro
anos e dois meses antes e, o último, há tempo indefinido da data da internação. Nos 124
restantes não constavam dados referentes à vacina.
Dois pacientes (1,12%) referiram ter apresentado varicela anteriormente.
Quanto aos exames complementares, foram solicitados hemogramas para 151
pacientes (84,8%), hemoculturas para 78 (43,8%), radiografias torácicas em 95 (53,4%),
culturas bacterianas para 8 (4,5%), análise do líquido céfalo-raquidiano (LCR) em 7 casos
(4,0%), tomografias computadorizadas em 3 (1,7%), ressonâncias magnéticas em 2 (1,1%).
Na análise dos hemogramas se evidenciou uma média de 11.690 leucócitos (DP ±
6.011) entre os pacientes que apresentaram complicações bacterianas e uma média de 7.878
leucócitos (DP ± 6362) entre os que não apresentaram complicações bacterianas na internação
(p=0,0006).
Das 78 hemoculturas solicitadas, houve crescimento bacteriano em apenas quatro. As
bactérias isoladas foram: Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus
saprophyticus, Streptococcus viridans, cada qual uma vez.
17
Entre as oito culturas realizadas, ocorreu crescimento em cinco. Três das culturas
positivas foram realizadas com amostras do líquido pleural e os agentes nosológicos
encontrados foram: Streptococcus pneumoniae, Streptococcus pyogenes, Enterobacter
aglomeran. As outras duas culturas com crescimento foram realizadas com secreção cutânea e
as bactérias isoladas foram: Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa.
Na análise das radiografias torácicas observou-se consolidação alveolar em 13 casos
(7,3%), derrame pleural em 6 pacientes (3,4%), infiltrado intersticial em 4 casos (2,2%).
Através da avaliação da tomográfica constatou-se a presença de um abscesso profundo
em região torácica posterior e de uma herniação de tronco cerebral.
Somente 2 pacientes (1,1%) do total dos internados receberam a imunoglobulina
contra varicela zoster (VZIG). O primeiro 20 dias antes da data de diagnóstico da varicela e, o
segundo, caso de transmissão perinatal em que a imunoglobulina foi administrada com três
horas de vida do recém-nascido, 15 dias antes da constatação clínica da doença.
O aciclovir terapêutico foi utilizado em 57 pacientes (32,0%). Desses, 28 (49,1%)
foram considerados imunocomprometidos por doença de base ou medicação, 7 (12,3%)
apresentaram complicações virais, 3 (5,3%) utilizavam terapia com corticosteróides, 3 (5,3%)
possuíam mais de 13 anos, 2 (3,5%) neonatos contraíram a infecção materna. Quatorze
pacientes (24,5%) utilizaram o antiviral sem indicação precisa. Nenhum paciente internado foi
tratado com aciclovir profilático após a exposição.
Antibioticoterapia foi instituída em 154 (86,5%) dos 178 pacientes (Figura 4). Como
mais de um antimicrobiano poderia ser administrado a cada paciente, contabililizou-se o uso
de 238 agentes diferentes nos 154 pacientes submetidos a tratamento antibiótico. As
cefalosporinas de primeira geração (cefazolina, cefalotina ou cefalexina) foram utilizadas em
126 pacientes (52,9%, sobre o total de antibióticos utilizados). A de segunda geração
(cefuroxima) foi utilizada em 6 pacientes (2,5%). As cefalosporinas de terceira geração
(ceftriaxone ou ceftazidime) em 16 pacientes (6,7%). A cefalosporina de quarta geração
(cefepime) foi utilizada em 2 pacientes (0,8%). A vancomicina foi utilizada em 21 pacientes
(8,8%). O sulfametoxazol associado ao trimetropim foi utilizado em 17 pacientes (7,1%). Os
aminoglicosídios sistêmicos foram utilizados 17 pacientes (7,1%). As penicilinas foram
administradas a 13 pacientes (5,5%). O carbapenêmico meropenem foi utilizado em 4
pacientes (21,7%). Outros antibióticos – amoxacilina, nitroimidazólicos, quinolonas,
macrolídeos, oxacilina, cloranfenicol – foram empregados no tratamento de 16 pacientes
(6,7%).
18
6.7% Cefalosporina de 1ª
7.1% Cefalosporina de 2ª
5.5% Cefalosporina de 3ª
Cefalosporina de 4ª
7.1% Vancomicina
1.7% 52.9% Carbapenêmicos
Aminoglicosídeos
8.8%
Penicilinas
0.8% SMT+TMP
6.7%
2.5% Outros
Tabela 2- Número de complicações por varicela estratificado por faixa etária* entre 178 internados
no HIJG.
Lactente Pré-escolar Escolar Adolescentes Total
n(%) n(%) n(%) n(%) n(%)
Infecção cutânea 43 (23,0) 45 (24,1) 6 (3,2) 8 (4,3) 102 (54,6)
Pneumonia 11 (5,9) 9 (4,8) 1 (0,5) 0 (0) 21 (11,2)
Complicações Neurológicas 3 (1,6) 3 (1,6) 1 (0,5) 1 (0,5) 8 (4,3)
Complicações Hemorrágicas 3 (1,6) 8 (4,3) 2 (1,1) 1(0,5) 14 (7,5)
Complicações Renais 1 (0,5) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 1 (0,5)
Outras Complicações 13 (7,0) 21(11,2) 5 (2,7) 2 (1,1) 41 (21,9)
Total 74 (39,6) 86(46,0) 15(8.0) 12(6.4) 187(100,0)
* Neonatos não apresentaram complicações
Trinta e quatro crianças apresentaram duas ou mais complicações (Tabela 3). A média
de idade para este grupo foi de 2,79 anos (DP ± 2,66) e a média do tempo total de
hospitalização foi de 13,91 dias (DP ± 32,44). Por sua vez, o grupo com menos de duas
complicações apresentou média de idade de 3,63 anos (DP ± 3,84) e média de hospitalização
de 5,78 dias (DP ± 6,68). Ao comparar os grupos percebemos que a diferença etária entre os
19
grupos não tem valor estatisticamente significativo (p=0,23), porém, a presença de duas ou
mais complicações está comprovadamente relacionada a um período maior de hospitalização
(p=0,0059).
5. DISCUSSÃO
Em razão das complicações graves por varicela serem relativamente pouco freqüentes,
estudos retrospectivos de internações hospitalares, ao exemplo deste, têm contribuído de
forma decisiva para o conhecimento médico sobre o assunto.
Já na primeira metade do século XX, trabalhos eram conduzidos com intuito de estudar
as diferentes complicações de varicela entre pacientes hospitalizados.28Desde então, apesar do
grande salto da indústria farmacêutica na produção de antivirais e antibióticos, as
complicações por varicela continuam a ser as mesmas e a determinar elevada morbidade e
consumo de recursos. Como exceção desse contexto praticamente inalterado, pode-se citar a
Síndrome de Reye, que entendida a associação com o uso de salicilatos, praticamente
desapareceu das estatísticas de complicação de varicela no século XXI.4
Apesar dos tipos de complicações da varicela que vêm sendo relatados ao longo dos
anos serem os mesmos, características distintas para cada complicação são referidas na
literatura dependendo da população acometida, da qualidade dos serviços de saúde
disponibilizados ou mesmo da metodologia empregada pelos trabalhos que fazem o relato.
A presente análise efetuou-se sobre 178 pacientes internados no HIJG, referência
catarinense para o atendimento da população pediátrica e único hospital da mesoregião da
Grande Florianópolis que dispõe de uma unidade pediátrica de internação em isolamento. Por
isso, considerando-se que para os pacientes que necessitam hospitalização com varicela se
preconiza tanto precauções de contato quanto respiratórias, praticamente todos os pacientes na
faixa etária pediátrica provenientes desta região, são encaminhados para esta instituição,
somando na presente série quase 88% do total de casos.
O Serviço de Infectologia e Imunologia Pediátrica do HIJG, servindo de referência
para todo o Estado de Santa Catarina, justifica a observação do presente estudo do
encaminhamento de 16 pacientes da mesoregião Sul, três da mesoregião serrana e dois do vale
do Itajaí. Um dos pacientes era proveniente da cidade de São Paulo, o qual desenvolveu a
varicela durante suas férias em Florianópolis. O fato de não haver procedentes das
mesoregiões norte e oeste do estado justifica-se tanto pela maior distância em relação a
capital, como pela presença de centros de referências mais próximos como Joinville e
Chapecó.
21
atingiu uma média de 7,3 dias (DP ± 15,6). Desse montante, os pacientes permaneceram uma
média de 4,5 dias (DP ± 3,2) no isolamento; 6,6 dias (DP ± 10,5) em cuidados tradicionais e
0,6 dia (DP ± 5,9) em cuidados intensivos. Em estudos semelhantes foi verificada
permanência hospitalar média de 6,5 dias (DP ± 5,2)32 e 7,1 dias (DP ± 5,0)31, ambas
similares à presente série. Esses outros trabalhos não fizeram distinção entre internação em
cuidados intensivos e tradicionais.
Dois pacientes referiram ter apresentado varicela anteriormente, um deles tendo sido,
inclusive, previamente internado por varicela no HIJG. Essa referência pode não ser
indicativa de erro diagnóstico prévio, já que segundos episódios de varicela tem sido
documentados em pessoas com doença laboratorial previamente confirmada e com resposta
de anticorpos IgG demonstrável.2
Alterações da imunidade, como aquelas associadas com exposição a radiação, terapia
com esteróides, quimioterapia para câncer, malignidade, e deficiências de imunidade
congênitas são associadas com alto risco de varicela grave.10Entretanto, apesar disso, estima-
se que menos de 0,1% de todos os casos de varicela ocorram em tais indivíduos, sendo
responsáveis por pequena parte das complicações e dos óbitos.10A medida que terapias
imunossupressivas para tratamento de asma, doenças auto-imunes e transplante de órgãos têm
sido mais freqüentes utilizadas, e a infecção pelo HIV tem se tornado mais prevalente na
população, um número cada vez maior de indivíduos está sob risco potencial de complicações
graves por varicela 12.
Os pacientes imunocomprometidos, tanto crianças quanto adultos, em particular
aqueles com leucemia, apresentam lesões (muitas vezes com uma base hemorrágica) mais
numerosas, que levam mais tempo para cicatrizar, do que as de pacientes imunocompetentes,
e exibem maior risco de acometimento visceral. Estas complicações são observadas em 32%
33
destes casos e são fatais em 7%, índices muito superiores aos verificados na população
geral que apresenta 5,2% de taxa complicações e 0,4% de mortalidade.5, 9
No presente estudo, 33 pacientes (18,5%) apresentavam comprometimento
imunológico por doença de base ou por uso de medicamentos imunossupressores. Destes 15
(45,5%) eram leucêmicos, 13 dos quais estavam em tratamento quimioterápico, e 5 (15,2%)
eram portadores de infecção pelo HIV. Treze (7,3%) pacientes apresentavam outras
condições de imunossupressão.
Não se evidenciou diferença estatisticamente significativa entre o período total de
hospitalização dos pacientes com e sem doença de base (p=0,9693). A média de idade dos
pacientes com doença de base foi estimada em 5,2 anos (DP ± 3,9) e dos pacientes sem
23
doença de base em 3,1 anos (DP ± 3,5) com grau de significância. Verificou-se que 22
pacientes com doença de base, não apresentaram nenhuma complicação.
As indicações de hospitalização diferiram de crianças previamente saudáveis para
crianças com doença de base. A maioria (66,7%) dos imunocomprometidos foram admitidos
para terapia com aciclovir ou para observação e não para o tratamento de complicações. Esse
dado demonstra que a internação assumiu para esses pacientes um caráter profilático, no
intuito de evitar as sérias complicações a que estão sujeitos.
Apenas dois pacientes que apresentavam doença de base tiveram pneumonia, o que
contrasta com o afirmado por alguns autores de que esses pacientes seriam mais sujeitos a
apresentarem infecções respiratórias 29.
Na análise conduzida, 94 pacientes (52,8%) apresentaram como complicação infecções
bacterianas secundárias, 18 (10,1%) complicações possivelmente relacionadas ao próprio
vírus da varicela e 26 (14,6%) os dois tipos de complicações, virais e bacterianas,
simultaneamente. No entanto, 40 pacientes (22,5%) não apresentaram complicações.
A internação de pacientes com varicela que não apresentaram complicações não
necessariamente significa que a indicação da hospitalização possa ser questionada. Em casos
de varicela, mesmo sem ocorrência de complicações específicas, a internação pode estar
indicada em crianças com dificuldades alimentares acentuadas, na presença de queda do
estado geral por distúrbios no equilíbrio hidro-eletrolítico ou outros, assim como na profilaxia
de agravos para grupos que apresentem risco aumentado para o desenvolvimento de
complicações.
Ao exemplo do relato de diversos estudos previamente conduzidos para avaliar a
presença de complicações de varicela na população pediátrica,13, 29, 32
a presente série
demonstrou que a infecção cutânea secundária foi a complicação mais freqüentemente
evidenciada. O índice de 54,55% de infecções cutâneas observado é bastante elevado e
reitera a necessidade de higienização adequada das lesões. A adoção de medidas como manter
as unhas aparadas ou o uso de sabonetes anti-sépticos, ainda fora do ambiente hospitalar, pode
ajudar a diminuir a alta taxa detectada.1
O relato de estudo anterior de que a infecção cutânea é complicação que ocorre em
pacientes com menor idade,29 não foi evidenciado no presente estudo. A média de idade das
crianças que apresentaram infecção cutânea foi de 3,1 anos e a das que não apresentaram foi
de 4,0 anos, mas sem diferença estatisticamente significativa constatada(p=0,10).
Entre as 78 hemoculturas solicitadas, as quatro que obtiveram crescimento -
Staphilococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus saprophyticus,
24
Streptococcus viridans - pertenciam a pacientes com infecção cutânea. Das oito culturas
solicitadas, duas apresentaram crescimento - Staphylococcus aureus e Pseudomonas
aeruginosa – entre pacientes com infecção cutânea. O S. aureus é frequentemente descrito
como causa comum de morbidade entre crianças com infecção secundária 1, 2.
O Streptococcus pyogenes (streptococo beta-hemolítico do grupo A) tem sido causa de
alarme no que se refere às infecções secundárias na varicela, tanto pelo aumento de sua
detecção em culturas nos últimos anos, quanto por estar relacionado com evolução
desfavorável do quadro com infecções invasivas como fasceíte necrosante e síndrome do
choque tóxico.13O único paciente que desenvolveu fasceíte necrosante, não teve
Streptococcus pyogenes isolado.
Em 71 casos a infecção cutânea foi do tipo superficial, envolvendo impetigo, crostas
infectadas e pústulas. Em 31 crianças verificou-se a presença de infecções cutâneas profundas
como celulites e abscessos.
Seis pacientes (3,4%) apresentaram sepse. O tempo de estadia médio destes pacientes
na UTI foi de 18,2 dias (DP ± 28,8). Apenas um dos pacientes que apresentou sepse teve
hemocultura ou cultura positiva, correspondendo ao caso no qual foi isolado o Streptococcus
viridans de amostra sanguínea. A ausência de bactérias encontradas no restante dos quadros
sépticos pode dever-se a antibioticoterapia instituída precocemente, antes da coleta de
amostras sanguíneas para análise laboratorial. Nenhuma das crianças que apresentaram sepse
foi a óbito, diferentemente do constatado por Stocco et al.34 que referiram seis óbitos em 91
pacientes com menos de 15 anos internados por varicela, cinco dos quais conseqüentes a
sepse por foco pulmonar.
Como complicações bacterianas verificou-se ainda que conjuntivite bacteriana ocorreu
em 7 pacientes (3,9%), linfadenite ocorreu em 1 (0,6%) assim como a artrite séptica. As
conjuntivites bacterianas presenciadas foram controladas com colírio de tobramicina e não
provocaram repercussões oculares maiores. A paciente com linfadenite teve o linfonodo
drenado cirurgicamente. O paciente com artrite séptica foi submetido a antibioticoterapia, e
pela necessidade prolongada da mesma, considerou-se a artrite séptica não só como
complicação, mas também como seqüela da varicela.
O leucograma mostrou-se um bom indicativo da presença de infecção bacteriana
associada ao quadro de varicela. Foi detectada diferença estatisticamente significativa
(p=0,0006) entre a contagem leucocitária dos pacientes que apresentaram complicações
bacterianas com média de 11.690 leucócitos (DP ± 6.011) e dos que não as apresentaram com
25
média de 7.878 leucócitos (DP ± 6362). Jaeggi et al.31 realizaram a mesma constatação em
sua análise de casos.
Dado o grande número de infecções bacterianas, a antibioticoterapia foi utilizada de
modo extensivo. A análise dos antibióticos empregados demonstra que, na maior parte das
vezes, buscava-se cobertura contra microorganismos gram-positivos e gram-negativos.
Nesta análise, as cefalosporinas foram prescritas para 140 pacientes (62,9%, do total de
antibióticos empregados), sendo os antibióticos mais utilizados; seguidas pela vancomicina
prescrita para 21 (8,8%); aminoglicosídeos, prescritos para 17 (7,1%); e penicilinas para 13
(5,5%). O sulfametoxazol associado ao trimetropim foi utilizado em 17 casos (7,1%), em
caráter profilático para pacientes com comprometimento do sistema imune, e não para
tratamento de complicações de infecções bacterianas secundárias. Um padrão diferente de
utilização de antibióticos foi relatado por Peterson et al.29 em um estudo com 576 pacientes,
no qual as penicilinas foram as mais utilizadas (n=216), seguidas por cefalosporinas(n=193) e
aminoglicosídeos (n=68). Essa variação pode dever-se a diferença de 11 anos entre o ínicio de
ambos os estudos e a resistência aumentada às penicilinas desenvolvida nesse período.
Diferentemente do observado por outros trabalhos que avaliaram as complicações de
varicela em pacientes hospitalizados,13, 35 avaliou-se que as patologias respiratórias foram a
segunda mais freqüente causa de complicação, superando as complicações neurológicas.
Relata-se que nas crianças abaixo dos cinco anos de idade a infecção bacteriana
secundária de pele e do trato respiratório inferior são as complicações mais comuns da
varicela.36Assim, a alta freqüência das infecções respiratórias verificada na presente série
pode dever-se a baixa média de idade dos pacientes. A média de idade daqueles que
apresentaram pneumonia viral ou bacteriana foi de 1,81 anos (DP±1,8), significativamente
menor do que a do grupo de pacientes que não apresentou a infecção das vias aéreas inferiores
(p=0,0260).
A pneumonia bacteriana ocorreu em 14 pacientes (7,9%) e pneumonia viral foi
evidenciada em 7 (3,9%). Nos pacientes que desenvolveram a pneumonia bacteriana
evidenciou-se radiograficamente presença de consolidação alveolar em 13 (7,3%), com
derrame pleural associado em 6 (3,4%). Doença de base foi verificada apenas em 2 pacientes,
os quais apresentavam leucemia linfoblástica aguda (LLA) e desenvolveram pneumonia
bacteriana. Líquido pleural foi drenado e levado a cultura com crescimento bacteriano em três
situações, sendo isolados: Streptococcus pneumoniae, Streptococcus pyogenes, Enterobacter
aglomeran.
26
em crianças prematuras e mulheres grávidas.2Pelo seu alto custo, a VZIG não é mais
recomendada para adultos susceptíveis saudáveis, já que esses indivíduos podem ser
monitorados e tratados com aciclovir oral imediatamente, se a doença ocorrer.1 A maioria das
formulações da VZIG requer administração em 96h da exposição.2Entretanto, alguns
pacientes desenvolvem varicela mesmo após a administração da imunoglobulina no momento
da exposição. Nova administração não é necessária para pacientes imunocomprometidos que
receberam altas dosagens de VZIG intravenosa, nas três semanas antecedentes da nova
exposição.1
Somente dois pacientes (1,1%) do total dos internados receberam a VZIG e ambos
desenvolveram a doença. O primeiro caso tratava-se de criança portadora de LES em uso de
corticosteróides que teve contato com varicela dentro do ambiente hospitalar. Neste paciente,
a administração da imunoglobulina foi realizada 20 dias antes da evidência de lesões cutâneas
por varicela. O segundo paciente a receber imunoglobulina, constituiu-se em caso de
transmissão perinatal, em que a mãe apresentou as primeiras lesões 24 horas antes do parto, e
a VZIG foi administrada com três horas de vida do recém-nascido. A doença clínica no
neonato foi evidenciada 12 dias após o nascimento. Ambas as utilizações da VZIG cumpriram
as recomendações do Ministério da Saúde para utilização de imunobiológicos especiais.38
As vacinas para varicela disponíveis comercialmente como a Varilrix®
(GlaxoSmithKline, Bélgica), Varivax® (Merck, USA), Okavax® (Biken,Japão) são
preparações da cepa Oka do vírus vivo da varicela atenuado.2O vírus da varicela humana foi
primeiramente licenciado para uso em crianças de alto risco de diversos países da Europa em
1984, no Japão em 1986, e na Coréia em 1988. No Japão e na Coréia a licença foi estendida
para crianças saudáveis em 1989. Nenhuma preocupação a respeito da segurança da vacina
tem sido identificada nesses dois países após a aplicação de cerca de 2 milhões de doses.18 A
cidade de Florianópolis, por sua vez, instituiu o programa de vacinação a todas as crianças da
cidade com idade entre um e dois anos a partir de janeiro de 2002. Contudo, o Ministério da
Saúde através dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) só
disponibiliza a vacina para alguns grupos de risco.38
Crianças com deficiências da imunidade humoral podem ser imunizadas com a vacina
da varicela. Entretanto, a vacina não deve ser administrada rotineiramente para crianças que
apresentam imunodeficiência celular, como pessoas com leucemia, linfoma ou outras doenças
malignas que afetam a medula óssea, o sistema linfático, e defeitos congênitos das células T.
A imunização é indicada para crianças infectadas pelo HIV com mais de 15% de linfócitos T-
CD4.39Para as crianças nas quais a vacinação é contra-indicada, acredita-se que a vacinação
30
em massa seja a melhor forma de proteção, pois conferiria imunidade coletiva, diminuindo a
exposição ao vírus.22
Mais de 95% das crianças saudáveis imunizadas entre 12 meses e 12 anos de idade
desenvolvem imunidade humoral e resposta imune celular ao VZV após uma única dose da
vacina da varicela. Em pessoas com 13 anos ou mais, as taxas de soroconversão variam de
78% a 82% após dose única e 99% após duas doses.21
Após uma década de uso da vacina Varivax no programa de vacinação universal dos
EUA foram realizados diversos estudos, que demonstram que a vacina da varicela é 80-85%
efetiva (com variação de 44-100%), na prevenção completa da varicela e mais de 95% efetiva
na prevenção de casos moderados e graves.2
Depois da imunização pela varicela, uma leve síndrome varicela-like desenvolve-se em
1% a 4% das crianças imunizadas. Essas taxas dependem da exposição e são propensas a
diminuir com o aumento da cobertura. Nem a taxa, nem a gravidade do desenvolvimento da
varicela aumenta com o tempo após a imunização.21Varicela nos vacinados é mais leve do que
nas crianças não vacinadas , com uma média de 15 a 32 vesículas, menor taxa de febre (10%
com temperatura ≥ 39°C), e recuperação rápida. Em alguns casos, a doença é tão leve que não
é facilmente reconhecível como varicela porque as lesões na pele podem confundir-se com
picadas de insetos. Em contraste, a média do número de lesões em crianças não vacinadas
supera 250. Transmissão da varicela de vacinados com desenvolvimento da forma leve da
doença tem sido documentada, mas é rara.21
Assim como a VZIG, a vacina para a varicela é, também, efetiva após a exposição.
Trabalhos conduzidos nos EUA e no Japão nas décadas de 70 e 80 demonstraram que a
vacinação para varicela após a exposição era cerca de 90% efetiva para a prevenir ou
modificar a doença se administrada em até três dias do contato. A partir dessas evidências a
AAP passou a recomendar o uso da vacina após a exposição à varicela. Para crianças
susceptíveis expostas, essa conduta é lógica pois as crianças infectadas podem, então, estar
parcialmente ou completamente protegidas contra a doença, e, em crianças que não estão
infectadas, a administração da vacina as protegerá contra futuras exposições.20 Não
verificamos nenhum paciente submetido à vacinação profilática hospitalizado.
Na presente amostra foram documentados três pacientes que necessitaram de
internação após terem sido vacinados. Os três realizavam quimioterapia. O primeiro recebeu a
vacina 15 dias antes da internação. Tratava-se de paciente com leucemia mielóide aguda
(LMA) que recebeu a vacina 15 dias após ter realizado quimioterapia. Não poderia, assim, ter
sido imunizado e desenvolveu, provavelmente, a doença provocada pelo vírus vacinal. O
31
6. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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general virology. 1991 Mar;72 ( Pt 3):475-86.
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Pediatrics. 1986;78:723-27.
NORMAS ADOTADAS
ANEXOS
38
39
40
APÊNDICE
41
APÊNDICE 1
PROTOCOLO PARA COLETA DE DADOS
Evolução
FICHA DE AVALIAÇÃO
DEPARTAMENTO DE PEDIATRIA
PROFESSOR: _____________________________________________
NOTA
1. FORMA ........................................................................................................
2. CONTEÚDO ................................................................................................
MÉDIA: _______________(____________________________________)
Assinatura: ________________________________________
44