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Braga Neto
Letalidade da Neoplasia
Trofoblástica Gestacional
no Estado do Rio de Janeiro
,
Tese apresentada à
Escola Paulista de Medicina da
Universidade Federal de São Paulo
para o Concurso de Títulos e
Provas visando a obtenção do
título de Livre Docente em
Obstetrícia, consoante Edital
676/2021, publicado no Diário
Oficial da União, em 17 de janeiro
de 2022.
RIO DE JANEIRO
2022
ii
Antônio Rodrigues
Braga Neto
Letalidade da Neoplasia
Trofoblástica Gestacional
no Estado do Rio de Janeiro
Tese apresentada à
Escola Paulista de Medicina da
Universidade Federal de São Paulo
para o Concurso de Títulos e
Provas visando a obtenção do
título de Livre Docente em
Obstetrícia, consoante Edital
676/2021, publicado no Diário
Oficial da União, em 17 de janeiro
de 2022.
RIO DE JANEIRO
2022
iii
Ficha Catalográfica
CDD - 618.3
iv
À família trofoblástica
vi
Agradecimento
A confecção de uma tese que aspira ser uma opus magna, como convém à livre
docência, pináculo da vida acadêmica, elaborada de forma célere, porém cuidadosa, não
dispensa ajuda prestimosa e diligente, ao revés – exige-a! Como olvidar daqueles que se
solidarizaram para que essa propositura pudesse aspirar a ser algo meritória? Ei-los,
nomeadamente.
Velarde por sua análise. Fundamental a atuação do estelar time trofoblástico, que atua
Vanessa Campos, Gabriela Paiva, Márcio Barcellos, Juliana Poli, Lílian Padrón, Márcia
Lima e tantos outros que enxeriam uma página... Isso não seria possível sem a direção
diligente dos Professores Jorge Rezende Filho, Joffre Amim, Renato Sá e Luciano
Marcolino.
chama tento não deixar bruxulear: Professores Jorge de Rezende, Paulo Belfort, José
Em havendo essa Tese qualquer brilho, será o reflexo do ilustre grupo que
represento. Ao revés, onde não for relevante, minhas imperfeições que imperaram.
Antonio Rodrigues Braga Neto – Tese
Livre Docência em Obstetrícia
Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo – 2022
RESUMO
Resumo
Abstract
Lista de Abreviaturas
IV Intravenoso
Ki-67 Taxa de proliferação celular
MAC Metotrexate, Actinomicina-D, Ciclofosfamida
MAC III Metotrexate, Actinomicina-D, Ciclofosfamida (difere do MAC pela
forma de administração dos medicamentos)
MACT Associação dos quimioterápicos Metotrexate e Actinomicina-D
MBE Metotrexate, Bleomicina, Etoposide
MEL-CAM (CD146) Anticorpo específico do trofoblasto intermediário
MI Mola invasora
MTX Metotrexate
NTG Neoplasia Trofoblástica Gestacional
OMS Organização Mundial da Saúde
OR Odds ratio (razão de chance)
PDL-1 Programmed cell death ligand 1 (ligante 1 para a programação de morte
celular)
PET-TC Tomografia associada a emissão de pósitrons
PLAP Fosfatase alcalina placentária
QT Quimioterapia
RNM Ressonância nuclear magnética
RR Risco relativo
RX Radiografia
TC Tomografia computadorizada
TP/TE Paclitaxel, Cisplatina, Paclitaxel, Etoposide
TTE Tumor trofoblástico epitelióide
TTSP Tumor trofoblástico do sítio placentário
UI/L Unidade internacional / litro
VIP/ICE Ifosfamida, Cisplatina, Etoposide
Tabela 7. Fatores de risco para letalidade por Neoplasia Trofoblástica Gestacional entre
mulheres acompanhadas no Centro de Referência do Rio de Janeiro ..................... 82.
Tabela 11. Revisão sistemática e análise dos principais estudos que avaliaram a
letalidade por Neoplasia Trofoblástica Gestacional ............................................. 89.
Sumário
Dedicatória ....................................................................................................................................... v
Agradecimentos ............................................................................................................................... vi
Resumo ............................................................................................................................................ viii
Abstract ............................................................................................................................................ x
Lista de Abreviaturas ....................................................................................................................... xi
Legenda das Tabelas ........................................................................................................................ xiii
Legenda das Figuras ........................................................................................................................ xiv
Biografia do Antecessor da Cadeira Número 8 ACAMERJ ............................................................
Justificativa ...................................................................................................................................... 16
Revisão da Literatura ....................................................................................................................... 20
Introdução ................................................................................................................................... 20
Epidemiologia e prevalência da Neoplasia Trofoblástica Gestacional ....................................... 21
Patogênsese e histopatologia da Neoplasia Trofoblástica Gestacional ....................................... 21
Repercussões da Neoplasia Trofoblástica Gestacional sobre a mulher ...................................... 27
Diagnóstico clínico, laboratorial e radiológico da Neoplasia Trofoblástica Gestacional ........... 29
Classificação e estadiamento da Neoplasia Trofoblástica Gestacional....................................... 32
Tratamento da Neoplasia Trofoblástica Gestacional .................................................................. 34
Tratamento da Neoplasia Trofoblástica Gestacional de baixo risco ................................... 35
Tratamento da Neoplasia Trofoblástica Gestacional de alto risco ...................................... 41
Tratamento do Tumor Trofoblástico do Sítio Placentário e do
Tumor Trofoblástico Epitelióide ......................................................................................... 44
Tratamento da Neoplasia Trofoblástica Gestacional resistente ou Recidivante ................. 44
Imunoterapia na Neoplasia Trofoblástica Gestacional........................................................ 47
Quimioterapia profilática na Neoplasia Trofoblástica Gestacional .................................... 48
Acompanhamento pós-tratamento da Neoplasia Trofoblástica Gestacional .............................. 49
Recidiva da Neoplasia Trofoblástica Gestacional ...................................................................... 50
Impacto da Neoplasia Trofoblástica Gestacional no futuro reprodutivo .................................... 50
Letalidade da Neoplasia Trofoblástica Gestacional .................................................................... 59
Objetivos .......................................................................................................................................... 65
Geral ........................................................................................................................................... 66
Específicos .................................................................................................................................. 66
Pacientes e Métodos......................................................................................................................... 68
Delineamento do Estudo ............................................................................................................. 68
Local do Estudo .......................................................................................................................... 68
Participantes do Estudo............................................................................................................... 70
Diagnóstico da Neoplasia Trofoblástica Gestacional ................................................................. 71
Estadiamento e tratamento da Neoplasia Trofoblástica Gestacional .......................................... 71
Desfechos .................................................................................................................................... 74
Variáveis ............................................................................................................................. 74
Papel da fonte de financiamento ......................................................................................... 74
Conflitos de interesse .......................................................................................................... 74
Análise estatística ................................................................................................................ 75
Resultados ........................................................................................................................................ 77
Discussão ......................................................................................................................................... 87
Conclusões ....................................................................................................................................... 98
Referências bibliográficas ................................................................................................................ 99
Anexo ............................................................................................................................................... 119
se originam das vilosidades coriais e do trofoblasto extraviloso [1-3]. Está sob essa
Não obstante conhecida desde os idos hipocráticos, até 1956 cerca de 75% das
pacientes com essa afecção morriam. Mudança invulgar ocorreu quando pesquisadores
primaz, o Metotrexate (MTX) como tratamento quimioterápico para esse tumor [6].
90% [7-11], não ultrapassando 60% nos casos de ultra alto risco [12-14].
NTG [7,11]. Três são os cenários que dificultam o estudo da letalidade dessas pacientes.
O primeiro óbice está na raridade da doença. Estima-se que a prevalência da NTG varie
segundo empecimento é que a maioria dos estudos sobre esse tema representam apenas
relatos de casos [18-20]. Por fim, ao estudar apenas os casos de óbito por NTG, torna-se
impossível avaliar os fatores de risco envolvidos no desfecho ominoso, vez que não se
Não há ainda nenhum estudo que avalie a letalidade de mulheres por NTG - o
câncer da placenta no Estado do Rio de Janeiro! Embora não seja doença de notificação
contingente robusto de casos de NTG, vez que, para essa doença rara, estudar a
É, por fim, a identificação de fatores de risco para morte por NTG de inconteste
usualmente, são jovens, em idade reprodutiva e cujo óbito é, sem dúvida, caso de morte
materna.
Introdução
A patogênese da DTG é peculiar, uma vez que as lesões maternas são originárias
dos tecidos resultantes da fertilização, e não de tecidos maternos [25,26]. Não obstante
circa de 80% das lesões trofoblásticas da DTG sejam benignas, representadas pela mola
NTG em 24,6% das pacientes com mola hidatiforme completa e em 7,6% após mola
A maior parte dos casos de NTG é representada pela MI e CCA. São formas da
doença que cursam com elevados níveis de gonadotrofina coriônica humana (hCG),
altamente responsivas à quimioterapia (QT), com taxas de cura superiores a 90%. Por
outro lado, o TTSP e o TTE, mais raros, têm produção escassa de hCG e são
[30].
elevado número de multíparas propicie frequência mais alta desses tumores. Todavia,
isso parece relacionar-se mais com a idade. Isso refletiria apenas a maior frequência do
oxidante observada na gravidez molar poderia levar à progressão para NTG. Sabe-se
que o nível persistentemente diminuído de retinol pode ser responsável pela proliferação
Pacientes com MI podem apresentar resolução espontânea em 40% dos casos [1-
O TTSP do sítio placentário foi inicialmente descrito por Kurman et al. (1976)
Mais tarde, Scully e Young (1981) denominaram esse blastoma como TTSP,
extravilositário) que infiltrava o útero e os vasos; raramente estão presentes vilos [37].
como mostram as Figuras 7 e 8. Forma rara de NTG, pode originar-se de qualquer tipo
células de sinciciotrofoblasto está diminuído no TTSP, o que se reflete nos baixos níveis
denso, sem necrose. Via de regra, o TTSP não é sensível à QT como as outras formas de
NTG, por isso é importante a sua distinção histológica. O TTSP geralmente apresenta-
abortamento ou mola hidatiforme [38]. O TTSP está associado a baixos níveis de hCG
tumoral.
quimioterapia [38].
Antonio Rodrigues Braga Neto – Tese
Livre Docência em Obstetrícia
Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo – 2022
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Revisão da Lietratura
denominação TTE foi feita por Mazur & Kurman em 1994 [39]. Acomete,
após algum qualquer tipo de gravidez, embora presença de amenorreia tenha sido
Existe elevação persistente de hCG em praticamente todos os casos, mas com valores
inibina–alfa e taxa de proliferação celular (Ki-67) > 10%. Chama a atenção relatos
sobre pacientes com associação de TTE com focos de TTSP ou de CCA, em metade das
cistos tecaluteínicos são sinais sugestivos de NTG [34]. No entanto, mais de 50% das
sinais e sintomas típicos, e estes são, em sua maioria, relacionados à invasão tumoral no
pulmão (80%) (Figuras 9, 10 e 11), vagina (30%) (Figuras 12 e 13), cérebro (10%)
hemiplegia [1-5]. É a NTG perfundida por circulação anômala, aberrante, com vasos
Uma vez que os sintomas podem ser mínimos ou até mesmo ausentes, e o
Gestacional
desnecessária de quimioterapia.
desnecessário em 80% das pacientes com níveis de hCG persistentes por mais de 6
meses do esvaziamento uterino. Vale salientar que essa espera não empiorou o
prognóstico das pacientes que vieram a precisar de quimioterapia mais tardiamente [46].
vários tipos da doença podem apresentar aparência semelhante nos exames de imagem
[49].
Massa miometrial focal é a imagem mais comum. Pode ser uniformemente hipo
caótica, com perda da continuidade dos vasos. O fluxo sanguíneo apresenta alta
uma vez que sua presença não parece afetar a sobrevida a longo prazo [44,47,49,53,54].
não fazem parte da avaliação rotineira da NTG, ficando reservados a casos duvidosos ou
avaliação dos sítios mais comuns de metástases, exceto para lesões vaginais e cerebrais,
metabolicamente ativa não evidenciadas por outros exames. Outrossim, também pode
Estadiamento Definição
Estadio I Doença restrita ao corpo do útero
Estadio II NTG em pelve, vagina, anexos, ligamento largo
Estadio III NTG nos pulmões, com ou sem envolvimento genital
Estadio IV Todos os outros locais de metástases
Escore de risco prognóstico 0 1 2 4
Idade A 40 40 – –
B
Gestação anterior Mola Aborto Termo –
Tempo da gestação e NTG* C < 4 4–6 7 – 12 12
hCG pré-tratamento D 103 103 - 104 104 - 105 > 105
Tamanho do maior tumor E – 3 - 4cm 5cm –
Sítio de metástases – Baço, rim Gastrintestinal Cérebro, fígado
Número de metástases – 1-4 5-8 >8
Falha de quimioterapia – – Agente único 2 ou mais agentes
doença de médio risco. Utilizando-se este sistema, a paciente poderá ter seu tumor
designado por um número romano seguido por um número arábico, que representam o
5,44,47].
mesmo com doença disseminada, a taxa de cura é superior a 90% [1-5]. Estudo
multicêntrico realizado no Brasil, observou que das 5.250 pacientes com DTG
estudadas, 21,79% evoluíram para NTG, sendo 81,3% classificadas como baixo risco,
17,5% alto risco e 1,2% TTSP [11]. Metotrexato (MTX), Actinomicina-D (ActD),
Estudo recente realizado por Lybol et al (2012), observou maior taxa de recidiva
metastática com escore OMS/FIGO inferior a 7 [1-5]. Estas pacientes devem ser
são arbitrariamente utilizados por diferentes centros [2]. No entanto, há consenso sobre
o uso de monoquimioterapia com MTX ou ActD para estas pacientes [65]. São relatadas
taxas de indução de remissão entre 50 e 90%, para estas duas drogas [1-5].
mulheres com NTG: (1) MTX semanal intramuscular (IM) em baixas doses; (2) Pulsos
de ActD intravascular (IV) a cada 2 semanas; e (3) várias outras dosagens de MTX com
utilizado em NTG.
protocolos com ActD a cada 2 semanas são menos efetivos que protocolos com MTX e
ActD por cinco dias e MTX/AF por oito dias. Porém, apesar das diferentes taxas de
remissão inicial com a QT primária, quase todas as pacientes são curadas com
qualquer outro regime e não é terapia apropriada para doença metastática ou CCA [1-5].
A ActD tem sido utilizada como terapia primária quando há comprometimento renal,
resistência ao MTX. Possui mais efeitos adversos (náuses, alopécia) que o MTX e há
risco de dano tissular caso haja extravasamento durante a aplicação IV. Os regimes mais
eficazes são ActD 10-12mg/kg IV diariamente por cinco dias, a cada duas semanas ou
ActD 1,25mg/m2 IV a cada duas semanas foi significativamente superior ao regime com
MTX 30mg/m2 IM semanal, com taxa de resposta completa de 70% versus 53% (p =
também relataram taxas superiores de remissão primária com ActD em pulso quando
comparada com quaisquer regimes de MTX [1-5]. Das 359 pacientes com NTG tratadas
observou-se taxas de remissão completa com agente único de 79% (78% com MTX e
86% com ActD), com 92% de resposta completa com terapia de agente único
adjuvante [68].
Estudo brasileiro, comparou três regimes de QT para NTG de baixo risco; MTX
por cinco dias, ActD por cinco dias e combinação de MTX e ActD (MACT) e encontrou
MACT que naqueles tratados com agente único. Os autores afirmam que regimes com
agentes únicos são tão efetivos quanto a combinação de drogas estudada e sugerem que
ActD é a droga menos tóxica e com melhor custo efetividade para o tratamento da NTG
tipo de QT a ser utilizada, diversos autores sugerem que alguns pontos ainda precisam
ser refinados, por exemplo, a pontuação atribuída ao nível pré-tratamento de hCG [69].
hCG era superior a 100.000 UI/l. Baseados nestes achados, os autores sugerem mudança
ao invés de 4 para pacientes com hCG pré-tratamento superior a 100.000 UI/L [70].
Evidências sugerem que pacientes com hCG superior a 400.000UI/L devem iniciar
escore prognóstico. Enquanto a taxa de resposta completa para pacientes com escore 0 e
1 foi 75%, quando esse escore era 6 a taxa de resposta reduzia-se para apenas 31% [71].
até que o hCG retorne aos valores normais e pelo menos mais três cursos de QT têm
sido administrados após o primeiro hCG normal [1-5]. O medicamento em uso deve ser
substituído por outro, caso seja observado platô de hCG ou instale-se toxicidade que
superior aos esquemas com MTX, porém, a maioria dos estudos comparam ActD
pulsada à MTX semanal, regime que tem sido visto como menos efetivo que aqueles
com cinco e oito dias de tratamento [67]. Quanto aos efeitos adversos, a comparação
adversos mais comuns para ambas as drogas são náuseas, anemia e fadiga [67],
Lertkhachonsuk & Wairachpanich (2016) relataram efeitos adversos mais graves, como
quimiorresistência e efeitos adversos foram comparáveis nos dois grupos, de modo que
sempre que for necessário, o esquema modificado de MTX pode ser realizado [73].
A despeito de 75-80% das pacientes com NTG tratadas com MTX alcançarem
remissão, 20-25% delas vão cursar com quimiorresistência [1-5]. Isso ocorre quando há
doença de baixo risco, tratamento de resgate com outro regime de agente único (ex.:
ActD após QT com MTX) usualmente é tudo que é preciso quando o hCG está em platô
[8,40]. Quando há falha com a terapia sequencial com agente único, deve-se instituir QT
por múltiplos agentes, sendo EMA/CO o regime mais comumente utilizado [40].
NTG resistente ao MTX. Nesse período, não obstante pressão institucional feitas pela
nas duas cadeias, alterando a configuração da hélice e inibindo sua síntese. O efeito é
agente único [77] ou em associação com múltiplos agentes [78] esse medicamento tem-
com NTG resistente ao MTX cursaram com remissão em 81% após o tratamento com
Carboplatina. Relataram ainda, os autores, que o tratamento foi bem tolerado, referindo
apenas 47,8%, muito inferior àquela encontrada no estudo do Reino Unido, o que
NTG [79].
com escore ≥7) devem ser tratadas com agentes quimioterápicos múltiplos, com ou sem
Clorambucil (MAC e sua versão modificada, MAC III) constituíam a primeira linha de
as taxas de remissão primária para 82%, porém, observou-se que tanto a cura final
Em 1980, descobriu-se que o Etoposide era um agente muito efetivo para NTG e
que esquemas contendo esta droga em associação com alta dose de MTX, AF, ActD,
e sobrevida [1-5].
tratamento da NTG de alto risco, por sua baixa toxicidade e altas taxas de resposta
[80,81].
NTG de alto risco, as evidências atualmente disponíveis são incompletas, pois não há na
Para determinar qual o tratamento mais eficaz e menos tóxico para estes casos, é
variáveis que possam influenciar nas taxas de remissão e sobrevida, como escore de
Epitelióide
QT, com propensão à disseminação linfática. Por este motivo, HTA com ou sem
quando a doença está confinada ao útero e é, por si só, curativa em 2/3 dos casos
recebendo terapia. Por outro lado, o diagnóstico de recidiva exige pelo menos duas
escore de risco OMS são fatores de risco associados à maior taxa de doença resistente
[75,86,87].
doença de baixo risco, tratamento de resgate com outro agente único (ex.: ActD após
quimioterapia com MTX) usualmente é tudo que é preciso quando o hCG está em platô
[1-5]. Quando há falha com a terapia sequencial com agente único, deve-se instituir
utilizado [1-5].
de baixo risco, podendo ser útil na estratificação das pacientes para terapia de primeira
linha [88,89]. Estudos prospectivos estão em andamento para confirmar este achado.
Devido às altas taxas de cura e poucos casos de resistência à QT, a maioria dos
Vários esquemas de resgate (Tabela 4) são utilizados em todo o mundo e não está claro
quais regimes são mais efetivos e menos tóxicos [90], porém o regime EP/EMA é o
preferido e recomendado pela FIGO [1-5,86]. A taxa de resposta completa com este
[86,91,92].
REGIMES QUIMIOTERÁPICOS
EP/EMA: Etoposide, MTX, ActD, Etoposide, Cisplatina
BEP: Bleomicina, Etoposide, Cisplatina
TP/TE: Paclitaxel, Cisplatina /Paclitaxel, Etoposide
FA: 5-Fluoracil, ActD
FAEV: Floxurudina, ActD, Etoposide, Vincristina
MBE: MTX, Bleomicina, Etoposide
VIP/ICE: Ifosfamida, Cisplatina, Etoposide
invés de EMA/CO quando o hCG pré tratamento estiver acima do percentil 90 [82].
pacientes com recidivas e 43% para aquelas com doença quimiorresistente [92].
considerar cirurgia [94]. O uso de PET-TC pode ajudar na detecção do sítio de doença
ativa [95], o que pode auxiliar a guiar tratamento medicamentoso e indicação cirúrgica
[96]. Estudo retrospectivo avaliou o papel da cirurgia (em particular ressecção em cunha
doença em outros sítios (incluindo útero) e com níveis de beta-hCG < 1.000 UI/L
[97,98].
paternos, esse órgão singular torna-se alvo para o reconhecimento imunológico materno.
cura dessa neoplasia invulgar. Dessa feita, surgiram recentemente na literatura médica
Pembrolizumabe, 200 mg a cada três semanas, dose que fora reduzida a 50% por
hepatotoxicidade [99].
[101].
apenas naquelas com a NTG pós-molar superam o risco potencial e o pequeno benefício
faz-se seguimento com dosagem sérica mensal de hCG por 12 meses [1-5]. Alguns
dois anos de seguimento para doença de alto risco e no Charing Cross Trophoblastic
Disease Center (Imperial College of London) o seguimento é realizado por toda a vida,
com dosagem urinária de hCG a cada 6 meses após 5 anos de seguimento [1-5].
50% das pacientes tratadas com QT para linfoma de Hodgkin cursam com falência
proliferam, diferentemente do que ocorre nos testículos. Assim, agentes citotóxicos que
necessitam da proliferação celular para atuar, causam menos lesões ovarianas do que os
a Cisplatina e a Ciclofosfamida. Uma vez em que há eventual lesão ovariana, por vezes
com destruição folicular, por outras com fibrose ovariana, algumas pacientes
luteinizante, com queda dos níveis de estradiol, podendo levar a uma amenorreia
temporária. Trata-se de fenômeno passageiro que logo cede aos ciclos ovulatórios.
Desta forma, são consignadas muitas gravidezes havidas após QT para NTG.
múltiplos [106]. Dois anos mais tarde, Van Thiel et al. (1972) especularam que
mulheres que cursaram com NTG poderiam ter mecanismo de invasão placentária
tratadas para NTG. Das 96 gravidezes consignadas, resultaram 77 (81%) partos a termo
Importante trabalho foi apresentado por Song et al. (1998) acerca do futuro
reprodutivo após QT para MI e CCA. Entre 1959 e 1980, 256 pacientes foram
submetidas à QT para NTG, das quais 205 (80%) engravidaram após a remissão,
natimortos, sendo dois por causa não determinada e três por prolapso de cordão,
placenta prévia total e anoxia intrauterina. Dos 303 (85,3%) nascidos vivos, seis (1,9%)
morreram: três no período neonatal por anomalia congênita incompatível com a vida
os autores observaram que 40,6% das pacientes gestaram após dois anos da remissão e
8,5% no primeiro ano após a remissão, sendo de três meses o menor intervalo de
exerce efeito deletério nas gerações subseqüentes à quimioterapia por NTG, nem altera
Nos casos de NTG de alto risco, o tratamento é feito com esquemas contendo
vários agentes quimioterápicos. São regimes por vezes tóxicos, mas que têm permitido
elevadas taxas de cura, mesmo em pacientes com múltiplas metástases. Uma vez
curadas, mantendo a matriz reprodutiva, desejosas por nova gravidez, estas pacientes
têm engravidado e o resultado de suas gravidezes tem sido objeto de vários estudos.
partos pretermo; três (4,6 %) gravidezes molares recorrentes; um (1,5%) natimorto; não
separadamente pelos autores) para NTG não metastática entre 1962 e 1982. Das
gravidezes analisadas, 128 (72,7%) evoluíram para parto a termo com recém-nascidos
(0,7%) caso de DTG recorrente; e um feto (0,7%) com anomalia congênita [111].
Importante trabalho foi realizado por Woolas et al. (1998) no Charing Cross
influência da QT, por agente único ou por múltiplos agentes, no futuro reprodutivo das
pacientes após tratamento de NTG. O estudo incluiu 728 pacientes com NTG atendidas
entre 1957 e 1990. Das 392 pacientes que receberam monoquimioterapia (MTX),
apresentando seguimento em média de 11,5 (2,7-27,2) anos, 327 (83,4%) cursaram com
(3%) natimortos; e 27 (6,9%) pacientes não conseguiram engravidar. Das 336 pacientes
analisa o perfil perinatal global após a QT. Foram consignados 19 (2,6%) casos de
receberam quimioterapia para NTG entre 1965 e 2001 no New England Trophoblastic
que estas gravidezes ocorreram em relação ao término da QT, concluíram não haver
após QT para tratar NTG [113]. Contudo, reiteraram a observação de Woolas et al.
Sevitz (1998) relatou a primeira gravidez após CCA tratado com regime
EMA/CO. Tratava-se de caso de mola recorrente com evolução para CCA metastático,
em que foram necessários oito ciclos de EMA/CO para obter a cura. A paciente
analisarem 112 recém-nascidos de mulheres tratadas com EMA/CO para NTG. Ainda
assim, concluíram que gravidezes havidas após 12 meses do final da quimioterapia não
infertilidade em pacientes com NTG tratadas com regime EMA/CO. Nesse estudo, o
seguimento após a alta foi mantido em 27 pacientes, das quais 18 (66,6%) retornaram
aos ciclos ovulatórios normais, seis (22,2%) apresentaram ciclos irregulares e três
depois mensalmente até completar 12 meses, quando as pacientes são liberadas para
engravidar. Contudo, não são raros os casos de gravidez antes da alta do seguimento.
suficiente para que os oócitos lesados pelos agentes antiblásticos possam ser
pela maioria dos autores, salientando que 90% das recidivas ocorrem neste período
(Kohorn, 1999) [117], outros autores (Mutch et al. 1990; Kjer & Iversen, 1990)
recomendam período ainda maior para uma nova gravidez [118,119]. Mutch et al.
(1990) sugerem que este período deve ser de, no mínimo, três anos, uma vez que 50%
das recidivas de NTG, em sua casuística, ocorreram em três meses, 85% antes de 18
meses e 36 meses foi necessário para todos os casos de recidiva se manifestar [118].
Tuncer et al. (1999) analisaram 41 pacientes com NTG que engravidaram antes
ocorrendo a gravidez, em média, 6,3 meses após a QT. Destas 41 gravidezes, resultaram
24 (58,5%) partos de termo com recém-nascidos saudáveis; três (7,3) partos pretermo;
três (7,3%) abortamentos espontâneos e uma (2,4%) gravidez molar recorrente. Houve
metástase pulmonar, que antecipou o parto com 28 semanas de gravidez para iniciar-se
QT. Ainda assim, os autores concluíram não haver risco aumentado nas gravidezes
ano pós-tratamento quimioterápico para NTG. Consignou 230 gestações havidas antes
(72,2%) partos a termo, com recém-nascidos saudáveis; uma (2,2%) gravidez molar
Entre 1966 e 1996, Lan et al. (2001) avaliaram 22 pacientes que engravidaram
com menos de um ano da QT para NTG. Destas gravidezes resultaram nove (40,9%)
partos a termo com recém-nascido saudável; um (4,5%) parto pretermo; quatro (18,1%)
uma gravidez molar e outro CCA pós-parto. O intervalo médio entre o final da QT e a
gravidez foi de 10,2 meses no grupo em que prevaleceram os partos a termo com recém-
nascidos saudáveis, e de 5,8 meses naquele em que predominaram as perdas fetais, com
apresentam melhor prognóstico se a concepção ocorrer com mais de seis meses depois
do término da QT; ao revés, com menos de seis meses, maiores são as chances de
completar um ano da remissão, das quais 164 (71,3 %) evoluíram para parto a termo
DTG recorrente; dois (0,8%) natimortos; três (1,3%) anomalias congênitas; 15 (7%)
gravidezes entre aquelas que receberam monoquimioterapia (22%) daquelas que foram
que a habitualmente esperada para aquela população. Também não foi significativa a
Sinalaram os autores, por fim, que, a despeito de não ter ocorrido morte materna
ocorridas com menos de 6 meses do último ciclo de quimioterapia cursaram com mais
maternos adversos em mulheres que conceberam com menos de 6 meses e entre 6-12
meses do término da quimioterapia (76,2% e 19,6%; p < 0,0001; odds ratio - OR: 13,12;
IC 95%: 3,87-44,40) em relação àquelas que aguardaram ao menos 12 meses para nova
gestação (76,2 % e 21,7%; p < 0,0001; OR: 11,56; IC 95%: 3,98-33,55) após
quimioterapia [124].
Antonio Rodrigues Braga Neto – Tese
Livre Docência em Obstetrícia
Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo – 2022
59
Revisão da Lietratura
aquelas com gestação com menos de 6 meses (71,4%) do que aquelas que engravidaram
entre 6-12 meses (17,6%; p < 0,0001; OR: 11,66; IC 95%: 3,55-38,22) e além de 12
meses (9,4%; p < 0,0001; OR: 23,97; IC 95%: 8,21-69,91) após a última sessão de QT
para tratamento da NTG. Não houve diferença nos resultados perinatais adversos
com NTG, depois do sucesso da QT. Entretanto, no caso de gestação com menos de um
Antes do advento da QT, as taxas de letalidade por NTG eram de 75% [6,58].
antineoplásicos, a maioria desses tumores tornou-se curável [6], mesmo nos casos de
Seu marcador biológico e tumoral, hCG, por certo contribui para essa taxa de
agente único para casos de baixo risco e tratamento com múltiplos agentes para
pacientes de alto ou ultra alto risco [9,47]. O objetivo dessa orientação é permitir que
pacientes sejam tratadas com a QT mais apropriada para o estágio de sua neoplasia;
evitando-se-lhe regimes mais agressivos, quando QT por agente único puder ser
de baixo risco tenham taxas de cura em praticamente 100% dos casos nos países
desenvolvidos [8,9], esses ainda cursam com letalidade de 20% na África [18,19]. E
enquanto a taxa de letalidade entre pacientes com NTG de alto risco é de 5 a 10% na
diagnósticos e terapêuticos, sendo ainda pior nos casos de NTG de ultra alto risco,
NTG. Pelo ser uma moléstia insólita, amplamenta curável, o desfecho fatal é incomum.
Disso resulta que a maioria dos estudos nessa seara sejam de relatos de casos [7,10] ou
acometidas pela NTG [18-20]. Dessa feita, há ainda outro inconveniente que é a
não se analisa as variáveis clínicas das mulheres que sobreviveram a essa neoplasia.
Há ainda uma questão epidemiológica que não deve ser olvidada, vez que a
maioria dos trabalhos sobre esse mote descreva esse tema sob a égide de “mortalidade”.
população, aqui incluídos sadios e doentes, geralmente expressa como mortes / 100.000
habitantes. Por outro lado, letalidade refere-se à proporção de casos que uma doença
destacadas aquelas de Chicago, Pequim, Reino Unido, Holanda e França, que serão
promenorizadas a seguir.
(Chicago), entre 1962 a 1979, foram consignadas 48 mortes dentre as 399 pacientes
atendidas com NTG (letalidade de 12%). Entre as que evolveram para o óbito, todas
a 100.000 UI/L. Apenas 29% dos casos de NTG eram pós-molar, enquanto 71%
de óbitos, havia metástases no cérebro, fígado e/ou na cavidade peritoneal assim que
iniciaram a QT. Das causas de óbito, 42% cursaram com hemorragia em um ou mais
para 4% (19/443) na coorte mais recente. Todas as pacientes que faleceram tinham
doença metastática por ocasião do diagnóstico, sendo 95% casos de CCA. Dentre todas
as pacientes que morreram, 32% delas iniciaram a QT fora do CR, sendo encaminhada
1985 a 2004, 64 óbitos entre 1130 pacientes tratadas com NTG (letalidade de 5,6%)
[126]. Notar que essa letalidade é 2 vezes menor que aquela apresentada por Lurain et al
fundamentais para esse bom resultado. Observou-se que 58/64 óbitos ocorreram no
de 1420 casos de NTG acompanhados na mesma instituição, entre 2002 e 2013. Notar
que a letalidade se manteve estável, 5,5%, sendo 0,3% entre as pacietntes de baixo risco
óbitos por NTG do Sheffield Trophoblastic Disease Centre at Weston Park Hospital
(Reino Unido). Foram incluídas 905 pacientes com NTG, acompanhadas entre 1975 e
2010, dentre as quais ocorreram 24 mortes. Dessas, 5 tiveram sua causa atribuída a
análise, perfazendo uma letalidade de 2,1%. Notar que quanto mais as coortes avançam
no tempo, menor a letalidade dos casos de NTG [9]. De modo similar a Yang et al.
(2006) [7] 11/24 pacientes cursaram com óbito nas primeiras semanas do tratamento
de PSTT), o escore de risco OMS/FIGO (15/19 foram casos de alto risco) e a ocorrência
de quimiorresistência [9].
(Holanda), entre os anos de 1971 e 2011. Como não foi apresentado o número de casos
de NTG nesse período, não é possível calcular a letalidade nessa coorte. Dentre os casos
termo. Salientaram os autores que metade dos óbitos ocorreu entre 1971 e 1980, antes
casos de morte nas primeiras quatro semanas do tratamento, por hemorragia (uterina,
por embolia pulmonar. As 17/26 pacientes que faleceram após 4 semanas do início da
cérebro, 1 nos pulmões e 1 intra-abdominal), uma sepse (por peritonite após metástase
na parede intestinal) e 3 sem causa definida. Chamou atenção que 12/17 pacientes que
morreram foram inicialmente tratadas com MTX, mas que foram reclassificadas como
pacientes de alto risco, para as quais o MTX é considerado tratamento inadequado [8].
avaliação desse desfecho entre pacientes com NTG de baixo e alto risco, em
comparar as características clínicas de pacientes que morreram por NTG com as que
infausto. Bem estabelecidas, essas variáveis poderiam usadas para desenvolver políticas
públicas para reduzir o fenecimento por NTG, o que é, em seu âmago, morte materna.
Objetivo geral
Objetivos específicos
Rio de Janeiro.
Trofoblástica Gestacional.
Gestacional.
Delineamento do Estudo
Todos os dados foram obtidos através de consulta direta aos prontuários médicos
Local do Estudo
Universidade Federal do Rio de Janeiro, que ali funciona desde 2013, incorporou a
NTG iniciou suas atividades, sob direção diligente do Professor Paulo Belfort. Sob sua
podendo omitir os nomes dos Professores José Maria Barcellos, Dulce Castelar e
Nazaré Serra Freire (Patologia), Simão Coslovsky, Ericsson Linhares e Gerson Cotta-
country dos Professores Jorge de Rezende (em 2006) e Paulo Belfort (em 2012), e com
atender as pacientes com NTG oriundas dos municípios de Niterói, São Gonçalo,
Participantes do estudo
menos por 12 meses após a remissão. Nesse período as pacientes foram orientadas a
investigação, uma vez que essas formas excepcionais de NTG têm um comportamento
prognóstico da OMS/FIGO. Dessa feita, a inclusão desses casos nesse estudo poderia
Além disso, foram ainda excluídas desse estudo pacientes que engravidaram
casos em que o prontuário médico estivesse incompleto e aquelas que sucumbiram por
2000: platô (variação menor que 10%) do marcador tumoral, hCG sérico, em quatro
valores durante período de, pelo menos, 3 semanas consecutivas, ou aumento em três
Vale ressaltar que, embora os critérios de diagnóstico para NTG tenham sido
descritos pela FIGO 2000 [44], eles estão em ampla consoância com os preceitos
utilizados pelo mundo, em geral, e pelo Brasil, em particular, desde a década de 1950,
de modo que se conseguiu incluir, com precisão, as pacientes diagnosticados com essa
Na maioria das vezes, as pacientes são diagnosticadas com essa neoplasia mediante
Registra-se que as biopsias são, pelo geral, contraindicadas, pelo risco imanente
foi realizada TC de cérebro, abdome e pelve. A partir da década de 1980, a RNM foi
Por tratar-se de uma coorte histórica de mais de meio século, pormenores dos
18.
MTX-FA. Metotrexate 1 mg/kg intramuscular nos dias 1, 3, 5, 7 com resgate do Ácido folínico (AF)
0,1mg/kg via oral (VO) nos dias 2, 4, 6, 8, com intervalo de uma semana.
ActD. Actinomicina-D 1,25 mg/m2 (máximo 2 mg) intravascular (IV) em pulso quinzenal.
Carboplatina. AUC = 6 IV (máximo de 900mg) a cada três semanas.
Etoposide. 100 mg/m2 IV dias 1-5 a cada duas semanas.
* Carboplatina ou Etoposide foram utilizados em períodos de desabastecimento de ActD.
CHAMOMA. Hidroxiureia 500 mg VO 12/12h nos dias 1 e 2; Vincristina 1 mg/m2 IV no dia 3; MTX
100 mg/m2 IV em bolus + 200 mg/m2 IV no dia 3; AF 12 mg/m2 IM a cada 12h em quarto doses VO nos
dias 3 e 4; ActD 10 μg/kg IV nos dias 5, 6, 7; Ciclofosfamida 600 mg/m2 IV no dia 5; Melfalan 6 mg/m2
IV no dia 10; Doxorrubicina 30 mg/m2 IV no dia 10. Repetir a cada duas semanas.
CHAMOCA. Hidroxiureia 500 mg de 12/12h em 4 doses VO nos dias 1 e 2; ActD 200 μg IV nos dias 1,
2, 3 e 500 μg IV nos dias 4 e 5; Vincristina 1 mg/m2 IV no dia 2; MTX 100 mg/m2 IV em bolus e 200
mg/m2 IV no dia 2; AF 14 mg a cada 6h em seis doses IM nos dias 3, 4, 5; Ciclofosfamida 500 mg/m2 IV
no dia 8; Doxorrubicina 30 mg/m2 IV no dia 10. Repetir a cada três semanas.
MAC. MTX 1 mg/kg IM nos dias 1, 3, 5, 7; AF 0,1 mg/kg VO nos dias 2, 4, 6, 8; ActD 0,5mg nos dias 2,
4, 6, 8; ActD 0,5 IV nos dias 1-5; Ciclofosfamida 3 mg/kg IV nos dias 1-5. Repetir a cada três semanas.
MAC III. MTX 1 mg/kg IM nos dias 1, 3, 5, 7; AF 0,1 mg/kg VO nos dias 2, 4, 6, 8; ActD 10-12 μg/kg/d
IV dias 1-5; Ciclofosfamida 3 mg/kg IV dias 1-5. Repetir a cada três semanas.
EMA/CO. Etoposide 100 mg/m2 IV, MTX 300 mg/m2 IV, ActD 0,5 mg IV no dia 1. Etoposide 100
mg/m2 IV, ActD 0,5 mg IV, AF 15 mg VO a cada 12h VO por 4 doses no dia 2 (iniciando 24h após o
MTX). Vincristina 1 mg/m2 IV, Ciclofosfamida 600 mg/m2 IV no dia 8. Repetir a cada duas semanas.
EP/EMA. Etoposide 150 mg/m2 IV, Cisplatina 75mg/m2 IV no dia 1. Etoposide 100mg/m2 IV, MTX
300mg/m2 IV, ActD 0,5mg IV, AF 15 mg VO a cada 12h VO por 4 doses no dia 2 (iniciando 24h após o
MTX). Repetir a cada duas semanas.
TP/TE. Paclitaxel 135 mg/m2 IV e Cisplatina 60 mg/m2 IV no dia 1. Paclitaxel 135 mg/m2 IV e Etoposide
150 mg/m2 IV no dia 15. TP é alternado a cada duas semanas com TE.
BEP. Bleomicina 30 U IV nos dias 1, 8 e 15; Etoposide 100 mg/m2 IV dias 1-4; Cisplatina 20 mg/m2 IV
dias 1-4. Repetir a cada três semanas.
ICE. Ifosfamida 1,2 mg/m2 dias 1-3, com Mesna (120 mg/m2 IV bolus precedendo a primeira dose de
Ifosfamida, seguida de 1,2 mg/m2 IV em 12h de infusão diária após cada dose de Ifosfamida);
Carboplatina 300 mg/m2 IV no dia 1; Etoposide 75 mg/m2 dias 1-3. Repetir a cada três semanas.
Capecitabina. 2.500 mg/m2 VO, durante 2 semanas, com uma semana de intervalo.
Indução EP. Etoposide 100 mg/m2 e Cisplatina 20 mg/m2 nos dias 1 e 2 a cada 7 dias, máximo 2 ciclos.
# A partir de 2014, as pacientes foram tratadas com os mesmos protoclos utilizados entre 2002 e 2013. No
entanto, pacientes com NTG e risco de morte precoce (múltiplas metástases, escore prognóstico
OMS/FIGO ≥ 13 e hCG > 1.000.000 UI/L) receberam indução com baixas doses de EP antes de iniciar o
tratamento com EMA/CO ou EP/EMA, dependendo do estadiamento e do escore de risco OMS/FIGO.
Desfechos
O desfecho primário desse estudo foi a ocorrência de morte por NTG, enquanto
Variáveis
As seguintes variáveis foram estudadas: idade (em anos), nível sérico de hCG
Remissão foi definida como normalização dos níveis de hCG (< 5 UI/L), que foi
Conflitos de interesse
Variável Categoria
Ano de ingresso Categórica nominal
Idade da paciente (em anos) Numérica contínua e
categórica nominal
Dosagem de gonadotrofina coriônica humana (UI/L) pré- Numérica contínua e
tratamento categórica nominal
Histologia da neoplasia trofoblástica gestacional: sem histologia, Categórica nominal
mola invasora, coriocarcinoma, tumor trofoblástico do sítio
placentário, tumor trofoblástico epitelióide.
Gestação antecedente: mola hidatiforme, abortamento, prenhez Categórica nominal
ectópica, gestação a termo/pré-termo.
Estadiamento da Federação Internacional de Ginecologia e Categórica nominal
Obstetrícia: I, II, III, IV.
Escore prognóstico da Organização Mundial da Saúde/ Federação Numérica contínua e
Internacional de Ginecologia e Obstetrícia categórica nominal
Intervalo entre o término da gravidez e o início do tratamento (em Numérica contínua
semanas)
Presença de metástases Categórica binária
Local da metástase Categórica nominal
Realização de cirurgia Categórica binária
Tipo de cirurgia realizada Categórica nominal
Tratamento quimioterápico inicial Categórica nominal
Quimiorresistência Categórica binária
Tratamento inicial fora do centro de referência Categórica binária
Realização de radioterapia Categórica binária
Ocorrência de óbito Categórica binária
Óbito relacionado à neoplasia trofoblástica gestacionakl Categórica binária
Intervalo entre o início da quimioterapia e o óbito (em semanas) Numérica contínua
Tratamento quimioterápico no momento do óbito Categórica nominal
Causa do óbito Categórica nominal
Ano do óbito Categórica nominal
Análise estatística
variável com um valor p < 0,2 para construir um modelo multivariado contendo apenas
variáveis com influência significativa no risco relativo (RR) de morte por NTG,
incluindo intervalos de confiança de 95% (IC 95%). Esse modelo foi construído usando
uma estratégia “forward”, inserindo variáveis com menor p-valor para o teste de Wald
A análise estatística foi feita usando o pacote estatístico R software versão 3.3.2,
disponível em www.r-project.org.
com DTG.
Exceto pela idade das pacientes, que foi comparável (p = 0,11), aquelas que
faleceram por NTG apresentaram níveis séricos de hCG pré-tratamento 5 vezes maiores
(p < 0,01), tiveram 4 vezes mais NTG de origem não molar (p < 0,01), notadamente
com diagnóstico histopatológico de CCA (p < 0,01), do que aquelas que se curaram. As
pacientes que sucumbiram pela NTG tiveram ainda maior ocorrência de doença
maior escore prognóstico da OMS/FIGO (p < 0,01), levando mais tempo para iniciar o
tratamento (p < 0,01) que foi mais frequentemente iniciado fora de CR em NTG (p <
Foi mais frequente entre as pacientes que morreram por NTG iniciar o
frequência com quimiorresistência (p < 0,01) e maior necessidade de cirurgia (p < 0,01)
desenvolveram NTG após uma gravidez não molar (35,9%), apresentaram nível sérico
Ademais, aquelas com êxito letal demoraram média de 23,3 semanas para iniciar
momento do diagnóstico de NTG os mesmos locais metastáticos que tinham por ocasião
diagnosticadas.
pacientes) foram as causas mais comum de morte (33/71 = 46%). Vale ressaltar que em
25 casos (36%) a morte por NTG ocorreu menos de 4 semanas após o diagnóstico e em
14 pacientes (20%) não foi possível iniciar a quimioterapia devido ao elevado grau de
não molar, maior intervalo de tempo entre o término da gravidez antecedente à NTG, o
15,81; p = 0,02), presença de doença metastática (RR: 18,88; IC 95%: 7,91-45,08; p <
< 0,01), escore prognóstico da OMS/FIGO ≥7 (RR: 2,91; IC 95%: 1,54-5,49; p < 0,01)
e o início do tratamento ocorrido fora de CR (RR: 4,55; IC 95%: 3,78-8,17; p < 0,01)
Tabela 7. Fatores de risco para letalidade por Neoplasia Trofoblástica Gestacional entre
mulheres acompanhadas no Centro de Referência do Rio de Janeiro.
Variáveis
Risco relativo cru Risco relativo ajustado
p-valor
(Intervalo de Confiança de 95%) (Intervalo de Confiança de 95%)
p-valor
Idade (anos)
≤ 19 1
20-39 0.86 (0.31 – 2.37) 0.78
≥ 40 1.46 (0.39 – 5.45) 0.56
Nível sérico de hCG a pré-tratamento
< 100,000 1 0.94
≥ 100,000 1.05 (0.22 – 4.04)
Histologia
Nenhuma # 1
Mola invasora 17.39 (7.43 – 40.70) <0.01 2.76 (0.89 – 8.55) 0.07
Coriocarcinoma 19.35 (5.51 – 67.93) <0.01 12.40 (3.33 – 46.13) <0.01
Gravidez que originou a NTG
Molar 1
Aborto 2.252e+00 (0.52 – 9.60) 0.27
Ectópica 1.868e-06 (0 - inf) 0.99
Termo / Pretermo 11.13 (2.60 – 47.46) <0.01 *
Intervalo entre a gravidez e o tratamento b 1.03 (1.01 – 1.05) <0.01 *
Estadiamento FIGO c
I 1
II 23.38 (7.20 – 75.94) <0.01 *
III 13.21 (5.56 – 31.37) <0.01 *
IV 27.24 (10.87 – 68.21) <0.01 12.57 (4.39 – 35.99) <0.01
Ocorrência de metastases
Local da metástase 1
Pulmão 2.28 (0.44 – 11.80) 0.32
Vagina 18.94 (6.64-54.01) <0.01 *
Cérebro
Fígado 1
Outros 2.33 (0.54 – 10.08) 0.25
Tratamento inicial 29.64 (8.72 – 100.75) <0.01 *
Agente único 4.57 (1.89 - 11.03) <0.01 3.18 (1.28 – 7.89) 0.01
Múltiplos agentes 16.54 (7.42 - 36.81) <0.01 12.22 (7.01 – 26.93) <0.01
Sem quimioterapia
Ocorrência de Quimiorresistência 1
Escore prognóstico OMS/FIGO c 0.86 (0.31 – 2.37) 0.78
≤6 1.46 (0.39 – 5.45) 0.56
≥7
Tratamento inicial feito fora do
1 0.94
Centro de Referência
observa-se que foram significativos, após análise ajustada, a ocorrência de CCA (RR:
12,40; IC 95%: 3,33-46,13; p < 0,01), presença de doença metastática (RR: 12,57; IC
95%: 4,39-35,99; p < 0,01), quimiorresistência (RR: 3,18; IC95%: 1,28-7,89; p = 0,01)
e tratamento inicial feito fora de CR em NTG (RR: 12,22; IC 95%: 7,01-26,93; p <
0,01). Já em se considerando os fatores associados a óbito por NTG de alto risco, após a
cérebro (RR: 8,73; IC 95%: 1,93-39,37; p < 0,01) e fígado (RR : 5,76; IC 95% 2,18-
15,21; p < 0,01); ausência de QT ou tratamento inicial com QT contendo agente único
(RR: 10,58; IC 95%: 2,42-46,16; p < 0,01 e RR: 1,81, IC 95%: 1,35-2,88; p = 0,01,
0,01) e o tratamento inicial feito fora do CR em NTG (RR: 28,30; IC95%: 15,11-75,89;
2013: 1,8%; 2014-2017: 0,7%; p < 0,01), que foi mantido mesmo quando os casos
baixo risco = 1960-1989: 4,7% ; 1990-2002: 1,4%; 2003-2013: 0,3%; 2014-2017: 0,3%;
p < 0,01; letalidade de NTG de alto risco = 1960-1989: 65,5%; 1990-2002: 35%; 2003-
Variáveis
Risco relativo cru Risco relativo ajustado
p-valor
(Intervalo de Confiança de 95%) (Intervalo de Confiança de 95%)
p-valor
Idade (anos)
≤ 19 1
20-39 0.89 (0.40 – 1.97) 0.78
≥ 40 0.57 (0.21 – 1.55) 0.27
Nível sérico de hCG a pré-tratamento
< 100,000 1 0.22
≥ 100,000 0.72 (0.43 – 1.23)
Histologia
Nenhuma # 1
Mola invasora 1.008e-06 (0 - inf) 0.99
Coriocarcinoma 1.69 (1.03 – 2.76) 0.03
Gravidez que originou a NTG
Molar 1
Aborto 1.20 (0.53 – 2.71) 0.64
Ectópica 2.03 (0.48 – 8.44) 0.32
Termo / Pretermo 1.44 (0.82 – 2.51) 0.19
Intervalo entre a gravidez e o tratamento b 5.04 (2.19 – 6.27) <0.01 4.10 (3.01 – 5.62) 0.01
Estadiamento FIGO c
I 1
II 18.03 (0 - inf) 0.99
III 18.53 (0 - inf) 0.99
IV 19.29 (0 - inf) 0.99
Ocorrência de metastases 21.41 (2.96 – 154.36) <0.01 14.66 (1.94 – 110.66) <0.01
Local da metástase
Pulmão 1
Vagina 0.98 (0.33 – 2.95) 0.98 1.23 (0.38 – 3.89) 0.72
Cérebro 8.08 (2.94 – 22.18) <0.01 8.73 (1.93 – 39.37) <0.01
Fígado 5.70 (2.33 – 13.95) <0.01 5.76 (2.18 – 15.21) <0.01
Outros 3.53 (1.86 – 6.69) <0.01 3.36 (1.64 – 6.87) <0.01
Tratamento inicial
Agente único 1
Múltiplos agentes 2.59 (2.26 – 3.32) 0.01 1.81 (1.35 – 2.88) 0.01
Sem quimioterapia 5.47 (2.64 – 11.32) <0.01 10.58 (2.42 – 46.16) <0.01
Ocorrência de Quimiorresistência 2.46 (1.43 – 4.21) <0.01 3.20 (1.77 – 5.80) <0.01
Escore prognóstico OMS/FIGO c 11.70 (6.80 – 22.00) <0.01 28.30 (15.11 – 75.89) <0.01
≤6
≥7 1
Tratamento inicial feito fora do
0.89 (0.40 – 1.97) 0.78
Centro de Referência
NTG. Neoplasia trofoblástica gestacional. * NTG de baixo ou alto risco, consoante o escore prognóstico
da OMS/FIGO. # A partir de 1990, o regime EMA/CO tornou-se a quimioterapia de escolha para
tratamento de NTG de alto risco e para casos de NTG de baixo risco que tivessem apresentado
quimiorresistência ao regime por agente único. ¥ A partir de 2014, a quimioterapia com indução em baixa
dose de Etoposide-Cisplatina foi empregada para todas as pacientes com NTG de ultra alto risco.
NTG. Neoplasia trofoblástica gestacional. * Carboplatina ou etoposide foram utilizados apenas durante o
desabastecimento de ActinomicinaD. # A partir de 2014, a quimioterapia de indução em baixa dose de
Etoposide-Cisplatina foi usada em pacientes com NTG de ultra alto risco. Consultar a Figura 18 para
melhor compreender os esquemas quimioterápicos utilizados, ao longo das décadas.
Antonio Rodrigues Braga Neto – Tese
Livre Docência em Obstetrícia
Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo – 2022
DISCUSSÃO
à letalidade por NTG. Seus resultados reforçam que a ocorrência de CCA e doença
metastática são fatores de risco para morte em pacientes acometidas por essa
nossos resultados não corroboram com a relação entre a idade materna e o nível sérico
baixo ou alto risco, um dos fatores de risco mais importantes associados à letalidade e a
A redução da letalidade por NTG no Estado do Rio de Janeiro nas últimas cinco
sucumbiram pela NTG com aquelas que se curaram dessa neoplasia permitiu a obtenção
de fatores associados à letalidade por NTG que, por certo, enriquecerá o estudo do tema,
mais comuns de morte em mulheres brasileiras acometidas por NTG (46%), semelhante
aos resultados de Lurain et al. (42%) [7] e Lybol et al. (61,5%) [8], em que a
Tabela 11. Revisão sistemática e análise dos principais estudos que avaliaram a
letalidade por Neoplasia Trofoblástica Gestacional.
Número de Número de
Período Desenho do estudo Letlidade
Autor / casos de NTG mortes por NTG
Serviço País do e
Ano Baixo Alto Baixo Alto Baixo Alto
Estudo análise dos resultados
risco risco risco risco risco risco
Lurain John I. Brewer 1962
Estados Revisão retrospectiva institucional
et al., Trophoblastic - 399 48 12%
Unidos de casos de óbito por NTG
1982 Disease Center 1979
Revisão retrospectiva institucional
Yang Peking Union 1985 de casos de óbito por NTG. Embora 1.130 64 5,6%
et al., Medical College China - os autores não comparem fatores de
2006 Hospital 2004 risco para morte por NTG, eles
analisaram casos de morte precoce
Lybol 1971 Revisão retrospectiva de casos de
Radboud
et al., Holanda - morte por NTG do Registro Central Não relatado 5 21 Não relatado
University
2012 2011 Holandês
Kingdon Sheffield 1975 Revisão retrospectiva institucional
Reino
et al., Trophoblastic - de casos de óbito por NTG. Não 905 4 15 2,1%
Unido
2012 Disease Center 2010 foram excluídos os casos de PSTT
Revisão retrospectiva, multicêntrico
Kohorn.
Estados internacional, com 32 centros de
et al, Yale University --- 3.725* 237 6,36%
Unidos referência de 17 países de casos de
2014
óbito por NTG
Revisão retrospectiva institucional
Neubauer John I. Brewer 1979
Estados de casos de óbito por NTG,
et al, Trophoblastic - 443 19 4,3%
Unidos analisando as causas da morte em
2015 Disease Center 2012
diferentes períodos de tempo
Al-
1979
Husaini King Faisal Arábia Revisão retrospectiva institucional
- 131 88 0 8 0% 8%
et al, Cancer Center Saudita de casos de óbito por NTG
2010
2015
Gueye Aristide Le 2006
Revisão retrospectiva institucional
et al, Dantec Teaching Senegal - 164 8 13 12,8%
de casos de óbito por NTG
2016 Hospital 2014
Revisão retrospectiva francesa de
casos de pacientes que morreram por
Bolze French Center for 1999 NTG. Embora o objetivo dos autores
et al., Trophoblastic França - fosse estudar os casos de NTG de 794 169 2 27 0,2% 16%
2016 Diseases 2014 ultra-alto risco, eles apresentavam
dados de letalidade por NTG de
baixo e alto risco.
Embora o estudo compare os
resultados de pacientes com NTG
Jiang Peking Union 2002 que se curaram com aquelas que
et al., Medical College China - faleceram, sua intenção é avaliar a 917 503 3 75 0,3% 15%
2018 Hospital 2013 eficácia do escore prognóstico da
OMS/FIGO. Ainda assim, é o estudo
mais próximo de nossa investigação
Batti 1981 Revisão retrospectiva institucional
Salah Azaiz
et al, Tunísia - de casos de óbito por NTG 56 21 12 1% 22%
Institute
2019 2012
O grande diferencial dessa
Centro de Doença
investigação é a avaliação de fatores
Braga Trofoblástica 1960
prognósticos associados à morte por
et al., Gestacional Brasil - 926 220 18 53 1,9% 24%
NTG, comparando variáveis e
2020 do Estado do 2017
resultados com pacientes que
Rio de Janeiro
sobreviveram
Incluídos apenas os casos da Arábia Saudita, França e Brasil 2.768 980 23 163 0,8% 17%
Total Incluídos todos os dados apresentados, exceto aqueles da Holanda, uma vez que os
10.088 732 7,2%
autores deste artigo não apresentaram o número total de casos de NTG
* 2890 casos de NTG após mola hidatiforme completa, 287 casos de NTG após mola hidatiforme parcial,
548 casos de coriocarcinoma pós-termo. Mortes: 166 + 71, respectivamente.
por NTG [7,126], em nosso estudo, quando comparamos as pacientes que morreram por
NTG com aquelas que se curaram dessa doença, essas variáveis não estiveram
associadas a desfecho ominoso fatal. Isso é semelhante aos resultados apresentados por
Jiang et al. [127]. Por outro lado, a histologia de CCA, bem como a presença de doença
No que diz respeito à ocorrência de CCA, vale salientar que na Holanda [8], as
pacientes com CCA pós-termo são classificadas como casos de NTG de alto risco,
associar-se a um maior risco de morte por NTG. Embora o Brasil, em geral, e o Rio de
aproximadamente 25% das mulheres com CCA de baixo risco sejam curadas com
pacientes com NTG de baixo risco que morreram por essa neoplasia com aquelas que
sobreviveram, demonstrou que aquelas com CCA têm risco 12 vezes maior de sucumbir
a NTG. Dessa forma, pacientes com NTG de baixo risco e histologia de CCA, que não
receberem quimioterapia com múltiplos agentes como tratamento primário, devem ser
agente único.
vale salientar que ainda ocorrem mortes nessas pacientes. Compreender os fatores de
dessas mortes, ordinariamente evitáveis. No estudo que ora se apresenta, casos de CCA,
pacientes com NTG de baixo risco. No Brasil, a ocorrência de doença metastática está
as pacientes com NTG não são acompanhados nos CRs, há um atraso maior no início do
tratamento [130]. Vale ressaltar que, mesmo nos casos de NTG de baixo risco, o
tratamento de pacientes fora dos CRs foi associado a uma letalidade substancialmente
mais alta. Com o aprimoramento dos critérios para estadiamento da NTG e a adoção
Janeiro que a taxa de letalidade em pacientes com NTG de baixo risco estabilizou-se a
É particularmente crítico o manejo dos casos de NTG de alto risco. Isso porque,
pela natureza embrionária do tumor, sua rápida fração de crescimento celular permite
vida dessa paciente em poucas semanas se tratamento rigoroso e sistemático não for
elevadas taxas de cura - e por isso é mister que seja feito em serviços especializados,
com NTG de alto risco poderá orientar prioridades terapêuticas e fomentar políticas
clínicas e públicas para o tratamento dessas mulheres. Emana desse estudo que o atraso
gestação que originou a NTG e o início da quimioterapia [130]. Essa variável também é
A melhor chance de uma paciente com NTG ser curada está na mais alta
pacientes com NTG de baixo e alto risco que iniciaram o tratamento fora de um CR seja
A análise das causas de morte das pacientes com NTG desse estudo mostrou que
determinando a morte dessas mulheres. Contudo, o tratamento dos casos de NTG nessas
al. (2013) relataram que o uso desse regime, para esses casos, reduziu a letalidade de
7,2% na coorte pré-1995 para apenas 0,7% entre 1995 e 2010 [12]. A mesma
experiência foi relatada com sucesso em casos de NTG de ultra alto risco tratados com
tratamento de pacientes com NTG nos CRs, com impacto direto na sobrevida dessas
pacientes de NTG de baixo risco, o que se demonstra, vez primeira, por essa
investigação.
Embora o papel dos CRs em NTG tenha sido aventado há mais de 50 anos por
John Brewer em Chicago [132], ainda hoje os Estados Unidos não incentivam o
tratamento centralizado para pacientes com NTG [133]. O exemplo mais bem sucedido
especialistas advogam que esse modelo seja replicado ao redor do mundo, a fim de
International Society for the Study of Trophoblastic Disease, não apenas para expandir
garantir a difusão de boas práticas para o atendimento às pacientes com essa doença
rara, potencialmente fatal, mas altamente curável. Emana dessas ações, a criação de
Diseases, que espalhou esses conceitos na Europa [134]. Em meio a tais esforços, o
Brasil também organizou sua rede de assistência pública e gratuita, focada no cuidado
letalidade por essa doença. A melhor estratégia para reduzir a morte por NTG, e, em
verdade, a única variável que pode ser manejada nesse tratamento, é realizá-lo em CR,
para óbito entre pacientes com NTG de baixo ou alto risco, oriundas do Estado do Rio
acompanhamento de mulheres com NTG, esse estudo nos permite avaliar o impacto dos
longo das últimas 5 décadas. No entanto, este estudo possui limitações que devem ser
salientadas. Como essa investigação trata de uma coorte de mais de 50 anos, espera-se
de novos quimioterápicos para o tratamento dessas pacientes. Contudo, esse viés está
presente em todos os estudos sobre o assunto que visam a avaliar a letalidade da NTG
prognóstico das pacientes com NTG, que também muda ao longo do tempo. A natureza
dos prontuários para definir o escore de risco prognóstico das pacientes com NTG,
determinado desfecho. Grimes & Schulz (2012) enfatizaram a existência de uma zona
cinzenta quando o RR estiver entre 0,33 e 3, na qual existe chance de grande viés de
interpretação, potencialmente levando a associações espúrias [137]. Isso deve ser levado
com NTG em diferentes contextos, onde fatores de risco para morte entre mulheres com
NTG de baixo ou alto risco fossem comparados com pacientes que se curaram dessa
uma maior letalidade. Este estudo também poderia fornecer informações sobre os
fatores de risco para a letalidade em países mais desenvolvidos, validando se, neste
Embora a mortalidade por NTG seja baixa devido à sua raridade, a letalidade
morte ou resultados adversos para essas pacientes. Além disso, deve-se salientar que o
único fator de risco modificável associado à morte por NTG é o encaminhamento dessas
pacientes com NTG para CRs, uma vez que a natureza histológica do tumor (CCA) ou
Assim, o tratamento das pacientes com NTG de baixo ou alto risco nos CRs permite
alcançar altas taxas de cura e é a melhor estratégia para maximizar a sobrevivência das
Conclusões
Houve importante, consistente e significativa redução da letalidade por NTG
longo dos últimos dez lustros. Atualmente, conquanto nos casos de NTG de alto risco
ainda se observa letalidade de 4%, nos casos de baixo risco as taxas de cura ultrapassam
99%. Importante nesse cenário atual o emprego do tratamento de indução com baixas
doses de Etoposide e Cisplatina para os casos de NTG de ultra alto risco e para aquelas
sua maioria, morrem por hemorragia, uterina ou dos sítios metastáticos. Esses casos
ainda são de rápida progressão para o óbito, sugerindo que essas pacientes demoraram
clínica, 20% deles sequer conseguindo iniciar tratamento, senão aqueles paliativos.
Enquanto nas pacientes com NTG de baixo risco, a ocorrência de CCA, doença
letalidade; nos casos de NTG de alto risco o tempo entre o final da gravidez antecedente
e o tratamento inicial feito fora do CR estiveram associados com óbito por NTG.
tratadas no CR do Estado do Rio de Janeiro, seu cotejo com a literatura revela que os
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Anexo 1. Licença expedida pela John Wiley and Sons para reproduzir e traduzir a
Tabela 1 a partir do artigo original. Copyright License Number
4794410967624.