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Retirado de www.bardonista.com
Tradução livre da edição inglesa por Agammenon Anydoros. O texto não está
revisado, portanto, pode conter erros de ortografia.
Nota do tradutor: Decidi pôr o que já foi traduzido aqui no site, porque não irei
prosseguir adiante com a tradução. Guardar para mim mesmo tal informação não faria
bem algum, portanto, ela está livre para todos lerem e expandirem seu conhecimento
teórico. São as primeiras 15 páginas de um manuscrito de 137 páginas.
Prefácio
Aqueles que já estão bem avançados nos seus estudos do espiritual, isto é, na
ciência hermética, pelo trabalho prático em si mesmos, se regozijarão, por terem
adquirido experiência prática. Estarão fortalecidos com sua confiança de que a estrada
que tomaram é a mais confiável e irão, sem exceção, alcançar suas metas.
Muitos cientistas, que têm sido induzidos pelo seu grande interesse pela Cabala
a iniciar os estudos dessa ciência, amparados até agora por vários conselhos teóricos,
estarão perdidos, assombrados pelos conteúdos deste livro. Pelo menos por uma vez,
será logo, certamente, que terão de admitir, gostem ou não, que todos os métodos
cabalísticos deste livro, altamente reconhecidos por sua riqueza, variedade e
honestidade diferem muito dos livros cabalísticos já publicados antes.
Otti Votavova
INTRODUÇÃO
Muito tem sido escrito sobre a Cabala, uma parte difícil na literatura hermética,
mas, na prática, apenas de pouco pode ser tirado proveito. Quase sempre é dito que
os estudantes da Cabala devem ter domínio da língua hebraica, sem a qual seria
impossível estudá-la. A Cabala acadêmica, na maioria dos livros, é usualmente de
origem hebraica e encarrega o estudante de uma filosofia de vida perfeita, nos modos
da Cabala. Contudo, o número de livros indicando a prática e o uso da verdadeira
Cabala é muito limitado. Alguns clérigos judeus (rabinos) tinham o conhecimento da
Cabala, mas, provavelmente devido ao seu pensamento ortodoxo, o mantiveram
confidencial, razão pela qual nem fragmentos das práticas cabalísticas se tornaram
conhecidas ao público.
Até as pessoas primitivas, não importa a qual raça pertenciam e em qual parte
do mundo habitaram, tinham sua religião especial, isto é, uma idéia de Deus, e
consequentemente algum tipo de teologia. Cada uma dessas teologias foi dividida em
duas partes: uma exotérica e uma esotérica, o conhecimento exotérico de Deus sendo
o conhecimento para as pessoas comuns e o conhecimento esotérico sendo a teologia
dos iniciados e altas sacerdotisas. O conhecimento exotérico nunca conteve nada de
verdadeira magia ou Cabala. Contudo, apenas magos e cabalistas poderiam ser os
iniciados das pessoas primitivas.
É por causa disso que, até os dias atuais, esta ciência sagrada passou de um a
outro meramente pela tradição. Qualquer explanação que um mestre dava a seu
estudante era transmitida por inspiração, de forma que facilmente se tornava claro ao
aluno o que o mestre queria ensiná-lo. Essa iluminação, i.e., a iniciação, tinha um
número de nomes no Oriente, por exemplo, “abhisheka”, “angkhur”, etc. Nunca um
mestre revelou os mistérios verdadeiros da sabedoria para o pobremente preparado
ou para o imaturo. Houve, sem dúvidas, também magos e cabalistas que deixaram
para trás alguns escritos sobre a sabedoria mais alta. Contudo, como já mencionado,
as altas sabedorias eram escritas na linguagem simbólica e se, por acaso, viessem a cair
nas mãos de uma pessoa imatura, permaneceriam inexplicáveis a este. Porém,
algumas vezes acontecia que uma pessoa imatura tentava explicar essas sabedorias de
seu próprio ponto de vista. Uma explicação como essa estava distante de qualquer
interpretação verdadeira. A maioria dos escritores que conseguiu os ensinamentos
escritos deixados pelos iniciados do Oriente incorreu no mesmo erro, i.e., traduziu
esses escritos para a linguagem do intelecto, interpretando-as literalmente. Sendo que
não havia normalmente alguém maduro o suficiente para interpretar corretamente os
símbolos de um mistério ou de uma prática, devido à falta de treinamento necessário e
de verdadeiro entendimento da linguagem cósmica ou metafórica, esses escritores
causaram numerosos erros sobre o hermetismo. Nos dias de hoje, dificilmente alguém
poderia imaginar quantas práticas absurdas têm sido publicadas em línguas civilizadas.
O Autor
O Simbolismo da Terceira Carta de Tarô
O primeiro (ou mais exterior) círculo tem dez seções simbolizando as dez
chaves cabalísticas. Essas dez chaves cabalísticas (ver seu simbolismo de cores) são
idênticas às dez Sephirot judaicas.
Parte I
- TEORIA -
A Cabala
Justo como o mago que, logo após sua iniciação e desenvolvimento pessoal
através da perfeição, realizou a conexão com sua Divindade, com a qual pode agir de
acordo, o cabalista pode fazê-lo, também, com a única diferença de que o cabalista
estará fazendo o uso da Palavra Divina ao expressar seu espírito divino externamente.
Cada verdadeiro mago que tenha comandado as leis universais poderá tornar-se um
cabalista, apropriando para si o conhecimento da cabala prática. As estruturas da
Cabala, citadas em numerosos livros, certamente servem ao teórico que deseja uma
idéia dos princípios, mas elas são profundamente insuficientes para a prática, que
promete a correta aplicação dos poderes da palavra.
O leitor concordará que essa ciência é a mais sagrada e nunca ousará degradar
as leis universais para usá-las em simples propósitos adivinhatórios. Cada sistema
religioso tem sua genuína cabala que foi sendo perdida devido às várias reformas dos
sistemas religiosos; ela está sendo completamente mantida apenas no Oriente. Os
antigos celtas e druidas também tinham sua cabala genuína, a qual era bem conhecida
pelos sacerdotes druidas. O uso prático da magia rúnica pelos sacerdotes dos templos
druidas se origina de seu antigo conhecimento da cabala. Hoje há, infelizmente,
apenas poucas pessoas que compreendem a cabala rúnica dos antigos druidas e
sabem aplicá-la praticamente. A cabala rúnica prática foi sendo perdida
completamente durante o passar dos tempos.
As Leis da Analogia
Na parte prática deste livro, eu publiquei um sistema que lida com a prática da
cabala em estrita concordância com as leis universais. Esse sistema prático de cabala
têm existido por milhares de anos e já foi ensinado de boca à orelha nos dias antigos, e
depois foi passada nas escolas dos profetas e nos templos de iniciação de várias
pessoas e raças. Sabendo as leis da analogia, o iniciado pode relacionar essas leis a
qualquer ciência, e ele sempre acertará. Se, por exemplo, um doutor é um hermetista,
ele poderá trazer seu conhecimento em conjunto com as leis universais e, usando a
analogia, não apenas achará a desarmonia (i.e., doença) e sua causa, mas também
prescrever o remédio para a remoção do “ninho” (local ou centro da doença) pela
ajuda da chave de analogias. Com essas possibilidades únicas em mente e o fato de
que estão abertas para o iniciado, pode ser de valia não fazer bem só a si mesmo, mas
também se tornar ativo em favor da humanidade que sofre. A mesma chave de
analogias pode ser usada em qualquer outro campo e rende bom serviço tanto para o
indivíduo tanto para a raça humana.
A maioria das analogias são tratadas na parte prática deste livro, no qual é dada
ao cabalista a exata informação com a qual, de acordo com as leis universais, ele
obtém um comando perfeito da linguagem genuína do micro e do macrocosmo e
como ele aprende essa aplicação prática. No corpo humano, as analogias se tornam
claras e elas podem ser identificadas por números.
O fato de que o homem tem exatamente dez dedos da mão e dez dedos do pé,
e não seis, ou três, também representa uma analogia com a qual eu trato em detalhes
nesse livro mais tarde. O mesmo é verdadeiro para com todas as outras analogias que
o leitor pode achar, por exemplo, no livro “Sefer Jezirah”, e as analogias teóricas
deverão ser negligenciadas, mas também levadas em conta. Na parte prática deste
livro eu também discutirei profundamente, no ponto de vista do esoterismo, as letras
individuais que se relacionam aos mundos mental, astral e material, as quais não só
são representadas em números, mas também em números e idéias.
O indivíduo experiente na cabala se torna familiar com um diferente tipo de
matemática e será capaz de expressar idéias através de números e, o contrário,
converter números em idéias e, mais adiante, traduzi-las para números e convertê-los
em letras. Ao fazê-lo, a ele se torna possível conhecer a si mesmo, e conhecer também
a Deus. O cabalista compreenderá a perfeição das leis; perceberá que o bem e o mal,
tomados literalmente, são apenas expressões religiosas, mas, na verdade, ambos
princípios, i.e., o positivo e o negativo, são necessários, porque um não pode existir
sem o outro. O cabalista sempre tenderá ao bem e nunca desdenhar o negativo, mas
sim aprender a dominá-lo, porque nenhuma coisa inútil foi criada pelo Criador.
Cada palavra consiste de letras e cada letra, do ponto esotérico de vista, expressa uma
idéia e portanto algum tipo de poder, qualidade, etc., a qual, porém, pode não apenas
ser expressada apenas por letras, mas também por números análogos à lei universal.
Portanto, as leis são compreendidas por números, e as idéias anunciam-se através de
letras. O significado de cada letra é análogo aos três mundos conhecidos por nós.
Como o cabalista é capaz de expressar o sentido de uma idéia através das letras, e
como ele conhece muito bem cada número relevante a alguma idéia, as letras têm um
significado bem diferente para ele do que na linguagem intelectual. Portanto, sob as
leis universais, as letras ganham um significado cabalístico. Esse conhecimento das leis
universais torna possível ao cabalista expressar várias linhas de pensamento pelas
letras, e também pelos números análogos a elas. Uma palavra, que tem referência às
leis absolutas e que é composta em analogia às letras relevantes e seus números, é
uma palavra cabalística; isto é, uma palavra expressada na linguagem cósmica ou
universal. Para ser capaz de formar uma palavra cabalística, o indivíduo deve conhecer
precisamente a analogia completa das letras e dos números.
Na parte prática deste livro, o cabalista será ensinado a usar exatamente qualquer
palavra composta de acordo com as leis universais com relação aos mundos mental,
astral e material e com relação aos elementos. Ele aprenderá a expressar palavras, e
consequentemente também frases, não apenas intelectualmente, ou seja, através de
sua inteligência, mas também através de sua inteira personalidade. Apenas uma
palavra expressada de tal forma terá um efeito de criação. A correta pronunciação das
letras no espírito, na alma e, mais tarde, no corpo, é a base verdadeira do misticismo
cabalístico e prático.
Para que se torne efetivo criativamente, o cabalista deve aprender a falar como uma
criança que apenas balbucia no começo e depois aprende a pronunciar letras e
palavras. As letras têm sua significância análoga nos mundos mental, astral e material
e também nos vários planos e hierarquias, e o cabalista deve aprendê-las e finalmente
ter comando sobre elas.
Dessas palavras, pode-se ver que o teórico, que é capaz apenas de pensar
intelectualmente e que compreende as letras, palavras e sentenças com seu intelecto,
nunca poderá se tornar um cabalista genuíno. De acordo com seu grau de maturidade,
ele será capaz de compreender a cabala meramente do ponto de vista intelectual, ou
filosófico. O cabalista prático, porém, conseguirá compreender e fazer uso dos
significados de cada letra, de sua idéia e legalidade (número).
O estudo da cabala começa com os segredos das letras. Quando criou idéias para fora
de Si Mesmo e as arranjou de acordo com as leis universais, Deus formou as letras, e
com as letras os números, que têm uma conexão mútua exata e análoga e
representam o universo por inteiro do mais alto até o mais baixo. A declaração de
Hermes Trismegisto de que “o que está acima, também está abaixo” parece bastante
razoável do ponto cabalístico de vista. As letras que Deus usou para criar de dentro de
Si Mesmo, as idéias que o satisfizeram, são claramente explicadas no Livro da Criação,
no Sefer Jezirah.
Nesse ponto da criação, sobre todas as coisas, dez idéias principais surgiram, as quais,
na cabala, são refletidas pelo assim chamado Sephiroth. O número dez, por exemplo, é
um reflexo de Deus na sua mais alta forma e mais baixa emanação. Conhecendo as leis
das analogias, o cabalista compreenderá o que eu quis dizer ao apontar que, em
relação às dez idéias principais, o homem tem dez dedos da mão e dez dedos do pé. Já
nesse ponto, o cabalista presumirá uma certa relação ou uma conexão análoga entre
as idéias divinas principais e o Sefer Jezirah. O fato de que cada número matemático
em nossa terra pode ser reduzido aos números 1 a 9 por adição dos algarismos tem
também uma coerência cabalisticamente análoga. Na cabala hebraica, por exemplo, as
combinações de números eram conhecidas como “gematria”. Porém, eu devo apenas
mencionar as coisas essenciais que são necessárias para a aplicação prática do
misticismo cabalístico, i.e., para o uso da palavra cabalística. Aquele que se encontra
ansioso para aprender sobre as combinações numéricas especiais relativas aos versos
na literatura hebraica pode, se ele desejar, consultar a literatura relevante às
combinações numéricas.
[1] No Brasil publicado sob o nome “Magia Prática – O Caminho do Adepto”, pela
Editora Ground. [N.T.]