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MUITOS NOMES PARA MINHA DOR.

Os palavrões com que ele me apelidou desde pequena, tem nome:

VIOLÊNCIA MORAL;

As ameaças de morte que ele me faz diariamente, tem nome:

VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA;

As surras que ele me dá e que se alternam dia sim, dia não e às vezes até mesmo
todos os dias, tem nome:

VIOLÊNCIA FÍSICA;

O laptop da Barbie que eu ganhei no sorteio da escola e o celular que eu ganhei da


minha madrinha e que ele jogou ambos no chão e pisoteou num ataque de raiva
corriqueiro, tem nome:

VIOLÊNCIA PATRIMONIAL;

As mãos dele que quando anoitece tapam minha boca e invadem meu corpinho,
tem nome: ABUSO SEXUAL:

Às vezes que ele cobrou dos amigos para que eles me vissem sem roupa, tem
nome: EXPLORAÇÃO SEXUAL;

Os olhos baixos dela quando tudo isso acontece e ela nada faz para me defender,
tem nome: NEGLIGÊNCIA...! (Keith Berlini)
Era uma vez um abuso sexual

Bom, Eu sempre pensei que se um dia eu fosse contar a minha História eu ia


começar com era uma vez. Então lá vai:

Era uma vez, EU, uma garotinha de 4 anos de idade que morava com minha vó,
numa casa simples humilde mais com muito amor, a minha mãe trabalhava o dia
inteiro para o sustento da família e o meu pai quase não aparecia. Por isso eu me
apeguei muito a minha avó que cuidava de mim.

Também frequentava a minha casa o irmão da minha mãe, ele era sempre carinho
comigo ate que dia tudo mudou, a minha vó precisou sair de casa naquela manhã e
deixou meu tio tomando conta de mim.

E como sempre ele disse: senta aqui minha sobrinha linda, senta aqui no colo do tio!
dessa vez eu preciso que você fique bem quetinha, o tio precisa ver se não tem
nenhum dodei em você. E aí ele foi passando a mão em mim e fazendo um barulhos
estranhos com a boca, ele passou a mão no meu cabelo passou a mão no meu
rosto e depois, depois ele foi abaixando.

Eu fiquei meio anestesia, e naquele momento eu não conseguia me mexer e eu não


me lembro como aquilo terminou, na verdade a única coisa que eu sabia é eu não
entendi nada do que tinha acontecido e eu muito menos tinha força para contar isso
para alguém, depois daquele dia eu tinha mudado, mudado minha cabeça tinha
mudado e eu que era uma menina alegre sorridente, eu passei a ser triste e isolada
e a não gostar de ser tocada, não conseguia ter coragem pra contar aquilo de
estranho e de ruim e que me fez mudar tanto, eu tinha raiva, medo, vergonha e
culpa.

E toda aquele turbilhão de sentimento e emoções ao invés de diminuir aquilo foi


crescendo e não conseguia entender.

Tinha 13 anos foi a gota d'água para mim. Eu peguei o meu tio me espiando pelo
buraco da porta do banheiro enquanto eu tomava banho eu fiquei com muita raiva foi
desesperador. Eu não podia esconder, enfim uma esperança de que aquilo poderia
mudar, foi quando chamei a minha mãe no meu quarta e la sozinha com, eu contei
que estava sendo abusada para a minha mãe, e ai veio a grande surpresa e ao
mesmo tempo frustração por que ela não fez nada, momento ela falou alguns
palavrões mais ela não fez nada e ficou por isso mesmo, ela não tomou nenhuma
medida, o pior foi que depois tive que aguentar ouvir dos meus parentes que era
mentirosa e ate que eu tava ficando ruim da cabeça, eu acho que por um momento
passei acreditar um pouco, né? Eu chorava toda noite de ódio não dele mais de mim
e daquele pensamento insuportável. E com 17 anos eu saí de casa. Arrumei um
trabalho continuo estudando e aí eu resolvi pedir desculpa a meu tio, no inicio ate
que aliviou aquele sentimento de odio que me consumia, mais foi por pouco tempo.

Eu entrei na faculdade, e conseguir um bom emprego e conquistei tudo aquilo que


falaram que eu não ia conseguir por causa da condição financeira. Mas eu ainda
tenho pesadelos à noite com uma sombra que me observa atrás da porta do meu
banheiro está hoje em dia é muito difícil para mim desabafar expressar meus
sentimentos, e sinceramente parece que a cada vez que eu conto a minha história
fica menos pior de aguentar.

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