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DOCUMENTOS DE APOIO

DISCIPLINA
Gestão de Instalações Desportivas

“Gestão de Espaços, Instalações e Equipamentos Desportivos ”

EPTOLIVA – ESCOLA PROFISSIONAL

Professor da Disciplina: Carlos Eduardo

LOCAL (Oliveira do Hospital)

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I – OBJECTIVOS

1. Identificar as implicações legais, sociais, económicas, ambientais, territoriais e


políticas do processo de planeamento e gestão de uma instalação desportiva.
2. Caracterizar as diferentes fases de planeamento e gestão de uma instalação
desportiva
3. Identificar as principais áreas de trabalho em instalações, tendo por referência as
estruturas humanas, recursos associados, bem como as actividades de apoio à
gestão
4. Definir e aplicar técnicas de apoio à gestão de instalações privilegiando abordagens
centradas em técnicas de controlo, preparação, organização e manutenção de
materiais e equipamentos em Instalações
5. Aplicar a legislação relativa às instalações e equipamentos desportivos

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II. – INTRODUÇÃO
Actualmente, o serviço desportivo municipal sabe que a sua actuação ao nível do desporto,
neste caso, ao nível das instalações desportivas, é um factor muito importante para
poderem continuar no poder.
Segundo Constantino (1999), os espaços para a prática do desporto são uma questão
nuclear na intervenção das autarquias em matérias de desenvolvimento desportivo local.

Levar ao término uma boa infra-estrutura desportiva que ofereça um bom serviço aos
cidadãos, tem, hoje em dia, repercussões políticas extremamente importantes. Por isso,
aquando do planeamento de uma instalação desportiva, há que ter em conta um conjunto
de factores que ao longo deste trabalho tentaremos descrever.

Em Portugal, as autarquias representam as estruturas do Poder que estão mais


directamente ligadas ao dia-a-dia das populações. Esta situação, deve-se ao facto das
Autarquias serem os terminais do Estado que se encontram mais próximos dos problemas
das populações e aquela que se encontra nas melhores condições para dar uma
resposta/solução adequada aos diferentes tipos de problemas. (Constantino e Feio, s/d)

Para que possa acontecer um desenvolvimento desportivo, é necessário que este esteja
ligado às restantes práticas sociais e culturais. (Constantino e Feio, s/d).
Assim, e segundo os mesmos autores, cabe ao Município criar as mais e melhores condições
de acesso às actividades desportivas do maior número de cidadãos dos diferentes grupos
de escalões etários da população. Todos nós sabemos que a prática desportiva se assume,
hoje em dia, como um direito das populações que, cada vez mais, se tornam exigentes com
os serviços desportivos que utilizam. A actividade desportiva, acrescentam os autores,
aparece como uma resposta às necessidades sociais, que evoluem com o movimento social
global. Desta forma, a actividade desportiva vai acompanhando essa evolução e, nos dias de
hoje, é um diversificado campo de práticas corporais, estando nelas incorporadas
diferentes áreas, tais como a actividade física de manutenção, de lazer, de recreação, a

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actividade desportiva de competição, as actividades físicas escolares, as actividades


desportivas de natureza expressiva e artística.

Assim, cabe ao serviço desportivo municipal procurar dotar os seus concelhos de infra-
estruturas modernas e flexíveis que possam prestar uma oferta desportiva de qualidade
aos seus munícipes, de modo a complementar e a colaborar com as organizações
desportivas existentes, concretizando na prática, o direito à prática desportiva.
Desta forma, o serviço desportivo municipal, tem como principal preocupação, centrar as
suas actividades desportivas nas instalações desportivas, já que estas e os seus
equipamentos, são um dos suportes principais para a prática desportiva.

Segundo Constantino (1999), os espaços para a prática do desporto são uma questão
nuclear na intervenção das autarquias em matéria de desenvolvimento desportivo local.
Acrescentando ainda que, para que se possa responder às necessidades de prática
desportiva das populações, é necessário dotar a decisão política de estudos adequados
sobre a realidade desportiva local, de modo a que se conheça a situação num dado
momento e a sua previsível evolução.

Beatriz Pereira (2002), diz ainda que as infra-estruturas desportivas devem ser concebidas
de forma a dar resposta às necessidades específicas da população de cada autarquia.
Já segundo Gallardo e Jiménez (2004), o êxito de uma instalação desportiva, está
condicionado pelo seu desenho e a sua construção.

Assim, todas as fases da vida de uma instalação desportiva são importantes, desde que
surge a ideia da criação de uma instalação desportiva, passando pelo período de
funcionamento, finalizando com o seu fecho.
A construção de uma instalação desportiva passa por várias fases, são elas: o planeamento,
a decisão, a concepção, o concurso, a execução e a sua gestão. Neste trabalho, iremos
abordar com algum pormenor estas seis fases de vida de uma instalação desportiva, sendo,
no entanto, algumas merecedoras de especial atenção.

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O desenvolvimento que o desporto municipal tem vivido nos últimos anos, tem levado
consigo a necessidade de construir novas instalações desportivas para responder às
necessidades dos cidadãos. A rapidez com que têm sido desenhadas e construídas têm tido
importantes consequências, sobretudo na sua funcionalidade e qualidade.

Constantino (1999) afirma que, em Portugal existem grandes carências no que diz respeito
às diferentes tipologias de equipamentos, estando a solução, na adopção de soluções de
qualidade que valham sobretudo pelo valor estético das opções tomadas, pela flexibilidade
e sobriedade das soluções, pela capacidade de utilização variada e pela economia de todos
os elementos, respondendo às necessidades de prática desportiva das populações.

É por estes motivos que afirmamos que, nas instalações desportivas de nova construção,
deveria aplicar-se uma metodologia que permitisse, ao mesmo tempo, racionalizar o custo
da sua construção, assim como nas necessidades da gestão posterior.

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III – INSTALAÇÕES DESPORTIVAS


III.I – TIPOLOGIA E CONTEXTOS DE DEFINIÇÃO

É uma estrutura natural ou artificial previamente preparada para garantir a sua utilização
em termos desportivos. A evolução tecnológica e a crescente dimensão social do desporto
exigem uma cada vez maior qualidade dos locais de prática desportiva.

Andrés (cit. por Nascimento, 2000), partilha de uma mesma opinião, e vai mais longe,
afirmando que a tipologia das instalações desportivas deveriam ter em consideração o
espírito e o carácter do local e da população a quem se dirige.
Tendo em atenção todos os aspectos anteriormente citados, os legisladores fizeram constar
na LBSD (Lei de Bases do Sistema Desportivo) que: - art.º36 (infra-estruturas do cap.IV,
Administração Pública Desportiva) da Lei n.º1/90 de 13 de Janeiro. Assim, e de acordo com
a Lei de Bases do Sistema Desportivo, as infra- estruturas desportivas devem ser
concebidas de forma a dar resposta às necessidades específicas de cada Autarquia. Para
que tal possa acontecer, Nascimento (2000), baseando-se na lei anteriormente referida,
defende que, relativamente à questão da construção de instalações desportivas, as
Autarquias locais deverão:
 Criar infra-estruturas desportivas nos locais de implantação das colectividades,
beneficiando o património existente;
 Construir um complexo desportivo que integre um estádio municipal com um
campo de futebol relvado respectivo campo de apoio, pista de atletismo, campo de
ténis, piscina, modalidades radicais e outras valências de modo a perspectivar
correctamente o futuro;
 Construir e animar posteriormente um circuito de manutenção;
 Rentabilizar o melhor possível os equipamentos desportivos existentes, de forma
assegurar uma maior rentabilidade desses espaços, em perfeita consonância com as
colectividades e as escolas, através da realização de protocolos e contractos –
programa;
 Criar zonas desportivas de reduzida dimensão, que possibilitem uma prática
desportiva diversificada e permitem uma maior descentralização dos utentes no

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Conselho;
 Definir um modelo tipo de infra-estruturas desportivas concelhias cobertas e
descobertas, de forma a beneficiar clubes e escolas do 1ªCiclo de Ensino Básico, Pré-
Primário e Jardim-de-infância;
 Procurar que em todas as novas urbanizações sejam construídas infra-estruturas
desportivas de ar livre, integradas no Plano Director Municipal.

Com a crescente evolução tecnológica e a crescente dimensão social do desporto na nossa


sociedade contemporânea, é exigida, cada vez mais, uma maior qualidade das estruturas
desportivas. Assim, o decreto-lei n.º 317/97, introduziu uma nova classificação das
estruturas desportivas, mais centrada no tipo de actividades nelas desenvolvidas,
classificando-as em estruturas de:
- Base Recreativa – que são todas aquelas que se destinam a actividades desportivas de
carácter informal no âmbito das práticas recreativas de manutenção e lazer activa (ex: pátios
desportivos, todas as instalações destinadas à animação desportiva informal);
- Base Formativa – concebidas para a educação desportiva de base, no âmbito do ensino e do
associativismo desportivo (ex: salas de desporto, pequenos ginásios e polivalentes exteriores);
- Especializadas – criadas e organizadas para actividades desportivas monodisciplinares (ex:
pistas de atletismo, campos de ténis e quadras de squash);
- Especial – criadas para o espectáculo desportivo e idealizadas para a realização de
manifestações desportivas. Estão preparadas para receber público, meios de comunicação
social e apetrechadas com meios técnicos indispensáveis aos níveis elevados da prestação
desportiva (ex: estádios, piscinas e pavilhões multiusos).

Para além desta classificação, existe uma outra, realizada pelo Instituto Nacional de
Desporto (IND), que é utilizada nos documentos de levantamento e caracterização das
instalações desportivas nacionais. Esta classificação, tem por base as modalidades
desportivas nelas desenvolvidas, e são elas:
- Grandes Jogos;
- Pequenos Jogos;
- Pavilhões;
- Salas de Desporto;
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- Piscinas;
- Pistas de atletismo;
- Especiais.

Sarmento (s/d), complementa ainda que, quaisquer que sejam as características de uma
instalação desportiva, estas devem respeitar um conjunto de pressupostos relativos à sua
relação com os diversos tipos de utilizadores, tais como:
 Qualidade para os praticantes;
 Qualidade para os espectadores;
 Qualidade para os jornalistas;
 Meios técnicos param as televisões;
 Elevados níveis de segurança;
 Meios de socorro;
 Acessibilidades.

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III.II – ORDENAMENTO E PLANEAMENTO DAS INSTALAÇÕES


DESPORTIVAS
Para que seja efectuado um bom planeamento, é necessário ter em conta todas as
alterações que estão a acontecer em todos os sistemas de práticas desportivas.
Segundo Sarmento (s/d), esta fase, corresponde a uma das mais importantes para os
gestores desportivos e para os políticos, já que, a planificação de novas instalações depende
de opções políticas e do conhecimento do mercado, quer no que diz respeito à tipologia das
práticas desportivas, às tradições das populações em causa e os eventuais projectos de
desenvolvimento em curso.

Madureira e Mestre (2002), salientam a importância da contínua evolução do bem-estar


económico da sociedade actual, que levou a múltiplas alterações na forma de viver e de
estar.
Como tal, é necessário ter em atenção as especificidades e necessidades das populações
potenciais, das suas preferências, das suas múltiplas facetas e das suas aspirações no que
respeita às actividades desportivas e de tempos livres.

Segundo Constantino (1994), planificar equipamentos desportivos deve significar atender às


necessidades e definir prioridades, evitando duplicidades e eliminado excessos. Para isso, é
necessário que os políticos de cada Município possuam estudos que lhes permitam conhecer a
realidade desportiva do seu Conselho, na sua previsível evolução.

O mesmo autor, afirma ainda que o planeamento de instalações desportivas deve pertencer a
uma estratégia concertada, onde se reúnam todas as preocupações, desde uma ocupação
equilibrada do solo com a qualificação do espaço e do cidadão. É aqui que entra em acção o
Plano Director Municipal, que deve contemplar diferentes soluções ao nível dos
equipamentos desportivos, assim como na definição de uma estratégia de desenvolvimento
do Município.
O autor acrescenta ainda que, a oportunidade e a racionalidade de um equipamento
desportivo tem de surgir em primeira instância, para satisfazer necessidades desportivas
de uma determinada população, assim, para que isso seja possível é necessário que:

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a) Se conheçam as necessidades da população a que se destina o equipamento;


b) Se estabeleçam prioridades face às necessidades expressas;
c) Se tenha uma noção clara sobre os custos financeiros da operação (terreno + construção
+ funcionamento);
d) Se opte por um equipamento capaz de satisfazer as necessidades dos utilizadores e de
onerar o menos possível os custos decorrentes do seu funcionamento, manutenção e
enquadramento;
e) Se defina um programa de construção

Desta forma, e segundo Faria (2002), as análises para lá dos aspectos sociodemográficos,
devem orientar-se para o levantamento e identificação das características e tendências
presentes nas estruturas associativas do território, detendo-se igualmente nos aspectos
respeitantes às alterações de motivação, dos programas e das formas de organização do
desporto entra a população mais jovem, quer no quadro das actividades escolares e extra-
escolar, quer no âmbito da ocupação de tempos livres. Também há que ter em conta os
sectores da população que, em ritmo crescente, se interessam por outras formas de prática
desportiva, no âmbito das actividades recreativas, de tempos livres, de manutenção,
incluindo os adeptos não organizados nos chamados desportos radicais e as actividades
desenvolvidas em condições mais próximas da natureza.

O autor acrescenta que, a situação local relativamente ao contexto turístico regional, deve
igualmente ser ponderada, dada a importância da clientela turística potencial para os
diversos domínios da vida económica local (equipamentos diversificados, transportes,
comércio, serviços,…). Com as suas necessidades específicas no âmbito das práticas
desportivas, este tipo de utilizadores potenciais, poderá ditar soluções tipológicas e
organizativas que integrem componentes adaptadas à sazonalidade dos respectivos fluxos
de ocupação temporária.

Os trabalhos desenvolvidos na etapa de criação de equipamentos deveriam conduzir ao


estabelecimento de um plano estratégico ou plano director para os espaços de desporto e
tempos livres, articulados com o Plano Director
Municipal e outros planos de ordenamento do território, no qual se consignariam os

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objectivos, os princípios, os referenciais de programação e as condicionantes gerais para os


espaços a desenvolver. (Constantino, 1999).
Os aspectos económicos do plano, designadamente no que se refere aos custos de
realização e de funcionamento, são factores que devem ser analisados ainda nesta etapa,
por constituírem matéria decisiva para a viabilidade das estratégias de desenvolvimento
assumidas.

Estes aspectos implicam uma avaliação realista dos custos de criação e de exploração para
as diversas opções, como a determinação dos valores limites correspondentes aos
patamares inferiores de utilização ou frequência mínima admissível. Assim se poderá
verificar se os pressupostos técnicos adoptados para que as intervenções se considerem
realizáveis ou viáveis, contexto populacional e territorial em questão. Os resultados desta
análise, poderão levar a inflectir nos propósitos iniciais de um plano, e a considerar formas
de integração de equipamentos dos vários tipos, de modo a introduzir economias de escala
e consequentes reduções nos custos fixos de exploração. (Faria, 2002).

Para o mesmo autor, as medidas de integração devem assumir-se como regra, em especial
nos grandes centros urbanos, onde as probabilidades de captação de um maior número de
utentes para diferentes actividades e disciplinas desportivas, são mais elevadas.
Nos aglomerados com menos expressão populacional, em que os encargos associados ao
funcionamento dos equipamentos de maiores dimensões se afigurem desproporcionados, a
via mais razoável consistirá na parcialização das intervenções, com opção prioritária pelos
equipamentos mais simples e polivalentes, que assegurem a plena ocupação e custos de
funcionamento mais toleráveis. (Faria, 2002).
Por essa via, a previsão de equipamento de nível hierárquico superior, mais complexos,
mais caros ou que requeiram uma base populacional mais ampla, devem remeter-se para
os planos integrados regionais ou iniciativas inter-municipais, de modo que cobrindo
maiores áreas territoriais e populacionais, se possibilitem condições de serviço mais
eficientes e níveis de exploração sustentáveis. (Faria, 2002)
Para a decisão da definição das necessidades de novos equipamentos, que de alguma forma
relacionam a dimensão dos equipamentos com a população a servir. Alguns desses
indicadores recorrem a técnicas de análise sofisticadas que só justificam a sua aplicação,

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quando se trata da construção de equipamentos para manifestações desportivas especiais,


de responsabilidade hierárquica superior, revestindo-se assim de natureza pouco comum,
pouco utilizada e nem sempre de fácil obtenção. No que diz respeito à previsão de
equipamentos de âmbito local ou regional, destinados a prestar serviços básicos, recorre-se
a métodos de cálculo mais simples, são eles:
 Método urbanístico ou dos “standars” – aplicação directa de um cálculo matemático
em que se multiplica um determinado coeficiente de área útil desportiva por
habitante de uma determinada zona geográfica;
 Método sociológico – consiste em observar e estudar os comportamentos sociais
através das suas resultantes desportivas, e tentar fazer coincidir a oferta de
equipamentos desportivos com o que se supõe ser a procura não satisfeita;
 Método dos ajustes locais – consiste em avaliar as carências de equipamentos,
comparando várias zonas, e tentando superar os défices através de um nivelamento
pelas zonas que melhores estão equipadas;
 Plano de aproximações sucessivas – os equipamentos desportivos são pensadas
para a concretização de objectivos bem definidos de uma determinada política
desportiva. Para o efeito, são elaborados ciclos de desenvolvimento, baseados em
diferentes variáveis, objecto de um estudo rigoroso:
1. Crescimento demográfico previsto;
2. Eventuais movimentos migratórios;
3. População escolar e sua evolução;
4. Taxa de cobertura escolar em instalações desportivas;
5. Distribuição territorial;
6. Cultura e tradição desportivas;
7. Tradição turística e nível de cobertura hoteleira;
8. Técnicos existentes;
9. Estudo dos equipamentos existentes;
10. Oferta do associativismo desportivo e seu dinamismo;
11. Recursos urbanos e ambientais;
12. Peso relativo do sector público e do sector privado.

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Agrupamento de equipamentos – em complemento ao planeamento de infra-estruturas


desportivas, deve ter-se sempre em conta a questão do agrupamento ou dispersão dos
equipamentos a implementar. Ambas as hipóteses são consideráveis, contudo Há que ter
em atenção que cada caso é um caso e que o essencial é ter em conta o tipo de espaços a
ocupar, bem como quem vão ser os seus principais utilizadores, não obstante que o
agrupamento de várias tipologias de equipamentos num mesmo complexo, introduz
economias de escala que facilitam a gestão, reduzindo o custo ao nível do pessoal e da
respectiva manutenção. (Constantino, 1994).

Contudo, o modelo mais utilizado em termos europeus, segundo Sarmento (s/d), é aquele
que é designado por área desportiva útil por habitante (M²/hab.).
Este “modelo”, apresenta uma grelha de cinco níveis, preconizando um nível designado de
bom para valores entre os 4.00 M²/hab. e os 7.99 M²/hab.. Também são utilizados, a área e
o raio de influência por e o número de habitantes por instalação desportiva (Sarmento,
s/d). Para uma correcta planificação de qualquer instalação desportiva, é necessário
(Sarmento, s/d):
- Detectar oportunidades;
- Executar estudos de pré-viabilidade;
- Estudar os produtos a oferecer;
- Conhecer o mercado;
- Promover estudos técnicos;
- Identificar os recursos necessários;
- Elaborar um programa.

Já Constantino (1999), afirma que para a realização de uma avaliação das necessidades da
população, é necessário considerar factores como:
 O contexto sociodemográfico das populações;
 A dimensão e carência de população jovem em idade escolar;
 O perfil demográfico das populações;
 A composição social e etária;
 O contexto desportivo e cultural;
 A capacidade de atracção turística;

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 Os recursos urbanos e ambientais;


 A natureza e características do tecido associativo.

O autor, complementa ainda que é necessário dispor de estudos que permitam conhecer a
natureza da procura desportiva, assim como, detectar as variações existentes na
segmentação da procura, no plano dos gostos e das preferências das populações estudadas.
Somente após o levantamento das necessidades da população, é que se pode estabelecer
um programa de construção de equipamentos que possam responder funcionalmente a
essas necessidades.

Relativamente aos custos de investimento, o autor afirma que o terreno é, na maioria dos
casos, o aspecto fundamental para a construção de um equipamento desportivo. Salienta
ainda para o facto da inexistência de um lei de solos que proteja os municípios na afectação
de parcelas de terreno para os equipamentos, o que não facilita o encontrar de soluções.
Existe um conjunto de factores que se deve ter em conta, aquando de escolha de um
terreno para a construção de um equipamento desportivo, que segundo Constantino
(1994), são:
 Distância dos estabelecimentos escolares;
 Segurança na ligação entre o equipamento desportivo e os estabelecimentos
escolares (acesso directo, zona pedonal, estrada, etc.);
 Acesso dos utilizadores;
 Acesso do público;
 Acesso de veículos de transportes colectivos e de segurança;
 Áreas disponíveis para o estacionamento;
 Enquadramento paisagístico e distância da zona habitacional.

Ainda em relação aos custos, a construção propriamente dita da instalação é o passo que se
segue. Aqui, as escolhas são variadas e devem ir ao encontro dos objectivos do
equipamento a construir. (Constantino, 1994)
Os tempos de construção, segundo o autor, são também um factor de ponderação, assim
como as coberturas, paredes, janelas, pavimentos (durabilidade, rigidez ou elasticidades,
manutenção, aquecimento e ventilação, equipamentos sanitários, iluminação, espaços

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destinados ao público).

O essencial parece ser o de ter em consideração o tipo de espaços e quem serão os seus
principais utilizadores.

Segundo Gallardo e Jiménez (2004), para se poder planificar instalações desportivas e


oferecer uma melhor resposta aos seus utilizadores é necessário passar por 3 fases, são
elas:
Fase 1 – Detecção do quadro de necessidades, definição dos espaços desportivos e
complementares que uma instalação desportiva deve ter, elaboração de um anteprojecto
da instalação desportiva;
Fase 2 – Definição de um plano de uso, portador de um programa de ofertas das
características essenciais;
Fase 3 – Elaboração de um projecto de atendimento aos requisitos do plano de uso;
desenho das diferentes circulações; dimensões do espaço, controlo centralizado de acesso e
instalações, qualidade dos materiais, consumo energético.

Rey e Muniz (cit. por Gallardo e Jiménez, 2004), completam dizendo que, dentro da gestão
própria das instalações desportivas é necessário considerar:
1. A programação deve ajustar-se aos hábitos locais;
2. O desenho da instalação deve estar junto com a gestão funcional das instalações
desportivas.

Ainda dentro do desenho das instalações, os mesmos autores afirmam que este deve
conter:
 A polivalência – que é a vantagem mais evidente da maior flexibilidade de uso;
 As soluções distributivas – a distribuição das partes da instalação deve conter todas
as actividades;
 Os automatismos – a técnica põe à disposição das instalações numerosos aparelhos
que podem ser empregues para diversas funções;
 Os serviços acessórios – as instalações podem estar integrados por espaços
destinados a outras actividades recreativas e sociais, devendo para isso, haver uma

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separação espacial e temporal das diversas actividades.

Sarmento diz-nos que (s/d), para elaboração de um plano de uma instalação desportiva é
necessário ter em conta que o dimensionamento deste tipo de instalação esteja de acordo
com o número e tipo de utilizadores, a frequência e o tipo de actividades a desenvolver.
Igualmente importante é a determinação do local para a instalação, que deve respeitar os
diversos interesses e estratégias, privilegiando a proximidade das zonas residenciais,
escolares, comerciais, laborais, de lazer ou em complementaridade de outros equipamentos
sociais.
O mesmo autor afirma ainda que, é importante também ter em conta os estudos de
viabilidade económica, devendo ser analisadas qual o impacto das modalidades escolhidas,
o número de funcionários a afectar ao projecto, os custos previsíveis de construção e de
manutenção e a previsão a médio e a longo prazo das receitas.
Ao nível do projecto da instalação, os arquitectos ou a equipa dos projectistas devem ter o
máximo cuidado na definição dos espaços desportivos e não desportivos, na escolha
criteriosa dos materiais, na planificação dos acessos e nos trajectos dos diversos tipos de
utilizadores, funcionários e espectadores. (Sarmento, s/d)

Para a concepção de uma instalação desportiva, o autor indica que é necessário passar por
dois momentos, a elaboração de um cadernos de encargos, onde esteja muito bem definida
todas as dimensões, características técnicas, acabamentos e equipamentos e um plano de
utilização onde esteja expresso, com o maior rigor possível, o programa de utilização
previsto e os programas globais e parcelares de manutenção dos diversos equipamentos.

“A programação de equipamentos deve atender à crescente segmentação da prática


desportiva, que se traduz em diferentes expressões e práticas do desporto…a fase de
programação dos equipamentos desportivos supõe a utilização de conjuntos das diferentes
tipologias que permitam satisfazer não apenas a diversidade das procuras desportivas,
traduzido ao nível das possibilidades de modalidades a praticar, como também a
pluralidade das procuras desportivas, traduzido ao nível das diferentes maneiras de
praticar uma mesma modalidade (Constantino, 1999).

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Segundo o mesmo autor, todo o processo de programação deverá decorrer de uma visão
integrada, quer com o planeamento, quer com a gestão e para tal, é necessário que haja
uma actuação de uma equipa multidisciplinar, para que estejam presentes vários tipos de
saberes técnicos das diferentes áreas de conhecimento.

Segundo Faria (2002), esta fase requer um cuidado especial, em que é desenvolvida uma
optimização dos recursos disponíveis, de modo que as tipologias adoptadas sejam
calibradas e ajustadas às realidades e características locais, correspondendo às
necessidades e características das diferentes modalidades desportivas e as formas de as
praticar.

O mesmo autor, salienta ainda que deverão aflorar-se outros aspectos ligados à
composição, diversificação e integração de serviços, numa perspectiva virada para a
criação de equipamentos que sejam acessíveis às famílias como entidade colectiva, e
permitam a ocupação dos tempos livres do conjunto dos seus membros, em actividades
desportivas e recreativas de natureza diversificada e adaptada aos vários escalões etários.
Também deve ter lugar, nesta fase, a análise dos padrões de flexibilidade e polivalência.
Salvo os casos em que o plano se dirige especificamente para a criação de um equipamento
mono- disciplinar ou especializado, para a realização da maioria das instalações, é
preferível adoptar soluções flexíveis e integradas que permitam responder a um conjunto
variado de actividades. É necessário ter em atenção que, de tais opções, não dependerá
somente a escolha das dimensões, mas também dos pavimentos desportivos em salas e
pavilhões polivalentes, ou de estabelecimento das profundidades em piscinas mistas
destinadas ao ensino e também à competição, por exemplo.
Em todo o caso, “as opções que se tomarem terão sempre que se constituir como soluções
de compromisso, salvaguardadas as exigências desportivas, de segurança e funcionalidade
exigíveis, e após a análise cuidada das diversas componentes que é necessário integrar para
o correcto desenvolvimento das várias actividades desportivas”. (Faria, 2002)

O desenho da instalação desportiva é um factor extremamente importante que vai


condicionar todo o tipo de gestão da instalação, a qualidade dos serviços e os custos gerais
de exploração. Tendo em conta todos estes factores, torna-se necessário prever os

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aspectos que poderão influenciar todo o funcionamento da futura instalação. (Rodrigues,


2000)
Constantino e Gonçalves (1989), referem alguns critérios que se devem definir no desenho
de uma instalação desportiva:
 Critérios funcionais – pretendem ser o guia de actuação para o correcto
desenvolvimento das actividades desportivas e o funcionamento racional da
instalação. Para que tal possa vir acontecer é necessário que haja uma completa
noção da finalidade principal do equipamento desportivo, da diferenciação das
áreas, do tipo de utilização e qualidade dos materiais. Desta forma, devem
considerar-se no desenho de uma instalação:
- Áreas desportivas;
- Áreas de serviços;
- Áreas de espectadores.
 Critérios dimensionais – a finalidade primordial deste conceito é dimensionar todas
as dependências ou área que englobam, ou intervêm numa instalação. Devem
procurar o máximo de aproveitamento sem desperdício de espaço; permitir a
localização e dimensão correcta das dependências, fazer cumprir as normas
vigentes e lay-out dos campos.
 Critérios ambientais – são as condicionantes exigidas para cada área com a
finalidade de conseguir um grau de conforto óptimo. Critérios de correlação – é um
critério de inter-relação entra as várias áreas de edificação da infra-estrutura que
permitirão, no futuro, uma gestão mais eficaz do equipamento, uma manutenção
mais adequada com custos mais baixos e uma funcionalidade racional.

“Uma autarquia deve preocupar-se também em equilibrar a oferta de espaços para a prática
do desporto entre o que são as necessidades de actividade motora da maioria dos praticantes
com as necessidades e interesses particulares de aperfeiçoamento da minoria de praticantes
de alto nível”. (Constantino, 1999)

Em suma, para Constantino (1994), o planeamento de equipamentos desportivos não pode


ser visto isolado do planeamento e do orçamento global do território de um determinado
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município. É no âmbito dos Planos Directores Municipais que devem ser encontradas as
diferentes soluções ao nível dos equipamentos desportivos no seio das quais se deve
definir a estratégia global de desenvolvimento proposto e a estratégia sectorial para o
desenvolvimento desportivo do município.

Já segundo Rodrigues (2000), a problemática do ordenamento do território tem vindo a


ganhar cada vez mais importância na política municipal, devido a uma maior consciência
por parte dos cidadãos quanto ao direito à defesa de uma vida mais saudável.
Desta forma, o poder Local, deve assumir as suas responsabilidades de forma a responder
às necessidades da sua população.

Importa ainda referir que na Carta Europeia do Ordenamento do Território (1993) – CEOT,
é definido um conjunto de objectivos específicos para as diferentes áreas geográficas,
estando estes ligados às questões ambientais.
Assim, e de acordo com a Constituição da República, lei n.º11/87 de 7 de Abril do art.º9,
alínea e), “é necessário proteger e valorizar o património cultural do povo português,
defender a natureza e o ambiente, preservar os recursos naturais e assegurar um correcto
ordenamento do território”.

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III.III – ASPECTOS FUNDAMENTAIS PARA A MANUTENÇÃO DAS


INSTALAÇÕES DESPORTIVAS

No que diz respeito às tarefas de manutenção das instalações desportivas, segundo


Nascimento (2000), podem-se agrupar relativamente à sua origem, em acções para a
ampliação e melhoria das instalações, em tarefas de manutenção das mesmas e na
organização e supervisão das actividades de manutenção.

Assim, o mesmo autor afirma que, cabe aos gestores de instalações funções como:
ampliação das instalações, cuidado e conservação das mesmas, distribuição das actividades
entre o pessoal de manutenção, planificação, controle e supervisão das intervenções de
manutenção. Para que isso aconteça, é necessário que os gestores de instalações possuam,
aquando da sua formação conhecimentos específicos e amplos sobre as infra-estruturas
desportivas, materiais de desenho das instalações, características principais em gestão
desportiva, contemplando, desta forma, os conhecimentos e estratégias necessárias, para
que se mantenham actualizados.

Por outro lado, Sarmento (s/d), diz-nos que a problemática de manutenção dos
equipamentos reside, na grande maioria dos casos, na dificuldade de escolha da melhor
solução para cada caso concreto, no processo de aquisição e equipamentos, passando pelo
controlo do funcionamento e manutenção e por fim, no momento da sua substituição.
Assim, o mesmo autor apresenta um conjunto de dados que devem ser guardados como
forma de controlar todos os factores que interferem com a manutenção dos equipamentos,
são eles:
 Data de aquisição;
 Empresa fornecedora;
 Características técnicas;
 Limitações técnicas;
 Cuidados de limpeza;
 Programa de manutenção;

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 Garantia;
 Avaria;
 Reparações.

Sarmento (s/d), salienta ainda que o factor armazenamento é muitas vezes esquecido e
para tal, sugere que se escolham locais com uma dimensão adequada ao tipo de material
em causa, pé direito nunca inferior a 2,50 metros, portão de acesso adequado, localização
junto ao piso desportivo, ventilação, iluminação, segurança e boas acessibilidades.

III.IV – GESTÃO DE EQUIPAMENTOS E MATERIAIS

No nosso país, as questões relativas à gestão de equipamentos desportivos têm sido pouco
tratadas, dando-se pouca importância aos assuntos relacionados com este tema. Um dos
factores que reflecte tal facto, é a falta de uma legislação própria, uma vez que Portugal é o
único país da Comunidade Europeia que não apresenta qualquer normativo
regulamentador relativo à construção de equipamentos desportivos, havendo apenas uma
excepção relativa à regulamentação de espaços desportivos para a prática de desporto
federado. (Rodrigues, 2000)

Segundo o mesmo autor, esta falta de legislação leva a que, alguns dos equipamentos
estejam edificados sem corresponderem às normas europeias de higiene, segurança e
qualidade de equipamentos de uso público. Estes aspectos, são ainda mais consideráveis
nos casos em que a construção/manutenção são suportadas pela comunidade, como é o
caso das infra-estruturas desportivas municipais. Nestes casos, a gestão dos equipamentos
é questionada não apenas no aspecto económico, em que se procura um equilíbrio entre os
custos e receitas e recuperação financeira dos capitais investidos, mas fundamentalmente
no que diz respeito aos usufrutos sociais, às acessibilidades, à qualidade de serviços, ao
conforto, à funcionalidade e à segurança.

Assim, para que tal não aconteça, torna-se necessária uma interacção

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entre os diferentes membros da equipa que pertence à construção/manutenção da


instalação. Desta forma, Constantino (1994), define a qualidade do serviço a prestar,
ainda no projecto, baseada nos seguintes factores:
 O pessoal adstrito à instalação, técnico desportivo e de manutenção, deve ter
elevados padrões de profissionalismo, de capacidade de atendimento e de
disponibilidade funcional;
 A construção da instalação deve ter em atenção o máximo aproveitamento de
espaços úteis e diferentes opções desportivas, o enquadramento urbanístico, a
atractabilidade das formas e das cores, funcionalidade dos vestiários, iluminação,
níveis de conforto, etc.;
 A manutenção e conservação da instalação, já que se torna importante não só a sua
edificação, mas sobretudo a sua manutenção diária através de pequenos arranjos,
limpeza, higiene e capacidade funcional do material e equipamento;
 A diversidade cultural, integrando outras instalações para actividades culturais e de
lazer.

“Os equipamentos desportivos, além de requererem importantes investimentos na sua


criação, a fase de funcionamento e exploração implicam, para a sua quase totalidade das
instalações públicas não comerciais, um permanente défice financeiro de difícil cobertura
para os sempre magros orçamentos de âmbito social e de serviço público ao dispor das
autarquias”. (Faria, 2002)

A problemática dos equipamentos desportivos centra-se fundamentalmente:


 Na idealização das políticas de ordenamento;
 Na definição de estratégias de desenvolvimento das actividades desportivas;
 Na formulação dos planos e dos programas de concepção dos equipamentos;
 No desenho dos modelos de administração e animação dos espaços. (Faria, 2002)

Deste modo, e segundo o mesmo autor, tem que ser tido em conta não só as instalações e a
sua racional utilização, mas também os recursos humanos e instrumentais existentes no
âmbito territorial em questão, com vista à determinação da real área de influência dos
equipamentos. Dado tudo isto, é necessário alargar o conceito de gestão, para níveis de
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decisão e escolha situados a montante das fases de funcionamento, isto é, para o âmbito da
administração do conjunto dos serviços desportivos existentes em determinado contexto
territorial, como primeiro passo para um patamar ainda mais amplo que envolverá o
processo de organização e administração do sistema desportivo de um território.

Constantino (1992) salienta a pouca importância atribuída à gestão de equipamentos


desportivos e instalações desportivas, acabando por afectar todo o sector destas.
Segundo Nascimento (2000), as instalações desportivas, em conjunto com as actividades
que desenvolvem, promovem uma valorização e dinamização económica e social das
localidades onde estão inseridos, quer pela diversidade na oferta de serviços, quer pela
ocupação do tempo livre dos cidadãos e fomento da prática desportiva.

Por outro lado, Sarmento (s/d) afirma que a gestão e uma instalação desportiva, depende
de muitas variáveis no que diz respeito à tipologia dos utilizadores, práticas e taxas de
utilização. Assim, é necessário criar um equilíbrio entre as actividades rentáveis e as não
rentáveis, através de várias formas: ou através de um rigoroso controlo de custos, ou
através de parceiros, diversificação e segmentação da oferta, ou através da promoção de
actividades inovadoras e o sistemático incremento da imagem social da instalação. Para tal,
a oferta de actividades deve ser o mais diversificado possível (formação, recreação,
rendimento,…), de forma a que possa atingir o maior número de pessoas possível.

O mesmo autor diz ainda que, o funcionamento dos sistemas e equipamentos depende da
existência em reserva e devidamente armazenado, de um conjunto muito vasto de
elementos simples e complexos que possam rapidamente substituir alguma peça ou o
sistema original em caso de avaria. Desta forma, é extremamente importante que as
instalações possuam um conjunto de artigos que estejam prontamente preparados para
serem rapidamente utilizados e como tal, substituir a peça ou sistema lesado. Para que o
material a substituir seja o mais eficaz em caso de avaria, torna-se necessário que se defina
com precisão, qual o material para se ter armazenado, assim como, é preciso uma eficiente
gestão da sua permanência em armazém, seja feita de forma organizada e identificada. “A
oferta de actividades e serviços que um equipamento presta supõe uma prévia avaliação da

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procura e oferta de serviços já existentes e as soluções encontradas devem pautar-se por


critérios de qualidade”. (Constantino, 1999)

Ora, os objectivos previstos para um equipamento de carácter público é diferente dos


objectivos de um equipamento de carácter privado. Vejamos então a diferença que existe
entre um equipamento desportivo privado e um equipamento desportivo público.
Constantino (1999), diz-nos que um equipamento desportivo privado visa
fundamentalmente a obtenção de lucros, pelo que a sua oferta e o preço de aquisição do
serviço, têm de levar em consideração o custo de amortização do investimento e o custo de
utilização do equipamento. Já relativamente a um equipamento público, o investimento que
se efectua, não visa problemas de retorno no plano financeiro, uma vez que assume como
um custo social. Contudo, tem exigências ao nível do plano de custos de utilização, os quais
resultam de todo o conjunto de serviços que são fundamentais e indispensáveis ao seu
funcionamento, à sua manutenção e ao enquadramento de actividades a realizar no
equipamento.

O Serviço de Desporto (1993) afirma que, a gestão de um equipamento


desportivo envolve a intervenção de 6 factores:
1. Gestão Orçamental (previsão de receitas e despesas);
2. Gestão Financeira (assegurar fundos necessários para o seu equipamento e a sua
manutenção e controlar a rentabilidade);
3. Gestão Comercial (supõe a aceitação de que se tem um “produto” para oferecer e de
que há um “mercado” que procura esse tipo de produto; definição da política de
preços);
4. Gestão do Pessoal (avaliar as necessidades da afectação do número de unidades e do
perfil de funções de cada uma delas);
5. Gestão do Material Desportivo (supõe a afectação de adequados níveis de “stock” de
materiais de tipo desportivo e outros);
6. Gestão das Actividades e/ou Serviços (rentabilização social e desportiva do
equipamento e dos diferentes serviços; supões uma adequada programação e
distribuição horário do diferente uso das instalações).

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Importa também ter em atenção os sectores da população que, em ritmo crescente, se


interessam por outras formas de prática desportiva, no âmbito das actividades recreativas,
de tempos livres, de manutenção, incluindo os adeptos dos chamados desportos radicais e
as actividades em condições mais próximas da natureza.

Desta forma, e dada a enorme variedade de actividades, deve-se analisar, segundo Faria
(2002), os padrões de flexibilidade e polivalência, à excepção de equipamentos mono
disciplinares ou especializados, procurando, deste modo, responder a um conjunto mais
alargado de actividades e exigências desportivas previamente estabelecidas no programa,
dentro dos limites que essa opção encerra.

O autor, chama a atenção que, de tais opções, não dependerá somente a escolha das
dimensões, antes implicando que se assumam soluções de compromisso para alguns
elementos da instalação, como é o caso da definição das características dos pavimentos
desportivos em salas e pavilhões polivalentes, ou do estabelecimento das profundidades
em piscinas mistas destinadas ao ensino e também à competição, por exemplo. Contudo, as
opções que se fazem tem sempre que se constituir como soluções de compromisso,
salvaguardadas as exigências desportivas, de segurança e funcionalidade exigíveis, e após a
análise cuidada das diversas componentes que é necessário integrar para o correcto
desenvolvimento das várias actividades desportivas.
Não é difícil de perceber que uma deficiente gestão dos equipamentos desportivos pode
provocar situações gravíssimas, podendo mesmo levar ao encerramento da própria
instalação desportiva. Desta forma, muitas das vezes, a diminuição dos espaços, dos
recursos humanos e das actividades de manutenção, pode a curto ou longo prazo, provocar
uma degradação progressiva dos equipamentos e da respectiva instalação, podendo
mesmo, serem feitos gastos adicionais, caso seja necessário recorrer a obras para a
remodelação da instalação.

Assim, parece-nos evidente que não se encontram quaisquer vantagens em reduzir


nalgumas tarefas de manutenção dos equipamentos desportivos, sofrendo a instalação, na
maior parte das vezes, uma imagem denegrida devido a situações que poderiam ter sido

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evitadas, tendo como consequência, uma diminuição da sua qualidade, da sua imagem e dos
seus utilizadores.
Constantino (1999), apresenta um conjunto de tópicos referentes à
rentabilização dos equipamentos, são eles:
 O espaço desportivo já não é exclusivamente um espaço para a prática do desporto,
mas sim um local de convivialidade, de sociabilidade, de comunicação;
 Os utilizadores são cada vez mais exigentes, o que para além dos imperativos de
base de um equipamento desportivo como a higiene e a segurança, existe um
conjunto de outros requisitos de atractabilidade e conforto que requerem uma
elevação do padrão de qualidade do serviço e uma gestão modernos;

É decisivo, sobretudo nos equipamentos públicos, optimizar os investimentos feitos;


Necessidade de enquadrar as opções em matéria de gestão, no âmbito das políticas
desportivas globais.

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