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UNIDADE 3

Planejamento e Regulamentação de
Competições Esportivas

Objetivos
• Compreender a importância do Planejamento Aplicado e Regulamentação
das Competições Esportivos.
• Reconhecer os riscos e oportunidades relativos aos Eventos Esportivos e
elaborar planos de ação relativos.
• Ter sensibilidade para perceber o teor dos níveis de exigência de serviços
especializados nas Competições Esportivas e trabalhar com planejamento.
• Situar-se diante dos aspectos burocráticos dos Eventos Esportivos e elabo-
rar documentos normativos.

Conteúdos
• O Planejamento como função administrativa e sua aplicabilidade no meio
esportivo.
• Aspectos relevantes a serem considerados no Planejamento de Eventos
Esportivos.
• Regulamentação e Normas Aplicadas às Competições Esportivas.
• Composição de Equipes de Trabalho para Planejamento e Organização de
Competições Esportivas.

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Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo;


busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bi-
bliográficas, apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na
modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o
seu crescimento intelectual.

2) Busque identificar os principais conceitos apresentados; situe-se no foco


da unidade que trata do Planejamento de Eventos Esportivos e estude
o conteúdo na sequência proposta, procurando entender a conexão das
partes (aspectos do planejamento, regulamento, composição de equipes
e comissões, etc)

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UNIDADE 3 – Planejamento e Regulamentação de Competições Esportivas

3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conte-


údo Digital Integrador.

1. INTRODUÇÃO
O Evento Esportivo requer gestão especializada. Trata-se
de uma atividade que exige muitos cuidados, especialmente
pelo tratamento ao esporte como fenômeno social que envolve
grande número de praticantes, espectadores e adeptos, muito
evidente no esporte de rendimento, ou seja de alta performan-
ce, mas isso não exime a responsabilidade da necessidade de
gerenciamento dos eventos esportivos educacionais ou de lazer.
Segundo Barroso e Darido (2006), o esporte é tratado
como um fenômeno sociocultural e é patrimônio da humanida-
de. Ao longo da história foram criadas várias modalidades es-
portivas que devido ao aumento e avanço das mesmas sofreram
várias modificações em suas regras até atingirmos o esporte con-
temporâneo regido por entidades esportivas, como federações
nacionais e internacionais que regulamentam atuação amadora
e a profissional.
A prática esportiva pode ser considerada um dos maiores
fenômenos sociais do mundo contemporâneo. Em geral, o es-
porte, impõe formas de extrema complexidade, tanto no que
determina a estrutura da realização esportiva, como no que diz
respeito à estrutura da preparação esportiva (ANDRADE et al,
2006).
Em se tratando do dimensionamento do esporte no campo
educacional, de participação (lazer) e rendimento (alta perfor-
mance), cabe aqui referenciar as disposições da legislação bra-

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sileira, em que o desporto pode ser reconhecido nas seguintes


manifestações:
I - desporto educacional ou esporte-educação, praticado na
educação básica e superior e em formas assistemáticas de edu-
cação, evitando-se a seletividade, a competitividade excessiva
de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvi-
mento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício
da cidadania e a prática do lazer;
II - desporto de participação, praticado de modo voluntário, ca-
racterizado pela liberdade lúdica, com a finalidade de contribuir
para a integração dos praticantes na plenitude da vida social, a
promoção da saúde e da educação, e a preservação do meio
ambiente;
III - desporto de rendimento, praticado segundo as disposições
da Lei nº 9.615, de 1998, e das regras de prática desportiva, na-
cionais e internacionais, com a finalidade de obter resultados
de superação ou de performance relacionados aos esportes e
de integrar pessoas e comunidades do País e de outras nações
(Decreto nº 7/2013).

Este contexto nos dá a ideia de algumas especificidades


do esporte e níveis de organização exigidos, assim passaremos
a seguir outros aspectos relevantes voltados às boas práticas de
gerenciamento dos eventos esportivos, tais como regulamentos,
documentação, recursos (pessoal, instalações e equipamentos) e
planos de ação relativos à segurança, supervisão e controle den-
tre outros.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão

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integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-


do Digital Integrador.

2.1. Planejamento de Competições Esportivas

Vamos iniciar nosso percurso aos conteúdos desta unida-


de de estudo fazendo referência aos aspectos gerais do plane-
jamento, antes de tratarmos de sua aplicabilidade em competi-
ções esportivas.
O Planejamento é a função administrativa que define os
objetivos e decide sobre os recursos e tarefas necessárias para
alcançá-los adequadamente. A principal consequência do plane-
jamento são os planos, estes não somente demonstram uma or-
ganização bem sucedida na realização de suas metas e objetivos,
como também funciona como verdadeiros guias ou balizamen-
tos (OLIVEIRA, 2007).
Conforme Chiavenato (2006), o planejamento pode se dar
em nível estratégico, tático e operacional. Neste contexto, o re-
ferido autor traz a seguinte constituição do planejamento, apre-
sentando-o em uma série sequencial de seis passos:
1) Definição dos objetivos: especificar os resultados de-
sejados e os pontos finais a que se pretende chegar,
para se conhecer os passos intermediários.
2) Verificação da situação atual em relação aos objeti-
vos: avaliar a situação atual em contraposição aos ob-
jetivos desejados.
3) Desenvolver premissas quanto às condições futuras:
ambientes esperados dos planos em operação.

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4) Analisar as alternativas de ação: relacionar e avaliar as


ações que devem ser empreendidas.
5) Escolher um curso de ação entre as várias alternati-
vas: selecionar o curso de ação adequada para alcan-
çar os objetivos propostos.
6) Implementar o plano e avaliar os resultados: executar
o plano e avaliar cuidadosamente os resultados para
assegurar o alcance dos objetivos e empreender as
ações corretivas.
O planejamento dos eventos, conforme proposto nesta
unidade de estudo, ou seja, competições esportivas, pode ser
considerada uma etapa integrante da fase "pré-evento", como
vimos na fase anterior. Poit (2006), faz referência a esta fase e
chama atenção para algumas considerações importantes, aspec-
tos básicos para o sucesso dos eventos esportivos e providências
fundamentais. Primeiramente chama atenção para os atributos
de um evento de qualidade, que citaremos alguns, tais como:
• Conta com planejamento e cumpre com excelência os
objetivos propostos.
• Cada fase deve ser gerenciada adequadamente, dispon-
do de plano de marketing eficaz e recursos humanos de
qualidade.
• Deve existir um trabalho sistêmico e integrado, tendo
a tecnologia como grande aliada e a ética como solida
referência.
No planejamento, o referido autor alerta ainda para os
para os aspectos básicos para o sucesso do evento referindo se
aos cuidados com as previsões e adequações dos recursos finan-
ceiros, fixação de objetivos, natureza da atividade, recursos hu-
manos, materiais e instalações, períodos de realização, número

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de inscritos e segmentação, divulgação e motivação, locais dis-


poníveis, programação paralela e avaliação constante.
No que diz respeito às providências fundamentais ao even-
to esportivo, Poit (2006), recomenda uma agenda contendo:
1) Preliminares que inclui o planejamento, aprovações e
autorizações.
2) Preparação intelectual com estudos e pesquisas sobre
o tipo de evento.
3) Formação de comissões, compondo equipes de traba-
lho e designando atribuições.
4) Elaboração de regulamento e demais documentos.
5) Definição dos quadros de arbitragem.
6) Preparação dos locais de competição.
7) Providências junto a entidades (saúde, segurança,
transportes, etc.).
8) Desenvolvimento do planejamento.
9) Agenda de reuniões.
Nesta mesma linha, ao se referir ao planejamento aplica-
do a competições esportivas, Daiuto (1991), propõe quatro fases
distintas, sendo:
1) Pesquisa: que serve para analisar as possíveis condi-
ções, de recursos financeiros, humanos, materiais, de
datas e períodos, de registro de interessados e de ob-
jetivos a serem atingidos para a realização do evento.
2) Programação: que é a elaboração do planejamento
do evento de acordo com os resultados obtidos na
pesquisa.

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3) Execução: que é o cumprimento da programação


estabelecida.
4) Avaliação: este item deve ser constante, antes, duran-
te e após um evento.

Considerações sobre Planejamento Estratégico Aplicado


Ao referirmo-nos ao planejamento de competições espor-
tivas podemos também ariscar buscar alguns subsídios nos con-
ceitos e métodos de planejamento estratégico.
Segundo Kotler (1992, p. 63),
[...] planejamento estratégico é definido como o processo ge-
rencial de desenvolver e manter uma adequação razoável entre
os objetivos e recursos da empresa e as mudanças e oportuni-
dades de mercado.

Segundo um plano estratégico é uma visão específica do


futuro da empresa, onde são diagnosticados fatores como: onde
será o setor de atuação da empresa, quais os mercados em que
irá competir, quais seus clientes e concorrentes, que tipos de
produtos e serviços a empresa irá oferecer, quais seus valores,
etc. (PADOVEZE, 2009).
Sabemos que não é tão simples assim trazer os conceitos
de planejamento estratégico para o gerenciamento de competi-
ções esportivas, mas a concepção de planejar dessa maneira não
encontra-se tão distante deste campo de atuação pelas oportu-
nidades que rodeiam. Neste contexto, faz-se necessário situar-se
então quanto gestor e avaliar os momentos e cenários que se
apresenta o evento esportivo. Para esta avaliação, sem a preten-
são de uma intervenção muito especializada, podemos importar

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uma ferramenta muito utilizada no planejamento estratégico, ou


seja, a Matriz de Análise SWOT.
A sigla S.W.O.T., deriva da língua inglesa e traduz-se:
Strenghts (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (opor-
tunidades) e Threats (ameaças). Esta análise procura avaliar os
pontos fortes e pontos fracos no ambiente interno da organiza-
ção e as oportunidades e as ameaças no ambiente externo
(TARAPANOFF, 2001).
A matriz busca um diagnóstico de fatores internos (Força
e Fraqueza) e externos (Oportunidades e Ameaças) esquemati-
zados da organização. As Forças e Fraquezas são fatores que es-
tão caracterizados como internos de criação ou de destruição de
valores. Estes valores podem ser ativos, habilidades ou recursos
financeiros e humanos que uma organização possui a disposi-
ção em relação aos seus concorrentes. Já as Oportunidades e as
Ameaças são consideradas como fatores externos de criação ou
de destruição de valores, não controlados pela empresa. Estes
valores podem ser fatores demográficos, políticos, sociais, legais
e tecnológicos.
A análise SWOT portanto é uma técnica que sintetiza os
principais fatores internos e externos das organizações empresa-
riais e sua capacidade estratégica de influenciar uma tendência
de causar maior impacto no desenvolvimento da estratégia. O
objetivo desta ferramenta é identificar o grau em que as forças e
fraquezas atuais são relevantes para, e capazes de, lidar com as
ameaças ou capitalizar as oportunidades no ambiente empresa-
rial (JOHNSON, et al 2007).
A interação do ambiente interno com o ambiente externo,
citados nos conceitos da análise SWOT, traz um demonstrativo
dos níveis de qualificação da organização, e aponta seus índi-

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ces de competitividade perante o mercado. A análise dos da-


dos pesquisados, bem como o destaque dos pontos relevantes
indicam os pontos que serão decisivos para o desenvolvimento
de uma estratégia que busca o desenvolvimento da organização
analisada.
Assim, podemos inferir que importarmos essa técnica para
o planejamento de competições esportivas, precisamos primei-
ramente diagnosticar os cenários levando em conta os de con-
trole internos, ou seja, forças e fraquezas da organização, bem
como fatores externos que representam oportunidades a serem
buscadas e as ameaças a serem combatidas. Para melhor enten-
dimento, deixaremos algumas orientações sobre este tema nos
conteúdos integradores.

2.2. Regulamento de Competições Esportivas

O regulamento de uma competição esportiva é conside-


rado uma peça imprescindível integrante do projeto e do plane-
jamento das competições esportivas, pois constitui-se no docu-
mento normalizador do evento
Independente do porte e dos objetivos de qualquer com-
petição é necessária a elaboração de uma regulamentação espe-
cífica, pois será por meio dela que serão apresentadas as orienta-
ções gerais que irão nortear os jogos ou provas (REZENDE, 2000).
Segundo Point (2004), um bom regulamento observa as se-
guintes características:
1) Objetividade: demonstrar de maneira objetiva aquilo
que é importante, a intenção da organização.

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2) Precisão: ser preciso na informação dos detalhes que


são pequenos, porém fundamentais para o evento.
3) Clareza: português correto, de fácil leitura e uma boa
apresentação do conteúdo.
4) Abrangência: não esquecer nenhum item que seja im-
prescindível para o bom andamento do evento.

Estruturação de Um Regulamento de Competição Esportiva


Vamos partir do entendimento que as competições podem
se apresentar como modalidade isolada a exemplo de campe-
onatos e torneios de esportes específicos como futebol, bas-
quetebol, natação, ciclismo, etc. ou se apresentem no formato
de olimpíadas, ou seja, como jogos ecléticos envolvendo várias
modalidades esportivas. Assim, dependendo do tipo de evento,
teremos um formato de regulamento, que podemos classificar
como segue:

Regulamento Geral
Regulamento utilizado para eventos esportivos que envol-
vem diversas modalidades ou categorias. O documento norma-
tiza aspectos gerais.

Regulamento Específico
Regulamento específico se refere a cada modalidade ou
categoria, tratando-as de modo particular.
A seguir segue o esquema básico para estruturação de um
regulamento apresentado por Poit (2006);
1) Breve Histórico ou Justificativa

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2) Do Campeonato
a) Objetivos
b) Participantes
c) Categorias
d) Programa
e) Direção do Campeonato
f) Datas, Locais e Períodos
g) Fases do Campeonato
h) Sistemas de Disputas
3) Das Inscrições
a) Data e Local
b) Número de inscritos por modalidade
c) Especificações para cada Modalidade
d) Condições para cada inscrição
e) Valor da Inscrição
4) Da Classificação
a) Número de pontos por classificação
b) Contagem de pontos por modalidade
c) Contagem de pontos por categoria
d) Contagem de pontos por equipe
e) Critérios de Desempate
5) Das irregularidades e impugnações
a) Irregularidades nas inscrições
b) Normas disciplinares
c) Penalidades a serem aplicadas
d) Recursos

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6) Da Premiação
a) Direitos à premiação
b) Relação dos prêmios
7) Disposições Gerais
8) Anexos

Considerações importantes acerca do Regulamento de Compe-


tições Esportivas
Ao observarmos a estrutura de um regulamento esportivo,
levando-se em conta as partes apresentadas, podemos perce-
ber claramente que o documento acaba sendo uma extensão do
projeto e do planejamento do evento esportivo que se preten-
de realizar. Assim, pressupõe-se que um regulamento seja feito
após a elaboração do projeto do evento.
Cabe lembrar que os objetivos dos eventos esportivos nor-
malmente fazem referência a aspectos educativos, de integração
social, saúde e qualidade de vida, intercâmbio cultural, desenvol-
vimento técnico das modalidades esportivas e outros do gênero.
Muitas vezes, para a descrição objetivos, estes são importados
na íntegra do projeto.
Na parte inicial do regulamento, necessário se faz incluir ou
a instituição ou organização que promove e produz o evento (di-
reção), e ainda se possível a constituição dos comitês ou equipes
de trabalho designadas, com atribuições e responsabilidades.
Ao se referir a categoria dos participantes, o regulamen-
to deve informar o perfil dos destinatários do evento. No meio
esportivo as categorias são sempre estabelecidas por idade, gê-
nero, nível iniciante, nível avançado, amador, profissional dentre
outras.

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Visando atrair e informar seu público alvo, o regulamento


de um evento esportivo normalmente é elaborado com bastan-
te antecedência e divulgado junto a campanha publicitária do
evento, em tempo hábil para realização das inscrições e provi-
dências de participação pelos interessados.
Independentemente do número de modalidades espor-
tivas propostas para o evento, o regulamento deverá trata-las
de modo muito particular e específico, inclusive reforçando ou
adaptando (se necessário) as regras oficiais. Deve também escla-
recer critérios de desempate, uniformização, pontuações siste-
ma de classificação.
No que se refere a disciplina, é sabido que em eventos es-
portivos, no ímpeto das disputas, os competidores podem alte-
rar o ânimo e ferir padrões de conduta. Portanto, torna-se im-
prescindível que o regulamente informe as exigências quanto à
disciplina dos participantes (atletas, treinadores e dirigentes), as
penalidades e a maneira como serão julgados em caso de trans-
gressões. Para isso poderão ser referendados os próprios Códi-
gos Disciplinares das federações esportivas especializadas.
Por último, um aspecto relevante é a premiação. Muitas
competições trazem premiação em troféus e medalhas, mas al-
gumas oferecem prêmios em bens ou dinheiro as vezes ofereci-
dos pelos próprios promotores ou patrocinadores. Assim sendo,
é salutar que a premiação seja explicitada no regulamento em
detalhes, a quem de direito.

2.3. Organização de Competições Esportivas

Daiuto (1991), sugere uma esquematização para planeja-


mento e organização de eventos esportivos, com as seguintes co-

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missões de trabalho sugeridas: Comissão Central Organizadora,


Comissão de Honra, Comissão de Informática, Comissão Admi-
nistrativa, Comissão Técnica, Comissão de Arbitragem, Comissão
de Finanças, Comissão de Transporte, Comissão de Recepção e
Solenidades, Comissão das Relações Públicas, Comissão de Segu-
rança, Comissão Médico-hospitalar, Comissão de Hospedagem e
Alimentação, Comissão de Publicidade e Divulgação e Comissão
Disciplinar.
A seguir, apresentamos um exemplo de organograma de
uma competição esportiva de pequeno porte, com apenas algu-
mas comissões essenciais à organização:

Figura 1 Organograma simplificado.


Fonte: adaptado de Daiuto (1991).

Em nível superior (Alta Direção)

Direção ou Coordenação Geral


A direção deve ser composta por membros que tenham
pleno conhecimento do plano conceitual, político, social e téc-
nico do evento. Devem reunir competências e habilidades para

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planejar, designar e liderar as equipes de trabalho. A direção ou


coordenação geral pode ser composta por uma presidência e vi-
ce-presidência que responde pelo evento antes, durante e após
sua realização.

Em nível intermediário (Supervisão)

Comissão Dirigente
Na realidade a Comissão Dirigente responde pelo desen-
volvimento técnico do evento, podendo ser constituída por uma
ou várias lideranças. Como área diretiva tem subordinada a ela
ao menos três outras áreas consideradas imprescindíveis, ou
seja, técnica, de registro e disciplinar.

Comissão Organizadora
A Comissão Dirigente responde pela infraestrutura e servi-
ços de apoio ao evento. Também pode ser constituída por uma
ou mais lideranças. Dirige e coordena os em instância interme-
diaria os trabalhos das áreas de divulgação (publicidade e
marketing), manutenção e apoio (instalações e equipamentos),
serviços essenciais, cerimoniais e premiação.

Em Nível Básico (Operacional)

Comissão Técnica
Área de trabalho que atuam em nível de execução, ou seja,
que faz as competições acontecerem. Acompanha, inspeciona e
toma decisões relativas à execução técnica evento. Dentre suas

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atribuições mais importantes estão: definir os locais de competi-


ções, elaborar a programação das competições, zelar pelo cum-
primento do regulamento e normas das disputas, operacionali-
zar os sistemas de disputas e designar arbitragem.

Comissão de Controle
A Comissão de Controle é responsável por toda a parte
burocrática das competições. Mantém o controle das inscrições
participantes (representações, dirigentes e atletas), cuida de to-
dos os registros e documentação das competições (súmulas, bo-
letins, quadros de classificação, etc.). Em competições de peque-
no e médio porte também podem assumir o registro e controle
de pessoal técnico e finanças.

Comissão Disciplinar
A área disciplinar é considerada de suma importância para
o bom andamento do evento esportivo. Esta comissão zela pela
integridade do evento com esforços no sentido de preservar a
disciplina e a boa conduta dos competidores. Para isso vale-se
das disposições disciplinares do regulamento e dos códigos disci-
plinares. Esta comissão também designa ou se constitui na forma
de junta disciplinar para julgar as transgressões aplicando penali-
dades aos participantes.

Comissão de Divulgação e Comunicação


Esta comissão atua desde o planejamento do evento com a
elaboração da campanha publicitária e estratégias de divulgação.
Responsabiliza-se também por coletar informações, imagens e
produzir notícias (por si ou através de terceiros contratados) e

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manter relacionamento permanente com a imprensa. Também


procura estabelecer canais de comunicação e interlocução per-
manente entre promotores e participantes.

Comissão de Apoio e Manutenção


O dimensionamento desta área está diretamente ligado ao
porte do evento esportivo. Em eventos de médio ou grande por-
te está área poderá requerer várias equipes de trabalho tendo
a incumbência de preservar os locais de disputas e assegurar as
boas condições das instalações e dos recursos materiais neces-
sários. Nesta comissão inclui-se também a responsabilidade por
buscar e manter serviços básicos de apoio ao evento, tais como:
saúde, alimentação, hospedagem, transportes, segurança, etc.

Comissão de Cerimoniais e Premiação


Esta comissão tem como principal atribuição organizar to-
das as solenidades relativas ao evento. Portanto, se encarrega da
organização dos Cerimoniais de Abertura, Premiação e Encerra-
mento. Também prepara os ambientes para realização de Con-
gressos Técnicos Gerais e Específicos.

Considerações acerca das Equipes de Trabalho em Eventos


Esportivos
O porte do evento e o nível das competições, estão dire-
tamente relacionados ao grau de exigência por qualidade dos
serviços prestados. É comum em eventos de caráter esportivo,
as equipes de trabalho (comissões) serem constituídas por vo-
luntários (equipes amadoras). Mas também temos eventos em
que as equipes de trabalho são profissionais. Cabe aqui ressaltar

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que independentemente da situação, é imprescindível que haja


ações de treinamento e preparação de todo pessoal envolvido
na organização com antecedência.
Para ilustrar as diferenças entre a gestão profissional e ges-
tão amadora aplicada aos eventos esportivos apresentamos o
quadro abaixo.
DIFERENÇAS ENTRE A GESTÃO AMADORA E GESTÃO PROFISSIONAL
Gestão Amadora Gestão Profissional
1. Falta de comprometimento (prioriza 1. Comprometimento com o negócio/
seus próprios negócios). empresa.
2. Gestão sem planejamento e projetos
2. Gestão baseada em planejamento e
inconsistentes (muitas ideias que não
projetos consistentes.
são colocadas em prática).
3. Dificuldade na tomada de decisões. 3. Tomada de decisão ágil e segura.
4. Não cumprimento de prazos e metas. 4. Cumprimento de prazos e metas.
5. Falta de transparência. 5. Transparência na gestão.
6. Falta de responsabilidade fiscal com a 6. Responsabilidade fiscal para a próxima
próxima gestão. gestão.
7. Não são cobrados por resultados. 7. Cobrados e avaliados pelos resultados.
Fonte: adaptado de Vieira (2009), citado por Mandarino, J.D.B. & Ribeiro, 2012.

As diferenças apresentadas no quadro são nítidas, e até


poderíamos elencar mais algumas. No meio esportivo, eventos
e nas áreas afins ainda temos muito amadorismo e havemos de
conviver com isso. A administração profissional, centra-se na vi-
são do lucro e da sustentabilidade. O seu processo de gestão está
voltado para a busca de parceiros comerciais, oportunidades de
mercado e resultado (MELO NETO, 1998) e havemos de convir
que vivemos no Brasil um processo de profissionalização na área
que ainda requer muitas contribuições da própria produção do
conhecimento.

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3. Conteúdo Digital Integrador


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.
O guia que segue indicado traz um fácil entendimento de
elementos sumários sobre planejamento e organização de com-
petições esportivas
• GUIA SYMPLA: ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS ESPORTIVOS.
Disponível em: <https://rdstation-static.s3.amazonaws.
com/cms%2Ffiles%2F1294%2F1411392846E-Book-
Esporte-Sympla.pdf>. Acesso em: 17 mar.2015.
Apresentamos aqui um modelo de regulamento dos Jogos
Universitários Brasileiros, promovidos em 2014 pela Confedera-
ção Brasileira de Desporto Universitário. O material traz a es-
trutura de um Regulamento de Competição trazendo várias mo-
dalidades esportivas, possibilitando a identificação das diversas
partes propostas na construção do documento, em conformida-
de com o conteúdo desta unidade de estudos.
• CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTO UNIVERSI-
TÁRIO. Regulamento dos Jogos Universitários Brasileiros
– JUBs. 2014.Disponível em: <http://www.cbdu.org.br/
downloads/20140703111859.pdf>. Acesso em: 21 mar.
2015.
O gerenciamento de competições esportivas exige uma
retomada dos conceitos e conhecimentos gerais de liderança e
motivação. O gestor de projetos, programas e eventos esporti-
vos estará lidando com constantemente com pessoas sejam co-
laboradores (organizadores) ou público participante. Para tanto,
é importante os conhecimentos sobre liderança e motivação.

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Assim recomentados os conteúdos de alguns sites, conforme in-


dicados abaixo:
• INSTITUTO BRASILEIRO DE COACHING. Liderança e
motivação. Disponível em: <http://www.ibccoaching.
com.br/tudo-sobre-coaching/lideranca-e-motivacao/>.
Acesso em: 21 mar. 2015.
• FGV MANAGEMENT SP. Master de liderança e gestão
de pessoas: a inteligência como vantagem competitiva
sustentável. Disponível em: <http://mgm-saopaulo.fgv.
br/cursos/lideranca-gestao-de-pessoas>. Acesso em: 21
mar. 2015.
• PENSE EMPREGOS. Gestão e liderança: a invasão
das ferramentas de avaliação de pessoas nas em-
presas. Disponível em: <http://revista.penseempre-
gos.com.br/noticia/2014/10/gestao-e-lideranca-a-
invasao-das-ferramentas-de-avaliacao-de-pessoas-nas-
empresas-4616497.html>. Acesso em: 21 mar. 2015.
• RH PORTAL. Liderança com criatividade: a chave da
gestão de pessoas. Disponível em: <http://www.
rhportal.com.br/artigos/rh.php?rh=Lideranca-
C o m - C r i a t i v i d a d e : - A - C h a v e - D a - G e s t a o -
De-Pessoas&idc_cad=4pn6r3xd3>. Acesso em: 21 mar.
2015.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.

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UNIDADE 3 – Planejamento e Regulamentação de Competições Esportivas

1) Quais são as providencias consideradas fundamen-


tais e as fases de planejamento de uma competição
esportiva?
2) Cabe o planejamento estratégico no gerenciamento de
competições esportivas? Justifique a resposta.
3) Que característica fundamentais deve ter um regula-
mento de competições Esportivas?
4) Como devem ser compostas as Comissões Gestoras
nas Competições Esportivas?

5. considerações
Chegamos ao final da terceira unidade, na qual você teve
a oportunidade de compreender a importância do planejamen-
to aplicado e regulamentação das competições esportivas, bem
como reconhecer os riscos e oportunidades relativos aos even-
tos esportivos situando-se diante dos aspectos burocráticos
necessários.
Na próxima unidade iremos estudar sobre as competên-
cias gerenciais necessárias à organização de eventos esportivos.

6. e-REFERÊNCIAS
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTO UNIVERSITÁRIO. Regulamento dos Jogos
Universitários Brasileiros – JUBs. 2014.Disponível em: <http://www.cbdu.org.br/
downloads/20140703111859.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2015.
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rdstation-static.s3.amazonaws.com/cms%2Ffiles%2F1294%2F1411392846E-Book-
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www.ibccoaching.com.br/tudo-sobre-coaching/lideranca-e-motivacao/>. Acesso em:
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PENSE EMPREGOS. Gestão e liderança: a invasão das ferramentas de avaliação de
pessoas nas empresas. Disponível em: <http://revista.penseempregos.com.br/
noticia/2014/10/gestao-e-lideranca-a-invasao-das-ferramentas-de-avaliacao-de-
pessoas-nas-empresas-4616497.html>. Acesso em: 21 mar. 2015.
RH PORTAL. Liderança com criatividade: a chave da gestão de pessoas. Disponível
em: <http://www.rhportal.com.br/artigos/rh.php?rh=Lideranca-Com-Criatividade:-A-
Chave-Da-Gestao-De-Pessoas&idc_cad=4pn6r3xd3>. Acesso em: 21 mar. 2015.

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