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TOMO 4
“TERRITÓRIO, POPULAÇÕES TRADICIONAIS
E CONFLITOS SOCIAIS”
UFC
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Prof. Pedro Fernandes Ribeiro Neto
Vice-Reitor do Estado do Rio Grande do Norte
Universidade
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Projeto Gráfico
David Ribeiro Mourão
Diagramação
Carlos Senna Soares Farias
Capa e Ilustração
Ana Larissa Ribeiro de Freitas
Revisão
Edson Vicente da Silva
Rodrigo Guimarães de Carvalho
Catalogação
UERN
241p.
ISBN: 978-85-7621-210-2
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Prefácio
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cimentos científicos e os saberes tradicionais é a base para um desenvolvimento sustentável e
democrático.
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pertencente à Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, a catalogação e publicação dos
31 livros pertencentes às 07 coletâneas. Essa parceria interinstitucional, que na verdade coaduna
muitas outras instituições, demonstra as redes já estabelecidas de cooperação científica e ideoló-
gica que, em um cenário político-econômico de grande dificuldade dificuldade para
para asas instituições de ensino
e para a ciência brasileira, se auto-organizam para o enfrentamento dos desafios de maneira ge-
nerosa e solidária.
1. Introdução
2. Metodologia
A visita ao campo de estudo foi realizada para reconhecimento do local, com o objetivo de
realizar a delimitação da área a ser trabalhada, assim como a observação da problemática, com a
coleta de dados. O registro fotográfico também foi sistematizado para auxiliar na identificação dos
problemas e exposição da real situação do local, bem como para verificação de dados obtidos por
meio da interpretação de imagens.
Relativo aos dados de uso e ocupação de solo foram coletados através de imagens LANDSAT
8 com resolução espacial de 30 metros, cedidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
– INPE, com série histórica de 1984 a 2016 com posterior processamento e análise por meio de
métodos e técnicas de processamento e classificação digital de imagens integradas ao Sistema de
Informação Geográfica - SIG. Foram extraídos dados de área antropizada e vegetação, utilizando
os softwares Qgis 2.10 e Arc GIS 10.2.
Para o processamento e classificação foi utilizado o Índice de Vegetação por Diferença Nor-
malizada (NDVI), que permite a redução parcial do efeito topográfico, com o objetivo de realçar os
alvos de interesse. Este consiste em uma equação que tem como variáveis as bandas do vermelho
e infravermelho próximo, como se segue:
Como resultado final da classificação se apresentará um conjunto de dados vetoriais que irão
compor o banco de dados temático a ser utilizado na confecção dos layouts finais dos mapas e
serão base para as inferências geográficas que serão realizadas.
3. Resultados e Discussões
A área diretamente ligada a Laguna da Jansen está localizada na área noroeste do município
de São Luís concentrando os bairros do São Francisco, Ilhinha, Renascença I, Renascença II, Ponta
d’Areia e Ponta do Farol conforme a Figura 1:
Segundo Silva (2012), o Parque Ecológico da Laguna da Jansen fora criado pela Lei 4.870 de
23 de junho de 1988, no município de São Luís, estado do Maranhão, com área de 150 hectares.
No início dos anos 70, a Praia da Ponta D’ Areia, a mais próxima da Laguna, foi objeto de um Pro-
jeto Urbanístico com lotes de tamanho médio e super quadras apropriadas ao assentamento de
hotéis. Parte dos bairros São Francisco e Ponta D’Areia são ocupadas por invasões próximas à la-
goa, onde moram centenas de famílias em condições precárias de infraestrutura urbana (COELHO,
2002).
De acordo com Coelho (2002), no final da década de 1960, foram construídas duas pontes
sobre o Rio Anil: Governador Newton Bello e a Governador José Sarney. A última, com aproxima-
damente 900m de extensão, interligou a parte antiga da cidade, com o denominado bairro São
Francisco, levando à expansão do espaço urbano de São Luís também na outra margem do rio
Anil.
Dessa forma, a expansão urbana de São Luís intensificava-se em todas as regiões. No bairro
São Francisco e seus arredores, a expansão tomou a direção da orla marítima, tornando necessária
a implantação de acessos viários adequados à nova realidade da região.
Em decorrência disso, em 1975, a prefeitura de São Luís construiu a Av. Maestro João Nunes,
permitindo uma ligação entre o bairro São Francisco e a orla marítima, através da execução de um
aterro sobre os igarapés da Ana Jansen e Jaracati. A barragem formada pelo corpo do aterro fez
com que surgisse a denominada Laguna da Jansen (COELHO, 2002).
Assim, no decorrer dos anos os problemas urbanos da área da laguna começaram a surgir,
como o crescimento urbano acelerado, além das “invasões” que se intensificavam e as agressões
ambientais. Parte da população pobre, que morava nas palafitas, sobrevivia da pesca na própria
Laguna da Jansen.
O abandono da lagoa pelas autoridades locais, associado ao seu uso indevido pela CAE-
MA [Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão] e à desorganização dos grupos
de pescadores que tiravam o seu sustento daquela área fizeram com que a poluição se
desse de forma rápida e quase irreversível. Em 1985, houve uma grande pressão para que
a Lagoa da Jansen fosse aterrada, face ao péssimo odor exalado e ao loteamento efetu-
ado pela prefeitura. Tal fato só não aconteceu porque parte da população, que conhecia
a causa do problema e sabia que havia solução, reuniu-se e levou o tema para discussão
(COELHO, 2002. p. 40).
Na área da Laguna da Jansen, as modificações que vem acontecendo na paisagem são mar-
cadas por fortes mudanças sociais, iniciadas com a ocupação desordenada das áreas de mangues
da “Ilhinha”. Sendo assim, a construção de conjuntos e de estruturas urbanas complementares
adjacentes, como shoppings e empreendimentos comerciais, motivaram a especulação imobiliá-
ria voltada às classes com maior poder aquisitivo da sociedade que se sobrepõe contra as classes
menos favorecidas que habitam os pequenos casebres.
A resistência à especulação imobiliária gerou uma paisagem mesclada de contrastes socio-
ambientais onde edifícios modernos e sofisticados contíguos a casebres humildes, abrigam pes-
soas cuja simbiose se configura através de vínculos empregatícios e de prestação de serviços. A
área sofre, ainda, uma série de impactos ambientais, destacando-se os processos de eutrofização
e colmatagem. Os esgotos são lançados in natura e acabam por contribuir para a multiplicação de
algas cianofíceas que sufocam e matam o zooplâncton e os animais de maior porte cuja decom-
posição libera gases fétidos em grande intensidade.
De acordo com Fernandes (1987), a Laguna da Jansen é um ecossistema que pode ser consi-
derado eutrófico ou em processo de eutrofização, apresentando problemas oriundos da poluição
biológica causada pelos dejetos lançados tanto pelos esgotos de conjuntos residenciais próximos,
como pelas palafitas instaladas às suas margens (Figura 03).
Na Laguna da Jansen processo de eutrofização possui causa artificial ou antrópica que de-
correm do lançamento cargas pontuais de efluentes (líquido residual/esgotos) domésticos ricos
em matéria orgânica, além do carreamento de nutrientes pela drenagem pluvial urbana e assore-
amento.
Dentre os impactos provocados pela especulação imobiliária a segregação espacial merece
destaque por ser uma concentração de determinadas populações com faixas de renda equivalen-
tes habitando uma determinada região da cidade de forma homogênea.
É notória que a área em estudo sofre com o crescimento urbano desordenado, a falta de
planejamento urbano fez com que surgissem no local, autênticos guetos sociais com palafitas e
barracos. Atualmente podemos observar com a revitalização da área, que houve o surgimento de
empreendimentos imobiliários e comercias de classe média, com construções de prédios luxuo-
sos, bares, restaurantes e boates.
Esse cenário bem contrastante deixa nítido o problema da desigualdade social e da segrega-
ção espacial, haja vista a presença desses empreendimentos de classe média na região, contudo,
ainda são encontrados domicílios com ausência de saneamento básico, ruas sem asfaltamento,
deficiência no sistema de drenagem dentre outros.
A área de estudo que antes era um igarapé com vegetações rasteiras, arbustivas e arbóreas
com as características de serem vastas e densas, hoje se resume a alguns quilômetros de man-
gue. A ocupação desordenada dessa área contribuiu para a devastação da vegetação natural, que
embora ainda exista, é cortada de tempos em tempos para evitar que sirvam de esconderijo de
marginas, em alguns pontos podemos verificar que praticamente não existe essa vegetação e em
outros se podem notar a floração em áreas que foram desmatadas.
A retirada da vegetação para construção de imóveis, vias asfaltadas e outras obras urbanas,
ocasionam a compactação de solo que aumenta mecanicamente a densidade do solo (CATÁLOGO
DE COMPACTAÇÃO, 2005). Assim a especulação imobiliária continuamente origina sérios proble-
mas ambientais, que são agravados pelas obras de engenharia sobre Áreas de Preservação Perma-
nente, gerando reduções das áreas verdes, exposição do solo ao intemperismo e erosão, acúmulo
de lixo, lançamento de esgotos “in natura” e artificialização da drenagem (SANTOS, 1993). Gomes
(2003) aponta que este corpo d’água artificial, fora originado a partir do represamento dos igara-
pés Ana Jansen e Jaracati, por ocasião da construção das avenidas Coronel Colares Moreira nos
anos 1969/70 e Maestro João Nunes no ano de 1975, formando um ambiente lacustre proveniente
do barramento artificial de cursos d’água.
Segundo Gomes (2003), ao longo dos anos a cobertura vegetal foi sendo retirada, para dar
lugar à ocupação urbana. Atualmente a vegetação natural da Laguna da Jansen restringe-se a
alguns resquícios da flora original e espécies regeneradas.
Sendo assim, este ecossistema vem sendo utilizado como receptáculo de efluentes domésti-
cos “in natura”, conforme a Figura 04, causando o comprometimento da qualidade microbiológi-
ca da água, aumentando em consequência os riscos de doenças de veiculação hídrica já que os
recursos vivos locais (peixes, crustáceos e moluscos) são amplamente utilizados pela população
ribeirinha para fins de subsistência e comercialização (GOMES, 2003).
Figura 04: Resíduos sólidos lançados nos efluentes da área estudada
Referências
CANTANHÊDE, S. M.; MEDEIROS, A. M.; FERREIRA, J. R. C.; ALVES, L. M. C.; SANTOS, D. M. S.. Uso
de biomarcador histopatológico em brânquias de Centropomus undecimalis (Bloch, 1972) na
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Coelho, Maria Teresinha de Medeiros. Avaliação da eficácia da lei de uso e ocupação do solo em
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GOMES, L. V.; CAVALCANTE, P. R. S.; IBAÑEZ, M. S. R.; SILVA, R. N. M. Parâmetros físicos, químicos, e
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gresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Joinville – SC. 2003.
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com/doc/152146498/RELATORIO-LAGUNA-DA-JANSEN-2013> Acesso em: 09/01/2016
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SPERLING, E. von Morfologia de lagos e represas. Belo Horizonte: DESA/UFMG, 1999. 138 p.