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VITÓRIA - ES
2023
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SUMÁRIO
1. Introdução 3
3. Minimalismo e Repetição 11
3.1 Troca de fase (ou defasagem) 13
3.2 Processo aditivo linear 14
3.3 Processo aditivo por grupo (bloco) 15
3.5 Superposição de padrões 15
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Resumo: Estudo sobre técnicas composicionais do minimalismo aplicadas com o
recurso de looping, se baseando em uma performance da pianista e compositora
polonesa Hania Rani.
Palavras chaves: Minimalismo, repetição, looping, composição musical, Hania
Rani, técnicas composicionais,
1. Introdução
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2. Looping: origens e caracterização
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Como menciona Silvio Ferraz: "Na música de concerto da segunda metade do século XX, a música
minimalista norte- americana surge como a tendência mais facilmente associável ao uso sistemático
da repetição. Esta fácil associação vem acompanhada, no entanto, de algumas questões,
destacando-se, antes de mais nada, o que se entende, de fato, por repetição musical. Se num
primeiro instante podemos pensar na repetição como sendo a reiteração estrita de um elemento
rítmico, melódico ou harmônico, a idéia de repetição ultrapassa, todavia, este terreno bastante
restrito e evidente. " (FERRAZ, Silvio, 1998, p. 1)
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motivo musical, ou utilizando de recursos tecnológicos atuais, como pedais e
softwares específicos. O surgimento de novas tecnologias, como seria esperado,
influenciou as artes de forma geral e na música, por exemplo, a chegada de novas
ferramentas mudou sensivelmente as formas de se fazer e consumir música, em
uma relação interdependente. Assim como descreve Iazzetta:
“Em sua origem, arte e tecnologia estão associadas a um mesmo princípio, a tekhnè,
em que uma habilidade é colocada em função de uma necessidade para produzir um
objeto ou alcançar um objetivo. Essa habilidade consiste justamente nos meios que
viabilizam a realização artística. Assim, técnica e arte estariam ambas ligadas a uma
intencionalidade e sujeitas a processos semelhantes de atualização das habilidades
humanas na forma de produtos culturais.” (IAZZETTA, 2010, p. 01)
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Pedaleiras de loop, como veremos a seguir, são, basicamente, hardwares capazes de armazenar
sons e executá-los em repetição, permitindo ao(à) musicista tocar sobre os trechos gravados e criar
camadas para a performance.
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Figura 1: exemplos de dispositivos autônomos (pedaleiras)
Um dos formatos mais conhecidos e utilizados neste tipo de pedal pode ser
usado com até dois instrumentos, por meio de entradas e saídas P10 (TS) (comuns
para equipamentos voltados para compor conjuntos de pedais para guitarra),
entradas USB e auxiliar P2 (TRS). Basicamente, no painel superior existem funções
de volume, metrônomo, gravação e controle da memória. A operação mais comum
se dá pela ativação do botão de gravação, seguida da escolha do banco de
memória, o início da gravação e o término, ambos acionados pelo pedal.
2.1.1 MIDI:
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disso, a figura 3 mostra, por exemplo, que é possível controlar as intensidades,
estabelecendo e manipulando a curva da dinâmica, entre outras várias alterações
de expressão possíveis. Isso não é possível da mesma forma quando, por exemplo,
lidamos com o áudio gravado, cujos limites de alteração, ainda que contando-se
com as ferramentas mais atuais, é bem mais restrito. Esse é o caso, por exemplo,
de quando precisamos alterar alturas, andamentos ou a dinâmica musical.
Além disso, a MIDI, por se tratar de uma linguagem de informação
(comunicação), possibilita, por meio de controladoras específicas, o acesso e
programação integrada às DAWs, como personalização de botões determinados
para ações específicas, que podem contribuir para a fluidez da performance
musical.
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Na figura 5, a captura de tela mostra a interface da DAW pronta para
programar os controladores MIDI, por meio do recurso MIDI Mapings (que serve
para mapear cada tecla da controladora e assim ativar alguma ação dentro da
DAW). Este pode ser o caso, por exemplo, de substituição das pedaleiras de loop
dedicadas por controladoras, a fim de se obter um ajuste de performance mais fino.
Outro método, de teor manual, dentro de uma DAW e para se gravar o áudio
em loop, está baseado na ativação da ferramenta de loop e demarcação da
quantidade de compassos que comporão a repetição.
O loop pode ser realizado, neste caso, da seguinte forma: após determinar a
quantidade de instrumentos, é necessário programar, com uso de uma controladora
ou botão do teclado do computador, uma tecla de identificação para cada canal, a
fim de que seja articulado no momento da gravação.
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Na imagem acima decidimos quantos compassos queremos por meio do
demarcador (em cinza). É possível repetir esse procedimento em vários canais, a
fim de se criar texturas diversas. O uso desse recurso para a composição pode
proporcionar as seguintes vantagens: uma certa independência musical da
performance em relação ao som gravado, uso de diversos timbres/texturas e
sobreposição de partes gravadas com interação direta na performance.
As cenas podem funcionar como loopings e a cada vez que são disparadas,
repetem de acordo com o que for programado. O mais interessante dessa
ferramenta é poder criar vários loop’s, organizá-los dentro de cada cena e soltá-los
de acordo com a performance ao vivo
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Sobreposição de melodias
Esse recurso pode ser considerado um dos mais interessantes, pois envolve um
cuidado rítmico e harmônico para que possa ser aplicado, a compositora Hania Rani
trabalha muito bem esses dois conceitos no piano, synth…
3. Minimalismo e Repetição
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No que diz respeito à repetição, o serialismo e o minimalismo distinguem-se
pelo grau de necessidade da representação de objetos do passado na
memória. [...] Distinguem-se assim dois tipos de repetição na música serial:
aquela que diz respeito às regras — que é uma repetição imediata dos
conceitos — e aquela material, que se manifesta como uma repetição à
distância. Na música serial é pela memória que um elemento se liga ao
outro, é ela que permite relacionar eventos à distância uns dos outros.
(FERRAZ, 1998, p.32-33)
Quando Silvio Ferraz afirma que a música minimalista “dá tempo ao ouvinte
de penetrar o objeto a fim de descobrir suas nuances internas”, faz transparecer que
o minimalismo tem como principal característica a reiteração de notas e de
processos, que, muitas vezes, requerem tempo do desenvolvimento para sua
apreensão. Essas notas não são repetidas aleatoriamente, existe uma construção
técnica a ser analisada dentro de cada composição, que inclusive, foram muito bem
exploradas pelos principais compositores desse movimento (Terry Riley, Steve
Reich e Phillip Glass).
Tal como aponta Warburton, existem técnicas específicas nas composições
minimalistas (WARBURTON, 1988, p.144-152) que são especialmente interessantes
para a compreensão deste trabalho. Vamos utilizar aqui a tradução desta
nomenclatura realizada por Dimitri Cervo, a seguir: 1) troca de fase (ou defasagem),
2) processo aditivo linear, 3) processo aditivo por grupo (bloco), 4) processo aditivo
textural e 5) superposição de padrões (CERVO, 2005, p.48).
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Essa é a técnica central utilizada nas obras de Steve Reich compostas entre
os anos de 1965 (It’s Gonna Rain) e 1972 (Clapping Music). A primeira
utilização dessa técnica por Reich deu-se nas suas obras para fita magnética
It’s Gonna Rain (1965) e Come Out (1966). [...] Uma vez que o processo é
posto em movimento, os dois trechos defasam gradualmente até voltarem ao
uníssono novamente no final da obra. No decorrer da peça, essa relação de
duas vozes é ampliada para quatro e oito vozes. (CERVO, 2005, p.49)
Como cita o Dimitri, a primeira utilização dessa técnica foi realizada por
Reich, que inclusive a explorou bastante em várias de suas composições. Uma
dessas é Piano Phase (1967), uma composição de 20min, em que dois pianos
sofrem uma grande defasagem com vários padrões melódicos.
Dessa forma, embora a peça (em sua primeira parte) repita incessantemente
um mesmo grupo de doze notas, o ouvinte é presenteado com uma rica
gama de possibilidades pelas quais pode construir a experiência da peça.
Dois tipos de eventos surgem nessa peça: aqueles estáveis, que ocorrem
nas reconfigurações do alinhamento dos dois padrões; e aqueles instáveis,
que ocorrem durante o período de tempo da defasagem. (CERVO, 2005,
p.51)
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Figura X: Padrão melódico 2
O termo técnico usado para nomear a junção desses padrões ao longo da composição é
então o processo aditivo linear. Ao longo de uma composição podemos ter vários padrões e inclusive
misturá-los.
Por exemplo, se temos um padrão 1-2, após um certo número de repetições
adiciona-se mais um elemento 1-2-3, gerando assim um processo gradativo
de adição linear. Esse processo pode ser regular com a adição de um
número regular de unidades durante o processo de repetição (ex. 1, 1-2,
1-2-3), ou ainda irregular com a adição de um número irregular de unidades
(ex. 1, 1-2-3, 1-2-3-4, 1-2-3-4-5-6) durante o processo de repetição.
(CERVO, 2005, p.52)
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Esse processo é a técnica de acrescentar instrumentos de diversos timbres
ao longo da música, sem que os outros alterem o padrão melódico após um número
mínimo de repetições já tocadas.
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A construção de uma peça minimalista é feita de forma gradual, adicionando
elementos a cada compasso, conforme os outros elementos se repetem ou não. Um
exemplo de estrutura formal contínua é Day One, uma obra do Hans Zimmer
produzida para a trilha sonora de Interstellar. A música começa com poucos
elementos e ao decorrer da peça várias texturas são adicionadas até chegar ao
ápice da música e encerrar de forma repentina.
Figura x: Exemplo de paleta harmônica simples de um trecho da obra musical “Metamorphosis: Two” de Philip
Glass
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com caráter fortemente modal. O ritmo harmônico das obras (quando
existente) tende a ser muito lento se comparado a qualquer outra obra da
música ocidental. (CERVO, 2005, p.58)
5. Repetição na composição
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A repetição dentro da música pode acontecer de diversas maneiras, é o ato de
repetir trechos, notas, ritmos ou melodia. Mas afinal o que se repete em uma música
de repetição? É interessante pensar em um consenso do que é uma repetição ou
uma variação do que já foi criado (o que não deixa de ser considerado uma
repetição). A composição pode acontecer em fases, começando com um pequeno
motivo e no decorrer da composição criar variações em cima do motivo principal.
Quando a variação do que já foi criado acontece a consideramos como repetição
interna.
Schönberg concebeu esta obra começando pela repetição das formas mais
pequenas até às composições maiores, argumentando desde o início que
“um motivo aparece constantemente durante a obra: é repetido”, mas
concedendo que a “repetição pode ser exacta, modificada ou
desenvolvida”¹58. As repetições exactas são aquelas que preservam todas
as características das relações entre notas, enquanto as repetições
modificadas são resultado da variação ¹59. (ANA RITA RIBEIRO MATEUS,
p.47)
5.1.Tipos de repetição
- repetição de notas
- repetição rítmica
- repetição em loop
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Hania Rani é uma compositora, pianista e cantora polaca que faz uso de técnicas
minimalistas em suas obras e tem como principal característica a repetição e o uso
de loops. Para exemplificar as técnicas citadas nos tópicos sobre Minimalismo e
Repetição será analisada a obra Glass da compositora Hania Rani, onde essas
técnicas estão em grande evidência.
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6.4 Loop
O loop está presente na performance da Hania Rani em Glass no “Live from Studio
S2” foi feito de forma ao vivo por meio de um software de aplicação
computadorizada (DAWs). Pode-se destacar a aplicação de novas texturas, na
performance ela deixa o piano acústico em overdubbing, de forma ao vivo, inclui um
sinthy em overdubbing e por fim ganha liberdade para “improvisar” no piano.
Música:
https://docs.google.com/document/d/1du15dor0Wvp3l95uTXJMP2Ed4EItknv-xg9k7
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