Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Belém
2019
KAYLA ROCHA BRAGA
Belém
2019
Braga, Kayla Rocha
Catalogação elaborada por: Bibliotecário Marcelo Werneck de Souza Saraiva CRB 02/ 001554/PA
REALIDADE AUMENTADA: organizações didático-matemáticas para o ensino de
cálculo de área no nível superior com a utilização de um software
Avaliado em:
Banca Avaliadora:
________________________________________
JOSÉ MESSILDO VIANA NUNES
Orientador
____________________________________________
JOSÉ AUGUSTO NUNES FERNANDES
Examinador externo
____________________________________________
JOSÉ CARLOS DE SOUZA PEREIRA
Examinador externo
____________________________________________
ELIELSON RIBEIRO DE SALLES
Examinador interno
____________________________________________
LICURGO PEIXOTO DE BRITO
Examinador interno
____________________________________________
ROBERTO CARLOS DANTAS ANDRADE
Examinador externo
____________________________________________
PEDRO FRANCO DE SÁ
Suplente
Dedico aos meus pais, Paulo Braga Neto e
Teresinha de Jesus Rocha Braga, pelo apoio e
incentivo constantes nos estudos, pois não
mediram esforços para proporcionar aos seus
filhos o acesso à educação.
Aos meus filhos, Sophie Rocha Freitas e Pietro
Rocha Freitas, razão do meu viver.
AGRADECIMENTOS
1
Podemos ter três principais objetos no estudo da verdade: um, de descobri-la quando a buscamos; outro, de
demonstrá-la quando a possuímos; o último, de discerni-la com os fatos quando a examinamos.
RESUMO
Dans le cadre de cette recherche, il est proposé d’élaborer une Organisation Didactique-
Mathématique (ODM) d'enseignement et d'apprentissage des calculs d’aire, en utilisant la
technologie de la Réalité Augmentée (RA), dans group des élevès d'Ingénierie Électrique de
l'UFMA, avec l’objectiv de faire les élèves à comprendre la notion d’aire comme une
grandeur, car, dans le processus d’apprentissage de ce contenu dans l’Éducation de la Base,
on a vu qu’ils ne font pas la distinction entre l’aire et le surface. La Question Directrice était:
« Comment concevoir une organisation didacto-mathématique permettant d'étendre
l'équipement praxéologique sur le calcul de l’ l’aire?», la recherche a été développée
conformément aux Méthodologies de Développement (ARREDONDO; LLAMAS, 2014). Ce
processus s'est déroulé en trois phases, à savoir: la conception théorique-conceptuelle;
conception théorique- méthodologique; et la conception et l’application d’une Organisation
Didactique permettant aux étudiants d’étendre leur Équipement Praxéologique sur le calcul de
l’aire, en s’appuyant sur les cadres théorico-méthodologiques de la Théorie Anthropologique
du Didactique (TAD), qui ont soutenu la conception du Parcours d’Études et de Recherche
(PER), ainsi que l'application des tâches et l'analyse des données; et l’approche de la Gènese
Instrumental, qui nous a permis d’analyser l’utilisation de la technologie de la Réalité
Augmentée dans l’apprentissage du calcul de l’aire; et théorico-conceptuel de la Théorie de la
Représentation Sémiotique, qui a permis d'analyser l'appréhension des étudiants pour des
représentations sémiotiques de la notion de l’aire en tant que grandeur. Pour la conception et
l'application d'une Organisation Didactique permettant aux étudiants d'étendre leur
Équipement Praxéologique à propos du calcul de l’aire, les travaux qui abordent le calcul de
l’aire aux différents niveaux d'enseignement ont été étudiés à travers l'analyse de la la
construction du Modèle de Référence Épistémologique (MER) et du Modèle Épistémologique
Dominant (MED), respectivement dans les livres didactiques et les documents institutionnels
relatifs au calcul de l’aire; et parallèlement, le Système Didactique S(X, Y; Q) a été lancé afin
de permettre aux étudiants de comprendre la différence entre surface et l’aire, divisée en trois
étapes: l’enquête, réalisée en appliquant questionnaires; l'instrumentalisation, qui s'est
déroulée en deux moments, le premier consistant en une formation à l'utilisation de la Réalité
Augmentée, et le second, à l'installation d'un software de développement en Réalité
Augmentée; et le troisième, l'instrumentation, avec la résolution des tâches, sans et utilisant la
Réalité Augmentée. Les données obtenues dans le cadre de la recherche nous ont permis
d’identifier et d’élargir l’Équipement Praxéologique (EP) des étudiants en relation avec le
calcul de l’aire, ce qui était possible avec l’utilisation de la technologie RA, ainsi que de
proposer um layout du MER afin que, dans une continuité ultérieure, étude, ce MER est
consolidé.
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 16
2 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO............................................... 23
2.1 A Didática da matemática e a transposição didática ............................................ 23
2.2 A Teoria antropológica do didático – TAD ........................................................... 24
2.2.1 Noções das relações praxeológicas ............................................................................ 25
2.2.2 Técnica(), tecnologia (θ) e teoria() ........................................................................ 27
2.2.3 Praxeologia ................................................................................................................ 29
2.2.4 Noções do percurso de pesquisa ................................................................................ 31
2.2.4.1 O Modelo epistemológico dominante (MED) e o modelo epistemológico de
referência (MER) ....................................................................................................... 34
2.2.4.2 Noções de tarefas ....................................................................................................... 38
2.3 Abordagem instrumental ........................................................................................ 39
3 REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL ...................................................... 45
3.1 A Noção de área ao longo da história ..................................................................... 45
3.2 A Noção de área no contexto atual ......................................................................... 56
3.3 A Teoria dos registros de representação semiótica e a aprendizagem
matemática................................................................................................................ 60
3.4 O Uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC) no processo de
ensino e aprendizagem ............................................................................................. 66
3.4.1 As Tecnologias da informação e comunicação (TIC) ................................................ 67
3.4.2 As Tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) ................................ 70
3.5 A Realidade virtual e a realidade aumentada no processo de ensino e
aprendizagem ........................................................................................................... 71
3.5.1 A Realidade virtual .................................................................................................... 71
3.5.2 A Realidade aumentada ............................................................................................. 76
3.5.2.1 O Software vuforia ..................................................................................................... 86
4 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA: uma experiência no curso de
Engenharia Elétrica ................................................................................................. 92
4.1 Caracterização da pesquisa ..................................................................................... 93
4.1.1 Situando a pesquisa .................................................................................................... 93
4.1.2 O Universo da pesquisa: o curso de Engenharia Elétrica da UFMA ......................... 95
4.1.3 Os Sujeitos da pesquisa .............................................................................................. 96
4.1.4 Os Instrumentos e as técnicas de pesquisa ................................................................. 97
4.2 O Percurso ................................................................................................................ 98
4.2.1 O PER solitário: X = 0, S(Y;Qπ) .............................................................................. 100
4.2.1.1 Cálculo de área: o modelo epistemológico de referência (MER) nos livros didáticos
da educação básica ................................................................................................... 101
4.2.1.1.1 O Ensino fundamental ............................................................................................... 102
4.2.1.1.2 O Ensino médio......................................................................................................... 103
4.2.1.1.3 Análise das abordagens sobre noção de área presentes nos livros didáticos (LD) ... 105
4.2.1.2 Cálculo de área no curso de Engenharia Elétrica da UFMA .................................. 116
4.2.1.3 Aplicabilidade do cálculo de área no campo de atuação do engenheiro elétrico .... 117
4.2.2 O PER: o sistema didático S (X, Y; Q) ..................................................................... 119
5 RESULTADOS E ANÁLISES ............................................................................... 130
6 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 149
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 155
APÊNDICE 01 - QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO SOBRE CÁLCULO DE
ÁREA ....................................................................................................................... 173
APÊNDICE 02 - QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO SOBRE CÁLCULO DE
ÁREA ....................................................................................................................... 175
APÊNDICE 03 - QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO SOBRE CÁLCULO DE
ÁREA ....................................................................................................................... 177
APÊNDICE 04 - QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO SOBRE CÁLCULO DE
ÁREA ....................................................................................................................... 178
APÊNDICE 05 - TIPO DE TAREFA (T1): CALCULAR A ÁREA DA
PLANTA BAIXA .................................................................................................... 180
APÊNDICE 06 - TIPO DE TAREFA T2: CALCULAR A ÁREA DA PLANTA
BAIXA COM O USO DA RA ................................................................................ 182
ANEXO 01 - RELATO TÉCNICO – DESENVOLVIMENTO DE
APLICAÇÃO DE REALIDADE AUMENTADA DE PLANTA BAIXA ......... 185
ANEXO 02 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCRARECIDO . 187
ANEXO 03 – PLATAFORMA BRASIL............................................................... 188
ANEXO 04 – CARTA DE ANUÊNCIA ................................................................ 189
16
1 INTRODUÇÃO
E mais uma vez, não souberam responder, disseram apenas que a área do retângulo é
base vezes altura, mas não conseguiram associar que a base desse retângulo correspondia ao
comprimento da circunferência. Após intervirmos, os alunos responderam à questão
solicitada.
Constatamos, assim, que basta a figura geométrica ser um pouco mais complexa,
para os alunos encontrarem dificuldades na resolução do cálculo de sua área.
Nesse contexto, surgiu o insight, de utilizar a tecnologia Realidade Aumentada no
ensino de cálculo de área, a fim de possibilitar ao aluno, não só o estabelecimento de relações
entre o abstrato e o concreto, como também a reflexão sobre o processo de desenvolvimento
do cálculo em si. Dessa forma, alvoreceu uma ideia do nosso objeto de pesquisa: a relação do
aluno com a construção de área.
QUESTÃO: De que forma conceber uma organização didático-matemática que
possibilite aos alunos ampliar seu Equipamento Praxeológico acerca do cálculo de área?
OBJETIVO: Desenvolver uma organização didático-matemática com o intuito de
levar os alunos à compreensão da noção de área como grandeza.
TESE: Uma organização didático-matemática, com o uso da realidade
aumentada, amplia o Equipamento Praxeológico do aluno.
Iniciamos, portanto, o processo de construção do objeto de pesquisa, que ocorreu da
seguinte forma: no primeiro passo, fizemos um levantamento acerca do número de pesquisas
realizadas no Brasil sobre a aprendizagem do cálculo de área no ensino superior nos cursos de
Engenharia, a fim de compreender a relevância desse estudo para o campo da Didática da
Matemática, no catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – CAPES, abrangendo os períodos entre 2010 e 2017 (BRASIL,
[2018]).
Para o levantamento, utilizamos o indexador “cálculo de área”, e obtivemos o
seguinte resultado geral: 62 dissertações de mestrado, e nenhuma tese de doutorado, num
período entre 2010 e 2017; no tópico Grande Área de Conhecimento, no quesito Engenharias,
18
2 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
Iniciamos esse subitem trazendo uma contribuição dada por Almouloud (2008)
quando escreveu uma resenha do livro “Elementos de Didática da Matemática”, do autor
D’Amore (2007). Segundo Almouloud (2007, p. 123), essa obra apresenta uma
fundamentação teórica da Didática da Matemática “a partir das análises de seus campos de
investigação, de sua articulação com outras ciências e das principais referências de pesquisas
desenvolvidas nesta área.” Acrescenta ainda que na obra é tratado os elementos fundamentais
para a Didática da Matemática, tais como, modelos, linguagem, campos, dentre outros.
Destaca também que no segundo capítulo da obra, intitulado “Didática da
Matemática como Epistemologia da Aprendizagem Matemática”, o autor D’Amore (2007)
torna Didática da Matemática como sendo “a epistemologia da aprendizagem (ou seja,
pesquisa empírica, fixando a atenção na fase da aprendizagem).” (ALMOULOUD, 2007, p.
124). Após a descrição desse capítulo fomos à fonte da obra, de D’Amore (2007), para
identificar como é definida a Didática da Matemática.
O autor D’Amore (2007, p. 97), então define Didática da Matemática, como sendo “a
disciplina científica e o campo de pesquisa cujo objetivo é o de identificar, caracterizar e
compreender os fenômenos e os processos que condicionam o ensino e a aprendizagem da
Matemática.” D’Amore (2007, p. 97) ainda define Educação Matemática, como sendo um
“[...] sistema social complexo e heterogêneo que inclui teoria, desenvolvimento e prática
relativo ao ensino e aprendizagem da Matemática. Inclui a Didática da Matemática como
subsistema.” Na Didática da Matemática, segundo D’Amore (2007), o objetivo seria a
descrição, a explicação e a predição dos sistemas didáticos, enquanto que o objetivo da
Educação Matemática seria resolver problemas em situações e contextos dados.
Dentre as principais teorias desenvolvidas no contexto da Didática da Matemática,
falaremos brevemente sobre a Teoria da Transposição Didática, e das teorias que embasaram
24
[...] um conteúdo de saber que tenha sido definido como saber a ensinar, sofre, a
partir de então, um conjunto de transformações adaptativas que irão torná-lo apto a
ocupar um lugar entre os objetos de ensino. O ‘trabalho’ que faz de um objeto de
saber a ensinar, um objeto de ensino, é chamado de transposição didática.
resultantes de uma produção coletiva em que esse professor participou, mas que ele assume
como sua.
A base dessa teoria está no entendimento de que tudo é objeto (O), em especial as
instituições (I) e as pessoas (X). Para Chevallard (1992, p. 127), os objetos:
Observamos que de forma genérica qualquer coisa pode ser um objeto (O). Para
Chevallard (1992) um objeto existe a partir do momento em que uma pessoa (X) ou uma
instituição (I) o reconhece como existente para ela. Chevallard (1992, p. 127) esmiúça quando
diz que o objeto (O):
[...] existe para X (respectivamente, para I) se existir um objeto, que denotarei por R
(X, O) (resp. R (O)), a que chamarei relação pessoal de X com O (resp. relação
institucional de I com O). Por outras palavras, o objeto O existe ao menos para uma
pessoa X ou para uma instituição I, isto é, se pelo menos uma pessoa ou uma
instituição tiver uma relação com esse objeto.
2
A função logarítmica é, evidentemente, um objeto matemático (CHEVALLARD, 1992, p. 127).
3
Ferramentas utilizadas para descrever e estudar outros objetos matemáticos (ALMOULOUD, 2007, p. 113)
4
Apresentam propriedades utilizadas para resolver alguns problemas, sem contudo adquirir o status de objeto de
estudo ou de ferramenta para o estudo de outros objetos (ALMOULOUD, 2007, p. 113).
26
conhecimento, o conhecer o objeto (O), feita por Chevallard (1992), ele denomina de
antropologia do conhecimento ou antropologia cognitiva.
Chevallard (1992) além de descrever a noção de objeto, de conhecimento do objeto,
já apresentadas nos parágrafos anteriores, ainda apresenta o conceito de instituições. Ele
explica o conceito de instituição, enfatizando-a como a personagem central da sua Teoria. A
escola é uma instituição, assim como uma sala de aula, até mesmo ‘trabalhos orientados’
também são instituição. Há também a instituição ‘curso’, a instiuição ‘familia’, e até mesmo a
vida quotidiana, situada num dado meio social, são instituição. O mesmo ocorre ao estado
amoroso, numa dada cultura etc. A cada instituição (I) está associado:
[...] um conjunto de objetos (O) chamado conjuntos dos objetos institucionais para
(I) que é o conjunto dos objetos (O) que I conhece, ou seja, para os quais existe uma
relaçao institucional R (O). Um objeto (O) é institucional para I ou, dito de outro
modo, existe para I, quando I define uma relação (institucional) com O.
(CHEVALLARD, 1992, p. 129).
[...] conjunto O1 depende de t = t1, e a notação O1(t1), seria por isso mais exata. Com
efeito, o conjunto O1(t1), registra algumas das alterações que afetam I: a cada
instante t, surgem novos objetos institucionais, enquanto outros desaparecem, (para
passarem a ser institucionalmente visíveis, por exemplo, apenas a partir de I). O
mesmo acontece com as relações institucionais, Ri (O, t).
ele, há aprendizagem para a pessoa (X), relativamente ao objeto O quando R i (X, O) se altera.
Em outras palavras dizemos que se Ri (X, O) não se altera então significa dizer que X ‘nada
aprendeu’.
Ressaltamos que não há pressuposto que a instituição (I) manifeste uma intenção de
fazer com que as relações pessoais de X com determinados objetos se altere cognitivamente.
Para Chevallard (1992) é o fato de X se tornar um sujeito de I que introduz, se tal for o caso,
alterações cognitivas que, eventualmente, farão de X um ‘sujeito adequado’ de I.
As noções de técnica (), tecnologia (θ) e teoria () permitem modelar práticas
sociais em geral e, em particular a atividade matemática. Chevallard (2002) insere a atividade
matemática nas demais atividades humanas, pois diante de uma atividade é preciso saber
resolvê-la. “Como resolver essa atividade”? Daqui gera-se uma praxeologia (veremos mais
detalhado no próximo subitem), e para tanto é preciso ter uma técnica ou construí-la
justificada por uma tecnologia e que também deve ser justificada por uma teoria. Segundo
esse autor toda prática institucional pode ser analisada sob diferentes maneiras em um sistema
de tarefas, onde o cumprimento da tarefa resultará no desenvolvimento de uma técnica.
Almouloud (2015) diz que para produzir técnicas é preciso que se tenha uma tarefa
efetivamente problemática que vai estimular, pelo menos uma técnica, que irá resolver a
questão colocada pela tarefa. Essas técnicas produzidas são organizadas para que funcionem
regularmente na instituição. Conforme Chevallard (2002) assim será obtido um bloco
“prático-técnico”, formado por um Tipo de Tarefas T, e por uma tarefa t, ou seja, o “saber-
fazer”. Ainda de acordo com esse autor Chevallard (2002, p. 3) um “saber-fazer”, identificado
por uma tarefa e uma técnica, não é uma entidade isolada porque toda técnica exige, em
princípio, uma justificativa, isto é, um “discurso lógico” (logos) que lhe dá suporte, chamado
de tecnologia. A tecnologia, segundo ele, descreve e justifica a técnica como uma maneira de
cumprir corretamente uma tarefa. E esse autor complementa quando diz que toda tecnologia
precisa também de uma justificativa, ou seja, a teoria da técnica.
Segundo Chevallard, Bosch e Gascon (2001), as organizações pontuais se agregam
em organizações locais, centralizadas em uma determinada tecnologia. Depois, as
organizações locais se agregam em organizações regionais, formadas em torno de uma teoria.
As organizações regionais se agregam formando o que se denomina organização global.
Quanto às tarefas, Almouloud (2015, p. 13) acrescenta quando diz que são:
28
Observamos que para uma determinada tarefa, geralmente, existe pelo menos uma
técnica ou um número limitado de técnicas reconhecidas na instituição que problematizou
essa tarefa.
Outro exemplo que podemos analisar: para realizar a tarefa de se ter que organizar,
por exemplo, as gavetas da cômoda, o indivíduo usa uma determinada técnica, que pode ou
não estar justificada. Ao ser questionado sobre como se deve organizar as gavetas, o indivíduo
vai buscar justificar sua ação expondo a técnica por ele criada ou aprendida, e, ao utilizar a
técnica considerando suas necessidades pessoais, a transforma em tecnologia, e, para tanto,
desenvolve uma “teoria”.
Citamos outro exemplo, agora referente ao conteúdo de área. Vejamos a seguinte
situação:
Dada a figura 2, como mostra a seguir, calcular a área.
Figura 2 – Retângulo S
ii. Se a superfície S tem interior não vazio, então, F(S) 0 se S tiver interior vazio
F(S) = 0
iii. Para toda isometria G do plano e toda superfície S em P, teremos:
F(g(S)) = F(S)
A Aplicação F pode ser definida pela escolha de uma unidade. Essa unidade pode ser
qualquer figura, por exemplo, um quadrado A de lado l, ou seja, F(A) = 1.
Vamos considerar o seguinte exemplo:
Consideremos a unidade quadrados de lado 1 e o retângulo S de lados a, b.
Assim, F(S) = n, onde n é a quantidade de quadrados de lado 1 em S, conforme
mostra a figura 3.
Figura 3 – Retângulo
Então temos que F(S) = n pode ser substituído pela forma F(S) = a. b.
Nesse sentido, fica explícito que a área é uma função.
2.2.3 Praxeologia
praxeologias e de fragmentos praxeológicos de que essa pessoa dispõe para ativar, a qualquer
momento, quando necessário, sob certas condições e restrições. Ele designa também o termo
“universo cognitivo” (UC) da pessoa que, segundo o autor, é entendido como resultante das
movimentações de praxeologias que a pessoa realiza ao longo do tempo sobre seu EP.
Sob esse olhar, Andrade (2012), infere que a relação de uma pessoa com um dado
saber matemático, existe quando a pessoa realiza uma praxeologia com esse saber em uma
instituição. Vale destacar que, segundo esse autor, a relação institucional e as relações de
pessoas que vivem em uma instituição relativa a um dado objeto matemático determinam-se
mutuamente nas dinâmicas dos interesses, intenções institucionais e pessoais que vivem na
instituição, dando forma e sentido às praxeologias.
Esmiuçando e retomando o termo praxeologia, temos que a junção das palavras
gregas praxis e logos formam essa palavra que pode ser descrita (figura 4) por meio das
componentes tarefa (t) – técnica (), que dizem respeito ao saber - fazer, e à tecnologia (θ) e
teoria (), que constituem o saber. Praxeologia seria, portanto, representada pela quádrupla [t
/ / θ/].
Figura 4 – Praxeologia
O Percurso de Estudo e Pesquisa, mais conhecido como PER (figura 5), do original
em francês “Le Parcours d’Études et Recherche”, foi caracterizado por Chevallard (2011)
pela formulação de uma questão que ele denomina de “questão geratriz Q o”, para ele o PER
tem início a partir dessa questão Qo que tem a capacidade de gerar outras Q1, Q2, Q3 Qn, e
ainda complementa dizendo que essas questões devem ser sob as condições e restrições
32
grupo. Para tanto, essas questões precisarão de um maior aprofundamento de estudos que
poderão levar à construção das OM e OD desejadas.
Para Chevallard (2011) o PER se constitui em um sistema didático a partir do
sistema S (X, Y, Qo) formado em torno da questão Qo, em que X é um “grupo de estudo”5, Y
é um conjunto, podendo ser unitário, daquele que tem o papel de ajudar os estudos, o
“coordenador do estudo”6. O resultado do trabalho que se espera de X, sob a orientação de Y,
possa produzir a reconstrução de OM e OD. Para entendermos melhor esse sistema
Chevallard (2009) apresenta em sua obra, o esquema herbartiano7:
[S(X,Y;Qo) → M] →R♥
5
Pode ser de alunos, de professores, de pesquisadores, etc. (CHEVALLARD, 2009).
6
Pode ser professor, tutor, coordenador de pesquisa, etc. (CHEVALLARD, 2009).
7
Em homenagem ao filósofo alemão e fundador da pedagogia, Johann Friedrich Herbart (1776-1841).
(CHEVALLARD, 2009).
8
Tradução nossa: meio.
34
processos didáticos. Em cada pesquisa, é utilizado certo modelo para que seja descrito e
analisado o modelo epistemológico dominante na instituição do docente em questão. Ainda
sobre o MER, Sierra Delgado (2006, p. 9) afirma:
as OM já existentes. O MER vai permitir demonstrar possíveis condições que facilita ou até
mesmo, dificulta o acesso ao estudo de uma determinada OM, por meio de sua descrição e
análise.
Ferreira (2014, p. 58) afirma que os modelos epistemológicos quando construídos
visam “proporcionar elementos necessários para descrever, interpretar e analisar fragmentos
de OM que se reconstrói e, na medida do possível, o correspondente fragmento (OD)
estabelece as condições dessa construção em busca de respostas a questão Q.”
O MER é um instrumento que questiona o que está posto no MED, ele auxilia a
descrição e análises desse modelo nas instituições de ensino, que é o que propomos aqui em
nossa pesquisa. E para tanto, fazemos uma breve análise dos documentos que são referências
para o fazer didático, tais como, o livro didático, o plano de ensino, dentre outros.
O MED possibilita a observação na instituição pesquisada, em nosso caso, a
universidade, uma vez que as práticas didáticas são norteadas pelos documentos ora
mencionados.
Nesse sentido, é que propomos o PER como um sistema didático/metodológico, à
resposta da TAD, e ao problema da desarticulação entre tarefas e técnicas desenvolvidas em
torno da organização matemática - cálculo de área, numa turma de alunos do curso de
graduação em Engenharia, com o objetivo de construir o layout de um Modelo
Epistemológico de Referência (MER) para permitir a construção de OM e OD, levando em
consideração os modelos epistemológicos existentes na instituição, nesse caso, a universidade.
O cálculo de área é a organização matemática de análise, a ser investigado por meio do PER.
Um dos conteúdos que daremos ênfase é o de Luminotécnica, presente na disciplina
Instalações Elétricas do 7º período do Curso de Engenharia Elétrica da UFMA. Sua escolha se
justifica pela presença, dessa organização matemática, o cálculo de área, tema do presente
estudo e, pelo fato de tal conteúdo ser a base para o estudo de Luminotécnica, ou seja, para se
projetar a instalação elétrica de uma casa, por exemplo, é preciso que o engenheiro, antes de
calcular a distribuição elétrica, bem como o número de lâmpadas de um determinado
ambiente, deve, primeiramente, calcular a sua área, segundo a NBR 5410/2004.9
Retomando sobre o PER, ele se estabelece a partir de uma questão geratriz que se
constitui em: como fazer a construção de uma OM/OD, entendida como um conjunto
estruturado de tarefas, que respondem a questões determinadas, com forte grau de integração
9
Esta Norma estabelece os valores de iluminâncias médias mínimas em serviço para iluminação artificial em
interiores, onde se realizem atividades de comércio, indústria, ensino, esporte e outras. (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004). Vale destacar que há uma mais recente, a 5895-1/2013.
38
Calcular a área do retângulo T2: Uma placa de grama retangular tem área de
50cm x 100cm. Determine quantas placas de
grama serão necessárias para cobrir um terreno
de 9m x 15m de área?
T1: Determine o comprimento do lado de um
quadrado cuja área vale 49m²
Determinar a área do quadrado T2: Um terreno tem forma quadrada, de lado, 20
m. Calcule a área desse terreno.
Fonte: Autoria própria (2019).
É oportuno destacar que a tarefa (t) está associada a um tipo de tarefas (T). Por sua
vez Andrade (2012) declara que não há regras para se especificar um tipo de tarefas (T) e suas
tarefas (t), o que pressupõe a complexidade existente na diferenciação e estabelecimento do
que sejam as tarefas e o tipo de tarefas associados.
É necessário garantir pelo menos uma forma de resolver uma tarefa (t) que pertença a
um Tipo de Tarefas (T), a essa forma de resolver será denominada de técnica (), como já
mencionado anteriormente. Vale destacar que é importante observar que não existe uma só
forma de resolver, existe pelo menos uma, ou seja, deve existir pelo menos uma técnica ()
relativa ao tipo de tarefas (T) e não apenas a uma tarefa específica.
39
Como diz Andrade (2012), há uma imbricação entre o tipo de tarefas e a técnica, o
que revela o jeito de fazer. Acrescenta Chevallard (1996) que a técnica () pode se mostrar
limitada para resolver todas as tarefas do mesmo tipo, o que requer um trabalho sobre a
técnica (), a isso ele denomina de alcance da técnica. Se uma técnica não é suficiente para o
enfrentamento de uma tarefa do mesmo tipo, então se faz necessário elaborar outra técnica,
uma que seja mais abrangente, ou seja, uma tarefa pode ser ou não problemática. Ela só será
problemática se o aluno não tiver o domínio sobre uma técnica para resolvê-la.
A tarefa Fundamental, conforme Andrade e Guerra (2014, p. 1219) é “o dispositivo
didático constituidor de meios para responder questões problemáticas sobre uma organização
matemática-didática.” Em outras palavras, a Tarefa Fundamental seria como detonador de um
dispositivo metodológico, o PER, no nosso caso, foi desenvolvido no curso de Engenharia. A
Tarefa Fundamental, em nossa pesquisa é “Distribuir as luminárias num espaço físico”.
É oportuno dizer que não há uma definição fechada para a Tarefa Fundamental, pois
o que existe é ela como gênese, ela desencadeia, a priori, como propõe a pesquisa de tese de
Andrade (2012), e nós, em nossa pesquisa, damos um novo ressignificado a ela, onde a Tarefa
Fundamental tem como objetivo final.
10
A Ergonomia Cognitiva refere-se aos processos mentais, tais como percepção, memória, raciocínio e resposta
motora conforme afetem as interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Aqui
destacamos a interação homem e computador. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA, [201-?]).
40
Rabardel (1995) afirma que o modelo SAI pode orientar e auxiliar o professor a
desenvolver uma tarefa em sala de aula, organizá-la melhor para atingir o objetivo proposto.
Esse mesmo autor destaca que o instrumento como ente mediador, entre o sujeito e o objeto,
possui duas orientações: a orientação objeto-sujeito, o instrumento é o meio que permite o
conhecimento do objeto, enquanto que a orientação sujeito-objeto, o instrumento é o meio da
ação transformadora dirigida sobre o objeto.
Ele ainda declara que, quanto à compreensão do instrumento, este pode ser entendido
com base em duas dimensões, são elas: a dimensão entidade intermediária, na qual o
instrumento é o mediador da relação sujeito-objeto, além de se adaptar ao sujeito e ao objeto.
E acrescenta dizendo que esse processo de adaptação é dado em termos de propriedades
materiais, cognitivas e semióticas, e na função do tipo de tarefa; e na dimensão meio de ação,
o instrumento pode ser visto sob três formas diferentes: como instrumento material
(transformação do objeto), instrumento psicológico (uma decisão cognitiva) e instrumento
semiótico (na interação semiótica com um objeto semiótico ou outro), ou seja, o instrumento
se apresentará em uma dessas formas dependendo da natureza da ação (RABARDEL, 1995).
Bittar (2011, p. 161) afirma que: “[...] à medida que o sujeito continua a manipular o
instrumento, vai construindo novos esquemas que vão transformando o instrumento. Estes
esquemas são modificados pelo sujeito de acordo com suas necessidades.” Segundo Rabardel
(1995, p. 95), o instrumento é uma entidade mista com dois componentes, ele diz que, por um
lado, o artefato é produzido para o sujeito, e por outro, os esquemas de utilização associados
são resultantes de uma construção própria do sujeito ou de uma apropriação de esquemas de
utilização já existentes. A partir do momento que o sujeito começa a conhecer o instrumento,
44
começa então a desenvolver novos esquemas e vai se organizando e integrando novas funções
a esse instrumento, que aos poucos vão se modificando. Vale ressaltar que cada sujeito
constrói e modifica seu próprio instrumento.
Tomemos, como exemplo, o caso do software da Realidade Aumentada. Vamos
considerar um professor que para ele o software é desconhecido. Ao entrar em contato com
esse recurso tecnológico que não conhece, não sabe manipular e nem sabe por onde começar,
para esse professor, esse software é um artefato. À medida que ele começa a conhecer o
recurso, descobre como é seu funcionamento e elaborar situações de uso do software, o
professor, segundo Bittar (2011) está desenvolvendo e agregando ao artefato esquemas de
utilização e, então, o artefato é transformado, para este professor, em instrumento. Quanto
mais ele usar este instrumento, mais esquemas podem ser construídos, agregados ao software
e o professor terá, então, um novo instrumento.
Esses esquemas desenvolvidos pelo sujeito, segundo Rabardel (1995) podem ser
esquema de uso ou esquema de ação instrumentada. O primeiro se refere às tarefas ligadas
diretamente ao artefato (clicar num aplicativo na tela do computador), o segundo se refere às
tarefas ligadas ao objetivo da ação (aprender a usar as ferramentas do aplicativo para realizar
a tarefa). Esse último esquema, vão se constituindo em técnicas que permitem resolver
eficientemente algumas tarefas.
Vale ressaltar que num determinado momento o esquema de ação instrumentada para
um sujeito poderá se transformar em um esquema de uso. A técnica que passa a ser
automatizada para o sujeito pode ser interpretada como esquema de uso. O processo de
elaboração do instrumento pelo sujeito é o que Rabardel (1995) chama de gênese
instrumental. Nesse processo de gênese instrumental, Rabardel (1995, p. 111), descreve que:
3 REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL
geométrico. Esses registros foram encontrados em uma tábua11 que estava enterrada no solo
dessa civilização.
A China é uma civilização que surgiu no vale do rio Amarelo (figura 13), esse rio
também conhecido como Huang He ou Huang Ho, é o segundo mais longo rio da China e é de
grande importância para a economia chinesa, pois o seu vale tem terras férteis. Os chineses
exploravam problemas contextualizados sobre agricultura, engenharia, mensuração de terras e
propriedades de triângulos. Eles utilizavam de peças semelhantes ao tangran no qual
conhecemos hoje, para apresentar relações entre as áreas de figuras planas. Na manipulação
dessas peças era possível ver a obtenção de polígonos de formatos diferentes, mas com
mesma área. Os chineses como também os egípcios apresentaram regras para as áreas de
triângulos e trapézios, mas que não foram demonstradas (LESSA, 2017).
11
“A tábua (encontrada em 1762 a.C) é organizada em uma série de 15 linhas cortadas por 4 colunas. De acordo
com os pesquisadores da UNGS (Universidade da Nova Gales do Sul), na Austrália, a tábua usa o 60 como
número básico. O numeral pode ter ajudado os antigos babilônios a derivar integrais, em vez de frações. [...]
Os pesquisadores especulam que a tábua fora usada para mapear áreas ou construir edifícios. Por exemplo,
sabendo a altura e a largura de um monumento, os antigos engenheiros poderiam calcular as medidas exatas
necessárias para construir as rampas de elevação.” (GIBBENS, 2017, não paginado).
47
O Egito é uns pais do nordeste da África, numa região desértica, cortada no sentido
sul norte por um estreito e fértil vale por onde corre o rio Nilo. Os egípcios, por viverem
próximo ao rio Nilo, desenvolveram o conhecimento geométrico, devido às grandes cheias.
Em outras palavras, Foi necessário desenvolver o cálculo de área, pois quando a região do
solo era inundada pela água, acabava alterando a demarcação das terras, e essa civilização
dependia das margens do rio para sua subsistência. Há indícios históricos de que os sacerdotes
do Antigo Egito eram também os coletores de impostos, cuja incumbência era a demarcação
das terras que eram devastadas pelas enchentes do rio Nilo. A partilha das terras era
diretamente proporcional aos impostos pagos. Assim, é enraizada nessa necessidade humana
de calcular áreas, que nasce a geometria egípcia, vindo a se desenvolver, posteriormente, na
Grécia (LESSA, 2017).
Conforme Boyer (1974) surge com os egípcios à noção de figuras como o retângulo,
quadrado e o triângulo. Esse mesmo autor ainda afirma que os egípcios conheciam as
fórmulas usuais do cálculo de áreas dos polígonos.
A afirmação de Boyer (1974) se dá com base na pesquisa realizada pelo egiptólogo
escocês A. Henry Rhind, que analisou papiros12 encontrados cerca de 1650 a.C, que
apresentam vários problemas geométricos que envolviam área, com suas respectivas soluções.
Conforme figura 14.
12
Tais papiros receberam a denominação do Egiptólogo escocês A. Henry Rhind, que foi quem os adquiriu e os
analisou. Eles continham oitenta e cinco (85) problemas copiados do escriba Ahmes de um trabalho mais
antigo (BOYER, 1974).
48
Segundo Eves (2011, p. 75), 26 dos 110 problemas registrados nos papiros são de
Geometria, sendo a maioria deles decorrentes de fórmulas de mensuração necessárias para
calcular áreas de terras e volumes de celeiros.
Em um dos papiros Rhind, identificou-se que o cálculo de área de um retângulo pode
ser desenvolvido multiplicando-se a base pela altura. Ainda segundo Boyer (1974), nesse
documento foram encontrados problemas de geometria que utilizam a composição e
decomposição de figuras.
Num desses papiros foram encontrados registros do geômetra Euclides de
Alexandria,13 que foram referentes à Geometria e os publicou em sua obra intitulada “Os
Elementos.” Em sua obra, Euclides entendeu que a coincidência de duas figuras planas por
superposição era um passo intermediário para concluir a igualdade de suas áreas, ou seja, duas
figuras que coincidem por superposição são congruentes. Ele também enuncia que triângulos
com bases iguais situados entre as mesmas paralelas são figuras equivalentes, assim ocorre
também para os paralelogramos com bases iguais situados entre as mesmas paralelas, que
também são figuras equivalentes, logo, terão a mesma área. Em outras palavras, podemos
dizer que duas figuras são equivalentes quando têm a mesma área.
13
“É desapontador, mas muito pouco se sabe sobre a vida e personalidade de Euclides, salvo quem foi ele.
Segundo parece, ele foi o criador da famosa e duradoura escola de matemática de Alexandria da qual, sem
dúvida foi professor. Desconhecem-se também a data e o local de seu nascimento, mas é provável que sua
formação matemática tenha se dado na escola platônica de Atenas.” (ÁVILA, 2003, p. 12). Ptolomeu
(começou a governar efetivamente o Egito e escolheu Alexandria como sua capital), construiu a Universidade
de Alexandria e convidou homens de saber à sua cidade, dentre eles, Euclides, possivelmente também oriundo
de Atenas e nasceu provavelmente por volta do ano 300 a.C., foi escolhido para chefiar o departamento de
matemática. Ficou conhecido com Euclides de Alexandria, e também como o Pai da Geometria.
49
Outra contribuição que podemos citar da obra de Euclides, cujos seus registros
também foram encontrados nos papiros Rhind, foi o problema de número 51 que, como
afirma Boyer (1974) a área de um triângulo isósceles era achada tomando a metade do que
conhecemos hoje como base e multiplicando isso pela altura. Também são encontrados nesses
registros a justificativa de que esse triângulo isóscele pode ser pensado como dois triângulos
retângulos, que, ao serem posicionados de forma oposta, formam a figura de um retângulo,
conforme mostra a figura 15:
O problema 52, que consta nesses mesmos papiros, trata, segundo Zarco ([199-], p.
68, tradução nossa) sobre a área de um trapézio isósceles de base maior 6, base menor 4 e
distância 20. Para resolver esse problema, “calcula-se a média aritmética das bases, de forma
que se transforme em um retângulo e o multiplica pela distância 20”. Conforme Lessa (2017)
foi utilizado o mesmo raciocínio do problema de número 51 (figura 16), supracitado:
Para Boyer (1974), essas transformações dos triângulos e dos trapézios isósceles em
retângulos, dão início à formação de uma teoria de congruência e da ideia de demonstração
em geometria. A geometria dos babilônios e egípcios era utilizada para a resolução de
50
problemas que solucionassem as necessidades prática dos povos dessas civilizações, como
afirma Lessa (2017), era de natureza empírica.
Dando continuidade às civilizações antigas, falamos agora sobre a Grécia. A Grécia é
um país localizado no sul da Europa. O país está estrategicamente localizado no cruzamento
entre a Europa, a Ásia, o Oriente Médio e a África (figura 17). A Grécia é o local de origem
de grandes princípios científicos e matemáticos.
Sendo r o raio do círculo dado, e l a incógnita. Para determinar l tal que l² = π . r², ou
seja, l/r = π
O problema se resume em determinar a constante, que nesse caso é π
A impraticabilidade da quadratura do círculo, fazendo uso apenas de régua e
compasso, foi irrefutavelmente demonstrada.
Na matemática grega, destacamos Tales de Mileto14 (600 a. C.), que inicia uma
geometria demonstrativa, logo depois, Pitágoras de Samos (570-496 a.C.),15 que conceitua
área relacionando-a com o teorema que leva seu nome, mais conhecido como Teorema de
Pitágoras (a + b)² = a² + b²+ 2ab. Vale destacar que Eves (2004) afirma que esse teorema
possivelmente já era conhecido pelos povos que antecederam Pitágoras.
E na sequência, voltando a falar de Euclides, que recolheu todas as obras de Tales,
Pitágoras, Platão e dos gregos e egípcios que o precederam, deixando sua contribuição
matemática em sua obra “Os Elementos”, que, segundo Lessa (2017), foi uma das obras mais
discutidas pelos matemáticos, deixando um dos mais respeitáveis frutos da história da
humanidade, sobretudo para os assuntos da geometria. Essa é composta por 13 volumes, com
465 proposições, onde Euclides reuniu em um sistema coerente e compreensível tudo o que se
sabia sobre a matemática daquela época, dentre as quais, as principais descobertas
geométricas. Reuniu os principais frutos da geometria dedutível, e é oportuno dizer que desses
volumes, seis referem-se à geometria plana e elementar.
14
Tales de Mileto (623 a.C. – 556 a.C.), provavelmente descendente de fenícios, nasceu na antiga colônia grega
Mileto, região da Jônia, atual Turquia. Na matemática, mais precisamente na área da geometria, a partir de
demonstrações dedutivas, apresentou teorias sobre: a semelhança dos triângulos e as relações sobre seus
ângulos; as retas paralelas; e a propriedade das circunferências. (BEZERRA, [200-?]).
15
Pitágoras (582 – 497 a. C.) foi um matemático e filósofo grego. Autor do “Teorema de Pitágoras”: “Em um
triangulo retângulo, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos.” Desenvolveu
trabalhos na área da filosofia, música, moral, geografia e medicina. (FRAZÃO, 2018).
52
Figura 19 – Dois paralelogramos dispostos sobre mesma base e entre as mesmas paralelas
− Se duas figuras têm ‘conteúdo’ igual a uma terceira figura, elas têm ‘conteúdo’
igual entre si;
− Se pares de figura com ‘conteúdo’ igual são ‘somados’, no sentido de serem
juntados sem sobreposição, fazendo figuras maiores, então, estas figuras maiores
tem ‘conteúdo’ igual;
− O mesmo vale para a subtração, observando que a igualdade de conteúdo da
diferença não depende de onde as peças iguais foram removidas;
− Metades de figuras com ‘conteúdo’ igual tem ‘conteúdo’ igual. (Também, dobro
de iguais são iguais);
− O todo é maior que as partes, o que neste caso, significa que se uma figura está
contida totalmente em outra (não congruente) então, as duas figuras não podem ter
‘conteúdo’ igual (estabelece uma relação de ordem sobre a grandeza área).
Euclides em sua obra afirma que “todo triângulo pode ser ‘transformado’ em um
paralelogramo de igual ‘conteúdo’ (mesma área). Todo paralelogramo pode ser
‘transformado’ em um quadrado de ‘conteúdo’ igual.” (MOREIRA, 2010, p. 25). Ou seja,
sucessivas transformações de figuras em outras figuras de áreas equivalentes. Nessa
perspectiva, os gregos eram capazes de dimensionar a área de qualquer figura plana.
“Euclides manipula com áreas e segmentos como operamos expressões algébricas criando,
podemos dizer, uma álgebra geométrica.” (MOREIRA, 2010, p. 25).
A matemática grega ficou em evidência, segundo Boyer (1974), num período
compreendido de 600 a.C. a 600 d.C., especialmente nos territórios da Jônia, Itália e
Alexandria; esses e outros povos contribuíram para o conhecimento de descobertas
geométricas. Boyer (1974) cita como exemplo o do matemático Al-Khawarizmi16 (780 d.C.)
que, em seu resumo do cálculo por restauração e comparação, analisa e resolve as equações
do segundo grau por considerações geométricas de áreas de um quadrado; com base na sua
obra, criaram-se novos procedimentos para determinar área e volume.
Fazendo um breve resumo cronológico sobre o percurso do estudo da geometria,
temos que, no período composto entre os séculos XII e XV, destaca-se a obra de Fibonacci,
em 1220, com o título Practica Geometriae. Nessa obra, ele traz uma coletânea de materiais
sobre geometria e trigonometria, numa abordagem hábil com um enfoque no rigor euclidiano.
Logo em seguida, no século XVI, temos os matemáticos Christopher Clavius (1537-1612) e
Pietro Antonio Cataldi (1548-1626), que publicaram uma edição de Os Elementos, de
Euclides. Mais tarde, por volta do século XVII, à definição de área reapareceu, e com ela, os
problemas de quadratura. Esses problemas tratavam de comparar, segundo suas áreas, duas
16
Mohamed ibn Musa al-Khwarizmi, possivelmente nasceu em Khwarezm, uma região da Ásia central que
agora faz parte do Turcomenistão e do Uzbequistão. Na vida adulta, viveu em Bagdá, situada no atual Iraque,
onde trabalhou na Casa da Sabedoria, um centro de pesquisas científicas. Lá ele estudou as obras de sábios
árabes, gregos e indianos. Al-Khwarizmi criou novas maneiras de solucionar problemas matemáticos. Um dos
livros que ele escreveu explicava o sistema de soluções que hoje é chamado de álgebra. Essa palavra originou-
se da expressão árabe al-jabr, que aparece no título do livro. Dos séculos XII ao XVI, esse livro foi usado no
ensino de matemática nas universidades europeias. (BRASIL, 2018).
54
figuras planas, cuja área de uma é supostamente conhecida. Por conseguinte, esse problema é
retomado, mas com um novo olhar, onde buscou-se, então, comparar as áreas de figuras
planas, sabendo-se que a área de uma delas é conhecida. Esse problema é resolvido pelo
campo da Álgebra (figura 20).
Os estudos desenvolvidos ao longo dos tempos sobre área de figuras planas, segundo
Lessa (2017), também contribuíram para o surgimento do Cálculo Diferencial e Integral no
final do século XVII, com contribuições relevantes para a organização matemática - área.
O século XVIII, conforme Miorim (1998, p. 42 apud LESSA, 2010) foi aquele que
“sucedeu o século em que a Matemática grega havia sido superada” e “precedeu o século do
desenvolvimento da geometria e do rigor matemático.” Nesse século, em 1737, Leonhard
Euler (1707-1783) chamou de π (pi) a constante que Euclides sabia que correspondia à razão
entre o comprimento da circunferência e o seu diâmetro, independente da circunferência
tomada, mas que Euclides não tratou em seu livro, Os Elementos, de estimar o valor dessa
constante. A denominação π (pi) se mantém até os dias de hoje.
E logo depois, no século e XIX, as descobertas geométricas foram retomadas. Boyer
(1974) afirma que esse século foi considerado como a idade de ouro da Matemática.
Nesse século, destacamos os matemáticos Giusepp Peano (1858-1932), David
Hilbert (1862-1943) e George David Birkhoff (1884-1944). Eles retomaram os postulados de
Euclides e perceberam que os dados propostos pelos teoremas eram insuficientes para serem
provados. Vale destacar que o matemático alemão David Hilbert deu uma grande contribuição
para a geometria. Ele publicou uma obra em que apresenta uma teoria de área rigorosa,
formalizando a noção de medida de área como: uma correspondência entre a noção
geométrica de “igual conteúdo (usado por Euclides, mas sem definição”, com a noção
55
17
Henri Léon Lebesgue (1875-1941) foi um matemático francês. Lebesgue, em 1901, apresenta pela primeira
vez sua ideia de integral e na segunda, em 1902, discute mais profundamente suas ideias acerca da noção de
medida e integração (GAMBERA, 2017).
56
que encontramos hoje nos livros didáticos, um Tipo de Tarefa (T) do tipo: “Decomponha a
figura do retângulo em dois triângulos retângulos”, é reflexo das contribuições deixadas pelas
civilizações antigas e que hoje são transformadas em tarefas, com o propósito do aluno
compreender a definição de área.
Atualmente, a noção de área tem sido discutida tanto nacionalmente como também
internacionalmente. Desde as francesas, como Douady e Perrin-Glorian (1989), Baltar (1996)
até os autores brasileiros, em especial Facco (2003), Baldini (2004) e Nunes (2011).
Apresentamos brevemente sobre as contribuições dos autores citados e que
estudamos para nortear a noção de área que será utilizada como base referencial na presente
pesquisa.
Comecemos pelas pesquisadoras francesas Régine Douady e Marie-Jeanne Perrin-
Glorian (1989) que desenvolveram uma pesquisa com alunos de 9 a 12 anos, motivadas pelos
resultados obtidos a partir dos erros que eles obtiveram em suas avaliações sobre áreas de
superfícies planas. Em sua pesquisa, foram identificadas limitações por parte dos alunos no
que se refere à concepção de área de figuras planas. Segundo Douady e Perrin-Glorian (1989),
entre os erros cometidos, destacam-se as compreensões sobre as concepções geométricas e as
concepções numéricas. Esses erros decorreram da dificuldade dos mesmos em distinguir: área
de superfície e área de números.
A pesquisa dessas autoras baseou-se nas seguintes hipóteses: a primeira é
desenvolver o conceito de área como grandeza ajuda os alunos a estabelecer relações entre os
quadros geométricos e numéricos; e a segunda é que uma identificação precoce entre as
grandezas e os números levam os alunos a fazer confusões entre comprimento e área.
Conforme Nunes (2011), na elaboração do processo de aprendizagem de área, as
autoras francesas propõem criar condições necessárias para uma apropriação consciente do
lugar ocupado por uma superfície em um plano.
Douady e Perrin-Glorian (1989) afirmam que para definir aplicação medida entre
superfície e número é preciso construir o conceito de área como grandeza e distinguir área de
superfície, assim como, área de medida de área. E também diferenciar os conceitos de área e
perímetro.
Compreender a definição de área, no discurso matemático, que permite comparar e
medir o espaço ocupado pela superfície é segundo Facco (2003, p. 23), “Fundamentarmo-nos
57
para os planos prático e teórico de conteúdos referentes à área, a fim de evidenciar problemas
relacionados às propriedades matemáticas, voltadas à resolução de medidas.”
A partir das análises, as autoras distinguem três polos: o polo geométrico (como as
superfícies de um plano - o retângulo, triangulo etc.), polo grandeza (composto por classes de
equivalência de superfícies de mesma área) e polo numérico (composto pelas medidas das
superfícies planas – números positivos).
No polo geométrico as autoras distinguem dois pontos geométricos sobre a superfície
e a forma como relacionam: o estático (utilização de recorte e colagem que contempla uma
superfície, utilização de fórmulas etc.) e o dinâmico (privilegia os efeitos das ações sobre as
superfícies, por exemplo, pode ser explorado como o auxílio de softwares geométricos, com o
uso de um ambiente informatizado).
Para elas, segundo o autor Nunes (2011) a interação dos pontos de vista estático e
dinâmico é necessária na conceituação da grandeza área e na dissociação com o comprimento.
Já Baltar (1996) ampliou a proposta de Douady e Perrin-Glorian (1989), abordando o
conceito de área focando a passagem da grandeza unidimensional para bidimensional. Baltar
(1996) diferencia área de perímetro sob dois pontos de vista: o topológico (a área corresponde
ao interior da superfície e perímetro ao seu contorno) e das variações (a modificação da área
implica necessariamente na alteração do perímetro).
Baltar (1996 apud NUNES, 2011, p. 109) diz que “Duas superfícies podem ter a
mesma área sem apresentar, necessariamente, o mesmo perímetro, assim como, podem ter o
mesmo perímetro sem, necessariamente, a mesma área.” Ou seja, superfícies de formas
diferentes podem ter perímetros diferentes.
Baltar (1996) coloca que a construção da noção de área como grandeza autônoma
consiste em dissociar área de forma e distinguir área de números. Uma vez que, superfícies de
formas diferentes podem ter a mesma área, assim como, uma mesma área pode satisfazer a
números diferentes se ocorrer a mudança da unidade de área. A autora também afirma que
comparar áreas de duas superfícies significa dizer que essas áreas pertencem à mesma classe
de equivalência.
Ainda Baltar (1996) expõe ainda uma lista de teoremas que ela denominou de
teorema em ação com o intuito de dar sentido à definição de área. Vejamos três, dentre outros:
a área é um espaço ocupado por uma superfície; a área é o número de ladrilhos necessários
para recobrir uma superfície; a área é o número obtido pela aplicação de uma fórmula. A
autora faz a ressalva que é preciso o entendimento adequado das variáveis perímetro e área, e
afirma que é indispensável para a concepção da definição de área enquanto grandeza.
58
Acrescenta ainda que para dar sentido à definição de área, ela propõe três classes de situações
que são a de comparação (comparação se estabelece no quadro das grandezas); de medidas
(estão situadas no quadro numérico e na mudança da grandeza ao número através da escolha
da unidade de medida) e; de produção de superfícies (se sobressaem no campo geométrico).
Destacamos as contribuições de Douady e Perrin-Glorian (1989), e Baltar (1996),
agora citaremos outros autores que tiveram em suas pesquisas o estudo referente ao objeto
matemático (área), dentre esses estudos temos as de: Facco (2003), Baldini (2004) e Nunes
(2011).
Esses pesquisadores desenvolveram, em suas investigações, uma Sequência Didática
para ser aplicada com alunos ou com professores, a exemplo de: Douady e Perrin-Glorian
(1989), Baltar (1996), Facco (2003), Baldini (2004) e Nunes (2011), sendo que esses dois
últimos, desenvolveram, além da sequência didática, um estudo usando o ambiente da
geometria dinâmica.
A autora Facco (2003) teve sua fundamentação teórica apoiado em Douady e Perrin-
Glorian (1989) e na Teoria de Registros de Representações Semióticas de Duval (1985). A
sua pesquisa teve como objetivo estudar os fenômenos que interferem no processo de ensino-
aprendizagem da definição de área no ensino fundamental. Propõe um ensino da definição de
área como grandeza, propõe também atividades em que os alunos estabeleçam a diferença
entre área e perímetro. A autora também desenvolveu uma proposta de ensino para os
professores e alunos do ensino fundamental (6º ao 9º ano) por meio de uma Sequência
Didática, no intuito de investigar se os alunos sabiam definir área e se sabiam reconhecer as
formas. Foram explorados os conceitos de área e perímetro.
Facco (2003) utilizou materiais manipulativos para que os alunos fizessem o
reconhecimento das figuras e definissem área. Para essa análise, a autora utilizou o argumento
de Duval (1995), ao afirmar que não é possível estudar os fenômenos relativos aos
conhecimentos sem recorrer à representação. Assim, como nas pesquisas de Douady e Perrin-
Glorian (1989) e Baltar (1996), Facco (2003) identificou que os alunos apresentaram
dificuldades em dissociar área de perímetro e que essa dificuldade se deve ao problema
localizado no quadro geométrico e numérico. É oportuno também ressaltar que, em sua
pesquisa, a autora constatou que o professor de matemática que se apoia em livros didáticos,
acaba introduzindo a definição de área como um número associado a uma superfície e, logo
em seguida, passa para as fórmulas do cálculo de áreas.
Facco (2003) também explorou em sua pesquisa figuras com formatos curvilíneos.
Nessa atividade, o aluno utilizou a técnica da decomposição e recomposição de figuras planas.
59
Por fim, após suas análises, Facco (2003) constatou que, é importante abordar a definição de
área como grandeza, sendo esta uma estratégia de ensino do tema área de figuras planas e/ou
conteúdos que se relacionam à área. O professor deve estimular os alunos a perceberem que
existem figuras de mesma forma e com áreas diferentes, figuras de formas diferentes com
áreas iguais.
Já Baldini (2004), baseou-se na Teoria das Situações Didáticas desenvolvida por
Brousseau (1986). Sua pesquisa teve como objetivo investigar se uma sequência didática
utilizando o software Cabri-Géomètre II pode contribuir para a construção dos conceitos de
área e perímetro. Como metodologia, utilizou a Engenharia Didática de Artigue (1998). Para
sua pesquisa, estabeleceu como hipótese um software de geometria dinâmica, o Cabri-
Géomètre II, que segundo essa autora, esse software possibilita o estudo da geometria
elementar numa perspectiva próxima à do papel-e-lápis, além de explorar as propriedades das
figuras geométricas por meio de sua característica dinâmica. Também desenvolveu uma
Sequência Didática relacionada às construções e às medidas de área e perímetro. Em sua
análise, conclui que o enfoque computacional por intermédio, por exemplo, do software
Cabri-Géomètre II (objeto de sua pesquisa) pode ser atribuído ao processo de ensino de área e
perímetro, uma vez que contribui para dissociar perímetro de área, e contribui para a
construção desses conceitos. E conclui também que possíveis dificuldades dos alunos sobre o
tema podem estar relacionadas à ausência de metodologias adequadas.
Nunes (2011) também se baseou nas concepções de Douady e Perrin-Glorian (1989),
ao assumirem a área de figuras planas como uma aplicação medida F (como função). Para
isso, ele desenvolveu atividade nas quais a área foi tratada como grandeza autônoma, sem
relacioná-la, inicialmente, a um número. Em sua pesquisa, foram realizadas também
atividades que favoreceram a distinção entre área e superfície, assim como área e medida de
área, trabalhos com unidades de medidas diversificados, atividade de recorte e colagem,
dentre outras. Também foram desenvolvidas atividades que possibilitaram a distinção e a
interação entre os pontos de vista estático e dinâmico, anunciado pelas autoras Douady e
Perrin-Glorian (1989). No ponto de vista dinâmico, foi explorado o uso do software Geogebra
com propostas de atividades de rotação e translação de um quadrado na tela do computador e
invariância de área com variância de perímetro e vice-versa, e claro, evidenciando a distinção
entre essas definições.
O pesquisador Nunes (2011) elegeu a prática da argumentação como objeto de
pesquisa e adotou os pressupostos teóricos de Toulmin (2006) para desenvolver a pesquisa.
Como metodologia, foram utilizados os pressupostos da Engenharia Didática de Artigue
60
diz que “Não são acessíveis de modo imediato, somente suas diferentes representações o são.”
Vale destacar que a possibilidade de efetuar tratamentos sobre os objetos matemáticos
depende diretamente do sistema de representação semiótico utilizado.
A representação semiótica vai desempenhar um papel de suma importância na
atividade matemática. Sendo assim, Bernd (2016) afirma que “Os registros de representações
semiótica proporcionam um olhar atento às recorrentes e necessárias conversões nas formas
de representação de objetos matemáticos e a importância destas conversões.”
Nessa perspectiva Duval (2003) desenvolve a Teoria dos Registros de Representação
Semiótica onde trata de discussões dos processos cognitivos da aprendizagem de matemática.
Conforme esse autor, se faz necessário significar representações semióticas de um objeto.
Na matemática, a palavra ‘representar’ é bastante utilizada para a compreensão dos
conceitos matemáticos. Por exemplo, um símbolo ‘representa’ um objeto matemático - pode
ser um número, uma função etc. Um traçado ‘representa’ um objeto matemático - pode ser um
segmento, um ponto etc. Duval (2012, p. 268) afirma que “A distinção entre um objeto e sua
representação é, portanto, um ponto estratégico para a compreensão da matemática.” É
oportuno dizer que os objetos matemáticos não devem ser confundidos com a representação
que se faz dele. Ainda, Duval (2012, p. 269) define as representações semióticas como sendo
as “Produções constituídas pelo emprego de signos pertencentes a um sistema de
representações que tem inconvenientes próprios de significação e de funcionamento.” Essas
representações são essenciais às atividades cognitivas do pensamento. As representações
desempenham um papel no desenvolvimento das representações mentais, na realização de
diferentes funções cognitivas e na produção de conhecimento.
Para Duval (2012) é essencial, na atividade matemática, poder mobilizar muitos
registros de representação semiótica (figuras, gráficos, escrituras simbólicas, língua natural
etc.) no decorrer de um mesmo passo, poder escolher um registro no lugar de outro.
Ressaltamos que os objetos matemáticos não devem ser confundidos com suas
representações, mas devem ser reconhecidos em cada uma de suas representações.
No funcionamento cognitivo do pensamento, destacamos aqui duas palavras:
semiose18 (apreensão de uma representação semiótica) e noesis 19 (apreensão conceitual de um
objeto). Essas palavras são ligadas entre si.
18
Semiose descreve e analisa a estrutura de processos semióticos sem se importar na base de que suporte
material tais processos podem acontecer, ou em que escala podem ser observados — no interior de células
(citosemiose), entre plantas (fitosemiose), no mundo físico (fisiosemiose), em comunicação animal
(zoosemiose), ou em atividades consideradas como tipicamente humanas (produção de notações,
metarepresentações, modelos, etc). (QUEIROZ, 2004, p. 10).
62
O sistema semiótico para que seja um registro de representação deve permitir três
atividades cognitivas ligadas a semiose: A formação de uma representação identificável
(como exemplo citamos - desenho de uma figura geométrica, expressão de uma fórmula), essa
formação pode ser comparada a realização de uma tarefa de descrição; o tratamento é uma
transformação interna a um registro, citamos o cálculo é uma forma de tratamento próprio das
expressões simbólicas (cálculo numérico, cálculo algébrico etc.) ou a reconfiguração que é
um tipo de tratamento particular para as figuras geométricas: é uma das numerosas operações
que dá ao registro das figuras o seu papel heurístico;a conservação é uma transformação
externa ao registro de início - o registro da representação a converter; Citamos a descrição
que é a conversão de uma representação não verbal (esquema, figura, gráfico) em uma função
linguística.
Conforme Duval (2003), existem dois tipos de transformações de representações:
a) tratamentos: transformações que ficam dentro do mesmo sistema, como a
resolução de uma equação;
b) conversões: transformações que mudam de sistema, mas contemplando o mesmo
objeto, como a passagem da linguagem algébrica para a geométrica.
Trazemos aqui o exemplo que Duval (2012, p. 273, grifo nosso), que traz em seu
artigo para compreendermos melhor o que significa tratamento.
19
Noesis é um pensamento intuitivo e não proposional. (SILVA, 2016).
63
Para tanto, deve-se elevar os alunos a uma condição de tomada de conscientização mais
global e, para tal, são necessárias atividades de ensino mais específicas.
Nesse viés, ele descreve três tipos de atividades extremamente diferentes: a primeira
atividade concerne à apreensão das representações semióticas; a segunda atividade à
aprendizagem de tratamentos próprios de uma certa categoria de registros e; a terceira
atividade concerne o modo de produção de representações complexas.
Apresentaremos a segunda atividade que fala das apreensões observadas por Duval
(2012) e que embasaram esse trabalho de pesquisa. Apresentamos um exemplo que envolve
figuras geométricas, vamos nos prender ao tratamento perceptivo ou ao tratamento
matemático. As atividades de construção de figura são atividades que privilegiam a formação
de representação de um objeto matemático. Essas atividades levam, deste modo, a considerar
as figuras geométricas como figuras matemáticas, que dizer, como representações onde é a
denotação que conta e não a significação propriamente perceptiva ou operatória. Conforme
Duval (2012) pode-se dizer, nestas condições, que as atividades de construção “ensinam a
ver”, isto é, permitem descobrir, mobilizar e controlar a produtividade heurística das figuras.
para a segunda. Dentre os possíveis fatores para estas dificuldades, acreditamos que a
representação gráfica utilizando ambientes de geometria dinâmica – no nosso caso, o
instrumento Realidade Aumentada – poderia ser uma alternativa à escrita à mão livre ou
mesmo com poucos instrumentos facilitadores, como régua e compasso.
As pesquisas em Educação Matemática, segundo Palles e Silva (2012), têm indicado
algumas tendências, principalmente, a respeito da influência da tecnologia no pensamento
visual e dos aspectos semióticos e representacionais na visualização matemática. É neste
contexto que inserimos a proposta de atividade que apresentamos nessa pesquisa, na qual
propomos a utilização da Realidade Aumentada no ensino de conceitos do objeto matemático
(área), buscando observar a compreensão dos alunos na passagem da representação algébrica
para a gráfica, analisando a utilização matemática das figuras geométricas que naturalmente
mobilizam os quatro modos de apreensão supracitados.
Em suma, na sequência, permite separar, na análise da resolução de um problema,
dois tipos de transformação de representação semiótica como colocados por Duval (2012) são
radicalmente diferentes: as conversões e os tratamentos. Enfim, permite ainda compreender
porque o entendimento dos objetos e dos conceitos em matemática começa, somente, no
momento em que o aluno é capaz de mobilizar e de coordenar espontaneamente dois registros
de representação para um mesmo objeto (DUVAL, 2003, 2012). Obtêm-se, assim, as bases de
um modelo cognitivo de funcionamento do pensamento que leva em conta todos os problemas
suscitados no ensino de matemática.
Nesta pesquisa, assim como nas de Douady e Perrin-Glorian (1989), Baltar (1996) e
na dos pesquisadores referenciados, adotamos a noção de área como grandeza. Adotamos
também as teorias de Duval (2003, 2012) relacionadas às representações semióticas de
conteúdo e as apreensões que ocorreram durante a resolução das tarefas propostas em análise.
falar de outra denominação para a sociedade da informação, termo que indica que a sociedade
idealizada fora alcançada, transformando-se em sociedade do conhecimento.”
O que se percebe de comum entre essas duas denominações (a Informacional e a do
Conhecimento), são as relações entre o homem, a informação, o conhecimento e a tecnologia.
Vivemos numa sociedade em que as informações circulam rapidamente, as tecnologias que
também avançam rapidamente e as pessoas que cada vez mais anseiam por mais informações.
A contemporaneidade exige cada vez mais que o professor se qualifique, se capacite,
que possa aperfeiçoar as metodologias utilizadas em sala de aula de modo que seus alunos
possam interagir mais, se motivar mais, sempre buscando o conhecimento por métodos de
aprendizagem variados. Ainda nesse contexto, é preciso que o professor se reconstrua a cada
dia, se atualizando para acompanhar a rapidez com que o conhecimento evolui.
Para Oliveira e Bottentuit Junior (2016, p. 205):
E ainda, segundo Bottentuit Júnior (2007), é preciso que se ensine aos alunos a
transformar dados em informação e informação em conhecimento. Ressaltamos que não se vai
aqui usar as tecnologias a qualquer custo, mas sim proporcionar o acesso a elas de forma
deliberada e consciente, a fim de possibilitar que os alunos acompanhem o processo contínuo
de transformação das civilizações, que questiona profundamente as formas institucionais, as
mentalidades e a cultura dos sistemas educacionais tradicionais, e, sobretudo os papéis de
professor e de aluno. Braga (2012, p. 15) afirma que:
Nessa nova era, o que falar dos jovens que a vivenciam? Diferente dos jovens de
épocas anteriores, esses do século XXI, não sofrem apenas as transformações comuns a todas
as épocas, como as alterações de estilos (moda), de vocabulário etc. Toledo e Magalhães
(2012, p. 2) afirmam que:
Nesse contexto falaremos brevemente sobre o estudo das gerações que segundo
Kullock (2010) pode ser conceituado por indivíduos que nasceram em uma mesma época
vivenciando um mesmo contexto histórico, o qual determina atitudes e comportamentos,
impactando, consequentemente, na evolução da sociedade.
A primeira geração a surgir foi a Geração X que surgiu logo após a Segunda Guerra
Mundial (meados do século XX), depois veio a Geração Y, nascidos entre 1977 e 1992, em
seguida, a Geração Z, nascidos entre 1993 e 2009, e a mais recente, a Geração Alpha, os
nascidos a partir de 2010 (TOLEDO; ALBUQUERQUE; MAGALHÃES, 2012).
Em nossa pesquisa focaremos na Geração Z, na qual seus representantes são aqueles
que estão finalizando a educação básica e muitos deles, podem estar nas universidades.
A Geração Z é, conforme Obregon et al. (2016), formada por indivíduos
constantemente conectados através de dispositivos portáteis, sempre antenados com a internet.
O “Z” vem de “zapear”, ou seja, trocar os canais da TV de maneira rápida e constante com
um controle remoto, em busca de algo que seja interessante de ver ou ouvir ou ainda por
hábito. “Zap”, do inglês, significa “fazer algo muito rapidamente” e também “energia” ou
“entusiasmo”.
E como chamar esses jovens que estão “Ao todo vapor conectados dia e noite a
internet”? Prensky (2001), no artigo “Digital natives, digital immigrants”20 denomina de
nativos digitais as crianças que nascem no mundo digital; e de imigrantes digitais, os
indivíduos que tem receio ao manusear o computador ou outro recurso tecnológico. Os
nativos digitais são todos falantes nativos da linguagem digital dos computadores, vídeo
games e internet.
É um desafio para o professor, que veio da geração anterior a Z, desenvolver sua
prática docente em que ele sabe que seu aluno está mergulhado no mundo virtual. E como
dizem Ehle e Richter (2015) a geração Z chegava às salas de aula conhecendo não os itens,
como conexões de internet, photoshop, redes sociais, solicitando maior velocidade de
conexão, falando de fibra ótica, enfim um mundo conectado. E complementa Cherubim
(2012) quando diz que atualmente ocupando as classes de ensino fundamental e médio, a
“geração Z” acabou com o reinado das aulas expositivas. Já não bastam intercalar conteúdos e
exercícios: para atrair a atenção dos jovens, a tecnologia é a principal aliada dos professores.
20
“Digital natives, digital immigrant”, traduzindo para o Português, significa “Nativos digitais, imigrantes
digitais”, foi publicado em 2001, é um dos mais citados em publicações na área de educação e tecnologia, de
acordo com o Instituto para a Informação Científica dos Estados Unidos.
70
A Realidade Virtual – RV parece ser algo novo para nós do século XXI, porém se
originou por volta de 1950, mais precisamente em 1957, quando pela primeira vez foi
concebida a imersão dos sentidos do usuário em um mundo virtual tridimensional. Essa foi
uma das primeiras tentativas de simulação do mundo real e isso ocorreu por meio do uso do
Sensorama de Morton Heilig, inventado nesse ano, mas patenteado em 1962 (PLANT;
MURRELL, 2007). Esta máquina permitia a imersão a uma só pessoa (figura 22).
72
atualizado em tempo real pode criar uma ilusão do entorno e o usuário toca e movimenta
objetos virtuais.
Para o acesso à RV são necessários equipamentos especais, tais como capacete, luva,
óculos, dentre outros. A possibilidade de o usuário interagir com um ambiente virtual
tridimensional realista em tempo-real, segundo Kirner e Tori (2006), torna a interação mais
rica e natural, propiciando maior engajamento e eficiência. Acrescentam ainda que a RV pode
ser:
a) imersiva (figura 23): quando o usuário é “transportado” para o mundo virtual por
meio de dispositivos multissensoriais (capacete, por exemplo) que capturam seus
movimentos e reagem a esses dispositivos;
b) não-imersiva (figura 24): quando o usuário é “transportado parcialmente” para o
mundo virtual por meio de, por exemplo, um monitor, mas continua a sentir-se no
mundo real.
No que diz respeito à educação, a RV, conforme Ribeiro e Zorzal (2011), pode
constituir um elemento motivador, bem como despertar a atenção do aluno. Destacamos aqui
o apanhado que eles Ribeiro e Zorzal (2011, p. 101) fizeram das principais características de
alguns autores que emitiram suas opiniões sobre as diversas vantagens do uso desse recurso
no âmbito educacional, destacam-se:
Como era de se esperar, a RV pode auxiliar os alunos em suas pesquisas nas diversas
áreas de Ciências e da Matemática, ajudando também a explorar novos conhecimentos, e a
compreender melhor os conceitos científicos. Porém, é importante que se destaque que não só
o aluno que irá se beneficiar com o uso da RV, mas o professor também. Vejamos (figura 28)
alguns benefícios da RV nas áreas de Ciências e da Matemática.
21
É um Sistema de Realidade Virtual que apresenta uma coleção de ambientes virtuais que visa auxiliar alunos e
professores na compreensão de conceitos científicos, principalmente relativo a Química e a Física (COSTA,
2009). O projeto Science Space pode ser acessado pelo link www.virtual.gmu.ed/vrhome.htm
77
por computador, e os gráficos representados em 3D, ela ainda traz outras características
próprias, onde a principal delas é a de transportar o ambiente virtual para a realidade física.
No ano de 1838, bem antes do Sensorama,22 a máquina que permitiu as primeiras
sensações de RV, foi inventado o Estereoscópio (figura 29) por Charles Wheatstone. Este
aparelho, segundo Braga (2012), parece ter sido inspirador para a RA, pois esse “par de
óculos colocado a certa distância dos olhos, permite a combinação de duas imagens obtidas de
pontos de vista com pequena distância entre si.”
22
Filme em 3D que simulava a realidade, por volta de 1950 (GRAU, 2007).
78
23
Realidade Misturada pode ser definida como sobreposição de objetos virtuais tridimensionais gerados por
computador com o ambiente físico, mostrada ao usuário, com o apoio de algum dispositivo tecnológico, em
tempo real. [...] A Realidade Aumentada é um caso particular da Realidade Misturada, mas geralmente o
termo Realidade Aumentada tem sido usado de uma maneira mais ampla. (KIRNER et al., 2006, p. 30-31).
79
Figura 32 – (A) Instrutor e aprendiz numa situação de direção real com HMDs (b) cena de uma criança
atravessando e frente ao carro em tempo real
24
Ver links: http://info.geekie.com.br/realidade-aumentada-na-educacao/
80
25
Conhecido como Teoria Cognitiva, surgiu início do século XX, principalmente com os trabalhos de Jean
Piaget que acreditavam que o conhecimento se dá por meio da interação do sujeito com o meio.
26
O sistema Construct3D trata de uma ferramenta colaborativa tridimensional projetada para ensino de
matemática e geometria (LINDEMANN, 2014).
81
27
PDA (Personal Digital Assistant), também conhecidos como Palmtop, designa um pequeno equipamento com
funcionalidades de computador. Apesar da sua pequena dimensão os PDA estão dotados de grande capacidade
de processamento, possuindo funções de agenda e de escritório, com a possibilidade de acesso à Internet e de
interconexão com computadores e com redes informáticas sem fios. Apesar do crescimento extremamente
elevado dos PDA, estes foram ficando gradualmente ultrapassados. (PEREIRA, 2019, não paginado).
28
O Ultra Mobile PC (UMPC) é um pequeno computador de mão com a capacidade de executar o sistema
operacional Windows. Embora esteja mais próximo do tamanho de um palmtop do que de um laptop, um
Ultra Mobile PC oferece mais funcionalidade do que um palmtop. Em 2006, o UMPC foi lançado como um
esforço colaborativo entre Microsoft, Intel, Samsung e vários outros fabricantes. Mesmo com especificações
aprimoradas, no entanto, a categoria UMPC está perdendo seu mercado em favor de tablets populares.
(TECHOPEDIA, [201-?], não paginado).
29
Smartphone é um telefone celular, e significa “telefone inteligente”, em português, e é um termo de origem
inglesa, são a evolução dos telefones comuns. São mais caros que os celulares, mas trazem tecnologias que
vão muito além de ligações e mensagens de texto. Geralmente são maiores em tamanho, com telas sensíveis
ao toque e possuem um sistema operacional complexo, como o Android, iOS ou Windows Phone. Em outras
palavras, são telefones com a complexidade tecnológica de computadores. (DANTAS, 2013, não paginado).
82
30
A tela sensível ao toque surge, de forma geral, como uma necessidade de desvincular-se de fios, componentes
e botões físicos, assim como elevar um simples telefone celular a outro patamar. Essa tecnologia evidencia-se
a partir do momento em que “a tela se impõe como uma interface generalizada aberta ao mundo, fornecendo
continuamente informações [...].” (LIPOVETSKY; SERROY, 2009, p. 257 apud PEDROZA; NICOLAU,
2015, p. 8).
83
31
A Renderização é a atividade de geração de imagens ou vídeos por meio de um computador. A renderização
de cenas tridimensionais (3D) é uma tarefa bem conhecida em diferentes tipos de aplicação, como jogos e
ambientes virtuais em geral. A partir de um modelo 3D são produzidas imagens baseadas nas informações
tridimensionais deste modelo, como geometria, ponto de vista, texturas e efeitos de iluminação. (SANTOS,
2009).
84
Figura 37 – Marcador
32
A unidade central de processamento (CPU) de um computador é uma peça de hardware que executa as
instruções de um programa de computador. Ele executa as operações básicas aritméticas, lógicas e de entrada /
saída de um sistema de computador. A CPU é como o cérebro do computador - cada instrução, por mais
simples que seja, precisa passar pela CPU.
85
Podemos citar pesquisas como essa de acessibilidade, uma delas seria a RA para uma
interface computacional de geração de AVA para surdos e mudos (VICENTINI et al., 2006).
No ensino superior, a RA vem sendo cada vez mais utilizada no processo de ensino
de diversas áreas, dentre as quais estão as Engenharias. De acordo com o Catálogo de Teses e
Dissertações da CAPES, no período compreendido entre 2014 e 2018, foram encontradas 95
pesquisas, entre dissertações e teses, que abordam a RA33 nas Engenharias como Grande
Área; e 63 pesquisas no quesito Engenharia Elétrica. No entanto, nenhuma delas aborda o
cálculo de área, como demonstrado na Introdução do presente trabalho.
Em suma, propomos utilizar a RA para contribuir no processo de ensino dos alunos
do Curso de Engenharia para melhor compreenderem a noção de área.
Falamos a seguir sobre o software que foi selecionado para desenvolver RA nessa
pesquisa.
A RA, como já vista, é a junção de elementos virtuais num cenário real, e para que a
RA seja possível, é necessário um dispositivo que tenha a capacidade de capturar um vídeo e
exibir o mesmo ao usuário em tempo real. Nesse dispositivo é utilizado um software que
insere os elementos virtuais, sendo que estes elementos podem ser manipulados pelo usuário,
seja na tela do dispositivo, ou pela interação com o elemento virtual.
Antes, só era possível a utilização da RA em computadores modernos, mas com a
evolução da tecnologia, hoje já é possível utilizá-la também em dispositivos móveis, tais
como Smartphones. Isso se dá pelo avanço da computação móvel e pelo aumento da
qualidade e da velocidade de processamento desses dispositivos.
Uma das vantagens de desenvolver RA em dispositivos como esses, é que há uma
grande quantidade desses aparelhos no mercado, que chegam mais facilmente às mãos dos
usuários, devido não só à sua popularidade e facilidade de manuseio e de transporte mas,
principalmente, devido ao seu baixo valor de compra, se comparados aos computadores
ultramodernos. Vale mencionar que esses dispositivos têm evoluído tanto, que têm adquirido
33
O indexador utilizado nessa busca foi “realidade aumentada”
87
34
O Android é uma pilha de software com base em Linux de código aberto criada para diversos dispositivos e
fatores de forma. O Android vem com um conjunto de aplicativos principais para e-mail, envio de SMS,
calendários, navegador de internet, contatos etc. Os aplicativos inclusos na plataforma não têm status especial
entre os aplicativos que o usuário opta por instalar. (DEVELOPER, [201-?], não paginado).
35
O Android SDK ou Kit de Desenvolvimento de Software para Android é um pacote com diversas ferramentas
utilizadas pelo Android e pelos desenvolvedores Android. (CORDEIRO, [201-?], não paginado).
36
Java é uma linguagem de programação e plataforma computacional lançada pela primeira vez pela Sun
Microsystems em 1995. (JAVA. [201-?], não paginado).
37
A linguagem C é uma linguagem de alto nível, genérica. Foi desenvolvida por programadores para
programadores tendo como meta características de flexibilidade e portabilidade. O C é uma linguagem que
nasceu juntamente com o advento da teoria de linguagem estruturada e do computador pessoal. Assim
tornou-se rapidamente uma linguagem “popular” entre os programadores. O C foi usado para desenvolver o
sistema operacional UNIX, e hoje está sendo usada para desenvolver novas linguagens, entre elas a
linguagem C++ e Java. (BRASIL ESCOLA, [201-?], não paginado).
38
O QR code (Quick Response) consiste de um gráfico 2D de uma caixa preto e branca que contém informações
pré-estabelecidas como textos, páginas da internet, SMS ou números de telefone. (COELHO, 2013, não
paginado).
88
39
Conhecido como um dos melhores sistemas operacionais do mundo, o iOS, desenvolvido pela Apple. Famoso
por sua segurança, estabilidade e confiança não é raro vermos episódios colocando o sistema como o melhor e
mais protegido do mundo. O iOS foi lançado originalmente em 2007 com o primeiro iPhone. (MEYER, 2018,
não paginado).
40
O Unity 3D se apresenta como um Game Engine, ou motor de jogo, mas na realidade é muito mais do que
isso. A ferramenta possui um estilo de programação e organização dos projetos todo especial, além de muito
simples. O Unity se propõe a ser um modelo para a criação de jogos de aventura. Tudo isso está permeado por
uma capacidade gráfica muito grande. (GASPAROTTO, 2014, não paginado).
89
Figura 39 – Marcadores em RA
Esses marcadores permitem também, segundo Zuñiga Torres (2008, p. 40), definir
um sistema de coordenadas espacial e a orientação dos objetos (do mundo real) a partir do
ponto de vista do usuário, para identificar alterações de posicionamento e sobrepor as imagens
virtuais nos objetos do mundo real de forma adequada. Zuñiga Torres (2008) complementa
ainda que existem mais de trinta marcadores, dentre esses, apenas seis foram adaptados para a
aplicação de RA em dispositivos móveis. Ele os divide em duas categorias:
a) database 2D Barcodes: citamos como exemplo, o QR Code (figura 40), o VSCode
e Data Matrix. Estes por sua vez, são utilizados junto com as câmeras dos
celulares para reconhecer e decodificar dados.
Ainda utilizamos o software Sweet Home 3D41 (figura 43), que também é gratuito e
de código aberto para uso em design de interiores, oferecendo uma série de recursos e
ferramentas para a criação de ambientes bi e tridimensionais, com o intuito de, inicialmente,
nos familiarizarmos com o uso de plantas em 3D, e nos orientarmos na aplicação de cálculo
de área, por exemplo, no conteúdo de Luminotécnica, onde o aluno da Engenharia Elétrica irá
calcular a área para definir o número de lâmpadas num determinado ambiente.
Em nossa pesquisa, como já mencionado, nosso aluno não precisa saber programar,
pois esses softwares são de fáceis manuseios.
Passemos agora para o próximo capítulo, onde descrevemos o desenvolvimento
metodológico de nossa pesquisa.
41
Sweet Home 3D é uma aplicação de design interior que ajuda você colocar suas mobílias em sua casa em um
plano 2D, com uma visualização em 3D. (SWEET HOME, 2019).
92
Nas investigações voltadas para a área da educação, é comum que as pesquisas sejam
qualitativas, haja vista se situarem no campo das relações humanas e sociais, e sua análise
ocorrer com fenômenos complexos, que não podem ser reproduzidos em laboratório
(MARTINS, 2004).
Segundo Polak et al. (2014), essa modalidade de pesquisa possui características
próprias, e usa categorização, descrição e narrativas para análise dos dados, e não números ou
estudos estatísticos. Por isso Martins (2004, p. 292) afirma que “[...] diante da diversidade de
perspectivas, o ‘fazer ciência’ não segue um único modelo ou padrão de trabalho científico.”
E complementa:
42
Instalações Elétrica: Ementa - O Sistema elétrico: abastecimento e distribuição. Planejamento da instalação:
levantamento da carga instalada, fatores de projeto, elaboração de projetos. Tecnologia dos componentes e
materiais empregados em instalações elétricas. Sistemas de aterramento. Proteções: contra choques, contra
sobrecorrentes, contra sub e sobretensões e contra descargas atmosféricas. Dimensionamentos. Instalações
para motores elétricos. Compensação de reativos. Luminotécnica. Controle, comando e sinalização de
circuitos de luz e força. Projeto e simulação por computador de subestação de consumidor. (UNIVERSIDADE
FEDERAL DO MARANHÃO, 2017).
43
A disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I é componente curricular obrigatório ofertado no primeiro
período do curso de Engenharia Elétrica. Assim, o convite feito aos alunos para participação na pesquisa
ocorreu quando a pesquisadora ministrou essa disciplina, ou seja, quando os alunos estavam cursando o
primeiro período. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, 2017).
97
4.2 O Percurso
área na Luminotécnica?
Sistema Didático S (X, Y; Q)
ETAPA PROCEDIMENTO OBJETIVO
SONDAGEM Aplicação de Verificar o EP dos alunos sobre
questionários QDCA1; cálculo de área, consequentemente
QDCA2; e QDCA3 sobre a noção de área.
TF: Distribuir as luminárias no espaço
ETAPA PROCEDIMENTO OBJETIVO
RESOLUÇÃO DE T1 Apresentação aos alunos Responder à TF
(t1 a t7) o conjunto de tarefas (T1)
Sistema Didático S (X, Y; Q)
ETAPA PROCEDIMENTO OBJETIVO
SONDAGEM Aplicação de Investigar o EP dos alunos sobre o
questionário QDRA artefato Realidade Aumentada
INSTRUMENTALIZA Reprodução de palestra Conhecer o artefato
ÇÃO sobre RA
4.2.1.1 Cálculo de área: o modelo epistemológico de referência (MER) nos livros didáticos
da educação básica
Percebemos, então, que tanto alunos quanto professores se veem envoltos entre a
necessidade de aprender e/ou ensinar a matemática, e as dificuldades que geralmente
enfrentam nesse processo, provenientes, provavelmente, da desarticulação entre tarefas e
44
Para a escolha dos livros didáticos analisados, utilizamos a técnica de amostragem não probabilística, cujas
amostras foram selecionadas por conveniência. Este tipo de amostragem é utilizado quando não se tem acesso
ao marco amostral, e a seleção dos elementos ocorre considerando o acesso. Nesse caso, o marco amostral
seria a lista de todos os livros didáticos disponibilizados para as instituições escolares na região metropolitana
de São Luís/MA. Segundo Oliveira (2001, p. 4), “a amostragem não probabilística pode ser usada quando a
obtenção de uma amostra de dados que reflitam precisamente a população não é o propósito principal da
pesquisa.”
102
técnicas. Ambos, professores e alunos comungam desses problemas que envolvem o ensino
da matemática, pois, além das dificuldades há muito expostas por vários teóricos e estudiosos,
como a falta de base dos alunos e a ênfase dada a teoria no processo de ensino, ainda tem que
lidar com as constantes mudanças no sistema educacional, motivadas por ações e projetos
políticos de grupos que se revezam no poder (PASSOS et al., 2007; NASCIMENTO et al.,
2018).
Ainda assim, muitos professores desenvolvem organizações didáticas no intuito de
promover uma maior participação dos alunos, e a interação entre teoria e prática, e, dessa
forma, garantir êxito no processo de ensino e aprendizagem da disciplina. No entanto, num
país de dimensões continentais como o Brasil, a uniformização de ações e até mesmo de
organizações matemáticas, fica bastante comprometida. Dessa forma, o livro didático ocupa
um papel fundamental especialmente nas escolas da rede pública, haja vista ser este, na
maioria dos casos, o único instrumento de acesso ao conhecimento que é garantido a todos os
alunos, tornando-se, dessa forma, o Modelo Epistemológico Dominante (MED).
Considerando tal afirmativa, buscamos analisar de que forma vem se dando, nos
livros didáticos da educação básica (ensino fundamental e médio), a apresentação da definição
de área e do cálculo de área, em comparação com o que dizem os documentos oficiais.
Destacaremos aqui o cálculo de área, pois estudos45 comprovam que não é suficiente
o aluno apenas aplicar fórmulas (usar a técnica) para calcular áreas de figuras planas, é
necessário que ele compreenda também a noção de área (domine a teoria).
45
Um desses estudos faz parte de nossas referências, citamos a de Nunes (2011) e de Perrin-Glorian e Douady
(1989).
103
46
Ou seja, o aluno vai dominar a técnica, sem o uso da teoria.
104
47
“O sócio-construtivismo é uma teoria que vem se desenvolvendo, com base nos estudos de Vygotsky e seus
seguidores, sobre o efeito da interação social, da linguagem e da cultura na origem e na evolução do
psiquismo humano. Segundo este referencial, o conhecimento não é uma representação da realidade, mas um
mapeamento das ações e operações conceituais que provaram ser viáveis na experiência do indivíduo.
Portanto, a aprendizagem é um resultado adaptativo que tem natureza social, histórica e cultural.” (BOIKO,
2001, p. 1).
105
4.2.1.1.3 Análise das abordagens sobre noção de área presentes nos livros didáticos (LD)
Em 1998, foi criado o Guia de Livros Didáticos por meio do PNLD (Plano Nacional
do Livro Didático) que traz sugestões de livros, em todas as áreas do conhecimento, para
todos os anos, aprovando ou não as obras selecionadas.
Vejamos o que diz o PNLD:
Verificamos que o PNLD 2016 considera que o livro vai contribuir para a formação
matemática autônoma do aluno, o professor fará a escolha adequada dos conteúdos, levando
em consideração os níveis desse aluno.
A implementação dessa abordagem para a análise de livros didáticos (LD), se dá da
seguinte forma, segundo Almouloud (2015): identificação dos tipos de tarefas: analisam-se
as atividades propostas nas diferentes partes do capítulo; identificação de técnicas: após a
identificação dos tipos de tarefas, procedesse à caracterização das técnicas que permitem
cumprir essas tarefas apoiando-se nos exercícios resolvidos e/ou na análise matemática das
situações propostas e; a identificação de tecnologias: construímos a tecnologia a partir da
análise dos comentários dos autores, do curso e eventualmente da análise do livro do
professor ou de análise matemática de situações propostas para consolidação da aprendizagem
(ALMOULOUD, 2015, p. 8).
106
Chevallard (1999) propõe alguns critérios para a avaliação dos tipos de tarefas, das
técnicas e do bloco tecnológico-teórico. Ele sugere que seja verificado se os critérios abaixo
elencados são atendidos:
O primeiro refere-se à avaliação de tipos de tarefas (T):
a) critério de identificação: verificar se os tipos de tarefas estão postos de forma
clara e bem identificados;
b) critério das razões de ser: verificar se as razões de ser dos Tipos de Tarefas estão
explicitadas ou ao contrário, esses tipos de tarefas aparecem sem motivos válidos;
c) critério de pertinência: verificar se os tipos de tarefas considerados são
representativos das situações matemáticas, mais frequentemente encontradas e se
são pertinentes tendo em vista as necessidades matemáticas dos alunos.
O segundo refere-se a avaliação das técnicas (): além de atender os mesmos
critérios dos T, ainda responde a algumas questões:
a) as técnicas propostas são efetivamente elaboradas, ou somente esboçadas?;
b) são fáceis de utilizar?;
c) sua importância é satisfatória?;
d) sua confiabilidade é aceitável sendo dadas suas condições de emprego?;
e) são suficientemente inteligíveis?
E o terceiro refere-se ao bloco tecnológico-teórico (θ): as observações são análogas
ao que se referem ao primeiro e ao segundo critérios. Além de responder as questões a seguir:
a) as formas de justificação utilizadas são próximas das justificativas
matematicamente válidas?;
b) elas são adaptadas ao problema colocado?;
c) os argumentos usados são cientificamente válidos?.
Para a escolha dos livros didáticos, foram selecionadas 2 coleções, uma do ensino
fundamental e uma do ensino médio, essa última, aprovado pelo PNLEM para 2018.
Após a seleção dos livros, optamos por categorizá-los, conforme mostra o quadro 4 a
seguir. Os critérios adotados foram: os livros do ensino fundamental eram pertencentes a
escola onde trabalhávamos e os do ensino médio, a escolha dessa coleção de livros se deu por
ser esta a que foi adotada nas escolas públicas da região metropolitana da cidade de São
107
Luís/MA, por meio do Plano Nacional do Livro para o Ensino Médio em 2016 (BRASIL,
2016).48
Os livros foram selecionados e discriminados assim (quadro 4):
Para análise dos LD nos baseamos em duas questões que julgamos relevantes
verificar ao que concerne à introdução da noção de área e a tarefa à ela atrelada. Essas
questões ficam identificadas como Questão 1(Q1), Questão 2(Q2). Cada questão geratriz
apresenta os blocos tarefa-técnica e teórico-tecnológico onde serão apresentados juntamente
com as especificidades de cada uma das duas questões.
Vejamos no quadro 5:
48
“Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio - Programa foi implantado desde 2004, pela Resolução nº
38 do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) – Ministério da Educação. Esse Programa
tem, entre seus objetivos, a distribuição de livros didáticos para os alunos do Ensino Médio das escolas
públicas do país. A escolha dos livros que serão utilizados nas escolas públicas é feita pelos professores dessas
escolas, a partir do Catálogo do Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio fornecido pelo Ministério
da Educação, enviado às escolas e disponível em página eletrônica (http//:www.mec.gov.br). O objetivo da
criação desse catálogo é selecionar, dentre as coleções de livros didáticos para o Ensino Médio disponíveis no
país, aquelas que atendam a critérios que permitam a melhoria da qualidade da Educação Básica, como
também o respeito às diferenças e a inclusão social.” (ALMOULOUD, 2015, p. 18).
108
Vale destacar que a organização matemática - área, dos livros didáticos analisados,
foi encontrada nos seguintes capítulos: o livro LDF6 no capítulo 9, num total de 10. O livro
LDF9 no capítulo 12 num total de 12. O livro LDM2 no capitulo 6, num total de 8. E no
LDM3, no capítulo 2, num total de 6. Porém, ressaltamos que nesse último livro é explorado
somente a área do triângulo e no contexto de calcular a determinante dos pontos do vértice
desse triângulo.
Para a análise das questões, inicialmente, identificamos as tarefas realizadas pelos
autores, tendo como justificativa as técnicas escolhidas pelos autores e que poderão ser
mobilizadas pelos alunos. Apresentamos a seguir, as análises, por meios dos quadros 6, 7, 8 e
9, quanto à questão Q1: Qual a abordagem utilizada pelo autor para introdução ao conteúdo de
área?
No LDF6 a tarefa proposta no livro apresenta a definição de área por meio da malha
quadriculada (figura 44) da seguinte forma:
Figura 45 – Retângulo
Ela explica que devemos multiplicar a medida do comprimento da base pela medida
do comprimento da altura, obtendo assim, como resultado:
A = (4m) x (2m), portanto A = 8 m²
Vejamos o quadro 6.
corresponde a área da figura.” (FAVARETTO, 2008b, p. 324). Logo depois, reforça que, para
o cálculo de área, usa-se uma unidade de área (u.a) (figura 46), que ela define como “a
superfície plana ocupada por uma quantidade de lado unitário.” (FAVARETTO, 2008b, p.
325).
Vejamos o quadro 7:
Em seguida, apresenta mais uma vez a malha quadriculada para que seja calculada a
área das figuras, como ela fez no livro do 6º ano (FAVARETTO, 2008a), ora mencionado.
Após sua breve discussão sobre área, a autora detalha o cálculo de área, das seguintes figuras
planas, respectivamente: do retângulo, do quadrado, do losango, do trapézio, do triângulo e de
polígonos regulares. Favaretto (2008b, p. 326) destaca que “Sabendo como calcular a área
dessas figuras planas mencionadas acima, calculamos a área de qualquer outra figura,
decompondo-as em figuras planas conhecidas e calculando a área de cada parte.”
No LDM1 não foi encontrado a organização matemática – área;
No LLDM2 a tarefa proposta foi a seguinte:
Souza e Garcia (2016b, p.156) trabalham o cálculo de área, num tópico intitulado de
“Áreas de figuras planas”. Os autores trazem, no contexto histórico do Egito, a ideia de
medição através da distância entre nós de uma corda para determinar a unidade de medida de
111
comprimento. Desta forma, “a ideia de área está relacionada à medida de uma superfície” ou
região, onde cada unidade de área (u.a.) corresponde a um quadrado.
Utilizam-se de uma malha quadriculada para ilustrar a situação, e em seguida, os
autores expõem as fórmulas de como calcular a área de um retângulo.
No LDM2 a tarefa proposta é a seguinte: por meio de uma figura (figura 47), o aluno
deverá multiplicar a base vezes a altura (bxh). Vejamos:
4 . 5 = 20 ou 5 . 4 = 20
Nesse mesmo volume, Souza e Garcia (2016b) tratam também do cálculo de área dos
poliedros, dentre eles, o prisma, a pirâmide, o tronco de pirâmide, e também os não poliedros,
são eles: o cilindro, o cone, a esfera. Nessas figuras (poliedros e não poliedros) são feitas as
demonstrações matemáticas para se chegar às fórmulas do cálculo de área. Posteriormente são
apresentados os exercícios.
No LDM3 a tarefa proposta foi a seguinte:
“Para determinar a área do triângulo ABC, em que A (2,-2), B(1,3) e C(1,3),
calculamos inicialmente o determinante D que é igual a (-22), depois aplica-se a fórmula da
área do triângulo S= ½ x D, e chega-se ao resultado 11u.a.”
Vejamos o quadro 9:
Após esse exemplo, Souza e Garcia (2016) partem para os exercícios, os quais têm as
mesmas características do exemplo dado.
Apresentamos a seguir, as análises, por meios dos quadros 10, 11, 12 e 13, quanto à
questão Q2: Na tarefa atrelada à introdução, a área é apresentada como uma grandeza?
No LDF6 a tarefa proposta é a correspondente da figura de número 48.
Vejamos o quadro 10:
113
Conclui afirmando que essa relação é válida para qualquer retângulo, e em seguida,
explica que para calcular a área do retângulo, basta multiplicar o comprimento da base pelo
comprimento da altura. Vejamos o quadro 11:
acarretado dificuldade pela parte dos alunos na compreensão desse conceito nas séries
posteriores.
Nessa breve análise dos LD, identificamos tarefas pontuais e locais. Na apreciação
da estrutura organizacional local, subitens que contemplam a organização matemática - área
de superfície plana. No LDF6 aqui a autora não menciona o termo área, mas deixa
subentendido que ela trata do conteúdo área sendo a medida da superfície, ou seja, ela
considera a área como grandeza, portanto um número. No LDF9, a autora relaciona área como
medida de superfície (polígono), relaciona área como um número. Vale ressaltar que somente
no LDF9, encontramos as fórmulas para o cálculo da medida da área de figuras planas
clássicas (retângulo, quadrado, paralelogramo, triângulo, trapézio, losango, polígonos
regulares e círculo).
Observamos que no LDF6 é dado maior ênfase ao treino das transformações de
unidades de medidas convencionais, enquanto que o LDF9 dá mais ênfase às tarefas “calcular
a área da figura plana”. O livro LDF9 dá maior notoriedade às situações de medidas, levando
a uma concepção de área como número. Por um lado é bom porque pode contribuir para que o
aluno associe superfície a um número, porém esse tipo de vinculação pode gerar dificuldade
na aprendizagem da organização matemática - área como grandeza em discussão.
No LDM2 os autores utilizam uma unidade de medida não convencional, o
quadradinho, para introdução do conceito de área, com uma situação de comparação entre as
áreas, usando-se a técnica da contagem dos quadradinhos. No LDM3 eles definem área como
uma relação com os pontos, que são vértice do triângulo, não serem colineares. Na coleção do
ensino médio os autores deixaram bem claro a concepção da noção de área como grandeza.
O estudo das organizações matemáticas dos livros apresentados concentrou-se
principalmente no bloco do saber fazer (práxis), enquanto que no bloco tecnológico-teórico
(logos), identificamos escassez na justificativa explícita do como fazer, embora este se faça
necessário.
há, nesses planos de ensino, a presença da OM - área. Dos cursos do Centro de Ciências
Exatas e Tecnologias (CCET), investigamos os planos de ensino dos seguintes: Ciências da
Computação (90h), Licenciatura em Física (60h), Química Bacharel (60h), Licenciatura em
Matemática (75h), e por fim, Engenharia Elétrica (90h).
Verificamos que o curso de Licenciatura em Matemática não há na ementa da
disciplina de Cálculo I, o cálculo de área. Os cursos de Licenciatura em Física e Química
Bacharelado, apresentam o mesmo plano de ensino, e há a presença da OM - área sobre uma
curva e cálculo de área como limites. No curso de Ciências da Computação encontramos, na
ementa, a Integral definida que corresponde ao cálculo de área (a área sob uma curva no plano
cartesiano).
Já no curso de Engenharia Elétrica, o plano de ensino da disciplina, além da ementa,
ainda traz os objetivos geral e específicos, os procedimentos didáticos e a avaliação. Como
organizações matemáticas destacam a construção da integral de Riemann como um limite da
soma; Propriedades da integral; cálculo de áreas. Esse último, ressaltamos por ser nossa
organização matemática.
O item ‘Procedimentos Didáticos’, possibilita a flexibilização da OD pelo docente,
trazendo a proposta de uso de software na solução de problemas, o que nos deixa livres para
lançar proposições de uso do artefato RA no ensino de cálculo de área.
Quanto aos objetivos, o aluno, ao final da disciplina, deve estar apto a “manipular os
conceitos de função, limite, derivadas e integrais das funções elementares bem como aplicar
estas ideias na solução de problemas práticos e teóricos”. Neste sentido, os problemas práticos
enfrentados pelos alunos do curso de Engenharia Elétrica, de acordo com pesquisa prévia
realizada junto a profissionais da área, estão relacionados ao cálculo de área de plantas baixas
e suas variantes.
Então, de acordo com o plano de ensino da disciplina, podemos entender que o
Modelo Epistemológico Dominante (MED) do curso de Engenharia Elétrica apresenta uma
OM que possibilita a construção de diferentes ODs, sem, contudo, deixar de compreender o
aspecto teórico-prático do cálculo de área na Organização Didática (OD).
fazer um estudo luminotécnico. Para que o Engenheiro Elétrico faça em seu projeto de
iluminação os cálculos luminotécnicos de um determinado ambiente, ele deve tomar
conhecimento das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Vamos
destacar aqui em nossa pesquisa, as normas NBR 5410, edição 2004, referentes aos projetos
de instalações elétricas. Na determinação das cargas de iluminação incandescente,49 adotam-
se os seguintes critérios, de acordo com essa norma:
a) em cada cômodo ou dependência de unidades residenciais e nas acomodações de
hotéis, motéis e similares, deverá ser previsto pelo menos um ponto de luz no teto,
com potência mínima de 100VA;
b) em cômodos ou dependências com área ou inferior a 6m², deverá ser prevista a
uma carga de pelo menos 100VA;
c) com área superior a 6m2, deverá ser prevista uma carga mínima de 100VA para os
primeiros 6m² acrescida de 60VA para cada aumento de 4m² inteiros.
Creder (2016) destaca que os valores correspondem à potência destinada à
iluminação para efeito de dimensionamento dos circuitos, e não necessariamente à potência
nominal das lâmpadas incandescentes a serem utilizadas. Caso seja para o dimensionamento
da carga de iluminação fluorescente, os valores de potência deverão ser reduzidos, pois devem
levar em consideração que as lâmpadas fluorescentes são mais eficientes do que as
incandescentes. Nesse caso, na regra prática, pode-se dividir os valores por 4, que segundo
Creder (2016), é a relação de eficiência entre lâmpadas incandescentes e fluorescentes.
Ressaltamos que assim, como para o cálculo de número de pontos de luz há que se
saber primeiramente a área, para o cálculo de pontos de tomada também deve se levar em
consideração a área. E segundo a NBR 5410/2004 nas unidades residenciais e nas
acomodações de hotéis, casa de shows e similares, o número de pontos de tomadas de uso
geral deve ser fixado de acordo com os critérios: se a área for inferior a 6m² deve ser
considerado pelo menos um ponto de tomada, se for maior que 6 m², pelo menos um ponto de
tomada para cada 5 m, ou fração de perímetro, espaçados tão uniformemente quanto possível.
Ou seja, mesmo que as normas para a determinação do número de pontos de luz de
um determinado ambiente sejam alteradas com as novas normas das NBR subsequentes, as
normas referentes ao número de pontos de tomadas permanecem, que também considera o
calculo de área, antes de determinarmos os pontos de luz. Iniciamos nossa pesquisa, desde o
49
“Observa-se que, a partir de 2016, as lâmpadas incandescentes ficarão proibidas de serem comercializadas no
Brasil, de acordo com a Portaria nº 1007, editada pelos Ministérios de Minas e Energia, da Ciência,
Tecnologia e Inovação, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, publicada em 6 de janeiro de
2011.” (CREDER, 2016, p. 89).
119
projeto de pesquisa, nos baseando na norma 5410/2004 e optamos por permanecer nos
cálculos referentes ao cálculo mínimo de número de pontos de luz de um determinado
ambiente.
O plano de ensino do curso de Engenharia Elétrica traz em seu teor que o engenheiro
é habilitado a elaborar e executar projetos elétricos ou de iluminação, sendo assim, é oportuno
destacar que o engenheiro precisa executar cálculos que garantem a segurança da estrutura
que está sendo construída ou reformada.
O Sistema Didático proposto por Chevallard (2009) é por ele explicado pela relação
S (X, Y; Qo), onde X é o grupo de alunos; Y é o professor; e Qπé a questão norteadora da
pesquisa.
Referente à Qπ, (De que forma conceber uma organização didático-matemática
que possibilite aos alunos ampliar seu EP acerca do cálculo de área?), inferimos que esta
nos possibilitou (re) construir diferentes percursos essenciais à compreensão da OM em
questão – área, como também de aplicação desta em outras áreas no campo de atuação do
engenheiro elétrico, e consequentemente em outros campos da matemática.
Chevallard (2009) afirma que as questões Q devem ser sob as condições e restrições
pedagógicas do saber em jogo (área) que resultam em um conjunto de respostas que virão a se
constituir em uma sucessão de OMs articuladas entre si. Nesse viés, elaboramos as demais
questões:
Qπ1: Como relacionar o conteúdo cálculo de área no campo de atuação do engenheiro
elétrico?
Qπ2: Que situações problema propor aos alunos para o uso do cálculo de área na
Luminotécnica?
Qπ3: Como o uso da RA ampliará o EP dos alunos no que diz respeito ao cálculo de
área na Luminotécnica?
intuito de conduzir os nossos alunos à ampliação do seu EP. Tal sistema é apresentado na
ordem cronológica do desenvolvimento da pesquisa.
A primeira etapa ocorreu em 2016.1, no LabMat50, com a participação dos 11 (onze)
alunos, e refere-se à sondagem, que se deu em dois momentos, embasados na Teoria
Antropológica do Didático (TAD), de Chevallard (2009), e na Teoria da Instrumentação, de
Rabardel (1995), respectivamente, vejamos:
No primeiro momento, buscamos investigar quais os conhecimentos prévios dos
alunos quanto ao cálculo de área. Para isso, aplicamos três questionários, intitulados, cada um,
de Questionário Diagnóstico sobre Cálculo de Área – QDCA. Optamos pelo uso de questões
abertas para uma melhor compreensão do processo de elaboração cognitiva dos cálculos
(figura 49) e a verificação quanto à aprendizagem ou não do cálculo de área. Para chegarmos
a esse resultado, consideramos Ri (X, O), onde X é o grupo de alunos, e O é o objeto do
conhecimento, o cálculo de área nas diferentes figuras geométricas apresentadas
(CHEVALLARD, 2009).
Rabardel (1995), por sua vez, também estabelece a relação sujeito-objeto [S-O], no
que chama de modelo SAI – Situações de Atividades Instrumentais, que, aqui, se dá apenas
para saber o que se pode conhecer do objeto, e se há a necessidade do instrumento para
transformar a relação sujeito-objeto.
50
Laboratório de Informática de Matemática da UFMA.
121
paralelepípedo, cilindro e cone. E no QDCA3 (apêndice 3) são expostas 2 tarefas com cálculos
envolvendo cálculo de área limitadas por curvas, cuja resolução se dá por meio da integral.
Assim, o objetivo dessas três sondagens foi verificar fragmentos do Equipamento
Praxeológico (EP) dos alunos que, nesse estudo, se refere ao conhecimento prévio sobre o
cálculo de área, sua habilidade de resolução ou a sua competência, que são ativados a
qualquer momento quando esses alunos são colocados sob certas condições e desafios
(CHEVALLARD, 2009). Os QDCA foram realizados no mesmo dia, de maneira sequenciada,
na ordem crescente de complexidade.
O segundo momento ocorreu em 2016.2, junto aos 11 (onze) alunos, e se refere ao
levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos acerca do recurso tecnológico Realidade
Aumentada (RA), com base na Teoria Instrumental de Rabardel (1995), que se refere à
aprendizagem da utilização de ferramentas tecnológicas.
Nesse sentido, nos fundamentamos no modelo SAI (Situações de Atividades
Instrumentais), a fim de analisar o grau de conhecimento e familiaridade dos alunos com o
artefato, estabelecendo, portanto, uma relação, nesse momento, [S-I], onde S é o sujeito, e I é
o Instrumento (RABARDEL, 1995).
Por isso, nesse momento, as interações com o Instrumento foram desenvolvidas
apenas de maneira teórica por meio de um questionário fechado intitulado de Questionário
Diagnóstico sobre Realidade Aumentada – QDRA (apêndice 4), composto de uma tarefa –
Resolver as questões de 1 a 6 referentes a RA e de 7 a 8, referente ao software Vuforia.
O questionário foi elaborado com o uso da ferramenta Formulário do Google Docs
disponibilizado pelo aplicativo Google Drive. Inicialmente, foi disponibilizado o link do
questionário nos emails dos alunos, porém apenas dois dos onze alunos responderam ao
questionário. Tomamos, então, a iniciativa de lhes disponibilizar esse mesmo link, por meio
do aplicativo WhatsApp,51 daí os demais alunos, ou seja, os nove restantes, responderam ao
questionário.
Na segunda etapa, iniciamos o que Rabardel (1995) chama de Gênese Instrumental,
que é o processo que envolve a transformação progressiva do artefato em instrumento.
Iniciamos pela fase de instrumentalização, que segundo Rabardel (1995), concerne
ao conhecimento do artefato, no que diz respeito à sua seleção, reagrupamento, produção e
instituição de funções, bem como de transformações desse mesmo artefato.
51
WhatsApp – “é um software para smartphones utilizado para troca de mensagens de texto instantaneamente,
além de vídeos, fotos e áudios através de uma conexão a internet.” (SIGNIFICADOS..., 2015, não paginado).
122
Essa fase abrangeu dois momentos, voltados à organização do esquema de uso que,
ainda conforme o autor se refere às tarefas ligadas diretamente ao artefato.
Nesse sentido, realizamos o primeiro momento em 2017.1, com o intuito de levar os
alunos a conhecerem o artefato, bem como suas funcionalidades e sua aplicabilidade.
Assim, reproduzimos um debate com especialista (figura 50) “Realidade Virtual e
Realidade Aumentada”, do prof. Torrezan, disponibilizada no Youtube52. O debate se deu no
laboratório de matemática (LabMat), local onde aconteceram os encontros da pesquisa com os
alunos.
Como foi uma reprodução, e por se tratar de um assunto tão específico da área da
computação, convidamos uma programadora para colaborar com a pesquisa. Durante a
reprodução, os alunos interagiam com a programadora. Destacamos aqui algumas das
questões postas pelos alunos, às quais a programadora respondeu prontamente:
a) o que é renderização53?;
52
“Youtube – o termo vem do Inglês ‘you’ que significa ‘você’ e ‘tube’ que significa ‘tubo’ ou ‘canal’, mas é
usado na gíria para designar ‘televisão’. Portanto, o significado do termo ‘youtube’ poderia ser ‘você
transmite’ ou ‘canal feito por você’.” (SIGNIFICADOS..., 2014, não paginado, grifo do autor).
53
A Renderização é a atividade de geração de imagens ou vídeos por meio de um computador. (SANTOS,
2009).
123
b) o que é API?;
c) qual a diferença entre API e OPENGL54?;
d) por que triangularização?;
e) o OPENG é só para a placa gráfica?
Ainda nessa etapa, realizamos o segundo momento, que se deu por meio da
instalação, pelos alunos, do software Vuforia View Enterprise (figura 51) nos seus
Smartphones, com o auxílio e as orientações da programadora, e seu posterior uso pelos
mesmos. Aqui, demos continuidade à Gênese Instrumental, na qual os alunos puderam
compreender melhor seu esquema de uso, a partir do processo de instalação e manuseio do
software. Nesse momento, os alunos tiveram o primeiro contato com o artefato – a tecnologia
RA, o que, no modelo SAI, se refere à relação Sujeito-Instrumento [S-i].
Na terceira e na quarta etapas, realizamos a aplicação das tarefas (t), pertencentes aos
tipos de tarefas T1 e T2, respectivamente, onde T1={t11, t12, t13, t14, t15, t16, t17},e T2={t21, t22,
t23, t24, t25, t26, t27,t28}, segundo o referencial teórico da TAD. Chevallard (2009), Fonseca e
Gascon (2004) destacam o cuidado na elaboração dos tipos de tarefa (T) que produzam o
trabalho das técnicas, pois estas devem suscitar um questionamento tecnológico o mais
abrangente possível, que resulte em uma atividade matemática de complexidade crescente.
Isto é, dependendo dos tipos de tarefas, a reconstrução das OM e OD poderá ou não
proporcionar um fazer matemático articulado, justificado e compreensivo.
54
“API dedicada a gráficos 3D, muito conhecida. Ela é muito usada em jogos e nos mais variados aplicativos
comerciais ou não.” (DESENVOLVIMENTO DE JOGOS, 2018, não paginado).
124
Tivemos como objetivos, nessas etapas, analisar como os alunos responderam aos
tipos de tarefas (T) e às tarefas (t) associadas a T; analisar que técnica () ou técnicas foram
utilizadas pelos alunos para a resolução das mesmas; e analisar, consequentemente, a
tecnologia (ϴ)que justifica a técnica(), e a teoria(Ѳ) que justifica a tecnologia.
Quanto ao critério da elaboração das tarefas, nessas etapas, buscamos criar uma
situação-problema real que pudesse levar os alunos à resolução de cálculo de área em seu
futuro campo de atuação. Como está descrito no Projeto Pedagógico Curricular (PPC) do
curso de Engenharia Elétrica da UFMA, uma das muitas competências e habilidades que se
espera que os alunos adquiram é a de elaborar projetos. Logo, a Tarefa Fundamental (TF) foi
elaborada nesse sentido.
Partindo desse pressuposto, definimos como Tarefa Fundamental (TF): “Distribuir
as luminárias no espaço”.
A definição do Tipo de Tarefa (T1): “Calcular a área da planta baixa”, se deu a fim
de responder à TF proposta. Para isso, apresentamos as seguintes tarefas (t):
t11 Calcular a área do Quarto 1
t12 Calcular a área do Quarto 2
t13 Calcular a área da sala
t14 Calcular a área do banheiro
t15 Calcular a área da garagem
t16 Calcular a área da cozinha
t17 Calcular a área da área de serviço
Como vimos anteriormente, para o desenvolvimento de um projeto elétrico, é
necessário determinar a quantidade de lâmpadas que fornecerão um nível de iluminação
adequada ao ambiente. A determinação dessa quantidade pode ser feita de três formas, são
elas: pela carga mínima exigida por normas,55 pelo método de lumens, e pelo método das
cavidades zonais.56 Em nossa pesquisa, consideramos, para determinação do número de
pontos de luz, somente a primeira forma (CREDER, 2016).
Assim, em 2017.1, 2017.2 e 2018.1 reunimos novamente os alunos para a resolução
das tarefas pertencentes a T1, sendo que dos 11 alunos, apareceram 4, onde lhes foi
apresentada a seguinte planta baixa (figura 52):
55
Normas ABNT NBR ISO / 5410/2004. Essa norma fala de iluminação de interiores, estabelece critérios como
determinar por exemplo, o número menino de pontos de luz de um ambiente.
56
Baseiam-se em níveis de iluminância para a determinação da quantidade de lâmpadas e luminárias. Nessa
mesma característica o método de lumens também se baseia em nível de iluminância. (FIORINI, 2006).
125
De posse da planta baixa, os alunos responderam às tarefasT1 = {t11, t12, t13, t14, t15,
t16, t17}, que consistiram em calcular a área de cada cômodo, para então determinar o número
de pontos de luz de cada dependência (TF), de acordo com as normas NBR 5410/2004.
No decorrer do processo, quando da resolução da t6(Calcular a área da cozinha),
repentinamente, um dos alunos nos perguntou se influenciaria a espessura das paredes no
cálculo dessa área, ao que houve imediata manifestação dos demais colegas, alguns
declarando ser necessário considerar a espessura das paredes, e outros discordando.
Compreendendo que a nossa intervenção poderia influenciar no resultado da pesquisa, não
nos manifestamos, deixando-os livres para realizarem os cálculos como melhor entendessem.
Na tarefa t6 (calcular a área da cozinha), foi omitida uma das dimensões das medidas
necessárias para o cálculo de área, considerando a fórmula b x h, para que os alunos
encontrassem a dimensão oculta, nesse caso, a do comprimento, com o objetivo de identificar
a(s) técnicas(s) utilizada(s) na resolução da tarefa, justificadas por meio do bloco tecnológico-
teórico.
Na última etapa, realizada em 2018.2 e início de 2019.1, os alunos utilizaram a RA
na resolução de tarefas, que analisamos com base nos referenciais teóricos da TAD
(CHEVALLARD, 2009), e da Teoria Instrumental (RABARDEL, 1995).
A definição do tipo de tarefa (T2): “Calcular a área da planta baixa com o uso da
RA”, nessa etapa, se deu a fim de responder à TF proposta, mediada pelo artefato RA. Para
isso, elaboramos as seguintes tarefas (t):
t1 Calcular a área do dormitório 1
126
57
As entrevistas realizadas foram do tipo semiestruturadas.
129
5 RESULTADOS E ANÁLISES
dimensões: altura, comprimento e largura. A Tarefa 2, “calcular a área total do cilindro”, dado
o raio da base e a altura da lateral. A Tarefa 3, “calcular a área total da superfície de um
cone”, dado o raio da base e sua altura. A Tarefa 4, “calcular a área total de um tronco de
pirâmide, dado o diâmetro da base maior.
Dos 11 alunos, apenas dois resolveram todas as tarefas, porém os demais só fizeram
a Tarefa 1. Cinco responderam “não sei” e três escreveram “não lembro da fórmula” e um
aluno escreveu “não lembro do método de cálculo”.
NO QDCA3, aplicamos duas tarefas relacionadas ao cálculo de área por meio da
integral. A Tarefa 1 consistiu em: “encontrar a área limitada pela curva y e o eixo x”; e a
Tarefa 2: “calcular a área da superfície gerada pela rotação do arco de curva y em torno do
eixo x”. Dos 11 alunos que realizaram essas tarefas, nenhum aluno conseguiu resolver.
Analisamos a seguir, o resumo dos dados por meio do quadro 14:
58
Legenda: s significa que o aluno resolveu a tarefa proposta;
59
n significa que o aluno não conseguiu resolver a tarefa.
132
Quadro 15 – Respostas da t6
Alunos Dimensões Área encontrada Considerou a espessura da parede60
A 2,50 x 3,35 8,375m² p
B 2,50 x 3,20 8m² n
D 2,20 x 3,20 7,04m² p
F 2,50 x 3,20 8m² n
Fonte: Autoria própria (2019).
Para nossa análise, extraímos das tarefas realizadas pelos alunos: técnica () e o
bloco teórico-tecnológico [θ/] mobilizado pelos alunos para que pudéssemos identificar
fragmentos do seu Equipamento Praxeológico (EP).
Apresentamos a seguir, os quadros 16, 17, 18 e 19 que nos mostram a tarefa, a
técnica e o bloco tecnológico-teórico utilizados pelos alunos, respectivamente A, B, D e F:
60
Legenda: p – parcial, ou seja, em um momento do cálculo foi considerada a espessura da parede, outro
momento não; n – não considerou a espessura da parede nos cálculos.
134
61
Legenda: C1 – cálculo 1; C2 – cálculo 2; A – área.
135
- análise dos resultados do QDRA: observamos que mais de 80% dos alunos
afirmaram que conheciam o recurso Realidade Aumentada (RA), porém mais
de 70% ainda não o tinham utilizado.
Vimos aqui a oportunidade de explorar esse recurso tecnológico com os alunos do
ensino superior, inicialmente visto por eles como artefato, e no decorrer da pesquisa, os
alunos passaram a ver o artefato como um instrumento (RABARDEL, 1995). O estudo
realizado sobre as tecnologias voltadas para o ensino de matemática e que foram discutidas
nessa pesquisa, no capítulo 3, nos fez refletir sobre a Era tecnológica em que vivemos e sua
influência na educação e na forma de ensinar. Um rápido avanço da tecnologia digital mudou
a forma de como os alunos veem o ambiente educacional no qual estão inseridos (TOLEDO;
ALBUQUERQUE; MAGALHAES, 2012).
- instrumentalização, com a instalação e uso de software da RA, para
conhecimento e uso do artefato em smartphones, através do desenvolvimento
de um esquema de uso:
Nessa fase, que também aconteceu em dois momentos, em paralelo à aplicação das
tarefas, transmitimos um vídeo, disponível no YouTube, de uma palestra sobre RA, e,
posteriormente, os alunos instalaram o software Vuforia em seus smartphones. Aqui,
objetivamos proporcionar aos alunos o conhecimento do instrumento RA, pois segundo
Rabardel (1995), o sujeito constrói e modifica seu próprio instrumento. Aqui se inicia a
gênese instrumental.
139
Nesse contexto, vale ressaltar que, nesses dois momentos (palestra e instalação do
software), não foram feitas análises.
O primeiro momento, correspondente à reprodução da palestra “Realidade Virtual e
Realidade Aumentada”, com 40 minutos de duração, foi realizado com a presença dos 11
alunos. Para atender aos questionamentos dos alunos da forma mais didática possível,
dividimos a referida reprodução em dois blocos de 20 minutos cada, e, com a colaboração de
uma programadora houve interação para melhor apropriação de conhecimentos sobre o até
então artefato. Das perguntas que surgiram durante a palestra, apresentamos o quadro 21, que
demonstra os principais questionamentos apresentados:
C n62
D n
F n
G n
H n
J n
K n
Fonte: Autoria própria (2019).
Observamos que aqui os alunos tiveram o primeiro contato com o artefato (RA) que,
conforme o modelo de Situações de Atividades Instrumentais (SAI), apresentado por
Rabardel (1995), esse momento se refere à relação Sujeito-Objeto [S-i]. Esse modelo, de
acordo com esse autor, permite fazer uma primeira aproximação sobre a tarefa instrumentada.
E nos possibilitará fazer uma análise da tarefa mediada pelo instrumento.
O segundo, correspondente à instalação do software Vuforia nos Smartphones dos
alunos, ocorreu no Laboratório de Matemática (LabMat), ora já mencionado, com a
colaboração da programadora, que os orientou quanto à instalação e utilização da Realidade
62
Legenda: n corresponde a “não perguntou nada”.
140
Aumentada. Para tanto, antecipadamente solicitamos aos alunos que levassem nesse encontro
seus Smartphones.
Dos 11 alunos presentes, dois deles não conseguiram instalar o software em seus
Smartphones, devido à incompatibilidade do sistema operacional Android. A programadora
então solicitou àqueles alunos que o fizessem utilizando os computadores do LabMat que
possuíam webcam, por meio do Google Play para a sincronização com suas contas do
Google. Já três alunos fizeram a instalação utilizando a ferramenta bluetooth. Observamos
que foi possível a instalação do software Vuforia somente nos Smartphones que possuíam as
versões acima de 5.0. Por meio do quadro 22, podemos visualizar resumidamente os
resultados acima:
Observamos que apesar de alguns alunos não terem conseguido fazer a instalação do
software em seus Smatphones, não deixaram de realizar as atividades, pois foi possível fazer
essa instalação nos próprios computadores do LabMat.
c) instrumentação, com a aplicação de um conjunto de tarefas (T2: “Calcular a área
da planta baixa com o uso da RA”):
Vale destacar que o processo de resolução de T2 ocorreu, primeiramente, apenas com
uso do papel e lápis, sem a intervenção da RA; e em seguida, com o uso do papel e lápis, com
a intervenção da RA.
141
Descrevemos agora a aplicação das tarefas (t) sem a intervenção da RA, pertencentes
ao tipo de tarefas T2, em que T2={t21, t22, t23, t24, t25, t26, t27}. Participaram dessa atividade
apenas 4 dos 11 alunos que iniciaram na pesquisa, são eles: A, B, D e F.
O tipo de tarefa T2 teve como objetivo principal responder à seguinte Tarefa
Fundamental (TF): “Distribuir as luminárias no espaço”.
Detalharemos o desenvolvimento do T2:
O Tipo de Tarefa (T2): “Calcular a área da planta baixa com o uso da RA”, cujas
tarefas relacionadas são:
t1 Calcular a área do dormitório 1
t2 Calcular a área do dormitório 2
t3 Calcular a área do escritório
t4 Calcular a área do banheiro
t5 Calcular a área do corredor
t6 Calcular a área da copa
t7 Calcular a área da cozinha
t8 Calcular a área da área de serviço
Analisando as resoluções dos alunos das tarefas dadas, observamos que os alunos
utilizaram a mesma técnica para resolver as tarefas t21, t22, t23, t24, t26, t27,t28
A técnica utilizada foi:
técnica (): multiplicaram a base vezes a altura (bxh)
No entanto, na tarefa 5 que corresponde a t15: Calcular a área do corredor, os alunos
apresentaram técnicas e respostas diferentes. Por essa razão vamos no ater somente nesta
tarefa específica. Vejamos as respostas por meio do quadro 23.
Quadro 23 – Respostas da t6
Alunos Dimensões Área Considerou a espessura da
encontrada parede
A 4,75 x 1,15 5,462 n
B 4,75 x 1,3 6,175 p
D 4,75 x 1 4,75 p
F 3,75 x 1,75 6,5625 n
Fonte: Autoria própria (2019).
Para nossa análise, extraímos das tarefas realizadas pelos alunos, técnica () e o
bloco teórico-tecnológico [θ/] mobilizados pelos alunos para que pudéssemos identificar
fragmentos do seu Equipamento Praxeológico (EP).
Apresentamos a seguir, os quadros 24, 25, 26 e 27 que nos mostram a tarefa, a
técnica e o bloco tecnológico-teórico utilizado pelos alunos, respectivamente A, B, D e F:
C1
A = 4,75 x 1,3 → A = 6,175 m²
Fonte: Autoria própria (2019).
63
Optamos por escolher esse marcador em menção ao Programa de Doutorado que possibilitou o
desenvolvimento dessa pesquisa.
145
6 CONCLUSÃO
História da Matemática, e indicam que o estudo de área ocorra abrangendo os três campos:
numérico, geométrico e das grandezas. A BNCC destaca que os alunos deverão reconhecer
que perímetro e área são diferentes, assim como área e superfície, e área e medida de área.
Nos livros didáticos (LD), identificamos tarefas pontuais e locais. Entretanto, o
estudo das organizações matemáticas se concentra principalmente no bloco do saber fazer
(práxis), enquanto que no bloco tecnológico-teórico (logos), comprovamos escassa
justificativa da técnica, embora se faça necessário. A institucionalização dos conceitos é feita
nos LD, notadamente, por meio das fórmulas.
Observamos que, por meio do estudo histórico, pudemos interpretar de que forma se
deu o processo de construção da noção de área e do cálculo de área, e suas contribuições para
o saber de referência.
O PER Solitário, então, nos levou a compreender o processo de ensino de cálculo de
área, bem como da noção de área, desde a Educação Básica até o Ensino Superior, numa
perspectiva de sua transacionalidade, o que nos fundamentou para a construção do Sistema
Didático S (X, Y; Qo) que correspondeu à aplicação das tarefas junto aos alunos.
No Sistema Didático S (X, Y; Qo), o percurso da ODM proposta se deu por meio de
questões (Q) e tarefas (t). As questões, segundo Chevallard (1999), devem versar sob as
condições e restrições do saber em jogo (cálculo de área) e servem para a construção de uma
sucessão de OMs articuladas entre si, que nos permitirão encontrar a resposta ideal (R♥).
As tarefas foram organizadas em ordem crescente de complexidade, compõem a
ODM proposta, e têm como base: Qπ2: “Que situações problema propor aos alunos para o
uso do cálculo de área na Luminotécnica?”, e Qπ3: “Como o uso da RA ampliará o EP
dos alunos no que diz respeito ao cálculo da Luminotécnica?” Tais questionamentos
possibilitaram a elaboração das tarefas (t), a partir da Tarefa Fundamental (TF): Distribuir
as luminárias no espaço.
O Sistema Didático S (X, Y; Q) se desenvolveu, portanto, em três etapas: a primeira
corresponde à sondagem; e a segunda consiste no desenvolvimento das tarefas sem a
intervenção da RA; e a terceira subdivide-se em três momentos, quais sejam: a) sondagem; b)
instrumentalização; e c) instrumentação, com a resolução de T2, primeiramente, apenas com
uso do papel e lápis, sem a intervenção da RA; e em seguida, com o uso do papel e lápis, com
a intervenção da RA.
A primeira etapa, de sondagem, ocorreu por meio de questionários (QDCA1,
QDCA2 e QDCA3), que objetivaram verificar o Equipamento Praxeológico dos alunos sobre
cálculo de área e noção de área. O QDCA1 correspondeu ao cálculo da área de figuras planas,
151
conhecimento do objeto, e a ação transformadora dirigida sobre esse objeto, no caso, área.
Dessa forma, a RA como instrumento, atua em duas dimensões: a dimensão de entidade
intermediária, na qual o instrumento é o mediador da relação sujeito-objeto; e a dimensão
meio de ação, onde ele pode ser visto como: instrumento material, de transformação do
objeto; instrumento psicológico, ou seja, como decisão cognitiva do sujeito; e instrumento
semiótico, na interação semiótica com um objeto semiótico.
Em T2, quando da resolução das tarefas, com o uso da RA, em que a planta baixa foi
projetada em 3D, a nova imagem da figura fez com que os alunos mudassem de resposta,
passando a compreender a noção de área com mais exatidão, ao perceberem a significância da
medida da espessura da parede no cálculo total da área (em torno de 15 cm).
Assim, na resolução dos conjuntos de tarefas (T1 e T2), a compreensão do cálculo de
área seguiu um processo evolutivo, que possibilitou aos alunos, por meio de diferentes
respostas, fazer a distinção entre as noções de área e de superfície, levando-os a reconhecerem
a noção de área como grandeza, ou seja, a encontrar a resposta ideal (R♥). Vejamos:
Se [S(X,Y;Qo) →M] →R♥, sendo que S, corresponde ao Sistema Didático, onde X
são os alunos, Y é o professor, e Qo é a Questão Norteadora da pesquisa, e M é conjunto de
respostas parciais dadas pelos alunos, e, por fim, R♥ é a Resposta Ideal, temos: um Sistema
Didático, formado pelo par ordenado composto por 11 alunos e 1 docente, em torno de uma
questão Qπ (De que forma conceber uma organização didático-matemática que
possibilite aos alunos ampliar seu Equipamento Praxeológico (EP) acerca do cálculo de
área?, que se desdobrou em outras três questões: Qπ1: Como relacionar o conteúdo cálculo
de área no campo de atuação do engenheiro elétrico?, Qπ2: “Que situações problema
propor aos alunos para o uso do cálculo de área na Luminotécnica?”, e Qπ3: “Como o
uso da RA ampliará o EP dos alunos no que diz respeito ao cálculo da Luminotécnica?”,
que implica em M ={R1, R2...Rn}, ou seja, um conjunto de diversas respostas parciais dadas
pelos alunos na resolução dos conjuntos de tarefas (T1) e (T2), num processo evolutivo de
compreensão da noção de área, que os levou a R♥ (Resposta Ideal), que é o Equipamento
Praxeológico do aluno foi ampliado.
Podemos concluir, portanto, que se houve ampliação do EP, houve aprendizagem.
Para Chevallard (1999), há aprendizagem quando a relação sujeito-objeto se altera, ou seja,
quando R (X, O) se altera.
Ao considerar a noção de área como grandeza Douady e Perrin-Glorian (1989) e
Baltar (1996) desenvolvemos, por meio da ODM proposta, o MER (Layout), pois elaboramos
154
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Talita Carvalho Silva de. A Base de conhecimento para o ensino de sólidos
arquimedianos. Orientador: Maria José Ferreira da Silva. 2015. 188 f. Tese (Doutorado em
Educação Matemática) - Programa de Estudos Pós-Graduação em Educação Matemática,
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC, São Paulo, 2015. Disponível em:
https://sapientia.pucsp.br/handle/handle/11038. Acesso em: 11 dez. 2018.
AMORIM, Andréia Correia deet al. Didática da matemática: principais conceitos. [201-?].
Disponível em: http://www2.uesb.br/cursos/matematica/matematicavca/wp-
content/uploads/p4.pdf. Acesso em: 20 jul. 2018.
ANDREAZZI, Fernanda. O que é realidade aumentada e como ela pode ser aplicada na
educação. In: Blog SAEdigital. São Paulo, 27 ago. 2018. Disponível em: https://sae.digital/o-
que-e-realidade-aumentada/. Acesso em: 20 jul. 2019.
AZUMA, Ronald et al. Recent advances in augmented reality. Ieee Computer Graphics
And Applications, California, v. 21, n. 6, p.34-47, nov./dez. 2001. ISSN: 1558-1756. DOI:
http://dx.doi.org/10.1109/38.963459. Disponível em:
https://ieeexplore.ieee.org/document/963459.Acessoem: 11 set. 2018.
BERGAMASCHI, Marcelo Pereira; MORAIS, Thamires Martins Augusto de. Estudo sobre
a utilização de VUFORIA e Unity 3D com RA para dispositivos móveis. [Coleções
157
BIMBER, Oliver; RASKAR, Ramesh. Spatial augmented reality: merging real and virtual
worlds. Wellesley: A K Peters - Ltd, 2005. Disponível em:
http://pages.cs.wisc.edu/~dyer/cs534/papers/SAR.pdf. Acesso em: 11 out. 2018.
BOYER, Carl Benjamin. Historia da matematica. Tradução: Elza F. Gomide. São Paulo:
Universidade de São Paulo, 1974.
BRASIL. Ministério da Educação. A Base nacional comum curricular. Brasília, DF: MEC,
[2015]. (Documento preliminar). Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/inicio. Acesso em: 18 jan. 2018.
CAMPOS, Itamar Albertino de. Realidade aumentada: conceitos, tecnologias e aplicações. In:
ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 1., Cuiabá, 2010. Anais [...]. Cuiabá: ICE,
2010. Disponível em: http://www.ice.edu.br/TNX/encontrocomputacao/artigos-
internos/aluno_itamar__albertino_realidade_virtual.pdf. Acesso em: 15 jun. 2018.
CASTRO, Yuri de. Por que reprova-se tanto em cálculo no Ensino Superior? Saiba como
evitar! In: Extra Digital. 12 abr. 2014. Disponível em:
https://extra.globo.com/noticias/educacao/vida-de-calouro/por-que-reprova-se-tanto-em-
calculo-no-ensino-superior-saiba-como-evitar-13356046.html. Acesso em: 20 jul. 2018.
CASTRO, Jose Victor Barbosa Jardim. Cilindro. Info Escola: navegando e aprendendo.
2014. Disponível em: https://www.infoescola.com/geometria-espacial/cilindro. Acesso em: 20
jul. 2018
CHERUBIN, Karina Gomes. Para lidar com a geração Z, professores recorrem a redes
sociais. 2012. Disponível em: http://mpcidadania.ning.com/profiles/blogs/para-lidar-com-
geracao-z-professor-recorre-as-redes-sociais. Acesso em: 16 abr. 2012.
CHEVALLARD, Yves. Latrans posición didáctica: del saber sabio al saber enseñado.
Buenos Aires: Aique Grupo Editor, 1991.
160
COLHO, Mauricio. QR code: o que é e como usar. IG, 2013. Disponível em:
https://tecnologia.ig.com.br/dicas/2013-03-04/qr-code-o-que-e-e-como-usar.html. Acesso em:
16 out. 2019.
CORDEIRO, Felipe. Android SDK: o que é? Para que serve?, como usar?. [201-?],
Disponível em: https://www.androidpro.com.br/blog/android-studio/android-sdk/. Acesso em:
16 out. 2019.
CORRÊA, Cléber G.; NUNES, Fátima L. Liliane S. Interação com dispositivos convencionais
e não convencionais utilizando integração não convencionais utilizando integração entre
linguagens de programação. In: NUNES, Fátima de Lourdes dos Santos et al (org.).
Abordagens práticas de realidade virtual e aumentada: livro dos minicursos. 11
symposium on virtual and augmented reality. Porto Alegre: SBC, 2009. p. 61-103. Disponível
em: http://www.ckirner.com/download/livros/SVR2009_Minicursos.pdf. Acesso em: 12 nov.
2017.
COSTA, Rosa Maria M. E.; RIBEIRO, Marcos Wagner S. (orgs.). Aplicações de realidade
virtual e aumentada. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, 2009.
CRAIG, Alan B.; SHERMAN, William R.; WILL, Sherman, Jeffrey D. Developing Virtual
Reality Applications: foundations of effective design. Burligton, MA, USA: Morgan
Kaufmann, 2009. ISBN 978-0-12-374943-7. Disponível em:
http://books.google.com/books?id=2P91gPYr5KkC&pgis=1. Acesso em: 11 ago. 2018.
CREDER, Hélio. Instalações elétricas. Atualização e Revisão Luiz Sebastião Costa. Rio de
Janeiro: LTC, 2016.
EVES, Howard. Tópicos de história da matemática: para uso em sala de aula - geometria.
São Paulo: Atual, 1992.
162
FAVARETTO, Denise. Matemática em cena: 6º ano. São Paulo: Escala Educacional, 2008a.
(Coleção em Cena).
FAVARETTO, Denise. Matemática em cena: 9º ano. São Paulo: Escala Educacional, 2008b.
GIBBENS, Sarah. Tabua da Babilonia pode ser indício do primeiro uso avançado técnica
matemática. National Geographi. 26 out. 2017. Disponível em:
https://www.nationalgeographicbrasil.com/video/tv/tabua-da-babilonia-pode-ser-indicio-do-
primeiro-uso-de-avancada-tecnica-matematica. Acesso em: 11 nov. 2017.
GRAU, Oliver. Arte virtual: da ilusão a imersão. São Paulo: Unesp: SENAC, 2007.
Disponível em: http://books.google.com/books?id=MuqTmCSH3tgC&pgis=1. Acesso em: 1
nov. 2018.
GRUBER, Rafaelly et al. Magic memo: jogo da memória educativo infantil, um aplicativo
android com realidade aumentada. In: CONGRESSO NACIONAL DE INOVAÇÃO E
TECNOLOGIA, 2016., São Bento do Sul, Anais [...]. São Bento do Sul: INOVA, 2016.
Disponível em: http://www.inova.ceplan.udesc.br/public/anais/2016/4736.pdf. Acesso em: 11
nov. 2016.
HENRI LÉON LEBESGUE. In: WIKIPEDIA: the free encyclopedia. [San Francisco, CA:
Wikimedia Foundation, 2019]. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Henri_Lebesgue#Refer%C3%AAncias. Acesso em: 18 set.
2019.
LIMA, João Paulo et al. Online Monocular Markerless 3D Tracking for Augmented Reality.
In: NUNES, Fátima de Lourdes dos Santos et al (org.). Abordagens práticas de realidade
165
virtual e aumentada: livro dos minicursos. 11 symposium on virtual and augmented reality.
Porto Alegre: SBC, 2009. p. 61-103. Disponível em:
http://www.ckirner.com/download/livros/SVR2009_Minicursos.pdf. Acesso em: 12 nov.
2017.
LOPES, Ana Helena Ribeiro Garcia de Paiva; MONTEIRO, Maria Iolanda; MILL, Daniel
Ribeiro Silva. Tecnologias digitais no contexto escolar:um estudo bibliométrico sobre seus
usos, suas potencialidades e fragilidades. Revista Eletrônica de Educação, v. 8, n. 2, p. 30-
43, 2014. Disponível em: http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/view/658.
Acesso em: 12 nov. 2017.
MACHADO, Liliane S.; MORAES, Ronei M.; NUNES, Fátima L. Liliane S. Serious Games
para. saúde e treinamento para Saúde e treinamento imersivo. In: NUNES, Fátima de Lourdes
dos Santos et al (org.). Abordagens práticas de realidade virtual e aumentada: livro dos
minicursos. 11 symposium on virtual and augmented reality. Porto Alegre: SBC, 2009. p. 61-
103. Disponível em: http://www.ckirner.com/download/livros/SVR2009_Minicursos.pdf.
Acesso em: 12 nov. 2017.
MILLET, José. Mapa de la baja mesopotamiia, apuntes de historia de la edad media. In:
PASTOR, Luis Bellesteros. História antiga e medieval. 2014. Disponível em:
https://www.docsity.com/es/mapa-de-la-baja-mesopotamiia/3246428/. Acesso em: 20 out.
2018.
MOREIRA, Marli Duffes Donato. Revisitando Euclides para o ensino de áreas: uma
proposta para as Licenciaturas. 2010. 165 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Matemática)
– Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em:
http://www.pg.im.ufrj.br/pemat/28%20Marli%20Moreira.pdf. Acesso em: 16 ago. 2017.
NEVES, Walter Luiz de Andrade. Resenha de LIPOVETSKY, Gilles & SERROY, Jean. A
Tela Global: mídias culturais e cinema na era hipermoderna. Ed. Sulina, Porto Alegre: 2009.
326 p. Aedos, v. 10, n. 4, jan./jul. 2012. Disponível em:
https://seer.ufrgs.br/aedos/article/view/24684/19002. Acesso em: 20 nov. 2018.
NOESIS. In: WIKIPEDIA: the free encyclopedia. [San Francisco, CA: Wikimedia
Foundation, 2017]. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Noesis. Acesso em: 18 nov.
2018.
NUNES, José Messildo Viana. A Prática da argumentação como método de ensino: o caso
dos conceitos de área e perímetro de figuras planas. Orientador: Saddo Ag Almouloud.
2011. 219 f. Tese (Doutorado em Educação Matemática) – Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em: https://tede2.pucsp.br/handle/handle/10891.
Acesso em: 11 ago. 2016.
OLIVEIRA, Cláudio de. MOURA, Samuel Pedrosa. Tic’s na educação: a utilização das
tecnologias da informação e comunicação na aprendizagem do aluno. Pedagogia em Ação, v.
7, n. 1, 2015. Disponível em:
http://periodicos.pucminas.br/index.php/pedagogiacao/article/viewFile/11019/8864.
Acesso em: 20 out. 2018.
167
PASSOS, Fabiana Gomes dos. Análise dos índices de reprovações nas disciplinas cálculo i e
geometria analítica nos cursos de engenharia da Univasf. In: CONGRESSO BRASILEIRO
DE EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA, 35., 2007, Curitiba. Anais [...]. Curitiba: ABENGE,
2007. Disponível em: http://www.abenge.org.br/cobenge/arquivos/12/artigos/199-
Fabiana%20dos%20Passos.pdf. Acesso em: 15 nov. 2018.
RIBEIRO, Marcos Wagner S.; ZORZAL, Ezequiel Roberto. (org.). Realidade virtual e
aumentada: Aplicações e Tendências. Uberlândia: Sociedade Brasileira de Computação,
Uberlândia-MG, 2011. Disponível em: http://www.de.ufpb.br/~labteve/publi/2011_svrps.pdf.
Acesso em: 6 jul. 2018.
RODRIGUES, Cassiano Terra. Matemática como ciências mais geral: forma de experiência e
categorias. Revista Eletrônica de Filosofia, São Paulo, v. 4, n. 1, 2007. Disponível em:
https://revistas.pucsp.br/index.php/cognitio/article/view/5719. Acesso em: 6 jul. 2018.
SALAZAR, Jesus Victória Flores. Gênese Instrumental na Interação com Cabri 3D: um
estudo de transformações Geométricas no Espaço. Orientador: Saddo Ag Almouloud. 2009.
317 f. Tese (Doutorado em Educação Matemática) – Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: https://tede2.pucsp.br/handle/handle/11397. Acesso
em: 13 jun. 2016.
SANTOS, Cintia Melo dos. FREITAS, José Luiz Magalhães de. Contribuições da teoria
antropológica do didático na formação de professores de matemática.
Amazônia - Revista de Educação em Ciências e Matemática, v. 13, n. 27, p. 51-66, set.
2017. Disponível em:
https://periodicos.ufpa.br/index.php/revistaamazonia/article/view/4281/4558 Acesso em: 19
out. 2018.
SEMIOSE. In: WIKIPEDIA: the free encyclopedia. [San Francisco, CA: Wikimedia
Foundation, 2019]. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Semiose. Acesso em: 18 out.
2019.
SILVA, Wender Antônio da et al. Uma arquitetura para distribuição de ambientes virtuais de
realidade aumentada. RBIE, Uberlândia, v. 16, n. 3, 2008. DOI:
http://dx.doi.org/10.5753/rbie.2008.16.03.%25. ISSN 2317-6121. Disponível em:
http://www.br-ie.org/pub/index.php/rbie/article/view/39/33. Acesso em: 13 jul. 2016.
SILVA, Luiz Paulo Moreira. Área do cilindro. Mundo da Educação. [201-]. Disponível em:
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/matematica/area-cilindro.htm. Acesso em: 13 jul.
2016.
SILVA, Josiane Carlota da; PASQUINI, Adriana Salvaterra. Plano nacional da educação
2011-2020, da conferência à aprovação: avanços e retrocessos no ensino superior.
Revista Cesumar Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, v.18, n.1, p. 83-103, jan./jun.
2013. Disponível em:
https://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/revcesumar/article/viewFile/2861/2133.
Acesso em: 13 jul. 2016.
170
SOUZA, Joamir Roberto de. GARCIA Jacqueline da Silva R. Contato Matemática, 1º, 2º e
3º anos. São Paulo: FTD, 2016.
ZARCO, Angel Pulpón. Historia del papiro de rhind y similares. [199-]. Disponível em:
http://matematicas.uclm.es/ita-cr/web_matematicas/trabajos/165/el_papiro_de_Rhind.pdf.
Acesso em: 10 nov. 2018.
171
APÊNDICES
173
Caro Aluno,
O presente questionário tem como objetivo levantar informações referentes ao seu
conhecimento sobre o Cálculo de Área. Os dados coletados nesse questionário são para fins
de pesquisa, sendo garantido o sigilo da sua identidade.
Agradecemos desde já sua colaboração!
TAREFAS DE 01 A 05
1) Calcule a área de um retângulo cuja base mede 14 metros e a altura mede 7 metros.
Esquematize por meio de figuras o problema proposto:
Registre seus cálculos:
2) Determine o comprimento da altura de um paralelogramo de área 36m², sabendo que o
comprimento da base mede 9m.
Esquematize por meio de figuras o problema proposto:
Registre seus cálculos:
3) Para ladrilhar totalmente uma parede de 27m² de área, foram usadas peças quadradas
de 15cm de lado. Quantas peças foram usadas?
Esquematize por meio de figuras o problema proposto:
174
Caro aluno,
O presente questionário diagnóstico tem como objetivo levantar informações
referentes ao seu conhecimento sobre o Cálculo de Área. Os dados coletados nesse
questionário são para fins de pesquisa, sendo garantido o sigilo da sua identidade.
Agradecemos desde já sua colaboração!
TAREFAS DE 01 A 04
1) Calcule a área total de cada figura a seguir:
a)
b)
c)
Caro Aluno,
Caro aluno,
( ) Esportes ( ) outros
Veja a planta baixa de uma residência, em seguida, leia os critérios mínimos para
determinar a quantidade de pontos de luz para um determinado ambiente e a potência
recomendável para cada dependência Por último, responda o que se pede:
TABELA TAREFA T1
182
Veja a planta baixa de uma residência, em seguida, leia os critérios mínimos para
determinar a quantidade de pontos de luz para um determinado ambiente e a potência
recomendável para cada dependência Por último, responda o que se pede:
TABELA TAREFA T2
184
ANEXOS
185