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dissertação de Mestrado na UFES foi sobre este tema que muito tem sido discutido e, às
vezes, até controvertido na Ordem Maçônica. A mulher entra sim para a Maçonaria.
gênero, muito debatidas nestes últimos dias, por várias instituições, inclusive Igreja
Católica. Queria saber também sobre as relações de poder ali existentes e ainda as
desigualdades entre homens e mulheres, uma vez que estas não podem participar das
foram surpreendentes. Sempre quando se vai para uma pesquisa, por mais que o
pesquisador tenta se isolar e não criar expectativa nenhuma para não interferir ou
influenciar sua análise, sempre há uma pré-esperança que o resultado seria este ou
aquele, mas neste caso as surpresas foram ainda maiores. Havia a ideia de que na
espaço à mulher em momento nenhum. Esperava-se que a não permissão das mulheres
nas reuniões ritualísticas fosse, em algum momento da pesquisa, o ponto central das
discussões, tanto por parte dos homens (maçons) como também das mulheres (esposas e
sobrinhas). Contudo isso não se confirmou de fato. Tanto as mulheres quanto os maçons
pouco queriam discutir sobre isso. Embora não quisessem discutir, existia uma
sobrecarga de informações, que tanto homens quanto mulheres queriam falar a respeito
das ações maçônicas, das realizações, da unidade da família, dos objetivos da maçonaria
e das famílias. Havia uma vontade grande de manifestação. Este fato me intrigou como
pesquisador. Pensava eu: mas não querem saber o que está acontecendo? Não
consideram segregação? A mulher não se sente diminuída perante esta divisão sexual?
Não estaria a maçonaria confirmando um ato severo de discriminação social com base
no gênero? Todas estas minhas dúvidas e mais algumas outras eu pude externar para os
primeira lição foi para o próprio pesquisador (eu). Foi necessário rever que a pesquisa
tem voz própria e não se deve esperar que os resultados sejam conforme os conceitos
abandonando as disciplinas e rigores científicos, mas ir para além disso, deixar que a
pesquisa desenvolva-se por si mesma e que os fatos falem por eles mesmos com seus
Outro ponto encontrado é que nem tudo se resume em divisão sexual ou segregação de
gênero na maçonaria, lembrando ainda que sexo é homem e mulher (macho e fêmea –
entidades não podem se confundir nem no meio acadêmico e nem na sociedade como
registros mostraram que na maçonaria o ser humano não é diferente no que tange a
pluralidade de personalidades e que um ser humano nunca será igual a outro, embora a
para cada entrevistada(o), e tantas mais seriam encontradas quantas entrevistas fossem
feitas. Isto trouxe a reflexão de que no ambiente pesquisado não existe esse ou aquele
que o rizoma que se deflagra em tudo isso é muito maior, ou seja, há influências e traços
social e por que não acrescentar espiritual, porém cada posicionamento sempre diferente
um do outro e performatizado.
aceita, valorizada e até mesmo buscada pelas mulheres uma vez que tal direcionamento
visa o equilíbrio familiar, dando grande ênfase ao núcleo familiar sem questionar quais
são os meios para que esse equilíbrio seja alcançado. Assim a família assume o centro
subjetividades estão performatizadas pelo conjunto da obra, pela soma das partes,
Os discursos mostraram que há posicionamentos difusos, a mulher não tem espaço para
as reuniões ritualísticas, mas isso se tornou, para elas e para eles um detalhe pouco
relações maçônicas se mostraram para além disso e esse discurso ficou pequeno em
humano e na família. Família que é o principal objetivo das mulheres. Ter sua prole
protegida e guardada se revela como principal objetivo também dos homens (maçons),
logo discutir sexo e gênero para a família maçônica perdeu-se o sentido. O maçom quer
mais, a mulher do maçom também. Eles querem uma família forte, saudável,
para que discutir sexo e gênero se os objetivos maçônicos estão para muito mais que
detalhe pequeno dentre tantos outros substancialmente importantes para o ser humano.
eles não assumem o centro da discussão por parte dos entrevistados. Não é relevante. Os
realizações pessoais e filantrópicas foram mais importante que a discussão sobre sexos e
gêneros.
e fins adequados a si mesmo, sem preterir explicar ou influir sobre outros aspectos
Porém, esta não preocupação não indica silêncio passivo ou aceitação ignorante, mas
reflete uma forma de ação, um modo de agir, intersubjetivo, pensado, planejado, que vai
estilizada e performatizada.
Do ponto de vista das ativistas feministas poder-se-ia dizer que sim, do ponto de vista
diferenças sexuais e culturais. Nesse modelo está implícito um modelo de ser mulher: o
com suas marcas e genealogias, seja pelo cultural com suas performances, elas se
Irmão José Roberto Basílio de Souza – M.´. I.´. Membro da ARLS Mestre Álvaro
nº 97.