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A BUSCA DE UMA MAÇONARIA FORTE

O mundo, e com ele o Brasil, mudou extraordinariamente no correr do


século 20. O progresso científico e tecnológico em todos os setores do
conhecimento humano é inegável. Contudo, e infelizmente, as mazelas
humanas e sociais ainda persistem. E aí está um dos desafios que a Sublime
Ordem tem diante de si: buscar com uma séria revisão de determinados
conceitos e procedimentos, uma melhor adequação aos tempos atuais,
tornando-a mais presente, mais atuante no mundo profano.
A Maçonaria dos tempos atuais não tem utilizado todo o seu potencial
nas relações “extra colunas”, frustrando a possibilidade da conquista de um
dos seus mais ambiciosos princípios normativos – o aperfeiçoamento moral e
social da humanidade -. Na análise da relação da Maçonaria atual com a
sociedade em que vivemos, de imediato uma questão surge: será que o
homem-maçom, formado em nossa sociedade, consegue sobreviver com seus
princípios e aplicá-los na sociedade atual?
Durante o processo de criação de qualquer instituição ou sociedade,
quando se quer atingir o alvo, o objetivo, os indivíduos toleram-se, desde que
tenham as mesmas aspirações... Quando o resultado é obtido, os indivíduos
desagregam-se, transparecendo então claramente aí, a substituição dos
interesses coletivos pelos interesses pessoais. Esta é a fase da manipulação
sórdida das personalidades. Os atos confundem-se e se desperta o afronte à
nossa dignidade ou à dignidade humana, perdendo-se o grande potencial
doado pelo GADU, a individualidade de cada um de nós. Infelizmente,
despersonalizados, confusos, sem auto-respeito, sem autoconfiança, o homem
comum colapsa, se não for forte de lucidez. Mas, nós maçons estamos
literalmente incluídos neste conceito, por sermos humanos, como tais...
Como aprendizado, para reflexão, se tem essa passagem do grande
filósofo: aproximando de Sócrates um jovem, este lhe pediu que fosse seu
tutor e lhe ensinasse o que sabia. Sócrates levou o jovem para a praia e
mandou que entrasse na água. Mergulhou então a cabeça do jovem na água
por bastante tempo. O jovem procurou libertar-se, acabou emergindo quase
sem fôlego e quis saber o motivo daquele ato tão injustificável. O grande
Sócrates respondeu-lhe: “Quando tiveres tanto desejo de aprender quanto de
respirar, só então poderei ensinar-te o que queres saber.”
Levando este ensinamento para a nossa Ordem, a fim de entendermos o
que fazemos na Maçonaria, qual é nosso verdadeiro papel, veremos que
precisamos ter primeiro o forte desejo de aprender e a disposição de estudar.
Quando alguém tem o coração puro, despojado de sentimentos menores
como a vaidade, o orgulho e o egoísmo, adquire uma compreensão maior dos
princípios que lhe são apresentados, de seu meio, de si próprio, de seus “dons”
e suas limitações. E então passa a ter paz na mente e paz no coração. Será um
pacificador. Poderá dizer, verdadeiramente: Oh! Quão bom e quão suave é que
os Irmãos vivam em união.
Embora não seja fácil, devemos sempre procurar aperfeiçoar-nos. Em
nosso estado de imperfeição erramos muitas vezes. O aprender fundamenta-se
no reconhecimento dos nossos erros e no pesar por havermos errado. Na
reparação, quando possível, e na decisão de nunca mais repetir a transgressão.
O homem inteligente aprende com os seus erros; o sábio com os erros dos
outros.
É verdadeiramente um processo difícil que nos permite crescer e
progredir, E, cada um que conseguir vencer estes obstáculos, levará consigo
mais um. Pois, daí aos ensinamentos. E, se assim agirmos, em pouco tempo a
Maçonaria voltará a ser forte, sustentada pelos princípios da Moral, da Ética e
da Honestidade.

Nemézio Nelman Albuquerque

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