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A Maldição da Escolarização

Por Gutemberg B. de Macedo

“Uma vida puramente mental pode ser destrutiva se ela nos leva a substituir o
pensamento pela vida e ideias por ações. A atividade peculiar ao homem não é puramente
mental porque o homem não é só uma mente desencarnada. Nosso destino é viver o que
pensamos, porque ao menos que vivamos o que conhecemos, nem mesmo o conhecemos.
Somente tornando nosso conhecimento parte de nós mesmos, através da prática, é que
entramos na realidade que está significada pelos nossos conceitos.”

Thomas Merton, 1915-1968

Escritor católico, Monge trapista da Abadia de Getsêmani, poeta e ativista social

“Thoughts in Solitude”

Vivemos um período da história humana extremamente complexo,


desafiador e cheio de armadilhas. Para navegar e sobreviver nesse
oceano revolto com desenvoltura é necessário que os profissionais
tenham plena consciência da importância da aquisição de novos
conhecimentos como um projeto para toda a vida. Isto é, eles não podem
parar de pensar com independência e profundidade, estudar, pesquisar,
aprender e reciclar os seus saberes permanentemente.

MOTIVOS PARA A BUSCA E RECICLAGEM DO CONHECIMENTO

 A validade de um diploma universitário nos dias atuais é de seis


meses apenas. Isso significa dizer que os conhecimentos
adquiridos numa faculdade se tornam obsoletos rapidamente. A
bem da verdade, muitos cursos atualmente oferecidos nas
faculdades focam o passado e não o futuro. Além disso, não
preparam os indivíduos para um mundo em constantes
transformações. Nesse caso, muitas vezes, a escolarização se
torna uma verdadeira maldição.
 O profissional que para de estudar após a conclusão de um curso
universitário – graduação, pós-graduação, mestrado ou mesmo
PH.D. – assemelha-se a um habitante da Caverna de Platão que
após se libertar da ignorância, da escuridão e das correntes que o
mantinham preso nas profundezas da terra, depois de um certo
período em ambiente luminoso e inspirador, volta à mesma
caverna. (Platão, A República, Livro Sétimo).
 O mundo das empresas é hoje tão inseguro e a sobrevivência dos
profissionais tão incerta num ambiente cada dia e cada vez mais
imprevisível, instável, competitivo e repleto de perigos, que a
continuidade de suas carreiras depende da mobilização que
empreendem diariamente em prol da aquisição de novos saberes.
Dai a recomendação de Salomão, intelectual e estadista judeu,
“Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que
adquire conhecimento. Aumento de dias há na sua mão direita: na
sua esquerda riquezas e honras. Os seus caminhos são caminhos
de delicias, e todas as suas veredas, paz.”. (Livro dos Provérbios de
Salomão 3.13, 16, 17 e 18).
 Quando o conhecimento de um profissional para de evoluir, ele se
transforma numa opinião ou num dogma. Ai, todo problema parece
um prego para ele que tem um único martelo conceitual em sua
caixa de ferramenta.

Sem aprendizado continuo, “A vida é apenas uma imagem da morte”,


afirmou Marco Pórcio Catão, 234-149 a.C.. Moses Maimônides, 1135-1204,
sábio e rabino judeu, em raciocínio semelhantes, disse: “Aquele que não
aumenta os seus conhecimentos os diminui; quem não se quer instruir
não é digno de viver”. (Perush Hamishná, Masseechet Avot).

 Com o estudo sistêmico e contínuo temos a possibilidade de abrir-


nos, de superar um pouco os limites mais ou menos estreitos de
nosso bairrismos, enriquecendo-nos humanamente por meio de um
conhecimento mais apurado do mundo e de nós mesmos.

A esse respeito escreveu P.T. Barnum, 1810-1891, “O caminho para o


aprendizado é magnífico, o caminho que permite ao indivíduo expandir
seu intelecto e aumentar todos os dias seu estoque de conhecimentos
até que no agradável processo do crescimento intelectual ele seja capaz
de solucionar os problemas mais difíceis, contar as estrelas, analisar
cada átomo do globo e medir o firmamento – essa é uma estrada
majestosa e a única que vale a pena ser percorrida”. (A Arte de Ganhar
Dinheiro, “The Book of Business Wisdom – Classic Writing by the Legends
of Commerce and Industry,” 1997).

Caro leitor, a busca do conhecimento é, como a exploração do espaço


sideral, ou ‘uma aventura da alma’, como diz Anatole France 1844-1924,
escritor francês, e há de ser um prazer em vez de converter-se em tortura
se se mantém o instinto de exploração com um espirito aberto, curioso e
aventureiro . Em vez do amontoamento medido, uniforme e passivo de
informações, temos de manter o ideal de um prazer individual, positivo e
crescente.

A MALDIÇÃO DA ESCOLARIDADE

A maldição da escolaridade é consequência direta de vários equívocos:

Primeiro Equívoco – Infelizmente, inúmeras pessoas ainda acreditam que


ao concluírem os seus estudos universitários não necessitam estudar
mais. Elas se sentem preparadas para navegar em mundo radicalmente
diferente do mundo acadêmico. Eu, pessoalmente, tenho encontrado ao
longo de minha vida consultiva um razoável número de profissionais que
se encaixam nessa categoria. Eles nunca evoluíram em suas ideias,
pensamentos e conhecimentos. Eles se tornaram profissionais de um só
livro – o livro da própria ignorância. Portanto, são extremamente
perigosos.

Segundo Equívoco – Nos dias atuais, muitos indivíduos estudam pelo


diploma, muitos outros estudam para satisfazer as exigências de seus
pais. Outros porque veem seus colegas ingressarem em uma
universidade. E, outros tantos ainda, porque suas namoradas, noivas ou
cônjuges demandam que estudem. Ora, tais considerações são imorais
na minha visão. A busca do conhecimento deve depender do individuo, e
de mais ninguém. E só então a escolarização poderá tornar-se-á positiva
e, ao mesmo tempo, um prazer indescritível.
Em 19 março de 2015 o mundo foi surpreendido com uma imagem na
televisão que deixaria qualquer educador ou amante do conhecimento de
queixo caído – pais escalavam um prédio escolar na Índia para passar
cola para os filhos.

Esse fenômeno não se restringe apenas a Índia. Ele é visível em


diferentes países. No Brasil, todos os anos por ocasião do vestibular
tomamos conhecimento de estudantes de direito, engenharia e de
medicina que são pegos colando desavergonhadamente. Nos Estados
Unidos da América do Norte não é diferente. Estudo conduzido pelo
Center for Academic Integrity da Duke University concluiu que 56% dos
MBA’s reconhecem que colam; 54% dos estudantes de engenharia
admitem a mesma conduta desonesta; 48% dos alunos em educação
disseram que colam durante o curso; 45% dos estudantes de direito se
conduzem da mesma forma.

Fico imaginando que tipo de mundo teremos em futuro breve quando


esses estudantes chegarem ao mundo acadêmico, jurídico e empresarial.

Esses estudantes de educação contribuirão para a deformação e


decadência do ensino em todas as suas formas e níveis escolares. Como
bem frisou o jurista baiano doutor Rui Barbosa, “O mau professor gera os
maus alunos, os maus alunos empobrecem as profissões intelectuais,
estancam as fontes de renovação cientifica do país, condenam à
infecundidade o serviço público, semeiam de analfabetos a medicina, a
engenharia, o foro, o exercito, perpetuam os hábitos de servidão moral no
povo, educando-o no fatalismo da fortuna, habituando-o a por toda a sua
confiança na proteção, ensinando-o a desprezar o trabalho”. ((Obras
Completas, vol. XVI, tomo VI, pág. 107).

Uma significativa parcela dos estudantes de cursos de MBA’s ingressarão


nas grandes corporações, nas instituições governamentais e em
instituições sem fins lucrativos e produzirão estragos fenomenais pela
utilização de malabarismos contábeis e financeiros. Vejam os estragos e
danos causados à economia do Brasil pelo ministro da Fazenda Guido
Mantega, PH.D. com a sua “ contabilidade criativa”. Reflitam também
sobre os enormes prejuízos impostos pelo ex- CEO da Enron Corporation,
Jeffrey Skilling, MBA formado pela Universidade de Harvard, aos
membros e acionistas de sua corporação. Ele foi acusado de ter sido o
mentor intelectual da maior fraude contábil dos Estados Unidos. Sugiro
que o leitor leia o livro, “Bad Leadership – What it is, How it Happens, Why
it Matters” 2004, da escritora norte-americana Barbara Kellerman, 2004,
a fim de avaliar a que ponto da história humana chegamos.

Parcela dos estudantes de Direito farão exames promovidos pela Ordem


dos Advogados do Brasil a fim de obterem as credenciais para o exercício
da advocacia. Outros farão exames para ingresso na magistratura.
Infelizmente, temos visto que muitos se perdem ao longo do caminho.
Alguns poucos se tornam membros de organizações criminosas; outros,
constituem escritório de advocacias a fim de fraudar as finanças pública;
e inúmeros juízes e desembargadores se especializam na venda de
sentenças.

Aqui, quero lembrar a observação feita pelo doutor Rui Barbosa sobre o
oficio do advogado: “Lei e liberdade são as tabuas da lei da vocação do
advogado. Nelas se encerra, para ele, a síntese de todos os
mandamentos. Não desertar a justiça, nem cortejá-la. Não lhe faltar com
a fidelidade, nem lhe recusar o conselho. Não transfugir da legalidade
para a violência, nem trocar a ordem pela anarquia. Não antepor os
poderosos aos desvalidos, nem recusar patrocínio a estes contra aqueles.
Não servir sem independência a justiça, nem quebrar da verdade ante o
poder. […] Não fazer da banca balcão, ou da ciência mercatura. Não ser
baixo baixo com os grandes, nem arrogante com os miseráveis….”
(Elogios Acadêmicos e Orações de Paraninfo, Edição da “Revista de
Língua Portuguesa”, 1924, pág. 390).

Terceiro Equívoco – A ênfase na especialização arrogante, mecânica e


burra.

Sabemos que o conhecimento enriquece o conhecimento, e quanto maior


a variedade, maior o enriquecimento. Um gerente financeiro, por
exemplo, poderá insistir sobre os aspectos financeiros dos negócios.
Supondo que ele seja dotado de grande inteligência e lhe seja
proporcionado o necessário treinamento especializado, com o tempo ele
poderá se tornar um, assim chamado de gênio ou mago das finanças. Mas
gênio ou não, ele estará limitado, tanto como gerente quanto como
pessoa, se sua instrução formal e experiência profissional ficarem
restritas aos aspectos financeiros apenas. Ele fatalmente ficará limitado
em seu trabalho e terá dificuldade para relacionar-se com outras
pessoas. Ele terá dificuldade em relacionar considerações financeiras
com outros aspectos do negócio, como marketing, pesquisa e
desenvolvimento, tecnologia da informação, manufatura, recursos
humanos e vendas. Estará limitado na projeção da imagem corporativa
desejada. E também limitado para gerar o entusiasmo e a harmonia tão
essenciais ao desenvolvimento de relacionamentos de confiança em
altos níveis e consumação de negócios importantes, como frisou Williard
F. Rockwell, Jr., em “O Chapéu do Estudante”. O mesmo pode ser dito de
outros gerentes de áreas funcionais diferentes.

Segundo o filósofo chinês Lin Yutang, 1895-1976 em “The Importance of


Living”, 1943, temos esse sistema perverso e maldito por dois motivos
básicos:

 O sistema pedagógico torceu e falseou a aprazível busca do


conhecimento para convertê-la em um mecânico, medido, uniforme
e passivo amontoamento de informações. Além disso, substituiu-se
a arte de pensar pela memorização pura e simples. É minha visão e
opinião que um profissional que não desenvolveu seu pensamento
crítico é desprovido da habilidade cognitiva que permite-o
investigar logicamente uma situação, problema, questão ou
fenômeno, de forma a poder fazer um julgamento ou tomar um
decisão sábia.
 Educamos homens e mulheres em massa, como em uma fábrica, e
tudo o que ocorre dentro de uma fábrica deve processar-se segundo
um sistema frio, mecânico e morto.

As consequências dessa deformação maldita são evidentes, não apenas


dentro de nossas organizações, mas também na sociedade como um
todo. Michael Legault, editor do National Post, escreveu: “Tornamo-nos
uma sociedade dependente do ponto de vista de especialistas –
psicólogos, paisagistas, consultores financeiros, até mesmo orientadores
familiares. O espaço que nos é concedido para refletir, entreter-nos e
questionar sobre os mistérios do dia-a-dia encolheu. Por falta de treinar a
mente pela observação neutra e cuidadosa e pelo raciocínio critico
aplicado, julgamentos baseados em emoções momentâneas prevalecem.”
E ele acrescentou ainda: “O espólio deste mundo pós-industrializado não
irá para indivíduos, empresas e nações que improvisam e confiam em
decisões instantâneas e intuição, mas para aqueles que se preocupam
com detalhes e têm o melhor raciocínio crítico e criativo.” (THINK, 2006,
págs. 21 e 81).

Caro leitor, não quero que pense que sou contra a especialização em
determinado campo do conhecimento ou área funcional. Sou
terminantemente contra aqueles indivíduos que somente sabem falar
sobre um único assunto. Esse profissional é extremamente perigoso para
uma organização ou sociedade porque ele olha o mundo com antolhos.
Comparo esse especialista à cozinheira chinesa que solicitada pelo
imperador para fazer uma sopa deliciosa para ele e seus convidados,
disse: “Senhor, não sei preparar uma sopa. Sei somente descascar a
cebola para fazer a sopa. Esse é o risco da especialização. Ela
desconhecia todo o modus operandi de preparar uma sopa gostosa e rica
em nutrientes. Ela conhecia apenas uma pequena parte, descascar a
cebola – a maldita especialização.

A escolarização falha miseravelmente se não prepara os indivíduos a


continuarem aprendendo depois que abandonam a faculdade e também
pelo resto de suas vidas. Qualquer pessoa que não compreende isso não
consegue aprender uma das questões mais importantes da filosofia da
educação, a questão que John Dewey, 1859-1952, pedagogo e
pedagogista norte-americano, enfatizou repetidamente quando disse que
“Todo o aprendizado é causa de mais aprendizado, assim como cada fase
de crescimento é causa de mais crescimento”.

Um dos motivos pela qual o aprendizado é interminável, ou seja, deve


seguir incessantemente, por toda a vida, é que “ele busca a sabedoria”,
segundo Mortimer Jerome Adle, 1902-2001, educador e filósofo norte-
americano. (How to Think about the Great Ideas – From the Great Books
of Western Civilizations, 2010.

Sim, sabemos que a sabedoria é difícil de ser atingida. Nem toda ela pode
ser alcançada em um período inteiro da vida. Mas essa não é a única
razão. Não é só que é necessária uma vida para se conseguir sabedoria. A
outra razão é que viver é crescer. O corpo humano quando para de
crescer e se desenvolver, realmente começa a morrer, começa a decair,
mas a mente, contudo, continua crescendo mesmo quando o corpo para
decresse e começa a morrer, no entanto apenas com a condição de que
nós continuemos aprendendo. Quando paramos de aprender, então a
mente também para de crescer e começa a morrer. Começa a atrofiar da
mesma forma que o corpo.

Acredito que todo profissional compreende o que é necessário para


manter um corpo forte e sadio. Todos sabem que eles devem se alimentar
bem, praticar exercícios físicos diariamente, dormir bem, fazer amor com
regularidade, gerenciar as emoções, visitar um médico ou vários médicos
anualmente, fazer exames clínicos, entre outras providências. O mesmo
que se aplica aos cuidados do corpo se aplicam igualmente aos cuidados
da mente. Portanto, da mesma maneira que, para manter o corpo
saudável e forte, não podemos mantê-lo sadio e vigoroso com a
alimentação que ingerimos durante o ano passado. O mesmo acontece
com a mente humana. Se desejamos mantê-la sadia e com energia não
podemos depender unicamente dos estudos durante o período
universitário ou das leituras empreendidas há vários anos atrás.

Infelizmente, isso acontece com grande frequência no seio de nossas


organizações e da sociedade como um todo. O medo de aprender está se
tornando endêmico em nossa cultura. Carl Ranson Rogers, 1902-1987,
psicólogo norte-americano, observou que embora os humanos tenham um
potencial natural para o aprendizado, eles abordam o processo com
grande ambivalência, porque qualquer aprendizado significativo envolve
uma certa dose de dor, seja uma dor ligada ao aprendizado em si mesmo,
seja uma aflição ligada à desistência de certos conhecimentos já
aprendidos anteriormente. Para evitar sofrer a dor de aprender, as
pessoas chegam ao extremo de se iludir com abordagens suavizadas do
conhecimento.

Os efeitos dessa maneira de viver e trabalhar são danosos em nível


pessoal, familiar, empresarial e nacional, pois à medida em que o
arcabouço intelectual, necessário para perceber e avaliar o mundo,
começa a definhar e se fragilizar, passamos a confiar mais em ideologias
estrangeiras, conhecimento adquirido em passado distante, sabedoria
convencional, búzios, tarôs e fé cega para viver a vida e trabalhar. Por
acaso, não é isso o que acontece atualmente no Brasil? Recomendo ao
leitor que leia o excepcional livro do astrônomo norte-americano Carl
Sagan, 1934-1996, “O Mundo Assombrado pelos Demônios”, e extraia as
suas próprias conclusões sobre o mundo atual no qual as pessoas fazem
de tudo para não pensar por si mesmas. Elas preferem ser dirigidas,
aceitar as coisas e as informações sem questioná-las. Isso é uma ameaça
à liberdade individual e coletiva e também um culto permanente à
ignorância programada.

Eis um exemplo que ilustra essa macabra realidade. Há dois anos


aproximadamente comprei um livro com o sugestivo título “Carreira
Sustentável” de conhecido consultor de recursos humanos. Pensei tratar-
se de uma exposição nova sobre o assunto. Entretanto, qual não foi a
minha surpresa ao descobrir que o “livro” não passava de um autoplágio
de outros livros do mesmo autor. O consultor espertamente transcreveu
parte de capítulos de livros anteriores e apresentou-os como um novo
livro.

Moral da história: perdi meus R$ 39,00 (Trinta e nove reais), desperdicei


meu tempo ao lê-lo e senti-me enganado como leitor, estudante e
pesquisador. Por outro lado, se eu tivesse aceitado a redação do livro
sem nenhum questionamento critico, jamais teria descoberto tamanho
autoplágio.

Caro leitor, a averiguação e verificação de proposições de toda sorte,


apresentadas para comprovar se correspondem ou não à realidade [..] É a
nossa única garantia contra a decepção, a fraude e a mentira, como
escreveu William Graham Summer, 1840-1910, sociólogo, economista e
acadêmico norte-americano.

Todos nós nascemos com a capacidade de pensar criticamente, mas,


como qualquer outra habilidade, ela deve ser estimulada e aperfeiçoada
com a prática. O pensamento crítico exige uma infra-estrutura intelectual
que, à semelhança da estrutura de aço de uma construção, deve ser
montada aos poucos, para dar-lhes formato e sustentabilidade definitivos,
como frisou Michael Legault. Esta semana faleceu o aclamado jornalista
e escritor uruguaio Eduardo Galeano. Aos 31 anos de idade ele escreveu
sua obra mais conhecida “As Veias Abertas da América Latina”, em que
denunciou a opressão do continente. Essa obra, tendenciosamente
“esquerdista” lhe rendeu fama e projeção internacional. Dez anos após,
ele relatou à jornalistas que não leria esse livro. Em sua autocrítica, disse
que na época que o escreveu ele era muito jovem e ainda não havia
desenvolvido um senso crítico político e cultural.

Vincent Ryan Ruggiero, professor e autor do livro “Beyond Feelings: A


Guide to Critical Thinking, afirma que “As três atividades básicas
envolvidas no pensamento critico são encontrar uma evidência, descobrir
seu significado e chegar a uma conclusão a respeito.

Assim, observação aguçada, conhecimento tanto geral quanto


especializado, boa memoria, informações corretas e ferramentas
analíticas são importantes para impulsionar o pensamento crítico.”

O CAMINHO PARA A LIBERDADE DA MALDIÇÃO DA ESCOLARIZACÃO


Inúmeros são os meios que contribuem para o livramento da maldição da
escolarização:

Primeiro – A Leitura

Durante minha carreira profissional e consultiva eu passei por inúmeras


mudanças, porém há um coisa sobre a qual eu nunca mudei a minha
opinião e convicção – o valor inestimável da leitura. Todos os que me
conhecem sabem da paixão que devoto à leitura de bons livros. Desde
muito cedo aprendi que o homem que não ler não tem nenhuma vantagem
sobre aquele que não sabe ler.

Fico profundamente angustiado e triste quando encontro um profissional


que confessa não cultivar o hábito da leitura pelas mais diferentes
razões: falta de tempo, o preço dos livros, entre outras razões
esfarrapadas. Há cinco anos aproximadamente conduzi um projeto de
recolocação de um executivo que confessou passar quatro horas por
noite vendo televisão. Para esse tipo de profissional (e eles existem aos
milhares) oferecer-lhe um livro para leitura é uma verdadeira tortura.

Lembro-me que naquela ocasião lembrei-o sobre o dialogo entre Larry


Tisch, ex-CEO da CBS, e Lewis Laphman, editor da revista Harper,
publicado no Wild Duck Review, em que o primeiro disse que “nem ele e
nem ninguém que tivesse algo melhor para fazer, desperdiçaria seu
tempo diante de uma televisão”. E ele acrescentou: “A televisão é para
pessoas pobres, preguiçosas ou deprimidas demais para fazer outra
coisa”.

Caro leitor, como disse Benjamin Franklin, “a leitura faz um homem


completo; a meditação, um homem profundo; o discurso, um homem
claro”.

Um das mais belas declarações de amor à leitura que conheço foi feita
por Fiodor Miklailovitch Dostoievski, escritor russo, 1821-1881: “Leio.
Leio como um alucinado, e ler tem um estranho efeito sobre mim. […]
Penetro em tudo, compreendo o significado exato de tudo, e é daí que
retiro minha capacidade de criar.” (The Seeds of Revolt, 1821-1849).
Caro leitor, que você encontre inspiração e motivação nas palavras de
Dostoievski, a fim de cultuar os livros como fonte de conhecimento e
sabedoria.

Segundo – Conversar com pessoas cultas e inteligentes

Conversar com pessoas cultas e inteligentes é outra maneira de se


aprender de forma rápida e eficaz. Infelizmente, muitos profissionais
estão perdendo ou há muito perderam esse hábito. As conversas reais e
presenciais, são assuntos de duas vias em que todas as partes se
encontram igualmente ativas. Gostaria de acrescentar que uma conversa
está no seu auge quando as partes envolvidas tendem a considerar o
outro como um igual. Isso realmente é o coração da diferença entre a
aprendizagem através da conversação e a aprendizagem por instrução.

Baltasar Gracian, 1601-1658, filósofo e padre jesuíta, a esse respeito


recomendava: “Transforme seus amigos em seus professores e misture
os prazeres da conversação com as vantagens da instrução.”

Essas conversas devem observar algumas regras:

 A primeira é escolher a ocasião certa para que aqueles que vão se


engajar na conversa se encontrem ociosos ou não muito ocupados.
Deve-se escolher um momento em que as pessoas estejam livres de
distração para participarem da discussão.
 A segunda regra é escolher as pessoas certas. Nem todo homem
preparado e culto possui temperamento adequado para conversar
sobre determinados assuntos.
 A terceira regra é tentar evitar argumentos falaciosamente.
 A quarta regra é a de não concordar ou discordar de outra pessoa
até que você entenda o que ela disse ou quis dizer. Concordar com
outra pessoa antes de entender o que ela disse é fútil. Discordar
antes de compreender é impertinente. Não faça o que a maioria das
pessoas faz, que é dizer tudo em um só folego: “Eu não sei do que
você está falando, mas acho que está errado”.
 E quinta regra é que se, após a compreensão do argumento da outra
pessoa, você discorda dela, deve indicar seu desacordo
especificamente e dar as razões.
 A sexta regra é – faça perguntas inteligentes – quando oportuno.
Toda essa discussão sobre conversar com pessoas cultas e inteligentes
pode ser resumida na seguinte expressão: “Trave combates intelectuais
sempre que puder e fuja de ambientes e do convívio com pessoas
medíocres e que não agregam valor.” Em palavras mais duras: “Não atire
pérolas preciosas aos porcos”.

A observação dessas simples regras o preservarão de cometer erros


desnecessários como desatenção, interromper e de falar vários ao
mesmo tempo, o afã exagerado de mostrar espírito, egoísmo, espirito de
dominação, pedantismo, falta de continuidade na conversação, espirito
de pilheria e de disputa, entre inúmeros outros.

A conversação é a grande escola do espirito; não só no sentido de que o


enriquece com conhecimentos que dificilmente teriam sido extraídos de
outras fontes, mas também tornando-o mais vigoroso, mais justo, mais
penetrante e mais profundo também, como observou Abade André
Morellet, 1727-1819, Membro da Academia Francesa (De La
Conversation).

Costumo dizer a todos os meus clientes que a maioria dos profissionais, e


mesmo aqueles que deram o máximo de cultura ao seu espirito, devem
grande parte de seus conhecimentos à conversação. Eu sou um deles e
sinto-me extremamente abençoado pelas conversas das quais participei
ou participo.

Michel de Montaigne, 1533-1592, filósofo, político e jurista francês.

Terceiro – Explorar o mundo por meio de viagens à lugares diferentes

“A essência da viagem é não ter deveres, horas marcadas, nem


correspondência, vizinhos curiosos, nem comissões de recepção, nem
destino fixo. O bom viajante é o que não sabe aonde vai, e o viajante
perfeito é o que não sabe de onde veio. Nem sequer sabe seu nome e
sobrenome.”

T’u Lung Viagens de Mingliaotsê.

Viajar, além de prazeroso, é uma das melhores maneiras para se adquirir


conhecimento e, consequentemente, se culturalizar. François de
Callières, em obra mencionada, diz que “Os homens do tipo mais
medíocre restringem suas perspectivas aos limites da cidade onde
nasceram. Aqueles, porém, a quem Deus proporcionou uma luz maior não
vão dispensar nenhum meio de aprimoramento, venha ele de perto ou de
longe.”

Durante minha infância e adolescência, habituei-me a ouvir pessoas de


posses, dizerem: “Vou à Europa… vou aos Estados Unidos… vou à Ásia, a
fim de tomar um banho de cultura e civilização.”

Ao ouvi-las, não compreendia bem o que elas queriam dizer com tais
afirmações. Todavia, à medida que os anos foram passando, os
horizontes de conhecimento se ampliaram, e as primeiras oportunidades
para viajar foram surgindo, tanto pelo país, como pelo exterior; comecei,
então, a compreender o que elas queriam dizer com o tal: “banho de
cultura…”

Tomar um banho de cultura significava ir além da habitual zona


geográfica de conforto, revigorar o espírito criativo, aguçar a criatividade
e ampliar os horizontes da própria mente por meio de novas atividades,
interromper a monotonia da vida diária – visitar museus, institutos
históricos e geográficos, bibliotecas, universidades tradicionais,
catedrais, ruínas e monumentos históricos, portos e aeroportos, museus
de história natural, centros de pesquisas científicas, lojas de
antiguidades e galerias de arte, congressos nacionais, residência
presidencial, suprema corte de justiça, casa da moeda, conventos e
palácios, ouvir concertos musicais das mais renomadas orquestras e
conduzidos pelos melhores maestros do mundo, assistir a peças teatrais,
visitar lugarejos, cidades e castelos, conhecer novos povos, aprender
sobre novas culturas, folclore, riquezas naturais, modus vivendi,
gastronomia, ler sobre seus artistas, poetas, pintores, filósofos, artesãos,
sistemas de governo, leis e costumes, nível de educação formal e de
ensino, sistema de transporte e de infra-estrutura, geografia e história,
filosofia de vida, religião, ouvir novos idiomas e sotaques inusitados,
sentar à mesa de um bar ou, mesmo, de um banco de praça e observar o
comportamento e a reação das pessoas, suas roupas e estilo de vida,
entre tantas e tantas outras coisas.

Todas essas atividades injetam cultura e novo ânimo nas pessoas, além
de lhes oferecer novas informações, perspectivas e pontos de vista
diferentes dos nossos.
Sabemos, por experiência que os indivíduos que viajam usufruem de
excepcional oportunidade para desenvolver a inteligência visual. No
exterior, eles podem interagir com diferentes estilos arquitetônicos,
desenvolver a inteligência interpessoal, conversar com pessoas de outros
lugares sobre o ritmo de suas vidas e atividades diárias, quase sempre
muito diferentes e raramente semelhantes às próprias, lapida a
inteligência cinestésico-corporal, que aprende a navegar por ruas,
avenidas, bairros, cidades e regiões desconhecidas; aumenta a
inteligência espacial, facilitando o estudo do layout e do cenário de
outras cidades, como observou Jordan Ayan.

O filósofo Francis Bacon, em “Essays – Of Travel”, desejando transformar


as viagens e passeios à Europa em fonte de aquisição de conhecimento e
cultura, produziu o que se poderia denominar de “Tips for Young Men
Traveling in Europa”, no qual faz valiosas observações.

 Leve junto com você um professor particular, a fim de certificar-se


de que não será prejudicado em seus estudos. Essa recomendação
de Bacon é obviamente inviável para a grande maioria, mas valer-se
de um guia turístico, não.

 É agradável e também recomendável que participe das festas


locais, mas não saia de seu caminho para procurá-las.

 Visite o maior número possível de bibliotecas, igrejas e


monumentos!

 Aprenda o idioma local e mantenha um diário de todas as


experiências vividas. Elas serão extremamente úteis para seu
amadurecimento e evolução. E, no futuro, você poderá tê-las como
valiosas fontes de referência e consulta.

 Não perca tempo confraternizando e brincando por muito tempo


com outros jovens do país visitado. Em outras palavras, não
constitua feudos, não se isole dos cidadãos locais, se quiser
verdadeiramente aprender sobre os países visitados.

 Ao regressar, não se torne enfadonho e inoportuno, falando o tempo


todo sobre a viagem.

 Leve consigo um livro sobre o país ou países que vai visitar. Ele
poderá se converter em chave importante para suas indagações, à
medida que puder explorar pontos turísticos ou históricos
antecipadamente escolhidos.

 Nunca permaneça na mesma cidade por mais tempo que o


necessário.

 Cuide para não se acompanhar de pessoas de difícil relacionamento


– coléricas e briguentas.

É uma verdade indubitável: viagens na juventude são parte intrínseca do


enriquecimento cultural e da própria educação. Na idade adulta, parte
integrante da experiência.

Michel de Montaigne, ao discorrer sobre a importância de viajar, disse:


“Passei a vida lendo as narrativas de viagem e nunca encontrei duas
delas que me dessem a mesma idéia do mesmo povo. Comparando o
pouco que podia observar com o que tinha lido, acabei por deixar de lado
os viajantes e lamentar o tempo gasto para me instruir com sua leitura,
persuadido de que, no que tange a observações de qualquer espécie, não
se deve ler, mas ver. Para se instruir, não basta percorrer os países; é
preciso saber viajar. Para observar, é preciso ter olhos e voltá-los para o
objeto que se quer conhecer. Há pessoas a que as viagens instruem ainda
menos do que os livros, porque ignoram a arte de pensar, pois na leitura
seu espírito pelo menos é guiado pelo autor e nas viagens nada sabem
ver por si mesmas. Outras não se instruem porque não querem instruir-
se”.

Do exposto, concluímos que viajar é extremamente importante, não


apenas para formação e aperfeiçoamento profissional, mas também, e em
especial, para incremento do próprio nível cultural em ambiente de
trabalho e de negócios que, a cada dia, se globalizam cada vez mais – as
raças se misturam; os povos se confundem; as aparências regionais e
nacionais desaparecem, cada vez mais rapidamente; nações e economias
outrora fechadas se abrem; a comunicação se expande numa velocidade,
jamais vista; viagens com os mais diversos objetivos multiplicam-se
(passeio e turismo, negócio, estudo e pesquisa, busca de aventura e
experiências únicas, eliminar barreiras criativas, etc.); interesses
comuns se ampliam; as ligações políticas e comerciais se aprofundam e
se consolidam; a curiosidade sobre outros povos se intensifica, à medida
que os satélites colocam, via televisão, esses mesmos povos dentro de
nossos lares – quer suas riquezas quer misérias.
Gostaria de fazer algumas poucas recomendações, a fim de transformar
suas viagens em algo verdadeiramente prazeroso e contributivo para o
aumento de seu nível cultural e, conseqüentemente, ancorar sua carreira
em águas profundas:

 Estude antes e em profundidade os países que deseja visitar.


Lembre-se de que o verdadeiro valor de viajar não está na
quantidade dos países que for capaz de visitar, mas na qualidade
do conhecimento que for capaz de absorver e aplicar a sua vida
pessoal, familiar, carreira e negócios.

 Ao viajar, desligue o piloto automático e seja flexível ao classificar


as experiências de vida – o tipo de comportamento rotineiro –,
preocupação com as horas; celular permanentemente ligado,
ligações a fazer e receber entre outras preocupações com
atividades e deveres.

 Converse com pessoas de seu relacionamento e solicite impressões


sobre os países que visitou – nível cultural das pessoas, infra-
estrutura nos grandes e pequenos centros, lugares mais
interessantes para visitar, etiqueta social a ser observada,
melhores lugares para se hospedar e visitar, melhores alternativas
culturais, entre outras questões.

 Explore o lado oculto das cidades e países visitados. Procure ver e


saber aquelas coisas que os guias turísticos nunca desejam
mostrar e que não constam dos guias turísticos, geralmente
comprados nas recepções dos hotéis ou agências de viagens.
Procure o novo e não confunda Nova York com os Estados Unidos,
Paris com a França, Londres com a Inglaterra e São Paulo com o
Brasil. São realidades diferentes e nunca mostram por completo o
verdadeiro país que se esconde por trás das grandes e prósperas
cidades.

 Evite, por princípio e pela própria natureza do objetivo da viagem,


qualquer que seja sua natureza, as comparações, comumente
feitas por viajantes de mente vazia, espírito preconceituoso e
avaliações medíocres, do tipo – “no meu país a comida é melhor,
no meu país o povo é mais simpático e cordial, no meu país o
trânsito flui melhor, no meu pais tudo é melhor…” Na verdade,
mantenha o tempo todo, a mente aberta e alerta a novos
aprendizados e experiências: o que torna esse país tão próspero ou
miserável? Por que as pessoas trabalham tanto nesse país? Qual o
valor que dão à educação das crianças, jovens e adultos? O que
verdadeiramente o torna diferente de meu país de origem? Quais as
forças influenciadoras de sua história e cultura? Quem são seus
heróis e o que fizeram para merecer tamanho reconhecimento
nacional? Quem são seus filósofos, poetas, artistas plásticos,
cientistas, políticos, educadores, artistas, jornalistas mais
famosos? Quais são os principais problemas que enfrentam –
drogas, desemprego, prostituição infantil, devasagem tecnológica,
inflação, corrupção pública e privada, sistema judiciário corrupto,
sistema educacional falido, nível de riqueza nacional etc.

 Faça um diário. Anote cada coisa que observa e faça seus próprios
comentários sobre o que viu, ouviu e leu. Não deixe as coisas
passarem sem que as perceba com olhar clínico. Fique atento, pois
cada evento, cada pessoa que encontrar, cada comentário ouvido,
poderá se transformar em experiência única.

 Nunca viaje se seu objetivo for de abafar ou esquecer um problema


pessoal mal resolvido. A experiência humana demonstra que esse
mesmo problema o acompanhará e sua tendência é que se agrave
ainda mais. Lembro-me que assessorei um alto executivo em
processo de outplacement que estava vivendo problemas no
casamento. Desejoso de resolver o problema, fez com a esposa
uma viagem ao exterior. No instante em que entraram no
apartamento de hotel cinco estrelas em São Francisco, Califórnia, a
esposa lhe disse: “Não quero ficar aqui. Quero voltar para o Brasil
ainda hoje. Por favor, não me peça para ficar!” E, ambos, a viagem e
o casamento, acabaram ali mesmo, mal haviam chegado. Tudo de
maneira dolorosa e triste. Sem nenhuma menção aos dos prejuízos
emocionais decorrentes e às perdas financeiras. Seria
extremamente bom, se os problemas humanos fossem resolvidos
pela simples locomoção do corpo de um lugar para outro – eles
seriam fáceis de solucionar e as clínicas de psicólogos e psico-
terapeutas estariam vazias.

Quarto – Reserve tempo diariamente para pensar

Constato perplexo que a maioria dos profissionais não gosta de pensar.


Agem por impulso ou quando compelidos pelos acontecimentos. Portanto,
são mais propensos ao erro. B. C. Forbes relata em artigo que quando
Frank A. Vanderlip era presidente do National City Bank of New York, o
maior banco dos Estados Unidos, todo o seu dia era tomado por uma
sequencia ininterrupta de reuniões e compromissos. Certa ocasião, ao
encontra-lo, perguntou: “Quando você encontra tempo para pensar?” E
ele retrucou: “Como você pode imaginar, certamente não posso me
permitir o tempo aqui no banco para uma boa reflexão. Preciso fazê-lo em
casa.”

Harriman, o gênio da ferrovia, declarou certa vez que gostava de aparecer


em seu escritório sem ser anunciado, a fim de encontrar algum de seus
executivos com os pés sobre a mesa, aparentemente fazendo nada.
Harriman pressupunha que o homem estivesse pensando. Mas a realidade
das nossas organizações e a atitude de muitos profissionais favorecem
justamente o comportamento contrário ao da reflexão. Nove entre dez
CEOs se irritariam ao apanhar seus executivos de ponta sem “fazer nada”
– preferindo enganar-se com um suposto ativismo inconsequente. Quando
Albert Einstein, o físico genial, pensava sobre um problema, sempre
achava necessário formular esse assunto em tantas maneiras diferentes
quanto possível e apresentá-lo de forma compreensível para pessoas
acostumadas a distintos modos de pensamento, com diferentes
formações educacionais.

O ritmo alucinado e a busca por resultados a qualquer preço fazem com


que os profissionais tenham uma postura mais operacional do que
estratégica. Eles executam tarefas para fazer o que os líderes da
organização acreditam ser necessário para que as metas sejam atingidas
– e, consequentemente, para satisfazer os acionistas. Pensar fica para
depois. Pensar se torna um hábito sem grande importância.

Aqui vale repetir as palavras de Sir William Drummond: “Aquele que não
pensa é um fanático; aquele que não pode pensar é um tolo; e aquele que
não ousa pensar é um escravo. (Recomendo que leia o livro, “O Principio
da Sabedoria – Lições de Salomão para o Bem Viver,” 2008).

Caro leitor, o sucesso de sua carreira depende em grande parte do valor


que você atribui aos estudos para toda a vida. Por esse motivo
recomendo que abra os livros diariamente, converse com pessoas cultas
e inteligentes, reserve diariamente tempo para pensar, explore o planeta
por meio de viagens bem planejadas, entre outros canais que lhe
proporcionarão conhecimento e sabedoria.
A empresa moderna requer profissionais comprometidos com a busca
incessante do conhecimento em todas as suas formas. Além disso, “que
sejam capazes de desafiar a sabedoria convencional, a propaganda
gerada por fanáticos e demagogos, bem como as banalidades e garantias
superficiais daqueles que estão no poder e que gostariam de nos ver abrir
a mão de nossa capacidade de julgamento crítico quando o sistema
entrar em colapso.” (Jamie McKenzie, Education Technology Journal).

O Brasil necessita de uma nova geração de profissionais preparados,


cultos, competitivos e com mentes críticas em nível global –
administradores, engenheiros, médicos, advogados, professores,
cientistas, diplomatas, políticos, etc. Se não criarmos e desenvolvermos
essa “geração especial”, o nosso futuro estará comprometido.

Felizmente, ainda temos tempo (não muito tempo) para melhorar


significativamente o padrão intelectual dos indivíduos. Seja você o
primeiro a fazer essa mudança. Os benefícios dessa transformação são
singulares – uma carreira bem-sucedida, interesse genuíno nos estudos e
um profissional medíocre a menos no país.

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AS DOZE VIRTUDES DE UM LÍDER
PARA O SÉCULO XXI – (Última
parte)

> Lidera com paixão e exemplo de vida<

Por Gutemberg B. de Macedo


“Como líderes, quanto mais pudermos soltar nossas habilidades – da
mente, corpo e espírito – mais valor poderemos criar dentro e fora de
nossas organizações.”

Bill George,

Ex-Chairman e Chief Executive Officer da Medtronic

“Nada revela mais o caráter de um homem do que seu modo de se


comportar quando detém um poder e uma autoridade sobre os outros:
essas duas prerrogativas despertam toda paixão e revelam todo vício.”

Plutarco, 45 a. 125 d.c.

historiador e filosofo grego

Vidas paralelas, Confronto entre Demóstenes e Cícero, 3

Este é o último trabalho desta longa série de artigos. Reconheço que não
esgotei a discussão sobre todas as virtudes que os indivíduos e a
sociedade como um todo procuram identificar e encontrar em todos
aqueles profissionais colocados em posição de liderança e mando.
Procurei apenas sim, ampliar um pouco mais a discussão sobre o assunto
em época comprovadamente escassa de líderes autênticos, influentes,
capazes de criarem valores permanentes em suas organizações,
praticarem a liderança servidora em seu mais elevado grau e serem
vigilantes acerca do “Eu” e do “Nós.” Como ponderou Daniel Goleman,
renomado autor e escritor norte-americano, que tenham “awareness of
self and awareness of others.”

Peter Drucker, renomado escritor, professor e consultor global em um de


seus livros, escreveu: “O sucesso na economia do conhecimento chega
àqueles que conhecem a si mesmos – suas forças, seu valor, e como
desempenham melhor..” (Managing Oneself, 2008).

Sei por experiência, pesquisas e estudos que a despeito das virtudes


discutidas ao longo das últimas doze semanas, não existem líderes
perfeitos. Muitas vezes, as organizações criam mitos acerca dos líderes
que elas ambicionam ou esperaram ter – executivos superstar. Por acaso,
não foi isso o que aconteceu com o empresário Eike Batista? No início de
sua recente trajetória empresarial ele foi endeusado e chegou a ser
descrito como a nova face do capitalismo brasileiro – “era o fim do
complexo de vira lata do brasileiro.” A própria presidente Dilma Rousseff
cobriu-o de elogios e adicionou: “Mais empresários do Brasil deveriam ter
a visão de Eike Batista.” Agora, a sociedade descobriu que visão sem
competência gerencial é suicídio.

Certamente que as organizações devem erguer a barra da liderança todos


os dias e cada vez mais. Entretanto, mesmo assim, jamais teremos
homens e mulheres perfeitos. Afinal, somos imperfeitos pela própria
natureza humana.

Há uma expressão neo-testamentária atribuída ao maior apóstolo da


cristandade, Paulo, que diz: “Porque não faço o bem que quero, mas o mal
que não quero esse faço.” (Epístola de São Paulo aos Romanos 7.19).

Caro leitor, não quero que você pense que sou contra a formação e o
desenvolvimento de líderes. Muito pelo contrário. O que desejo dizer é
que quando os modelos de competências de liderança estão recheados
de perfeccionismo, mitologia e desconectados das necessidades reais
das organizações, elas são totalmente contra producentes.

Um grande sábio, que era um dos principais conselheiros de um rei


poderoso, teve um dia uma discussão com outros membros do conselho
do rei. Ele acreditava não ser possível mudar a natureza de um animal,
enquanto os outros achavam que poderia ser possível, por meio da
educação e do treinamento intensivo. E eles decidiram que lhe provariam
isto treinando um animal.

Alguns meses depois, eles se sentaram com o sábio diante do rei, e, ao


baterem palmas, entrou um gato carregando bandejas de comida. Ele
carregou a comida para as mesas. Quando terminaram o primeiro prato,
ele tirou a mesa, e agiu durante toda a refeição como um garçom
humano.

Neste momento eles tiveram certeza de terem provado o engano do


sábio. “Viu só”, eles disseram, “é possível mudar a natureza de um
animal.”
O sábio tirou uma pequena caixa de sua bolsa. Abriu a caixa, e de dentro
dela pulou um rato. O gato deixou todos os pratos e bandejas caírem, e
saiu correndo atrás do rato.

Sorrindo, o sábio olhou para os outros conselheiros e disse: “É possível


fazer com que um gato ou qualquer outro animal aja de forma diferente,
mas não é possível mudar sua natureza interior.”

Caro leitor, é inteiramente impossível transformar um gestor em um líder


exemplar e com o coração cheio de paixão e amor pelo seu negócio e
pelas pessoas apenas com treinamento e desenvolvimento cujo foco é
apenas o domínio de qualidades exteriores.

Nessa atmosfera organizacional os profissionais aprendem o que pensar,


mas não a pensar. Aprendem o que fazer, e não como “Ser”. Aprendem
sobre as coisas, mas não sobre a natureza das coisas. Aprendem sobre o
que conquistar, mas não como conquistar. Além disso, eles aprendem a
encher os seus cérebros com informações, dados estatísticos e
conhecimentos, porém raramente procuram compreendê-los, digeri-los,
expandi-los ou usá-los de maneira mais eficaz.

É uma pena que isso tipo de coisa aconteça na maioria das organizações.
Afinal, nenhuma empresa se sustenta por muito tempo sem líderes que
usem a mente analítica – o raciocínio lógico – a alma e o coração na
condução de seus negócios. Desejo enfatizar que a paixão é, e sempre
será, um ingrediente necessário para qualquer indivíduo que aspire uma
posição de liderança no atual cenário de uma economia globalizada. Até
mesmo o melhor dos planos empresariais não produzirá qualquer
resultado se não levar consigo paixão, amor, integridade, coerência e
exemplos dignificantes.

A essência da verdadeira liderança é oferecer aos outros o seu espírito e


o seu “Ser”. Se você ambiciona ser bem-sucedido como líder, é
importante também compreender como dar exemplo a fim de modelar
toda a organização.

Gosto muito das palavras de Jaime Irick, executivo da General Electric:


“Quando você se torna um líder, seu desafio é o de inspirar os outros,
desenvolvê-los e criar mudanças ao redor deles. Você precisa ligar o
interruptor interno e entender que está ali para servir o pessoal da sua
equipe.”

Andrea Jung, CEO da Avon expressou opinião semelhante ao declarar:


“Paixão é uma qualidade muito importante. O contágio que sua liderança
causa deve ser aparente a todos, ou você não causará mudanças. Se
você não amar de verdade, nunca conseguirá fingir.”

E ela acrescentou ainda: “Eu sigo os princípios de ter compaixão e


respeito pelas pessoas, entender e valorizar o espírito humano no
trabalho. […] Compaixão, compreensão e justiça são importantes. Eu sou
responsável por não decepcionar as pessoas desta empresa, e isto cria
muita pressão para mim. Mas quando você trabalha com o coração, não é
mais só um trabalho, ele se torna sua vida.” (Bill George with Peter Sims,
True North, págs. 154 e 156, 2007).

Caro leitor, como você deve saber, há uma verdadeira epidemia cínica em
nossas organizações com respeito a uma significativa parcela de nossas
lideranças nos setores públicos e privados. E, na maioria das vezes, esse
cinismo se justifica. Afinal, há um abismo enorme entre o que os líderes
discursam e o exemplo que oferecem a seus stakeholders. Isto é, não há
nenhuma coerência entre aquilo que pregam e o que praticam no dia a dia
das organizações. À medida que a imprensa falada e escrita divulga e
expõe com mais freqüência os erros praticados pelos líderes nas
organizações, se torna cada vez mais difícil aos seus stakeholders
acreditarem neles.

Samuel D. Rima ao discutir a crise de liderança em todo o globo,


escreveu: “Seja na igreja, nos negócios ou na política, as pessoas têm
claramente ficado frustradas e desconfiadas da maioria de seus líderes.
Já se vão os dias quando uma posição de liderança trazia imediatamente
o respeito inquestionável de seus seguidores ou do público em geral. De
forma contrária, os líderes de hoje precisam aplicar grande esforço para
provar a seus liderados que eles são, na realidade, dignos de
credibilidade e confiança.” (Leading From the Inside Out, pág. 27, 2000).

Diante de tamanho desafio – restaurar a credibilidade das lideranças em


todos os setores vitais da sociedade – o que de concreto pode ser feito
nas organizações a fim de transformar essas mesmas lideranças em
pessoas exemplares e ao mesmo tempo apaixonadas, principalmente por
pessoas? Segundo John Browne, ex-chief executive da BP “os melhores
lideres são capazes de escolher bem as pessoas e confiar nelas. Isso não
é fácil porque as pessoas são treinadas para desconfiar, e muitas vezes,
parecem agir de modo a destruir a confiança. Os lideres não podem ter
uma visão restrita e devem ser capazes de evitar o ceticismo. E eles não
podem ser pessoas que querem ver tudo organizado antes de fazer
alguma coisa. A vida é caótica. Em todas as grandes coisas que fiz, eu
tive de improvisar um pouco”.

Certamente, esse é o maior desafio das organizações. Afinal, não é mais


possível liderar pessoas no piloto automático e a distância como se os
colaboradores fossem robôs.

Nos dias atuais, os stakeholders exigem muito mais de suas lideranças.


Eles demandam a presença permanente de seus líderes, comunicação
clara e transparente, exemplo modelar sempre em tudo o que fazem – em
momentos de crise ou de plena expansão -, respeito, justiça, honestidade
de propósito, reconhecimento, sentimentos de compaixão, generosidade,
amor, entre tantas outras exigências.

Antônio Ermírio de Moraes é um exemplo clássico da liderança presente e


apaixonado por tudo que faz. “Antônio sempre chegou cedo ao escritório
e saiu tarde. Depois disso, dava uma passada pela Beneficência
Portuguesa… Homem rico e poderoso, nunca tirou tempo para si mesmo.
Não sabia ficar parado ou envolveu-se em atividades não ligadas a
trabalho – exceto teatro, do que gostava muito. Era como se suas
imensas responsabilidades tivessem tomado conta dele para sempre.”
(José Pastore, Antônio Ermírio de Moraes – Memórias de um diário
confidencial, pág. 85, 2013).

Portanto, aqueles líderes que não forem capazes de expressar e viver


esse modelo serão em breve varridos das organizações. Em muitas delas,
esse movimento já está ocorrendo.

Há um provérbio italiano que diz: “Todo o dia quando o sol desponta no


horizonte, a gazela desperta e sabe que tem de ser mais veloz do que o
leão.” Caso contrário, tornar-se-á sua presa. Todo o dia quando o sol
desponta no horizonte, o leão desperta e sabe que tem de correr mais do
que a gazela, se não ficará com fome. Todo o dia quando o sol desponta
no horizonte, não importa se você é uma gazela ou um leão. O melhor
mesmo é que você coloque o pé na estrada e corra com maior velocidade.
Moral do provérbio: Nenhum líder em nossos dias deve ficar sentado em
sua sala de trabalho, distante de seus stakeholders e esperando que seja
colocada sobre sua mesa de trabalho resultados surpreendentes – caça
farta e suculenta. É preciso que se envolva com os seus colaboradores
em todos os instantes, demonstre paixão, espírito compassivo e genuíno
amor pelas pessoas, a fim de que essas se sintam valorizadas,
respeitadas, reconhecidas e “protegidas” por seus líderes. Sem essa
participação e envolvimento nada acontece. E mais, os feudos políticos
se multiplicam, as guerras políticas surdas passam a dominar o ambiente,
as pessoas se afastam do objetivo corporativo para perseguirem apenas
os seus próprios.

Sim, é preciso que nossas empresas experimentem um reavivamento do


espirito em nível pessoal e organizacional. De nada adianta milhões de
dólares em novos investimentos em tecnologias mais avançadas,
processos e desenvolvimento, se tudo ocorre apenas no exterior.
Portanto, é fundamental uma mudança interna que comece pela auto-
liderança. Sem essa mudança interna, como já frisei anteriormente, tudo
termina no mais puro artificialismo por uma simples e pura razão: não
podemos comprar o tempo das pessoas; podemos comprar sua presença
física em um determinado lugar; podemos até comprar um determinado
número de movimentos musculares por hora. Mas não podemos comprar
seu entusiasmo e amor pelo trabalho… não podemos comprar lealdade,
não podemos comprar sua devoção. Temos que conquistá-los.

E o que é trabalhar com amor?

“É tecer com fios vertidos de seu coração, como se seu amado fosse usar
aquela roupa.

É construir uma casa com carinho, como se seu amado fosse viver nela.

É semear com doçura e fazer colheita com alegria, como se seu amado
fosse comer o fruto.

É carregar todas as coisas que você faz com um suspiro de sua própria
emoção…” (Kahlil Gibran, autor de O Profeta).
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AS DOZE VIRTUDES DE UM LÍDER
PARA O SÉCULO XXI – (VIII Parte)

Cultiva uma vida sincronizada

Por Gutemberg B. de Macedo

“If you’re just chasing the rabbit around the course, you’re not running
toward anything meaningful.”

Alice Woodwark,

Associate Principal at MacKinsey

“The competitive edge in the coming decades will be held by those


individuals and companies who can tap into new, life-driven sources of
inspiration, creativity and vitality.”

Carol Orsborn, PH.D

Autora do livro “Enough is Enough”

A vida de um executivo nem sempre é o que julgamos ser, o que vemos


na superfície no dia-a-dia das organizações ou o que lemos ou vemos
sobre ele na mídia escrita ou televisiva. Na maioria das vezes, ele cultiva
uma vida totalmente desbalanceada, turbulenta, confusa, insegura,
infeliz, vazia e sem nenhum propósito superior a ele mesmo. Como
observou com propriedade o filósofo, escritor e padre jesuíta espanhol
Baltasar Graciàn, 1601-1658, “Ele tem a aparência de catedral, porém o
seu interior é de mocambo.” (A Arte da Prudência, 1637)

Vejamos alguns exemplos clássicos dessa constatação:

Primeiro: Dennis Koslowski, ex-CEO da Tyco International no período de


1992-2002, foi acusado de receber indevidamente US$ 81 milhões de
bônus, adquirir uma obra de arte no valor de US$ 14.7 milhões e de
cultivar hábitos de vida extravagantes.

O mais estranho dessa história, um ano antes dele ser algemado, preso e
cair em total desgraça perante o mundo dos negócios, a revista Business
Week conferiu-lhe o título de “CEO do Ano.”

Segundo – Certa ocasião, aconselhei o presidente de grande empresa


européia em seu processo de “outplacement” que me confessou com
certo pesar: “Eu me casei duas vezes e tenho dois filhos. Não consigo me
lembrar de tê-los visto crescer durante o meu primeiro casamento. Eu
viajava muito e nunca fui um pai presente em casa.

Hoje, como consequência, pago altíssimo preço por tamanha insensatez


durante aquele período de minha vida. Atualmente, tenho grandes
dificuldades até mesmo para conversar com eles. Sinto que meu filho não
tem nenhuma consideração ou respeito por mim. “Reconheço ainda que
por mais que eu tente me aproximar dele, mais ele se distância de mim.”

O mais triste dessa história: seu filho, 26 anos, mergulhou nas drogas.
Agora, é difícil prever o que o futuro lhe reserva.

Fico imaginando a dor e o sofrimento desse pai diante de quadro tão


deprimente e triste. Ele foi bem sucedido em seu trabalho, mas na vida
pessoal foi um desastre.

Terceiro – Conduzi processo de “executive coaching” para o vice-


presidente de marketing de importante empresa global de bens duráveis.
Profissional altamente preparado e comprometido com a sua
organização. No entanto, ele mantinha uma vida em total
desbalanceamento em nível pessoal, profissional, familiar e social.
Muitas vezes, segundo ele me disse, “Convocava reuniões com seus
liderados para as 21hs00; enviava e-mails para seus colaborados as
2hs00 da manhã e esperava respostas imediatas”. Aí daqueles que não
respondessem!

Certo dia, ele foi convocado para uma reunião emergencial com a alta
administração de sua empresa. Ao se dirigir para a sala de reunião,
percebeu algo estranho em seu corpo – a sua visão ficou embaçada e
sentiu que ia perdendo o controle das próprias pernas à medida que
andava. Subitamente, ele caiu no chão como se tivesse sofrido um ataque
cardíaco fulminante. Levado às pressas ao Hospital Albert Einstein e
após uma infinidade de exames, ficou constatado – ele teve um AVC que
por pouco não lhe roubou a vida as 40 anos de idade aproximadamente.

Caro leitor, muitas vezes, as exigências feitas pelas organizações nos


dias atuais conduzem os profissionais por caminhos que eles jamais
previram ou desejaram como indicam os exemplos acima dados. Elas
roubam os prazeres da vida, além de neutralizarem parte da atração que
os motivou a buscar promoção, após promoção.

Como disse o executivo Archie Norman, ex-CEO da Asda e fundador da


Aurigo Management, “Se você perguntar aos chief executives offficers,
observará um fenômeno peculiar de que poucos deles dizem ‘Eu me
divirto muito, adoro fazer o que faço.” Todos eles estão pensando: Ah,
mais alguns anos e então, você sabe, talvez eu consiga presidir um dos
Conselhos.”

Sei por observação, conversa diária com executivos das mais diferentes
organizações e estudo que ocupar uma posição executiva deveria ser um
dos melhores empregos do mundo. Afinal, o cargo oferece status, poder,
visibilidade, dinheiro, férias em lugar exótico e paradisíaco, automóvel
blindado com motorista e segurança, reuniões em diferentes partes do
globo e a chance de realmente fazer uma diferença na sociedade.

No entanto, a vida real para a maioria deles é dura e muitos não estão se
divertindo como deviam. Muito pelo contrário. Como Frodo em “O Senhor
dos Anéis”, ao mesmo tempo em que se sentem sobrecarregados pelo
peso da responsabilidade e a prestação de contas que o cargo implica,
eles se agarram firmemente à posição que ocupam e não conseguem
abrir mão dela. Muitos deles preferem vender a sua alma ao diabo a
perseguirem outros caminhos – a saúde física, mental e psicoemocional,
a harmonia familiar, a felicidade pessoal e um propósito mais relevante –
servir aos seus stakeholders.

Bill Rogers, renomado professor da Universidade de Harvard, ao discorrer


sobre esse assunto, disse: “If we sell our souls to the company, at the
end of the day we may find we have little to show for our efforts.”
(Authentic Leadership, 2003, pág. 46).

Além disso, eles se esquecem que mesmo obtendo sucesso em suas


respectivas posições, eles podem ser surpreendidos mais cedo ou mais
tarde com as seguintes palavras: “Nossa empresa necessita de um
profissional com outro perfil. Portanto, temos de afastá-lo de nossa
empresa.” Ou pior ainda: “Você tem um câncer, grau quatro, e apenas 6 a
12 meses de vida aproximadamente.”

Nesse instante, ele se dá conta de que a empresa não é a sua vida e vice-
versa. Para muitos, essa descoberta pode chegar tarde demais e eles não
podem voltar os ponteiros do tempo no relógio pendurado na parede ou
em seu pulso por mais que desejem. Daí as expressões que uso com
grande frequência: “maldito o homem que confunde sua vida com a sua
empresa” e “Ah! se eu soubesse que aqui em cima estava sujeito a ventos
tão fortes.”

Eu sei do que estou falando. Além de milhares de horas gastas no


aconselhamento a executivos (as), perdi um irmão, Nuremberg Borja de
Brito, 56 anos, casado, pai de dois filhos, ex-vice-presidente do Grupo
Rede, para um câncer violento e mortal.

Lembro-me com nitidez de suas palavras quando fui visitá-lo no primeiro


dia de sua internação no Hospital Sírio Libanês em São Paulo, após sofrer
intervenção cirúrgica nos pulmões: “Meu irmão, joguei a minha vida no
lixo. Como você é testemunha, somente trabalhei ao longo de toda a
minha vida. Não sabia fazer outra coisa. Quando estava me preparando
para desfrutar a vida com a minha família, eis que ela me será roubada
por um câncer inesperado. Vou lutar com todas as minhas forças, como é
de minha natureza, para afastá-lo do meu corpo, mas será uma batalha
que suponho ser inglória.”

Infelizmente, para a tristeza de toda a sua família, meu irmão veio há


falecer seis meses depois, conforme previra o seu médico.
Infelizmente, por mais que esses profissionais sejam advertidos sobre os
perigos dessas armadilhas, eles confundem vida pessoal com a empresa
a que servem – mesmo assim, temos em muitas de nossas organizações
profissionais que ainda se comportam como Robert Crandall, 1935-, ex-
CEO da American Airlines: “Durante os anos em que estive trabalhando,
eu estava perseguindo determinados objetivos.” Eu não estava
interessado em cultivar uma vida balanceada. Eu não velejei muito. Eu
não joguei muito golfe. Eu não tirei férias com a frequência que devia. “Eu
dirijo a American Airlines e isso toma todo o tempo da minha vida.”

Essa realidade foi expressa com outras palavras por Steve Tappin, sócio
diretor da Heidrick & Struggles, e Andrew Cave, jornalista especializado
em finanças e colaborador do Daily Telegraph, nos seguintes termos:
“Muitos dos principais executivos têm dificuldades de encontrar tempo
para uma vida pessoal gratificante.” “Passam anos para chegar até o topo
e praticamente dedicam todo seu tempo pessoal para o trabalho antes de
serem dispensados com um bônus ou, com sorte, se aposentarem com
uma pensão generosa.” (The Secrets of CEOs, Introduction, 2008).

Adicione-se às pressões do ambiente de trabalho – demanda por


resultados financeiros trimestrais cada vez maiores e melhores; chefes
paranóicos e mentalmente doentes; terrorismo psíquico e mental;
reuniões intermináveis e que não acrescentam nada ao crescimento dos
negócios, a não ser muita saliva e palavras vazias; mudanças radicais e
abruptas que podem tornar obsoletos os negócios da noite para o dia;
concorrência feroz e muitas vezes verdadeiramente insana; a guerra por
talento humano, a inquietude das novas gerações Y e Next e longas horas
de trabalho.

E, com se não bastassem essas pressões, conseguimos incluir, de bônus,


algumas outras que nós mesmos nos impomos com grande freqüência,
conforme observou Manfred E. R. Kets de Vries, renomado consultor,
professor e autor de mais de 30 livros: “É possível, por exemplo, que
estejam presos em um labirinto carreirista, obcecados por vencer seus
rivais de escritório a fim de conseguirem galgar mais um degrau na
trajetória profissional. E, apesar disso, quando confundem felicidade com
sucesso – pelo menos sucesso em sua versão externa, representada por
riqueza, posição, poder e fama – tudo o que fazem é apenas garantir que
vários elementos de suas vidas sejam tirados fora do seu eixo, embora o
processo de desestabilização possa ser tão traiçoeiro que nem percebam
o que está acontecendo.” (Sex, Money, Happiness, and Death, 2010).
Caro leitor, ouço muitas vezes os executivos dizerem na minha sala por
ocasião das sessões de executive coaching, career counseling ou mesmo
de outplacement que estão trabalhando muito para que a família – esposa
e filhos -, possa desfrutar amanhã de uma vida superior a que eles
tiveram. Eu mesmo durante um longo período de minha vida fui um
ardoroso defensor dessa racionalização. Tentamos nos iludir e passamos
a acreditar que cultivamos vidas sincronizadas.

Infelizmente, muitas vezes, esse amanhã nunca chega. E o pior, com


demasiada freqüência, quando chega o afamado “amanhã”, como
observou Kets de Vries, não há mais uma esposa. Ela agora vive com
outra pessoa, e os filhos viraram estranhos no ninho. Eles chamam um
outro homem de “papai” e, em verdade, nem conhecem mais seu pai
biológico. Tudo o que o profissional dedicado ganha por seguir a
estratégia de postergar a vida construindo para o futuro, é isolamento,
solidão e um vazio em sua alma. Aparentemente, é muito mais fácil nos
transformarmos em um sucesso do que transformar nossa vida em um
sucesso. Podemos tirar nota dez (10) em todas as disciplinas
corporativas, mas sermos reprovados no curso da vida.

O renomado professor e consultor internacional Charles Handy em seu


excepcional livro, “The Hungry Spirit”, relata a história de um executivo
de importante empresa global de petróleo, cuja vida ilustra com grande
propriedade o que escrevemos acima.

Segundo Handy, ele havia acabado de chegar em casa de um longa


viagem à Austrália. Horas depois, sua esposa fala dos problemas que ela
estava enfrentando com a sua filha – rebeldia, não queria estudar e
estava participando de noitadas nos finais de semana como nunca fizera
antes.

No dia seguinte, domingo, durante o café da manhã, seu pai começou a


lhe indagar sobre tudo o que a sua mãe lhe descrevera sobre seu
comportamento na noite anterior.

Sua filha, então, lhe indagou: “Papai, eu não compreendo por que o
senhor está tão interessado em ouvir as queixas feitas pela minha mãe a
meu respeito. A propósito, o senhor nunca está em casa para falar
comigo e nem nunca se importou comigo.”
Seu pai lhe disse: “Minha filha, eu estou trabalhando intensamente para
dá uma boa vida à você e a sua mãe. Dentro de cinco anos, eu irei me
aposentar. Ai, então, poderemos desfrutar a vida juntos – viajar para
diferentes partes do mundo e desfrutar a vida com conforto e sem
nenhuma preocupação financeira.”

Com essas palavras, ele terminou a conversa com a sua filha e foi para o
clube jogar tênis com a promessa de que estaria de volta ao meio dia
para juntos irem almoçar em um famoso restaurante local.

O tempo passou rápido – meio dia, uma hora, duas horas da tarde e seu
pai não chegava. O telefone de sua casa tocou. A filha corre para atender
o telefonema pensando se tratar de seu pai que desejava comunicar que
estava voltando para casa. Não era seu pai, mas o médico do hospital da
cidade que solicitava a presença imediata da família..

Nervosas e apreensivas correram para o hospital. E, quando lá chegaram,


foram comunicadas de que seu pai tinha sofrido um ataque cardíaco
fulminante na quadra de tênis. Ele estava morto.

Caro leitor, eu nunca ouviu falar de um executivo que em seu leito de


morte tenha dito: “Eu deveria ter passado mais tempo no escritório. Eu
deveria ter passado mais tempo fora de casa. Eu deveria ter juntado mais
dinheiro. Eu deveria ter sacrificado ainda mais a minha vida pessoal e
familiar….” Muito pelo contrário. Eles se lastimam das boas coisas da
vida que desprezaram ou deixaram para realizar em um amanhã que
nunca chegou para eles.

Sim, reconheço que a vida executiva exerce enorme fascínio sobre


muitos profissionais. Ela embriaga-os sem que precisem tomar boas
taças de vinho. Entretanto, é preciso lembrá-los de que muitos
momentos valiosos da vida nunca voltam. Portanto, é imprescindível que
valorizem todos os instantes dela. A vida não é um ensaio; ela é real, é a
própria vida em si. Se eles querem verdadeiramente viver uma vida
saudável e equilibrada, eles têm de fazê-lo hoje e agora, não amanhã,
nem tampouco em algum momento de um futuro distante.

É verdade incontestável também que a vida executiva pode


sobrecarregar e prejudicar os profissionais em suas diferentes dimensões
– física, mental, psicoemocional, espiritual, social e arruinar os seus
relacionamentos pessoais, inclusive os familiares, como vistos
anteriormente. Mas por que esperar a demissão, o divórcio, a notícia de
uma doença incurável ou a morte para desejar ter feito a coisa certa?

Tenho visto que os executivos mais felizes com os quais conversei ao


longo de 34 anos de vida consultiva são aqueles que conseguiram erguer
sólidas muralhas entre a vida pessoal e profissional, de modo que se
recuperam do trabalho em seu ninho e o trabalho não invade sua vida
familiar; ou aqueles que integram totalmente a vida pessoal profissional e
pessoal, de modo que não vêem um enorme tensão entre as duas, como
observaram Tappin e Cave em obra citada anteriormente neste trabalho.

Essa minha visão é embasada em minha própria experiência consultiva e


no estudo da vida de profissionais que conseguiram viver vidas
sincronizadas.

Vejamos dois depoimentos de profissionais bem-sucedidos, cujas


palavras confirmam minha opinião:

 Paul Walker, CEO da Sage, diz que é possível liderar uma empresa
de enorme sucesso e manter o controle de todos os outros
aspectos de sua vida: “É possível se organizar para equilibrar a vida
privada e a vida no trabalho. Se você se empenhar e tiver as
pessoas certas a seu redor, você pode conseguir. Se delegar,
estabelecer controles, pode ter uma boa vida pessoal.”

 Steven Crawshaw, ex-CEO do banco Bradford & Bingley, tem


opinião semelhante ao de Walker, pois afirma: “Acredito piamente
que seja possível equilibrar a vida profissional e pessoal, mas você
precisa estabelecer limites muito claros.”

Caro leitor, acredito que todo profissional no inicio de sua carreira deseja
cultivar uma vida sincronizada. Entretanto, essa é uma das tarefas mais
difíceis para ele empreender. Todos, ainda, ambicionam ter uma carreira
bem-sucedida, um casamento duradouro e feliz, e uma família bem-
estruturada e harmônica. O problema surge quando ele começa a
sacrificar a si mesmo e a própria família pela empresa.

Tenho conversado com inúmeros executivos bem-sucedidos em suas


carreiras, porém vivem uma vida de cão – eles estão totalmente infelizes
e insatisfeitos com o próprio trabalho que empreendem e a organização
para a qual trabalham. Quando indagados sobre os motivos que os fazem
continuar realizando trabalhos dos quais não sentem mais nenhum prazer
em realizá-los, comumente escuto a mesma resposta: “o pacote de
remuneração é maravilhoso. As minhas despesas pessoais e familiares
são muito altas. Não dá para pedir a demissão.”

Joseph Jaworski, advogado e empresário, diz que caímos em armadilhas


principalmente quando os prêmios são realmente altos – quando a
energia é alta, muita coisa está acontecendo, as coisas vão muito bem e
grande somas de dinheiro estão envolvidas. É nesse momento que essas
ilusões poderosas ou hábitos de pensamente tendem a se tornar ativos.
Quando caímos numa armadilha, um círculo vicioso pode começar a
operar e a nossa situação pode caminhar de mal a pior com muita
rapidez. Mas se estivermos conscientes das armadilhas e
permanecermos em alerta diante de seu perigo, temos grande chance de
evitar as conseqüências. (Synchronicity, 1996).

Como cultivar uma vida sincronizada no atual ambiente das empresas?

À luz de minha experiência profissional e estudos sobre o assunto,


acredito que todo executivo poderá tomar as seguintes ações concretas,
a fim de tornar sua vida sincronizada. Afinal, como disse David Starr
Jordan: “Wisdom is knowing what to do next, skill is knowing how to do
it, and virtue is doing it.”

 Definir com clareza o seu verdadeiro propósito de vida – pessoal,


profissional e familiar. Afinal, todos nós aspiramos viver vidas que
tenham propósitos superiores a nós mesmos, que façam a
diferença no mundo e que deixem um legado permanente.

Michel de Montaigne, o humanista e filósofo renascentista, escreveu: “A


maior e mais gloriosa obra-prima da humanidade é saber viver com um
propósito.” Acredito firmemente que uma pessoa que não tem um
propósito de vida nunca será bem-sucedido.

 Reservar um período do dia somente para você. Esse período é


sagrado. Portanto, desligue o seu telefone móvel e computador.
Não permita ser abordado nesse período por quem quer seja. Esse
tempo você vai usá-lo para sua leitura diária, meditação, ouvir a
música de sua predileção e pensar questões pessoais. Portanto,
use-o com sabedoria e para sua própria energização. Dentro de
pouco tempo você sentirá a diferença em sua vida pessoal,
profissional e familiar. Todo profissional necessita de humildade,
humanidade e humor. Todas essas coisas podem ser obtidas por
meio das atividades acima referidas.

 Levar o seu período de férias e descanso semanal – sábado e


domingo – à serio.

Em momento de estresse intenso, a maioria dos profissionais promete a


si mesmo tirar alguns dias de férias ou mesmo um período sabático para
desestressar completamente depois que a tempestade passar.

No entanto, para a maioria deles, as calmarias raramente são tão


freqüentes quanto às tempestades. Quantos executivos se sentem
culpados por terem em mãos dois celulares à beira da piscina ou na praia
durante as férias?

Esses períodos da vida cotidiana são essenciais para o bem-estar diário.


O corpo humano exige repouso e cuidado intenso.

Quando eu era ainda uma criança, oito anos de vida, ouvi de meus pais a
leitura de um princípio extraído do texto sagrado que dizia: “Ou não
sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em
vós, provenientes de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes
comprados por bom preço; glorificai, pois a Deus no vosso corpo, e no
vosso espírito, os quais pertencem a Deus.”

E, logo a seguir, vinham as instruções: mantenha o seu corpo sempre


limpo; vista-se com elegância e bom gosto; pratique exercícios
diariamente; alimente-se de maneira balanceada – não seja um glutão -;
durma pelo menos oito horas por dia – vá para a cama cedo e levante-se
cedo também; nunca deixe o sol da alvorada surpreendê-lo na rede; tire
um bom cochilo depois do almoço. Isso fará uma tremenda diferença em
seu dia.

Por mais incrível que possa parecer, nunca esqueci as lições ensinadas
pelo meu velho e querido pai. Procuro praticá-las todas, inclusive o
cochilo do meio dia. Durmo pelo menos meia hora diariamente se estou
no escritório. Todos os meus clientes sabem e se admiram desse meu
hábito.
 Transformar o cultivo da felicidade autêntica em hábito
permanente. Isto significa dizer, não desperdice os melhores anos
de sua vida simplesmente porque deseja ganhar mais dinheiro,
status, poder ou fama. Em geral, a felicidade não é obtida por meio
de canais materiais. Os profissionais apanhados nessa armadilha
são como ratos em uma esteira, incapazes de saltar fora dela.
Pela minha experiência, os profissionais mais felizes são aqueles
que fazem um esforço consciente no sentido de viver vidas plenas
de significado.

 Cultivar a espiritualidade em toda a sua extensão. Há muito tempo


registrei em um de meus inúmeros cadernos de anotações, o
seguinte comentário: “We believe that the missing piece in so many
lives is a fulfillment of a higher order, a cultivation and development
of the soul. In others words, we believe this missing piece is a
personal and professional life of spirituality.”

Acredito piamente nessa declaração. A nossa alma, a despeito de todos


os confortos proporcionados pela vida moderna, necessita de Deus e de
sua chama. Daí a advertência do sábio, intelectual e político judeu,
“Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham
os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho
neles contentamento.” (Livro do Eclesiastes ou do Pregador 12.1)

Caro leitor, como disse Tom Paine, 1737-1809, escritor e político inglês,
“Está em nosso poder começar o mundo outra vez. Uma situação
semelhante à presente não aparecia desde os dia de Noé. O nascimento
de um novo mundo está à mão.”

Esse novo mundo começa a se realizar a partir do momento em que eu e


você começarmos a mudar o nosso comportamento, nosso estilo de vida,
nossa presença e postura em nossos lares, nas empresas onde
trabalhamos e na sociedade como um todo.

Que tal empreendermos um projeto de vida diferente e que não violente


os nossos valores pessoais, familiares e profissionais?

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Muito se tem falado sobre liderança e isso ocorre devido a busca pelo "líder
ideal". O líder não precisa ser perfeito,pois todos cometemos falhas,mas ele
precisa desenvolver virtudes baseadas em princípios norteadores. Antes de
qualquer coisa o líder precisa ser o EXEMPLO,o MODELO e todas as virtudes
que citarei aqui partem deste princípio. O líder é um formador de opinião e
portanto um doutrinador,um mestre e as coisas que faz ou diz fará alguma
diferença na vida das pessoas. Se for tolo ou sábio,de qualquer forma estará
ensinando!

Quais são as virtudes que o líder excelente precisa ter e ser exemplo?
1. MANSIDÃO - Qualidade rara em nossos dias. É a virtude pela qual o individuo
abre mão voluntariamente de algum direito seu em favor de outro individuo ou
da coletividade. Raro isso não? Uma pessoa mansa deixou de ser egoísta e
egocentrica e sabe se colocar no lugar do outro. O líder excelente tem que ser
manso.
2. HUMILDADE - É a virtude pela qual o individuo decide voluntariamente se
colocar "debaixo",sob a autoridade ou comando de outro individuo. Uma pessoa
que não permite ser liderada,jamais será um bom líder. Humildade é diferente de
humilhação. Humildade é algo voluntário e mostra grandeza de espírito,não
anula o valor próprio,antes o põe em relevo. Humilhação é uma imposição
externa depreciatória e abusiva. Humildade não é sinonimo de fraqueza ou
derrota,mas é símbolo de grandeza e atributo de quem possui boa auto-
estima,que não precisa alardear suas virtudes. A expressão "modéstia à parte"
jamais será dita por uma pessoa humilde,pois é típica de quem que precisa falar
de si mesmo.
3. AMOR pelo que faz e pelas pessoas - Já se foi dito e cantado que se "não
tiver amor nada serei". O amor tudo suporta,espera,não busca seus próprios
interesses,não é ciumento. O amor é benigno,não é leviano nem invejoso,não se
gaba,não é indecente. O amor não se irrta,não suspeita mal. O amor se alegra
com a justiça e a verdade. Baita virtude é o amor!
4. INTEGRIDADE - Significa "inteiro", "completo" e está ligada a valores como
verdade,honestidade e transparência. O líder íntegro mostra quem realmente
é,nada tem a esconder,mostra os seus defeitos mesmo sob o risco de ser
tratado.
5. ABNEGAÇÃO - É a disposição de sacrificar-se pelos princípios que norteam a
vida e pelas pessoas.
6. PERSEVERANÇA - É a firmeza ou constância num sentimento, numa
resolução, num trabalho, apesar das dificuldades e dos incômodos. É a virtude
que contribui para o êxito na vida humana. O líder perseverante insiste naquilo
em que acredita e supera os obstáculos.
7. JUSTIÇA - É a virtude daquele que é imparcial.
8. EQUILÍBRIO - Sensatez,calma. É o uso racional das emoções,fruto de uma
vida corretamente organizada.
9. RESISTÊNCIA - É a capacidade de se opor aos ataques.
10. OTIMISMO - O líder excelente sempre acredita que vai alcançar os objetivos
e sempre tira lições positivas dos eventos ocorridos (vitórias e fracassos),é auto-
motivado.
11. AUTO-CONFIANÇA - Conhece o seu potencial,sabe que vai longe,sabe que
os princípios que regem sua vida são absolutos como as leis da natureza.
12. VISÃO - O líder visionário está sempre a frente,vê as oportunidades que
outros ainda não viram. Sabe prever todas as possibilidades,o que pode ou não
dar certo, Não quer dizer que vai acertar em tudo,mas sim que viu tudo que
poderá acontecer.
13. ORGANIZAÇÃO - Todos os seus passos são bem planejados.
14. DUPLICAÇÃO - Aqui está uma virtude rara. Um líder excelente funciona
como uma escola. Ele faz discípulos e forma novos líderes.
15. ESPÍRITO SINERGÉTICO - Ele gosta de trabalhar em equipe. Sabe
valorizar e aumentar o potencial de cada membro da sua equipe.
16. GENEROSIDADE - O líder generoso não é avarento nem apegado a coisas
materiais,antes,gosta de servir aos outros com a sua atenção,doando grande
parte do seu tempo para ajudar os membros de sua equipe a resolverem seus
problemas pessoais. Também doa bens materiais e o faz sem esperar nada em
troca.
17. FIDELIDADE AOS PRINCÍPIOS ÉTICOS - Seguir a risca todos os princípios
citados na certeza de que eles o conduzirão ao sucesso esperado.
18. GRATIDÃO - É a virtude de saber que ninguém consegue alguma coisa
sozinho. Primeiro,agradecer a Deus que sempre esteve ao lado e o capacitou.
Segundo,agradecer as pessoas que o ajudam (sua equipe),pois sem elas não
será possível alcançar qualquer objetivo.

Lembre-se que antes de liderar a outros,lidere a si mesmo,mas isso é um


assunto pra outra ocasião.

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