A filosofia como um saber especializado, de terminologia própria, exige uma certa maturidade por parte de quem a recebe, sendo concebida a pouco tempo para leigos. Foi com o advento da modernidade que o panorama do ensino da filosofia toma novos rumos. Atestando a brevidade da vida e as dificuldades que o mundo moderno nos trouxe, não obstante os seus avanços, a filosofia tornou-se necessária. Foi compreendida como "o fio condutor no labirinto da vida". Assim, a reflexão, o bom senso, a compreensão dos significados da existência, do mundo em que vivemos, da história e da cultura são indispensáveis para a formação do cidadão nos dias de hoje. Os gregos também tinham este entendimento, aliás herdamos deles a compreensão de que o homem deveria ser educado para viver em sociedade e que este deveria ser um dos principais objetivos da Educação. No entanto, não compreendiam que esta educação para cidadania deveria vir desde cedo, Infelizmente nem todos têm o privilégio de uma educação de qualidade que privilegie a reflexão e o pensar, tornando nítida a falência de nossa sociedade, que podemos acompanhar todos os dias pelos jornais.... Por isso é necessário resgatar a importância desta necessidade de questionar, de problematizar, que é própria do ser humano. Aristóteles considerava o desejo de saber algo inato ao homem. Tal desejo se manifesta, como podemos observar, na mais tenra idade com os "porquês" que as crianças não cessam de formular para satisfazer sua curiosidade natural. Uma vez que o desejo de saber do homem se configura como essencial, como defende Aristóteles, deve portanto ser universal no espaço e no tempo. Por isto, inicialmente podemos definir filosofia como: a mais alta expressão desta necessidade de saber. Para Platão é por meio da educação que o homem pode transformar e purificar sua alma, em vista da contemplação do bem supremo. A visão do bem é a condição de possibilidade para o homem discernir o certo do errado, para que possa aplicar estas noções a sua vida individual e a sua vida na coletividade. Buscar a visão do bem, em Platão, é a finalidade da existência humana. Atingita é tarefa de uma educação adequada. Só assim os homens poderão atingir: essa visão fundamental e decisiva. Em geral, o filósofo é sujeito incompreendido. Sua existência denuncia a exigência da vida. Para ele, viver sempre será um risco e uma possibilidade de superação. É necessário ter coragem e audácia. Ter atitude filosófica é nunca aceitar as coisas sem antes questioná-las, problematizá-las, refletir sobre elas. O homem que não busca a verdade, e especialmente o que não procura a sua verdade, mesmo sabendo que esta busca é eterna, estará sempre condenado a cometer o mesmo erro: Nossa condição humana é limitada, ignóbil, e devemos tentar a cada dia superá-la através do conhecimento. A educação possui antes de mais nada, o papel de tirar o homem de seu estado de alienação. É dever filosófico libertar o homem do mundo das aparências e das imagens e conduzi-lo a uma visão mais próxima da verdade. Isso implica superar as concepções ilusórias da realidade, a fim . de vislumbrar melhor o mundo em que vivemos, mesmo da maneira limitada que podemos apreendê-lo. Assim, podemos dizer que o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar as outras pessoas é sem dúvida o questionamento de sua condição, ou seja, a educação.