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As Vanguardas 

Europeias representam um conjunto de


movimentos artístico-culturais que ocorreram em diversos
locais da Europa a partir do início do século XX. As
vanguardas artísticas europeias que se destacaram foram:
Expressionismo, Fauvismo, Cubismo, Futurismo, Dadaísmo,
Surrealismo.

As Vanguardas Europeias representam um conjunto de movimentos artístico-


culturais que ocorreram em diversos locais da Europa a partir do início do
século XX.

As vanguardas artísticas europeias que se destacaram foram: Expressionismo,


Fauvismo, Cubismo, Futurismo, Dadaísmo, Surrealismo.

Juntos, esses movimentos influenciaram a arte moderna mundial desde pintura,


escultura, arquitetura, literatura, cinema, teatro música, etc.

As vanguardas artísticas ultrapassaram o limite até então encontrado nas artes,


propondo assim, novas formas de atuação estética ao questionar os padrões
impostos.

No Brasil, elas influenciaram diretamente o movimento modernista, que teve


início com a Semana de Arte Moderna de 1922.

A palavra vanguarda, do francês “avant-garde” significa a “guarda avançada”, o


que pressupõe, nesse contexto, um movimento pioneiro das artes.

Contexto Histórico das Vanguardas Europeias


Com o advento da Revolução Industrial no século XIX e da Primeira Guerra
Mundial no início do século XX, a sociedade passava por diversas
transformações.

Destacam-se os avanços tecnológicos, progressos industriais, descobertas


científicas, dentre outros.

Nesse sentido, a arte demostrou a necessidade de propor novas formas


estéticas e de fruição artística, pautadas na realidade vigente.

Dessa forma, os movimentos artísticos europeus surgidos no fervor dos ideais


da época foram diretamente contra os ideais da guerra.
Os artistas utilizavam da ironia e da capacidade de “chocar” o público, a fim de
despertar outras maneiras de apreciar e refletir sobre a vida.

Por outro lado, um deles exaltou os avanços tecnológicos e o progresso, no


caso o futurismo italiano.

Saiba mais sobre o contexto histórico: Primeira Guerra Mundial

Vanguardas Artísticas Europeias: Resumo


Confira abaixo cada uma das vanguardas artísticas europeias, suas principais
características, artistas e obras:

Expressionismo

https://www.todamateria.com.br/vanguardas-europeias

------------------------------------------------------------------------

As vanguardas europeias são os inovadores movimentos artísticos criados na Europa


no início do século XX: o cubismo, o futurismo, o expressionismo, o dadaísmo e o
surrealismo.

anguardas europeias é como são chamados os movimentos artísticos


ocorridos na Europa no início do século XX. São elas:

 cubismo;
 futurismo;
 expressionismo;
 dadaísmo;
 surrealismo.

Em uma época de mudanças, inovação tecnológica e guerra, os artistas


buscavam criar novas formas estéticas, em oposição à arte acadêmica.

Leia também: Tarsila do Amaral — a importante pintora brasileira que utilizou


técnicas do cubismo

Contexto das vanguardas europeias


A Europa, no início do século XX, era palco da disputa imperialista entre os
países que exploravam as riquezas das colônias asiáticas e africanas. Isso levou
ao crescimento do nacionalismo entre essas nações dominantes, que
empreenderam uma corrida armamentista. Como consequência, a Primeira
Guerra Mundial teve início em 1914.

A evolução tecnológica também foi um fato marcante nessa época. O uso de


automóveis e a invenção do avião prometiam diminuir as distâncias. Além disso,
certezas científicas foram abaladas pela teoria da relatividade de Albert
Einstein (1879-1955) e pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856-
1939).

Objetivo das vanguardas europeias


Nesse contexto de descobertas, incertezas e transformações, os artistas
decidiram questionar a existência humana e repensar a história da humanidade.
Dessa forma, nasceram os movimentos artísticos que compuseram as
vanguardas europeias.

Cada um deles possui características específicas. Porém, eles apresentam um


objetivo em comum: inovar, fazer uma arte antiacadêmica, com novos
valores estéticos, sendo estes distintos daqueles valorizados no passado.

Ordem cronológica das vanguardas


europeias
 Cubismo (1907);
 Futurismo (1909);
 Expressionismo (1910);
 Dadaísmo (1916);
 Surrealismo (1924).

→ Cubismo

O principal nome do cubismo é o pintor espanhol Pablo Picasso


(1881-1973). Pablo Picasso inaugurou o movimento, em 1907,
com sua tela As senhoras de Avignon. A estética cubista defende a
ideia de que um objeto artístico deve ser visto por diferentes
pontos de vista (daí a figura do cubo como inspiradora do nome
do movimento).
A pintura cubista apresenta estas características: sobreposição de
vários planos, valorização das formas geométricas e deformação
da realidade representada. Já a poesia cubista possui os seguintes
elementos: sobreposição de imagens e fragmentação da realidade
retratada.

→ Futurismo

Com o Manifesto futurista, o escritor italiano Filippo Tommaso Marinetti (1876-


1944) divulgou o movimento em 1909. Nesse documento, ele expõe as bases
ideológicas e estéticas do futurismo, que valoriza o perigo, a coragem, a
audácia, a rebelião, a velocidade, a tecnologia, a agressividade, a guerra, o
militarismo e o patriotismo.

Como uma forma de mostrar sua oposição ao que é tradicional, o manifesto


expressa o desejo futurista de destruição do passado e da tradição, visto que
queriam “destruir os museus, as bibliotecas, as academias de toda natureza”.
Assim, as imagens de máquinas, aviões, automóveis e guerra estão impressas na
pintura futurista.

Na literatura, Marinetti defende a destruição da sintaxe, com substantivos ao


acaso, verbos no infinitivo e ausência de adjetivos e advérbios. Além disso, os
textos literários não devem possuir pontuação. Para o escritor, essas ações são
capazes de dar mais “velocidade” ao texto.

→ Expressionismo

O expressionismo nasceu na Alemanha, mas um de seus principais nomes é o


pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944). Tal movimento faz oposição ao
impressionismo, estética que vigorou no século XIX. Assim, os pintores
expressionistas abandonam o sensorialismo impressionista para realizarem
uma expressão de elementos do próprio inconsciente.

As obras, assim, apresentam imagens pessimistas e são produzidas com cores


fortes e linhas borradas. Já os traços do expressionismo na literatura estão
associados a uma escrita que expressa a visão particular do autor acerca da
realidade. Portanto, é menos importante o fato em si do que a interpretação
que o escritor faz dos acontecimentos.
Nessa perspectiva, ele mostra uma realidade deformada pela sua visão de
caráter pessimista. Desse modo, é inevitável criticar a estrutura social e mostrar
a debilidade da humanidade diante dos males que a assolam.

Saiba mais: Franz Kafka — o autor cujas obras apresentam traços do


expressionismo

→ Dadaísmo

No primeiro manifesto dadaísta, em 1916, o poeta alemão Hugo Ball (1886-


1927) sugere que “dadá” pode significar qualquer coisa. Segundo ele, é uma
“palavra internacional”. Desse modo, o que marca o movimento é seu caráter
totalmente ilógico, portanto, extremamente rebelde.

Tal ilogismo está presente em qualquer obra dadaísta, inclusive a literária, como
é possível verificar na receita de poema dadaísta do poeta romeno Tristan Tzara
(1896-1963), em que ele aconselha organizar palavras aleatórias, recortadas de
um jornal, de forma a criar um poema

 Surrealismo

O surrealismo está associado ao onírico, ao fantástico, à loucura, ao


inconsciente. As obras pretendem ir além do que consideramos real. O pintor
surrealista mais famoso é o espanhol Salvador Dalí (1904-1989). Além dele,
artistas como o belga René Magritte (1898-1967) e o espanhol Joan Miró (1893-
1983) também são cultuados até hoje.

Em 1924, o escritor francês André Breton publicou o Manifesto surrealista e,


assim, divulgou o novo movimento. Em relação à literatura, Breton defende a
escrita automática, a qual deve ser espontânea, de forma a liberar imagens do
inconsciente. Portanto, a estética surrealista se opõe à racionalidade e ao
controle consciente.

https://www.preparaenem.com/portugues/vanguardas-
europeias.htm

Historicamente separam-se as vanguardas das neo-


vanguardas da segunda metade do século XX,
associando as primeiras às diversas rupturas
protagonizadas entre finais do século XIX e meados do
século XX por movimentos como o Impressionismo, Pós-
impressionismo, Fauvismo, Cubismo, Futurismo,
Expressionismo, Construtivismo, Abstraccionismo, Dada
ou o Surrealismo. O termo vanguarda pode associar-se
em à ideia de revolução e de aliança com propósitos
progressistas, numa relação que tenderá a esbater-se do
século XIX em diante, até à recuperação desta relação
histórica já no contexto do após Maio de 1968.
O termo vanguarda, proveniente do francês avant-garde, tem origem
no léxico militar, onde denomina a frente do exército, em que um
contingente de soldados especializados cria as condições para o
avanço da restante força militar. O seu uso no contexto cultural
remonta já a finais do século XVI, quando Étienne Pasquier (1529-
1615), no seu Recherches de la France (1581), se reporta a uma
guerra contra a ignorância a ser movida pela vanguarda.

Cerca de dois séculos mais tarde, durante a Revolução Francesa, o


termo vanguarda associar-se-á em definitivo à ideia de revolução e de
aliança com propósitos progressistas.

No contexto da arte, esta relação tenderá a esbater-se durante o


século e meio seguinte, em diferentes matizes que vão passando por
momentos em que aquele propósito de ação sobre o contexto histórico
político e social se mantém ou é claramente referido, por outros em
que se encontra de certo modo neutralizado, até à recuperação desta
relação histórica já no contexto do Maio de 1968. 

Assim, em França, no início do século XIX, no círculo próximo de


Henri de Saint-Simon (1760-1825), é possível ainda encontrar ligadas
ambas as vanguardas, a artística e a política. Em 1825 é publicado um
texto por Olinde Rodrigues (1795-1851), “L’artiste, le savant et
l’industriel”, diálogo em que o artista defende uma ação conjunta,
servindo os artistas a vanguarda na medida em que fomentavam os
novos ideais políticos, apontando “ao coração e à imaginação” dos
homens, sendo o seu “efeito o mais vívido e mais decisivo”.

Se o papel atribuído à arte como modo de atuar junto das populações


não era exatamente uma novidade, serão as formas como esta
relação virá a ser pensada no contexto de uma autonomização do
campo artístico que interessa destacar a partir deste momento. 
De facto, no século XIX são notórias práticas em que um pendor de
forte crítica social e política é imediatamente discernível, como no
caso do Realismo de Gustave Courbet (1819-1877) ou Jean-François
Millet (1814-1875).

Vai-se aprofundando a ideia de que uma intervenção política e social


de fundo dependeria também de práticas artísticas capazes de efetuar
uma rutura com a tradição artística. Tradição essa que reportava à
elaboração de uma arte aristocrática, primeiro, e burguesa, depois,
cujas convenções estilísticas ou temáticas expressavam e serviam a
sua própria visão do mundo.

Este sentido de que a intervenção do artista depende antes de mais


de uma mudança no seu próprio campo de trabalho é aprofundado
pelo pintor francês neoimpressionista Paul Signac (1863-1935),
quando defende em 1891 que é através da sua técnica e no território
da estética pura que os artistas testemunham e participam desse
“grande processo social”. 

Entretanto, até meados do século XX, várias práticas artísticas, em


diversos momentos, tornam sensível uma maior aproximação entre as
vanguardas artísticas e políticas. Já no após o Maio de 1968, num
texto de 1974, com o título Teoria da Vanguarda, Peter Bürger (1936-
2017) definirá como vanguardas históricas aqueles movimentos como
o Dada, o Construtivismo ou o Surrealismo que haviam encetado uma
crítica à arte enquanto instituição, mostrando os limites da separação
entre a arte e a restante vida social, rejeitando assim a noção de
autonomia estética.

Bürger procurava recuperar uma ligação entre as vanguardas na arte


e a atuação no contexto histórico que apenas identificava naqueles
três movimentos. Considerando ainda que a crítica destas vanguardas
estava já esvaziada nas neovanguardas da segunda metade do
século XX, num processo que se havia aprofundado essencialmente a
partir do segundo quartel do século XX com a cooptação das
vanguardas históricas pelas próprias instituições da arte.

Contudo a ideia de vanguarda, atribuindo-se-lhe uma maior ou menor


autonomia estética, havia sido pensada e confrontada de outras
maneiras. Tal foi visível no ataque às ruturas artísticas de início do
século XX, com o Regresso à Ordem e a afirmação de vários
governos ditatoriais na Europa, anos 1920 e 1930. Casos da sua
acusação como arte degenerada pela Alemanha Nazi ou, por outro
lado, da defesa do Realismo Socialista pela ortodoxia soviética, após
um primeiro momento pós-revolução de Outubro de 1917, em que
artistas como El Lissitzky (1890-1941) ou Alekasandr Rodchenko
(1891-1956), entre outros ligados ao Construtivismo ou ao
Suprematismo russo, haviam participado ativamente no movimento
revolucionário.

Por outro lado, mesmo nas democracias liberais a ocidente, a noção


de vanguarda assumira aquela dimensão puramente autónoma,
associada ao individualismo e a uma determinada ideia de liberdade.
Discurso que serviria a retórica dos EUA face a regimes totalitários, ao
mesmo tempo que se articulava com os ciclos de novidade e consumo
que sustentavam os seus próprios tecidos culturais e proposta de
organização politica, económica e social, eliminando no caminho a
ligação anterior entre a vanguarda artística e política. De resto, é
também neste contexto que melhor se entende a definição mais
comum de vanguardas artísticas como práticas que se situam nos
limites do experimentalismo.

Do ponto de vista histórico, separam-se as vanguardas das


neovanguardas da segunda metade do século XX, associando as
primeiras às diversas ruturas protagonizadas entre finais do século
XIX e meados do século XX por movimentos como o Impressionismo,
Pós-impressionismo, Fauvismo, Cubismo, Futurismo, Expressionismo,
Construtivismo, Abstracionismo, Dada, Surrealismo ou o
Expressionismo-Abstrato.

SÍNTESE

 O termo vanguarda, proveniente do francês avant-garde, tem origem no


léxico militar, onde denomina a frente do exército, em que um
contingente de soldados especializados cria as condições para o avanço
da restante força militar.
 Historicamente separam-se as vanguardas das neo-vanguardas da
segunda metade do século XX, associando as primeiras às rupturas
protagonizadas entre finais do século XIX e meados do século XX por
diversas práticas artísticas.
 O termo vanguarda pode associar-se em à ideia de revolução e de
aliança com propósitos progressistas, numa relação que tenderá a
esbater-se do século XIX em diante, até à recuperação desta relação
histórica já no contexto do após Maio de 1968.
FICHA TÉCNICA
 TÍTULO: Vanguarda
 ÁREA PEDAGÓGICA: História da Arte e da Cultura
 AUTORIA: Associação de Professores de História/André Silveira
 ANO: 2021
 IMAGEM: Autorretrato de Gustave Courbet

https://ensina.rtp.pt/explicador/vanguarda/

A literatura do século XX não seria a


mesma sem este tema
03 Setembro 2009 — 01:00

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 Twitter

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Oimpacto da Segunda Guerra Mundial na prosa e poesia é tão vasto que seria
inútil tentar completar uma lista de livros dos países beligerantes. Vários
vencedores do Prémio Nobel da Literatura combateram no conflito e mesmo
quando a experiência pessoal não foi tema obsessivo, pelo menos esteve
presente como pano de fundo. As carreiras de Heinrich Böll, Alexander
Solzhenitsyn, William Golding, Jean-Paul Sartre, Imre Kertész e Günther Grass
foram marcadas pelo conflito.

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Artes. Séries sérias e menos a sério

Na área do romance, a Segunda Guerra Mundial é o tema de algumas das


obras literárias mais importantes do século XX. O conflito no Pacífico foi
retratado de forma notável por Norman Mailer, no seu Os Nus e os Mortos, um
clássico sobre a crueldade do poder; enquanto que a violência na frente Leste
surge com toda a sua crueza no espantoso Vida e Destino, de Vassily
Grossman, livro que apenas por milagre sobreviveu à polícia soviética, devido
às suas críticas a Estaline e aos comissários políticos do exército vermelho.
Grossman fora correspondente de guerra e estivera em todas as batalhas
importantes, foi o primeiro repórter a escrever sobre os campos de extermínio
nazis, mas caiu em desgraça nos anos seguintes à guerra.

Alguns escritores, como Joseph Heller, em Catch-22, sublinharam a estupidez


do sistema militar, mas há livros importantes sobre a resistência (O Silêncio do
Mar, de Vercors) ou sobre o Holocausto (Se Isto é um Homem?, de Primo Levi).
Uma corrente mais popular de histórias de guerra encheu as livrarias em
praticamente todas as línguas e a espionagem ou as missões difíceis foram os
temas mais comuns do género, sempre muito ligado ao cinema.

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O conflito serviu também (e serve ainda) para a original corrente da história
alternativa. Philip K. Dick (O Homem do Castelo Alto) imaginou nos anos 60 um
mundo em que japoneses e alemães tinham ganho a guerra; e Robert Harris
(Pátria) inventou um policial onde a Alemanha venceu e escondeu as provas do
extermínio dos judeus. O Holocausto é ainda hoje um dos temas mais
controversos. Um autor recente, Jonathan Littel (As Benevolentes), tentou
explorar a natureza do mal, entrando em terrenos perigosos: a mente de um SS.

A literatura do século XX não seria a


mesma sem este tema
03 Setembro 2009 — 01:00

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Oimpacto da Segunda Guerra Mundial na prosa e poesia é tão vasto que seria
inútil tentar completar uma lista de livros dos países beligerantes. Vários
vencedores do Prémio Nobel da Literatura combateram no conflito e mesmo
quando a experiência pessoal não foi tema obsessivo, pelo menos esteve
presente como pano de fundo. As carreiras de Heinrich Böll, Alexander
Solzhenitsyn, William Golding, Jean-Paul Sartre, Imre Kertész e Günther Grass
foram marcadas pelo conflito.

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retratado de forma notável por Norman Mailer, no seu Os Nus e os Mortos, um
clássico sobre a crueldade do poder; enquanto que a violência na frente Leste
surge com toda a sua crueza no espantoso Vida e Destino, de Vassily
Grossman, livro que apenas por milagre sobreviveu à polícia soviética, devido
às suas críticas a Estaline e aos comissários políticos do exército vermelho.
Grossman fora correspondente de guerra e estivera em todas as batalhas
importantes, foi o primeiro repórter a escrever sobre os campos de extermínio
nazis, mas caiu em desgraça nos anos seguintes à guerra.

Alguns escritores, como Joseph Heller, em Catch-22, sublinharam a estupidez


do sistema militar, mas há livros importantes sobre a resistência (O Silêncio do
Mar, de Vercors) ou sobre o Holocausto (Se Isto é um Homem?, de Primo Levi).
Uma corrente mais popular de histórias de guerra encheu as livrarias em
praticamente todas as línguas e a espionagem ou as missões difíceis foram os
temas mais comuns do género, sempre muito ligado ao cinema.

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O conflito serviu também (e serve ainda) para a original corrente da história
alternativa. Philip K. Dick (O Homem do Castelo Alto) imaginou nos anos 60 um
mundo em que japoneses e alemães tinham ganho a guerra; e Robert Harris
(Pátria) inventou um policial onde a Alemanha venceu e escondeu as provas do
extermínio dos judeus. O Holocausto é ainda hoje um dos temas mais
controversos. Um autor recente, Jonathan Littel (As Benevolentes), tentou
explorar a natureza do mal, entrando em terrenos perigosos: a mente de um SS.

https://www.dn.pt/artes/cinema/a-literatura-do-seculo-xx-nao-
seria-a-mesma-sem-este-tema--1351240.html

Os fundamentos do século XX:


arquitetura
VOLTAIRE SCHILLING
O século XX, no qual a modernidade foi assumida na plenitude,
entendida essa como uma época com estilo, valores e programas
ideológicos próprios, inteiramente rompida com a tradição anterior,
tem como seus símbolos mais expressivos o arranha-céu, a arte
abstrata, o cinema, o automóvel, o avião, a psicanálise, a teoria da
relatividade e o radicalismo ideológico , todos eles responsáveis pelas
mais profundas transformações que a humanidade conheceu nos
últimos séculos. Todas essas novidades surgiram ao redor de 1900,
marcando definitivamente o século com sua presença.
O arranha-céu é considerado a expressão de uma nova civilização criada no Novo Mundo
Foto: Divulgação

Atingindo os céus
A ambição dos homens de tentarem por meio de uma monumental
construção alcançarem os céus remonta ao Gênese bíblico, quando os
descendentes de Noé lançaram-se numa planície da Babilônia, a
erguer com pedras e tijolos uma fantástica torre que os possibilitasse
tornarem-se íntimos de Deus. Na Idade Média essa ousadia
materializou-se na construção de uma série de estupendas catedrais,
pirâmides da fé, construídas em Milão, em Colônia, em Reims, e até
nas cidades do Novo Mundo, cada uma delas tentando alongar ainda
mais suas torres para poderem receber, antes das demais, assim
pensavam seus construtores, as graças divinas.
Na verdade pode-se entender a magnificência daquelas obras como
uma projeção dos anseios coletivos da religiosidade dos povos
daqueles tempos e também uma demonstração da exuberância técnica
das corporações de ofício que colaboravam na construção daqueles
colossos de pedra.

O arranha-céu
"A arquitetura é a vontade de uma época transladada para o espaço"
Mies van der Rohe
Pode-se considerar o arranha-céu, por ter sido um genuíno produto da
América, como a expressão de uma nova civilização criada no Novo
Mundo. Aqueles imensos edifícios longilíneos, aparentando
equilibrar-se precariamente em bases muito estreitas, eram antes de
tudo uma celebração do homem moderno em favor do Progresso, o
deus da modernidade, ao mesmo tempo em que marcava uma
significativa ruptura com a tradição arquitetônica européia.

O arranha-céu quer também celebrar a era da nascente tecnologia, um


mundo novo, próprio que foi desconsiderado em tempos passados,
mas que agora, para os grandes teóricos da arquitetura moderna,
passaram a ser o centro da preocupação do homem contemporâneo.
Como disse Meis van der Rohe "a tecnologia é mais do que um
método, é um mundo em si mesmo." O ferro, o aço, o vidro e a
terracota, foram os materiais básicos com que os engenheiros
contaram para poderem erguer prédios de alturas e dimensões
desconhecidas em qualquer outro tempo da história da humanidade
( Nova Iorque hoje possui 2.692 edifícios, os maiores deles oscilam
entre 226 a 417 metros de altura).

Poemas de pedra
A competição individual e a rivalidade corporativa da moderna
sociedade industrial se espelha em inúmeras construções que
começaram a aparecer no eixo Chicago-Nova Iorque nos finais do
século XIX, seguindo pelo século XX a diante. Inicialmente
capitaneada pela Chicago School (A Escola de Chicago), liderada pelo
arquiteto William Le Baron Jenney , o "pai dos arranha-céus",
falecido em 1907, que teve em Louis Sullivan, um notável arquiteto
nascido em Boston, o seu principal seguidor quando este mudou-se
para Chicago.
Os recursos técnicos colocados à disposição da arquitetura foram
tamanhos que ele acreditou que "o arquiteto que combinasse na sua
essência os poderes da visão, da imaginação e do intelecto,
acrescentados pela simpatia para com as necessidades humanas e o
poder de interpretá-las numa linguagem vernacular, será capaz de criar
poemas nas pedras".

Peculiaridades
O arranha-céu, símbolo arquitetônico mais exemplar da paisagem
urbana do século XX, nasceu como expressão do movimento
modernista que tinha como sua característica mais marcante sua total
ojeriza ao ornamento, enfatizando que a arquitetura antes de tudo
devia servir à função (funcionalismo). Segundo Mies van der Rohe,
um dos seus expoentes europeus, "a forma é a função".
Este estilo - que nos anos de 1920 foi denominado de International
Style - não se apegava a nada do que fora feito no passado (pois é
anti-historicista), visto que a arquitetura clássica greco-romana era
horizontalista (a extensão predominando sobre a altura) e sustentada
por colunas com capitéis decorados, enquanto que a arquitetura das
catedrais exibia um excesso de decoração (particularmente nos
períodos gótico e barroco) vide nos.

O arranha-céu moderno diz a que veio, elimina ou reduz ao mínimo o


acessório, recorrendo a formas e materiais para por em pé um prédio
que único (exclusivismo). A extraordinária massa de ferro, vidro e
demais elementos, espelha a arrogância do sucesso de algum homem
notável ou da sua empresa (Rockefeller Center, Palmolive building,
etc.), ao mesmo tempo em que livremente expõe-se à admiração
pública para que de alguma forma participem coletivamente daquela
ascensão.
Walter Gropius e a Bauhaus
No mesmo ano em que a recém fundada República alemã assinava o
humilhante Tratado de Versalhes, assinado em Paris em 1919, o
movimento modernista germânico dava um importante passo para a
consagração internacionalmente. Naquela ocasião, em sintonia com
uma época inaugurada por revoluções, golpes e tumultos de toda
ordem que se estenderam pelos anos vinte, um reduzido grupo
formado por profissionais das mas variadas atividades artísticas e
técnicas, liderado pelo o arquiteto Walter Gropius lançou na cidade de
Weimar, a Atenas da Alemanha, o
Manifesto da Bauhaus , em abril de 1919.
A ação de vanguarda deles iria provocar uma alteração duradoura na
história da arquitetura e das artes plásticas em geral. Não era para
menos visto que a ambição do movimento era "a nova construção do
futuro". Começava então uma das mais importantes transformações do
século 20: a aliança entre a estética e a tecnologia, entre o artista e a
indústria.

O sol e a bigorna
Desde tempos imemoriais artistas e artesãos ocupavam espaços
distintos no universo das artes em geral. Os primeiros, os artistas,
sempre se viram como um espécie de aristocracia das belas artes, os
favoritos das musas, os eleitos de Apolo, o deus-Sol que tudo alumia,
enquanto os artesão, humildes, tinham como inspirador a Hefesto, o
deus corcunda da forja que, infeliz, malhava o ferro incandescente na
bigorna numa oficina nos subterrâneos da Terra, suando por todos os
poros em meio às labaredas e às ferramentas ardentes.
Um dos primeiros propósitos da fundação da Bauhaus, em abril de
1919, foi a superação desse estigma histórico-corporativo pela
educação do artista-artesão, alguém tão hábil com as mãos como
enfronhado na concepção mais elevada da arte, um ser capaz de
conceber um objeto qualquer, esteticamente relevante, e, ao mesmo
tempo, hábil em executá-lo em conjunto com os demais colegas da
construção. Fazer, enfim, com que o belo Sol de Apolo entrasse em
harmonia com a fornalha do torto Hefesto. Ou ainda,
metaforicamente, promover a simbiose da estética cosmopolita de
Goethe com o aço alemão dos Krupp.

Para levar tal concepção à prática, Walter Gropius, então jovem


arquiteto promissor, transferindo-se de Berlim para Weimar,
determinou a junção das duas escolas que lá existiam: a Escola de
Artes e Ofícios ( a Kunstgewerbeschule) e a Escola de Belas Artes ( a
bildende Kunst): que vieram a formar a célebre Staatliches Bauhaus,
ou simplesmente Escola da Bauhaus, instalada no edifício de Van der
A formação do artista-artesão
Apesar das proposta modernista da Escola, o processo de admissão
dos pretendentes ainda respeitava uma liturgia comum às antigas
corporações de ofício da Alemanha medieval. O candidato, após
submeter-se a uma série de exigentes provas, terminava sendo
avaliado pelo Conselho de Mestres, dando início então à sua formação
que o conduzira, em círculos concêntricos, a obtenção do diploma de
Mestre da Bauhaus.
Velde.

A estética ideológica do primeiro momento da escola, o Período de


Weimar, entre 1919-1923, estava marcada pelo Expressionismo (*) e
pelo lirismo de uma sociedade libertária identificada, ainda que à
distância, com a Revolução Bolchevique de 1917 e com o Levante
Espartaquista de janeiro de 1919, no qual sucumbiram Rosa
Luxemburgo e Karl Liebcknecht, líderes da organização extremista.

Num primeiro momento do processo de aprendizagem, tendo como


objetivo a derrubada da "parede de arrogância" que separava o artista
do artesão, os alunos-aprendizes passavam pela fase do contanto
direto com os elementos do mundo material, botânico e zoológico,
como uma iniciação à sensibilização. A escola propunha-se a
reagrupar todos os trabalhos criativos da arte aplicada: a escultura, a
pintura, o artesanato e os ofícios em geral.

Na verdade os integrantes da Escola da Bauhaus constituíam um tipo


de nova ordem monacal, ainda que secular, composta por mestres e
aprendizes, erguida para, em conjunto, construir a modernidade, a
partir do que Johannes Itten, um dos grão-pedagogos da escola,
denominou de "estado criativo primitivo".

Superado o primeiro contanto com as formas elementares, saltavam


eles então para o aprendizado da construção, da composição das cores
e dos tecidos, dos instrumentos-ferramentas e, por fim, do estudo geral
sobre a natureza.

Familiarizam-se nesta etapa com a argila, a pedra, a madeira, o metal,


o têxtil, as cores e o vidro. Literalmente metem a mão na massa,
estando então aptos para a construção graças aos conhecimentos de
engenharia recebidos na derradeira etapa do processo educativo. Nesta
fase a formação do aluno da Bauhaus reduzia-se muito "a área de
atrito entre o artesanato e a indústria, entre arte e técnica". A confiança
de Gropius no resultado levou-o a dizer :

"o espírito das pequenas comunidades deve conduzir-nos à vitória, a


vitória das pequenas e fecundas comunidades, os conjurados e as
confrarias que, em silêncio, guardam o segredo inexplicável e
libertarão a bandeira da arte por cima da imundície quotidiana..."

(*) O termo Expressionismo foi usado pela primeira vez na Alemanha


em 1911 por Wilhelm Worringer para definir as novas tendências na
literatura ( W.Laqueur - Weimar 1918-1933, Paris, 1978, p.156).
A questão da tecnologia
Os efeitos devastadores e mortíferos que a Grande Guerra de 1914-18
provocara, causaram um profundo abalo na confiança otimista que o
positivismo do século 19 depositara na tecnologia. O otimismo
engendrado pelas conquistas obtidas pela máquina viu-se então
obscurecido pelo pessimismo sombrio que tomou conta das
perspectivas sobre os dias futuros. A intelectualidade alemã da época
dividiu-se radicalmente entre os que passaram a abominá-la ( Oswald
Spengler, Martin Heidegger, Ernst Jünger), definindo-a como
"iabólica" e os que procuraram aceitá-la como parte integrante da
paisagem do mundo moderno contra a qual era inútil e sem sentido
lutar. A Escola Bauhaus alinhou-se junto a este último grupo, dos que
consideravam que as novas catedrais a virem ser erguidas o seriam
com aço, com cimento e vidro.

Não só isso. Tratou inclusive de propor uma estética que melhor


expressasse o domínio da tecnologia, inspirando-se na geometria
euclidiana e nas formas mecânicas ( os oposicionistas acusaram-na de
Amerikanismus, de importar uma estética não-germãnica ).

Posicionamento que levou a que a Escola Bauhaus se deixasse


fascinar pelas linhas retas, pelas formas cúbicas, triangulares ou
circulares e pelo total despojamento decorativo. Segundo a ambição
do projeto social-utópico dos teóricos da Bauhaus, - profundamente
hostil ao passado Barroco e à Art Nouveau, mais recente - o desenho
fortemente geometrizado do edifício presente no novo cenário urbano,
resultado do encontro da ciência com a técnica, causaria um impacto
racionalista na sociedade, imunizando-a e afastando-a das paixões
extremadas ( por exemplo, do patriotismo e do nacionalismo
chauvinista exacerbado pela guerra de 1914-18). O clímax dessa
tendência cubista foi alcançado na Grande Exposição da Bauhaus de
1923, com conferências de Gropius e Wassily Kandisnky, o pintor
modernista russo que havia se transferido para a Alemanha.

Feita a devida ruptura com o passado, tudo, do design dos móveis aos
prédios, dos materiais aos projetos urbanistas, devia ser claro,
transparente, funcional e adequado aos novos tempos igualitários e
democráticos que emergiam do mundo após a Grande Guerra. A
estética baseada no "despojamento proletário", oposto ao
decorativismo aristocrático-burguês, anunciava a nova era de um
mundo dominado pelos trabalhadores espelhava-se na racionalidade e
na planificação geral da vida.

Mudando de lugar: de Weimar à Dessau


Passando os primeiros anos em Weimar, local onde também realizara-
se a Assembléia Constituinte de 1919 que lançou os pilares da
República, a República de Weimar, a Escola da Bauhaus mudou-se
em fevereiro de 1925 para Dessau, a convite do governador do estado
de Anhalt, tomando lá, em 1927, a denominação de Hochschule für
Gestaltung, Instituto Superior da Forma.

O principal motivo desta transferência deveu-se a que o governo


regional da Turíngia (estado onde Weimar ficava), nas mãos de
partidos direitistas, mostrou-se abertamente hostil aos propósitos
estéticos da Escola e ao que ela representava. A direita nacionalista
(precursora do nacional-socialismo) associava o movimento
modernista na literatura, nas artes em geral e na arquitetura, ao
Kulturbolchevismus, isto é, ao Bolchevismo Cultural.

A pretensão nada modesta dos vanguardistas de "irem ao povo e


transformarem o mundo", como fora anunciado pelo Conselho dos
Intelectuais, de 9 de novembro de 1918, pareceu-lhes algo
abominável, um despropósito insano totalmente estranho à
germanidade, uma traição aos valores nacionais e à Alemanha. O
Modernismo era o maléfico Mesfistófeles insinuando-se para
desvirtuar a boa alma alemã, uma degenerescência enfim. Como então
registrou um funcionário do governo da Turíngia ¿Não se deve
permitir que um pequeno núcleo de interessados, que em grande parte
são estrangeiros, sufoque a massa saudável dos jovens artistas
alemães..(K.Nonn - Deutsche Zeitung, abril de 1924).

As ameaças à Escola não vinham somente de fora. Duas correntes


começaram a cindir-se no interior da própria direção da instituição.
Uma delas, a do escultor e gravurista Gerhard Marcks, por exemplo,
em nome do purismo e contra "a exploração econômica", defendia a
continuidade da ligação estreita da Bauhaus com o estado, enquanto
Gropius procurava aproximá-la da industria privada para que ela
pudesse libertar-se dos condicionamentos orçamentários. O desenlace
deu-se em dezembro de 1924, quando a Escola foi fechada pelo
governo direitista da Turíngia.

Em Dessau, por fim, surgiu a oportunidade de Gropius erguer um


edifício símbolo das ambições da Escola, uma construção que
abrigasse, ligado ao prédio principal onde se dava o ensino, uma série
de outros edifícios (oficias e habitação dos estudantes) formando um
conjunto arquitetônico síntese da integração arte-artesanato .

Foi lá, por igual, que Gropius projetou a construção do bairro modelo
de Törten-Dessau, um conjunto habitacional que serviu à politica da
planificação urbana obediente à uma linha de montagem previamente
elaborada. Guardava, o projeto, a expectativa de servir como modelo à
sociedade igualitária do futuro, toda ela organizada em espaços
geométricos amplamente arejados, totalmente contrária aos cortiços a
que os trabalhadores estavam confinados na maioria das grandes
cidades industriais daquela época.

Enquanto isto, dos seus ateliers, surgiam os novos móveis inspirados


no design futurista, feitos de couro, plástico, madeira e aço, obedientes
ao estilo funcionalista que a Escola da Bauhaus adotara desde os seus
começos por seus principais mestres. (*)

Em 1928, Gropius deixou a Bauhaus, sendo que Hannes Meyer e, em


seguida, em 1930, Mies Van der Rohe, que viria a torna-se um dos
maiores arquitetos do século 20, tomaram-lhe o lugar. Entremetes
avançava a crise político-social da Alemanha fazendo com que a
República de Weimar começasse a soçobrar . O partido nazista de
Dessau chegou a propor, junto ao Conselho Municipal, a demolição
do prédio da Bauhaus, denunciada como "centro artístico hebraico-
marxista", ou ainda como "Catedral do Socialismo".
Por fim, em 5 de outubro de 1932, o contrato da cidade de Dessau
com a Escola foi rescindido, forçando a que Van der Rohe tratasse da
transferencia para Berlim. Pouco adiantou o trabalho. Em 20 de julho
de 1933, seis meses após a ascensão de Hitler ao poder, ela fechou
definitivamente suas salas e oficinas. No dia 20 de abril daquele ano,
200 policias a haviam invadido Escola, providenciando-se em seguida
um inquérito contra ela na Procuradoria Geral da República.

No exílio
A única porta que então se abriu aos integrantes da Bauhaus foi a do
exílio. Como tantos outros artistas, cientistas e homens de letras anti-
nazistas, eles também partiram para longe da Alemanha. Gropius e
Van de Rohe foram recebidos de abraços abertos nos Estados Unidos,
país onde a maioria deles iria dar continuidade a uma carreira
brilhante. Gropius, por exemplo, afamou-se ainda mais com seu
empenho em favor do International Style, movimento arquitetônico
síntese do estilo Bauhaus com o funcionalismo norte-americano que,
além dos alemães emigrados, contou com arquitetos como Phillip
Johnson e Richard Neutra. Expulso pela Alemanha Nazista, o estilo
Bauhaus, atravessando o Atlântico, facilmente aclimatou-se no Novo
Mundo, dando ainda mais ousadia à revolução modernista do século
20.
(*) Núcleo difusor de novas tendências, a Bauhaus foi composta por
um corpo docente formado por diversas profissões: eram
engenheiros, arquitetos, pintores, desenhistas, gravuristas,
decoradores e artistas industriais, grupo este que causou profundo
impacto na arte do século XX. Entre eles encontrava-se, além de
Walter Gropius, que foi diretor até 1928, Johannes Itten, Lyonel
Feininger, Gehard Marcks, George Muche, Gertrud Grunow, Lothar
Schreyer, Adolf Meyer, Oskar Schelemmer László Moholy-Nagy, Paul
Klee, Wassily Kandinsky , Herbert Bayer, Hinnerk Scheper, Gunta
Stölzl, Joost Schmidt, Hannes Meyer, Ludwig Hilberseimer, Alfred
Arndt, Ludwig Mies Van Der Rohe, Lily Reich e Walter Peterhans.
O Manifesto Bauhaus
"O fim último de toda a atividade plástica é a construção. Adorná-la
era, outrora, a tarefa mais nobre das artes plásticas, componentes
inseparáveis da magna arquitetura. Hoje elas se encontram numa
situação de auto-suficiência singular, da qual só se libertarão através
da consciente atuação conjunta e coordenada de todos os
profissionais. Arquitetos, pintores e escultores devem novamente
chegar a conhecer e compreender a estrutura multiforme da
construção em seu todo e em suas partes; só então suas obras estarão
outra vez plenas de espírito arquitetônico que se perdeu na arte de
salão.
As antigas escolas de arte foram incapazes de criar essa unidade, e
como poderiam, visto ser a arte coisa que não se ensina? Elas devem
voltar a ser oficinas. Esse mundo de desenhistas e artistas deve, por
fim, tornar a orientar-se para a construção. Quando o jovem que
sente amor pela atividade plástica começar como antigamente, pela
aprendizagem de um ofício, o "artista" improdutivo não ficará
condenado futuramente ao incompleto exercício da arte, uma vez que
sua habilidade fica conservada para a atividade artesanal, onde pode
prestar excelentes serviços. Arquitetos, escultores,
pintores, todos devemos retornar ao artesanato, pois não existe "arte
por profissão". Não há nenhuma diferença essencial entre artista e
artesão, o artista é uma elevação do artesão, a graça divina, em raros
momentos de luz que estão além de sua vontade, faz florescer
inconscientemente obras de arte, entretanto, a base do "saber fazer" é
indispensável para todo artista. Aí se encontra a fonte de criação
artística.
Formemos, portanto, uma nova corporação de artesãos, sem a
arrogância exclusivista que criava um muro de orgulho entre
artesãos e artistas. Desejemos, inventemos, criemos juntos a nova
construção do futuro, que enfeixará tudo numa única forma:
arquitetura, escultura e pintura que, feita por milhões de mãos de
artesãos, se alçará um dia aos céus, como símbolo cristalino de uma
nova fé vindoura.
Walter Gropius (Weimar, abril de 1919)

https://www.terra.com.br/noticias/educacao/historia/os-fundamentos-
do-seculo-xx-
arquitetura,850890da9a2ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

O Grito (1893) de Edvard Munch


Surgido em Dresden, na Alemanha, em 1905, o expressionismo foi um
movimento artístico que teve origem com o grupo  Die Brücke - que em
português significa "A ponte".

Ernst Kirchner, Erich Heckel e Karl Schidt-Rottluff foram os artistas que se


uniram para criar esse coletivo calcado na expressão dos sentimentos e
emoções.
Possuía um caráter deveras subjetivo, irracional, pessimista e trágico, justamente
por enfatizar as mazelas e os problemas do ser humano.

Esse estilo de arte vem como uma oposição a outro movimento anterior,
o impressionismo.

O artista norueguês Edvard Munch pode ser considerado a grande inspiração


do Die Brücke  e precursor do expressionismo. Sua obra mais importante é O
Grito (1893), uma das mais emblemáticas do pintor.

Além dele, merece destaque o artista Van Gogh, que também influenciou


profundamente o movimento.

Fauvismo

A dança  (1910), de Matisse


O fauvismo foi um estilo de pintura baseado na intensidade cromática,
simplificação das formas e utilização de cores puras, além de usá-las
arbitrariamente, sem compromisso com as cores reais.
Por conta dessas características, durante o Salão de Outono, alguns pintores
desse movimento foram chamados pelos críticos de fauves  ("os feras" em
português), como uma rejeição ao novo modo de pintar.

Alguns nomes importante do fauvismo são: André Derain, Maurice de Vlaminck,


Othon Friesz e Henri Matisse, o mais conhecido.

Leia mais sobre o Fauvismo.

Cubismo

As damas d'Avignon (1907) de Pablo Picasso


O cubismo foi um movimento artístico pautado na geometrização das formas.
Foi iniciado em 1907 pelo pintor espanhol Pablo Picasso, com a tela "Les
Demoiselles d'Avignon" (As damas d'Avignon).

Outros representantes do movimento foram: Georges Braque, Juan Gris e


Fernand Léger.

Essa corrente artística teve como inspiração o trabalho do artista Cézanne e


ramificou-se em duas vertentes: o cubismo analítico e cubismo sintético.

Na primeira, a analítica, as formas e figuras foram tão desconstruídas e


fragmentadas que tornaram-se irreconhecíveis. No cubismo sintético, os artistas
voltaram à representação figurativa, mas não a uma abordagem realista dos
temas.

No Brasil, o movimento cubista influenciou alguns artistas, como Tarsila do


Amaral e Vicente do Rego Monteiro.

Veja também: 8 obras importantes do cubismo

Futurismo

Velocidade do Automóvel (1913) de Giacomo Balla


O movimento futurista foi encabeçado pelo poeta italiano Filippo Marinetti, que
lançou um manifesto publicado em um jornal francês (Le Figaro) no dia 20 de
fevereiro de 1909. No ano seguinte, diversos artistas lançam um Manifesto
Futurista relacionado diretamente com a pintura.

Suas principais características eram a exaltação da tecnologia, das máquinas, da


velocidade e do progresso. Um dos expoentes da pintura futurista foi o artista
italiano Giacomo Balla. Outros representantes são: Umberto Boccioni, Carlo
Carrà, Luigi Russolo e Gino Severini.

No Brasil, os ideais da Semana de Arte Moderna, que inauguraram o movimento


modernista no país, sofreram influência do futurismo. Isso porque a rejeição ao
passado, bem como o culto do futuro, propulsionaram as ideias modernistas.

Veja também: Arte Moderna


Dadaísmo
A Fonte (1917), de Marcel Duchamp
O dadaísmo foi um movimento ilógico encabeçado por Tristan Tzara em 1916,
que mais tarde ficou conhecido como o propulsor dos ideais surrealistas.

Além dele, outros líderes do movimento foram: o poeta alemão Hugo Ball e o
pintor, escultor e poeta franco-alemão Hans Arp.

As principais características do dadaísmo são a espontaneidade da arte pautada


na liberdade de expressão, no absurdo e irracionalidade.

Sem dúvida, o pintor e escultor francês Marcel Duchamp foi uma das figuras


mais emblemáticas do movimento dadaísta com seus objetos prontos (ready-
made) que se afastam de sua função original. A Fonte  é uma das obras mais
representativas desse momento.

Surrealismo

A Persistência da Memória (1931) de Salvador Dalí


O surrealismo, liderado pelo artista André Breton, despontou em Paris em 1924.

Pautado no subconsciente, esse movimento era caracterizado por uma arte


impulsiva, fantástica e onírica.

Alguns artistas que merecem destaque são Giorgio de Chirico, Max Ernst, Joan
Miró, René Magritte e Salvador Dalí.

A literatura e as artes plásticas brasileiras sofreram grande influência dessa


vanguarda. Merecem destaque: o escritor Oswald de Andrade e os artistas
plásticos Tarsila do Amaral, Ismael Nery e Cícero Dias.
Vanguardas Europeias - Questões de Vestibular
1. (UFPE-PE) Os movimentos culturais do final do século XIX e das primeiras
décadas do século XX dialogavam com as mudanças que ocorriam na
sociedade, com a afirmação do modo de produção capitalista e com as novas
formas de pensar e de sentir o mundo. Com o modernismo e as vanguardas
artísticas, houve mudanças importantes, pois

a. ( ) o dadaísmo procurou radicalizar nas suas propostas, criticando os valores


estabelecidos, com destaque para a obra de artistas como Marcel Duchamp.

b. ( ) o surrealismo trouxe a exploração do inconsciente, presente na pintura do


espanhol Salvador Dali e na obra literária do francês André Breton.

c. ( ) com obras que causaram impacto, houve um rompimento frente aos


modelos clássicos que adotavam regras e limites para o artista.

d. ( ) O cubismo foi o movimento que mais explorou o subjetivismo,


demonstrando intensa preocupação com o sofrimento humano.

a) V – V – V – V
b) V – V – V – F
c) V – V – F – F
d) V – F – V – F

Ver Resposta

Confira também essa seleção de questões que separamos para você testar
seus conhecimentos: Exercícios sobre Vanguardas Europeias.

2. (ESPM-SP) Verifique o texto:

“Beiramarávamos em auto pelo espelho de aluguel arborizado das avenidas


marinhas sem sol.
Losangos tênues de ouro bandeiranacionalizavam o verde dos montes interiores.”

Esse fragmento da obra Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de


Andrade, revela influência de uma corrente de vanguarda europeia do
Modernismo. Marque-a:

a) Futurismo, pela exaltação à velocidade e à tecnologia automotiva.


b) Surrealismo, pois as imagens insólitas apresentadas parecem ter sido
extraídas do sonho ou do inconsciente do narrador.
c) Cubismo, já que somente partes dos objetos e da paisagem são descritas, a
imagem é fragmentária.
d) Expressionismo, pela caricaturização, pela deformação da imagem através do
exagero.
e) Dadaísmo, pois o significado do texto é nenhum, já que as ideias estão
misturadas ao acaso.

Ver Resposta
3. (UCP-PR) Movimento literário brasileiro que recebeu influências de
vanguardas europeias, tais como o Futurismo e o Surrealismo:

a) Modernismo
b) Parnasianismo
c) Romantismo
d) Realismo
e) Simbolismo

Ver Resposta
Veja também: 15 questões de artes que caíram no Enem
Veja também: História da Arte: definição, aspectos e períodos
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Escrito por Laura Aidar


Arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Licenciada em Educação Artística
pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formada em Fotografia pela
Escola Panamericana de Arte e Design.
Como citar?
Veja também

 Expressionismo
 Exercícios sobre Vanguardas Europeias
 Fauvismo
 Impressionismo
 Cubismo
 Futurismo
 Dadaísmo
 Semana de Arte Moderna (1922)

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