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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICAS


DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
QMC5515 – Estágio Supervisionado

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO DESENVOLVIDO NO


LABORATÓRIO DE CONTROLE DE QUALIDADE JR HIDROQUÍMICA EM
FLORIANÓPOLIS – SC

ALINE LIMA

Orientador: Dr. Eduardo Sidinei Chaves


Supervisor: Joarez da Silva Vieira Junior

Florianópolis
Setembro/2021
Aline Lima

ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS DE AMOSTRAS DE ÁGUA


MINERAL

Relatório de Estágio Supervisionado (QMC 5515)


apresentado ao Departamento de Química da
Universidade Federal de Santa Catarina,
desenvolvido no Laboratório de Controle de Qualidade
JR Hidroquímica em Florianópolis.

Supervisor: Joarez da Silva Vieira Junior

Florianópolis
Setembro/2021
AGRADECIMENTOS

Inicio agradecendo a minha família, meus pais, Inete e Cloves, minha irmã
Bruna e minha tia Janete, por terem me proporcionado as melhores oportunidades e
me apoiarem, sem medir esforços, durante todos esses anos. Amo vocês.
Agradeço imensamente a todos os amigos que fiz durante essa jornada,
principalmente ao pessoal da Atlética da Química que me ensinaram tanto e fizeram
meus dias mais felizes. Em especial ao Lucas Palma, por toda parceria e incentivo
nessa fase final.
Fabi e Mel, que bom que a química trouxe vocês pra minha vida. Obrigada.
Agradeço a todos os professores que contribuíram para a minha formação,
em especial ao Professor Eduardo Chaves por aceitar ser meu orientador, pela
paciência e atenção.
A toda a equipe da JR Hidroquímica pela oportunidade de concluir esse ciclo
e pelo aprendizado adquirido durante o processo.
Por fim, agradeço a UFSC pelo ensino gratuito e de qualidade.
Lista de abreviaturas e acrônimos

UFC – Unidade Formadora de Colônia.


CLT – Caldo Lauril Triptose.
CVB – Caldo Verde Brilhante.
E- coli – Escherichia coli.
IN - INSTRUÇÃO NORMATIVA.
AUS – Ausente.
ISE – sensor íon-seletivo.
MF - Membrana Filtrante.
NED - N-(1-Naftil)etilenodiamina.
NTU - Unidade Nefelométrica de Turbidez.
EDTA - Ácido etilenodiaminotetracético.
TISAB - Total ionic strength adjustment buffer.
MUG – 4-Metilumbeliferil-β-D-Glicuronídeo.
EPI – Equipamento de Proteção Individual.
Lista de figuras

Figura 1 - Ilustração do procedimento realizado na análise microbiológica utilizando


a técnica de membrana filtrante.

Figura 2 - Fotografia do suporte de filtração utilizado nas análises microbiológicas.

Figura 3 - (a) Jarra de anaerobiose fechada. (b) Interior da jarra de anaerobiose


com gerador de atmosfera específico e indicador de anaerobiose.

Figura 4 - Dureza total determinada nas amostras de água mineral subterrânea das
empresas 1 e 2, analisadas entre os meses de janeiro e maio de 2021.

Figura 5 - Concentração de cloreto determinada nas amostras de água mineral


subterrânea das empresas 1 e 2 analisadas entre os meses de janeiro e maio de
2021.

Figura 6 - Concentração de ferro determinada nas amostras de água mineral


subterrânea das empresas 1 e 2 analisadas entre os meses de janeiro e maio de
2021.

Figura 7 - Reação de Griess para análise de nitrito.

Figura 8 - Valores de pH determinados nas amostras de água mineral subterrânea


das empresas 1 e 2 analisadas entre os meses de janeiro e maio de 2021.

Figura 9 - Concentração de fluoreto determinada nas amostras de água mineral


subterrânea das empresas 1 e 2 analisadas entre os meses de janeiro e maio de
2021.

Figura 10 - Colônias características de Coliformes totais em meio Ágar m-ENDO.

Figura 11 - Caldo Lauril Triptose (Rosa), Caldo Verde Brilhante (Verde) e Caldo EC-
MUG (Turvo).

Figura 12 - Resultado característico para presença de Escherichia coli em caldo


EC-MUG.

Figura 13 - Colônias características de Pseudomonas aeruginosas em meio Ágar


m-PAC.

Figura 14 - Colônias características de Clostridium sulfito redutores em meio Ágar


m-CP.
Lista de tabelas

Tabela 1 - Especificações para preservação e limite máximo para realização da


análise das amostras de água mineral subterrânea.

Tabela 2 - Resultados obtidos na análise microbiológica de Pseudomonas


aeruginosa em amostras de água mineral natural envasada.
SUMÁRIO

1. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 10
2. APRESENTAÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ................................................................ 11
3. REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................... 12
3.1 Características físico-químicas da água ................................................................ 12

3.2 Aspectos microbiológicos da água........................................................................ 13

3.3 Água mineral subterrânea e água mineral natural envasada ............................... 14

3.4 Métodos de análise ................................................................................................. 15

3.4.1 Métodos clássico .............................................................................................. 15


3.4.1.1 Volumetria ...................................................................................................... 15
3.4.2 Métodos instrumentais de análise ................................................................... 16
3.4.2.1 Espectrometria ............................................................................................... 16
3.4.2.2 Potenciometria ............................................................................................... 18
3.4.3 Análises microbiológicas ................................................................................. 19
3.4.3.1 Membrana filtrante ......................................................................................... 20
4. OBJETIVOS ................................................................................................................... 21
4.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 21

4.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 21

5. MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................. 22


5.1 Amostras .................................................................................................................. 22

5.2 Parâmetros físico-químicos da água subterrânea ................................................ 23

5.2.1 Dureza total ....................................................................................................... 23


5.2.2 Cloreto ............................................................................................................... 24
5.2.4 Ferro................................................................................................................... 24
5.2.5 Nitrito ................................................................................................................. 25
5.2.6 pH ....................................................................................................................... 26
5.2.7 Fluoreto ............................................................................................................. 26
5.3 Análises microbiológicas........................................................................................ 26

5.4 Tratamento de resíduos .......................................................................................... 28

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 29


6.1 Análises físico-químicas ......................................................................................... 29
6.1.1 Dureza total ....................................................................................................... 29
6.1.2 Cloreto ............................................................................................................... 30
6.1.3 Ferro................................................................................................................... 32
6.1.4 Nitrito ................................................................................................................. 33
6.1.5 pH ....................................................................................................................... 35
6.1.6 Fluoreto ............................................................................................................. 36
6.2 Análises microbiológicas........................................................................................ 37

6.2.1 Coliformes totais ............................................................................................... 37


6.2.2 Escherichia coli ................................................................................................. 39
6.2.3 Enterococcus spp ............................................................................................. 40
6.2.4 Pseudomonas aeruginosa ................................................................................ 41
6.2.5 Clostridium perfringens e sulfito redutores .................................................... 43
7. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 45
8. CONTRIBUIÇÃO DO ESTÁGIO À FORMAÇÃO PROFISSIONAL ................................ 46
9. REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 47
10. ANEXOS ...................................................................................................................... 51
RESUMO

Este relatório de estágio supervisionado apresenta dados referentes a análises


físico-químicas e microbiológicas de amostras de água mineral. O estágio foi
desenvolvido no Laboratório de Controle de Qualidade da JR Hidroquímica em
Florianópolis, onde analises foram realizadas a fim de averiguar a qualidade de
amostras de água mineral subterrânea e de água mineral natural envasada. Para as
amostras de água mineral subterrânea, os parâmetros físico-químicos de dureza
total, cloreto, ferro, nitrito, pH e fluoreto foram analisados de acordo com a
metodologia específica para cada uma das análises. Amostras de cinco meses, de
duas empresas distintas foram analisadas, e os parâmetros ferro e pH, em algumas
amostras, não estavam de acordo com a legislação. Nas amostras de água mineral
natural envasada foram analisados os parâmetros microbiológicos exigidos pela
legislação, ao quais são: Coliformes totais, Escherichia coli, Enterococcus spp.,
Pseudomonas aeruginosa, Clostridium sulfito redutores e Clostridium perfringens.
Utilizando a técnica de membrana filtrante, amostras de três empresas distintas
durante seis semanas consecutivas foram analisadas e o único parâmetro que não
se adequou à legislação vigente foi o de Pseudomonas aeruginosa. Com isso, pode-
se verificar se as amostras estavam de acordo com o padrão de qualidade exigido
pela legislação. O estágio supervisionado na JR Hidroquímica contribuiu para o
aperfeiçoamento dos conceitos vistos na Graduação de Química bem como no
desenvolvimento pessoal e profissional.

Palavras-chave: água subterrânea; qualidade; membrana filtrante, análises físico-


químicas
10

1. JUSTIFICATIVA

As primeiras formas de vida surgiram na água e a evolução dos seres vivos


depende dela. É claro a importância da água na história do planeta, tanto que, a
Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 22 de março como o Dia
Mundial da Água.
Aproximadamente 70% do planeta Terra é coberto de água, mas menos de
3% é água doce e apenas 1% está disponível para o consumo humano. A água
para consumo humano está localizada em rios, lagos e águas subterrâneas, e é de
conhecimento comum que grande parte dela está sendo poluída, contaminada e
degradada devido ao descaso humano. Desta forma, além da escassez, tem-se o
problema de baixa qualidade desse recurso. Por isso, a análise da água é de
extrema importância para a população, indústria e agricultura e diversos padrões de
qualidade são exigidos.
A maior preocupação quanto à qualidade dela está relacionada ao consumo
humano, visto que uma possível contaminação traz riscos à saúde. Por isso,
análises físico-químicas e microbiológicas são indispensáveis, pois através delas é
possível verificar a qualidade da água, bem como sua classificação.
A JR Hidroquímica, Laboratório de Controle de Qualidade onde o estágio foi
desenvolvido, tem um amplo escopo de análises físico-químicas e microbiológicas
para avaliação dos parâmetros da qualidade da água e de outros produtos como
refrigerantes, fármacos manipulados e efluentes. Os testes físicos indicam
propriedades detectadas pelos sentidos, os testes químicos quantificam as
substâncias minerais e orgânicas que podem afetar a qualidade da água. Os testes
microbiológicos mostram a presença de microorganismos indesejáveis, que
caracterizam algum tipo de contaminação.
O estágio supervisionado desenvolvido possibilitou a realização das análises
de potabilidade de uma água mineral subterrânea e análises microbiológicas de
uma água mineral natural envasada. Com o acompanhamento das atividades dos
laboratórios, pode-se aplicar os conhecimentos adquiridos durante a graduação de
Química, bem como utilizar de maneira efetiva equipamentos de análise. Além do
conhecimento prático adquirido, foi possível vivenciar a rotina e gestão de um
laboratório de controle de qualidade de diversos produtos. Cursos oferecidos pela
empresa contribuíram para melhorar o conhecimento e compreensão das análises.
11

2. APRESENTAÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

A JR Hidroquímica é um Laboratório de Controle de qualidade situado em


Florianópolis – Santa Catarina que atua há mais de 27 anos na prestação de
serviços de análises físico-químicas e microbiológicas de águas, efluentes,
refrigerante, bases galênicas, matrizes homeopáticas e doseamento e uniformidade
de conteúdo de matérias-primas de medicamentos. Além disso, a JR Hidroquímica
oferece Consultoria de Controle de Qualidade ou Controle Ambiental para outras
empresas. O laboratório possui registro na Vigilância Sanitária Municipal, licença
ambiental operacional junto ao IMA (FATMA), CRQ 13ª Região e participa com
sucesso de Programas Interlaboratoriais e Ensaios de Proficiência. Atualmente
encontra-se em fase de implementação da NBR ISO/IEC 17025:2017.
A JR Hidroquímica está subdividida em três laboratórios de análise, estes
chamados de laboratórios físico-químico, microbiológico e de medicamentos. O
escopo de análises físico-químicas envolve diversos metais, pH, condutividade,
DBO e DQO, alcalinidade, dureza, entre outros. Essas análises são realizadas
seguindo métodos normalizados e que fazem uso das técnicas clássicas de análise,
como as técnicas de volumetria e técnicas instrumentais de análise tais como
espectrometria e potenciometria. Diversos micro-organismos são monitorados para
o controle microbiológico, dentre eles fungos e bactérias. Para medicamentos, faz-
se a determinação do peso médio.
As amostras analisadas nos laboratórios da JR Hidroquímica são coletadas
em campo por profissionais qualificados ou chegam pelo correio, após instrução de
como fazer a coleta adequadamente. A empresa dispõe de profissionais
qualificados e busca aperfeiçoar e contribuir para o conhecimento de seus
funcionários. Oferece treinamentos e cursos sobre os equipamentos de laboratório,
técnicas utilizadas e entendimento sobre as normas e legislações vigentes.
A JR Hidroquímica exerce um papel importante na prestação de serviços de
controle de qualidade na grande Florianópolis e trabalha pela excelência das
análises e gestão ambiental.
12

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Características físico-químicas da água

A água é o recurso natural de maior destaque devido a sua necessidade para


todo tipo de vida no planeta bem como para a maioria dos meios de produção. A
utilização da água pelo ser humano para qualquer finalidade resulta na deterioração
da sua qualidade, limitando de alguma maneira o seu potencial de uso. 1
A abundância da água no planeta causa uma falsa sensação de recurso
inesgotável e, por isso, é cada vez mais preocupante a irresponsabilidade da
humanidade nos cuidados adequados referentes a preservação e qualidade dela.
As principais fontes de contaminação dos recursos híbridos são esgotos de
cidades sem tratamento lançados indevidamente em rios e lagos, aterros sanitários
que afetam os lençóis freáticos, defensivos agrícolas que escoam com a chuva
sendo lixiviados para rios e lagos, entre outros.2
Diversas impurezas podem ser encontradas nas águas naturais, muitas delas
inócuas, indesejadas e perigosas. Entre estas impurezas podemos citar os vírus,
bactérias, substâncias tóxicas e elementos radioativos.3 Estes componentes, que
tem a capacidade de alterar o grau de pureza da água, são denotados, de maneira
ampla e simplificada, em termos de suas características físicas, químicas e
biológicas.3 As características físicas da água podem ser, de maneira geral,
facilmente percebidas, entre estas estão o aspecto, cor, odor, pH, sabor e turbidez.4
Já as características químicas precisam ser avaliadas por meio de análises
químicas e têm um grande papel na classificação da água.
Os parâmetros analisados para a potabilidade das amostras de água
subterrânea seguem o ANEXO XX da PORTARIA DE CONSOLIDAÇÃO nº 5 DO
MINISTÉRIO DA SAÚDE, de 28 de setembro de 2017.5 Segundo esta Portaria, os
parâmetros exigidos para potabilidade da água são: alumínio, amônia, cloreto, cloro
residual livre, cor aparente, dureza total, ferro, fluoreto, manganês, nitrogênio nitrito,
pH, sólidos totais dissolvidos e turbidez.5 Todos os parâmetros foram analisados,
entretanto, nesse relatório de estágio, os parâmetros cloreto, dureza total, ferro,
nitrito, pH e fluoreto serão descritos de maneira mais detalhada nos próximos
tópicos.
13

3.2 Aspectos microbiológicos da água

A água pode servir de veículo para vários agentes biológicos e químicos e se


torna necessário observar os fatores que podem interferir negativamente na sua
qualidade.6 Segundo o Ministério da Saúde na Portaria nº 2914, de 12 de dezembro
de 20117 a água de consumo humano destinada à ingestão, preparação e
produção de alimentos e à higiene pessoal deve ser potável, de qualidade
assegurada, livre de contaminação, não devendo, em hipótese alguma, oferecer
riscos à saúde humana. Tratar a água destinada ao consumo é primordial para a
saúde da população. A contaminação pode ser transmitida de forma direta ou
indireta, pela ingestão ou através do seu ciclo biológico.7
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso de suas atribuições,
estabelece através da INSTRUÇÃO NORMATIVA nº 60, de 23 de dezembro de
2019 8, as listas de parâmetros microbiológicos para alimentos prontos para oferta
ao consumidor. No ANEXO 1 da IN nº 60/2019, os parâmetros microbiológicos de
análise para uma água mineral natural envasada são coliformes totais, Escherichia
coli, Enterococcus spp., Pseudomonas aeruginosa, Clostridium sulfito redutores e
Clostridium perfringens.
Os coliformes totais são bacilos gram-negativos, aeróbios ou anaeróbios
facultativos, não formadores de esporos, oxidase negativos, que fermentam lactose
com produção de gás a 35,0 ºC em 24 - 48 horas.11 Estes coliformes fazem parte da
microbiota residente do trato gastrointestinal do homem e de alguns animais. Em
condições normais, os coliformes não são, por si só, patogênicos, porém algumas
linhagens ou a proliferação destes microrganismos podem causar diarreias e
infecções urinárias.11
Os coliformes termotolerantes são um subgrupo das bactérias do grupo
coliformes totais e diferenciam-se destes por fermentarem lactose com produção de
gás a uma temperatura de 44,5 ºC em 24 horas. O principal representante deste
grupo e o indicador mais específico de contaminação fecal e de eventual presença
de organismos patogênicos é a Escherichia coli.11
As bactérias do gênero Enterococcus spp. são gram-positivas, normalmente
encontradas no intestino e no trato genital feminino. Existem 14 espécies descritas
de Enterococcus spp., o Enterococcus faecalis e o Enterococcus faecium as duas
que normalmente promovem colonização e infecções em humanos.12
14

Bactérias pertencentes ao gênero Pseudomonas são bacilos gram-negativos


não fermentadores, aeróbios, móveis e geralmente encontram-se aos pares. Vivem
principalmente no solo, matéria orgânica em decomposição, vegetação e água,
também encontrada no ambiente hospitalar. São amplamente encontradas no
ambiente e frequentemente responsáveis por vários episódios de graves infecções.
A Pseudomonas aeruginosa é a espécie mais envolvida nas infecções com ampla
localização e severidade, como aquelas do trato respiratório, trato urinário e da
corrente sanguínea.13,14
Os Clostridium sulfito redutores são bacilos, gram-positivos, anaeróbios
estritos, capazes de formar esporos e apresentam atividade sulfito redutora. O
Clostridium perfringens é uma bactéria patogênica cujas doenças transmitidas por
alimentos podem ser consideradas de risco moderado ou severo.10
Diante de tudo isso, por ser um bem apreciável e necessário à vida, torna-se
necessário o constante monitoramento microbiológico da água para consumo
humano, como forma de se assegurar a qualidade deste produto.

3.3 Água mineral subterrânea e água mineral natural envasada

A água utilizada para o consumo humano pode ser originária de diferentes


fontes. Dentre elas está a água subterrânea que é a parcela de água localizada no
subsolo, onde é armazenada em poros e fraturas existentes em rochas e no solo.
Esta flui de maneira lenta até chegar a águas de superfície, ser interceptada por
raízes de plantas ou ser extraída através de poços. Ela desempenha um papel
essencial na manutenção da umidade do solo e no fluxo de rios e lagos, além de ser
fonte de água para o consumo humano.
A água mineral natural nada mais é do que aquela obtida diretamente de
fontes naturais ou por extração de águas subterrâneas. Após o envase a água
passa a ser considerada alimento e é regulada pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA). Águas envasadas devem apresentar qualidade que garanta
ausência de risco à saúde do consumidor, devendo ser captadas, processadas e
envasadas obedecendo condições higiênicas e sanitárias, boas práticas de
fabricação, conforme as legislações vigentes
15

3.4 Métodos de análise

3.4.1 Métodos clássicos

A gravimetria e a volumetria são técnicas amplamente utilizadas em diversos


métodos clássicos de análises químicas.15 Os métodos gravimétricos determinam a
massa do analito ou de algum composto quimicamente relacionado a ele. Nos
métodos volumétricos, uma titulação é realizada pela lenta adição de uma solução
padrão a uma solução contendo o analito. Após a reação, a concentração do analito
pode ser obtida a partir do volume gasto e da estequiometria da reação envolvida.16
São métodos que, quando realizados da maneira correta, apresentam elevada
exatidão e precisão.16 Além disso, utilizam-se equipamentos simples de laboratório.

3.4.1.1 Volumetria

Uma titulação é realizada pela lenta adição de uma solução padrão a uma
solução contendo o analito até que a reação entre os dois seja considerada
completa.17 Envolve a medida de volume de uma solução de concentração
conhecida necessária para reagir completamente com o analito.
As titulações são amplamente utilizadas em química analítica para determinar
ácidos, bases, oxidantes, redutores, íons metálicos, proteínas e muitas outras
espécies.17 O ponto de equivalência, que experimentalmente é chamado ponto final,
pode ser sinalizado pela variação da cor de um indicador químico especifico ou com
uso de instrumentos analíticos adequados, tais como potenciômetros,
17
condutivímetros e espectrofotômetros.
Entre as técnicas volumétricas de análise, a volumetria de precipitação e
complexação foram as mais utilizadas nas atividades do estágio, estando descritas
detalhadamente na sequência.
A volumetria de precipitação é baseada nas reações que produzem os
compostos iônicos de solubilidade limitada.17 Poucos agentes precipitantes podem
ser utilizados nesta metodologia devido a baixa velocidade de formação da maioria
dos precipitados. O nitrato de prata (AgNO3) é o reagente amplamente empregado
na determinação de haletos, ânions semelhantes aos haletos, ácidos graxos e
vários ânions inorgânicos. O produto da reação é um haleto de prata sólido. O ponto
final produzido por um indicador químico consiste, de maneira geral, na variação de
cor ou, ocasionalmente, no aparecimento ou desaparecimento de uma turbidez na
16

solução titulada.17 O cromato de potássio pode servir como um indicador para as


determinações argentométricas de íons cloreto, brometo e cianeto por meio da
reação com íons prata para formar um precipitado vermelho-tijolo de cromato de
prata (Ag2CrO4) na região do ponto de equivalência. Essa metodologia é conhecida
como método de Mohr.
Nas titulações complexométricas um íon metálico reage com um ligante
adequado para formar um complexo, e o ponto final da titulação é determinado por
um indicador ou por um método instrumental apropriado. 17 Esta medida consiste na
titulação de uma solução de concentração desconhecida, com uma solução titulante
que será o agente complexante. Dessa forma, ocorre a formação de um complexo
solúvel e estável a partir da reação do analito com o ligante. É comumente utilizada
na identificação de metais como, por exemplo, na determinação de cálcio e
magnésio na análise de dureza total de águas. O ácido etilenodiaminotetracético
comumente abreviado para EDTA (do inglês Ethylenediamine Tetraacetic Acid), é
um ligante hexadentado e o titulante complexométrico mais utilizado.17 As soluções
de EDTA são particularmente úteis como titulantes porque combina-se com íons
metálicos na proporção de 1:1 não importando a carga do cátion.17

3.4.2 Métodos instrumentais de análise

Os métodos instrumentais de análise baseiam-se na medição das


propriedades físicas do analito, tais como condutividade, potencial, absorção ou
emissão de luz, razão massa/carga e fluorescência.18 Utilizam-se equipamentos
mais sofisticados e possibilitam a quantificação e identificação de componentes de
baixos níveis de concentração.18,17 Entre as técnicas instrumentais de análise, a
espectrofotometria e a potenciometria foram utilizadas nas atividades do estágio e
serão abordadas nos itens a seguir.

3.4.2.1 Espectrometria

Os métodos espectroscópicos de análise baseiam-se na medida da


quantidade de radiação produzida ou absorvida pelas moléculas ou espécies
atômicas de interesse.17 Esses métodos são classificados de acordo com a região
do espectro eletromagnético em que a medição é realizada.
A espectrofotometria é uma das técnicas analíticas mais utilizadas para
determinações quantitativas de espécies químicas, devido à instrumentação
17

relativamente simples e de baixo custo e ao grande número de aplicações


desenvolvidas. Esta técnica baseia-se na medida da absorção de radiação
eletromagnética nas regiões visível e ultravioleta do espectro eletromagnético por
espécies químicas, moléculas ou íons, em solução. Na análise quantitativa, a
atenuação do feixe de radiação é, dentro de certos limites, proporcional à
concentração da espécie química a ser determinada. As espécies químicas de
interesse geralmente estão presentes em solução líquida, embora seja possível
também medidas em fase gasosa ou sólida.
A radiação eletromagnética pode ser descrita como uma onda com
propriedades como comprimento de onda, frequência, amplitude e velocidade. Não
necessita de suporte para se propagar e é transmitida pelo espaço a uma
velocidade superior à do som.17 As radiações de interesse para a humanidade
variam desde aquelas de altíssima energia, como os raios gama, até aquelas de
baixa energia, como as ondas de rádio. Dá-se o nome de espectro eletromagnético
ao conjunto de radiações eletromagnéticas divididas em função do comprimento de
onda ou energia.
Quando um feixe atravessa a camada de um sólido, líquido ou gás, radiações
de certas frequências podem ser seletivamente absorvidas. Neste processo de
absorção, a energia é transferida aos átomos, moléculas ou íons presentes na
amostra. Como resultado, as espécies passam de um estado de baixa energia para
estados mais energéticos, isto é, estado excitado. A absorção de radiação na região
visível do espectro eletromagnético é responsável pela coloração das soluções.
Utilizando-se o conceito de cores complementares, é possível deduzir a região do
espectro na qual ocorre absorção de radiação.
Quando um feixe de radiação de comprimento de onda definido, ou seja, de
energia apropriada e de intensidade I0 incide sobre uma amostra, uma parte desta
energia é absorvida e outra parte é transmitida. Dessa forma, a absorção da
radiação dependerá do caminho percorrido no meio absorvente e da concentração
da espécie, ou seja, do número total de espécies absorventes que interagem com o
feixe de radiação.
A Lei de Lambert-Beer, mostrada na Equação 1, estabelece que a
absorvância de um feixe monocromático de radiação eletromagnética tem relação
direta e proporcional com a concentração da espécie absorvente. A Lei de Beer
18

pode ser aplicada para descrever o comportamento da absorção de soluções


diluídas, ou seja, de baixa concentração.

𝐴 = Ɛ𝑏𝑐 Equação 1

Onde 𝐴 = absorvância
Ɛ = coeficiente de absorção molar
𝑏 = caminho óptico, cm
𝑐 = concentração, mol/L

Os equipamentos para medidas espectrofotométricas são denominados


espectrofotômetros e várias configurações são disponíveis comercialmente. Os
componentes básicos de um espectrofotômetro são fonte de radiação, seletor de
comprimento de onda, compartimento da amostra e detector.
Lâmpadas de Deutério, arco curto de Xenônio e de filamento de Tungstênio
são as fontes de radiação utilizadas na Espectrometria de Absorção Molecular UV-
Vis. Os seletores de comprimento de onda, ou monocromadores, tem a função de
isolar um ʎ específico, ou uma faixa ʎ. A cubeta, compartimento onde a amostra é
colocada, pode ser de plástico, vidro ou quartzo, a depender da região espectral de
interesse. Os detectores, normalmente tubos fotomultiplicadores, convertem energia
eletromagnética em energia elétrica, de modo geral.

3.4.2.2 Potenciometria

Os métodos potenciométricos de análises baseiam-se na medida do


potencial de células eletroquímicas, sem o consumo apreciável de corrente. 17 As
técnicas potenciométricas são utilizadas para localizar o ponto final em titulações e
para medir as concentrações de espécies iônicas, de maneira direta, a partir do
potencial de eletrodos seletivos.17 Esses eletrodos determinam, quantitativamente,
diversos cátion e ânions de forma rápida, conveniente e não destrutiva.17
O equipamento utilizado nos métodos potenciométricos é simples de baixo
custo e inclui um eletrodo de referência, um eletrodo indicador e um dispositivo de
medida do potencial. Em uma célula típica para análise potenciométrica, o eletrodo
de referência é uma meia-célula com um potencial de eletrodo conhecido, que
permanece constante sob temperatura constante, independente da composição da
19

solução do analito. No eletrodo indicador o potencial depende da concentração do


analito em solução. Uma ponte salina também faz parte deste sistema, pois previne
os componentes da solução do analito de se misturarem com os do eletrodo de
referência.17
O esquema 1 mostra, de maneira simplificada, os métodos e técnicas
utilizados nas análises fisico-quimicas das amostras de água mineral subterrânea.

Esquema 1 – Fluxograma dos métodos e técnicas utilizados nas análises físico-químicas das
amostras de água mineral subterrânea.

Fonte: elaborado pelo próprio autor.

3.4.3 Análises microbiológicas

Métodos denominados convencionais ou rápidos são utilizados para análise


microbiológica de água para consumo humano. Os métodos convencionais foram
criados há muitos anos e são considerados trabalhosos por utilizarem mais
materiais e levarem maior tempo de obtenção dos resultados. Muitos desses
métodos utilizam a técnica de membrana filtrante e a de tubos múltiplos. 20 Os
métodos rápidos foram desenvolvidos na década de 70 para minimizar as
desvantagens dos métodos convencionais e levam menos tempo de análise e
melhoram a produtividade laboratorial. Dentre eles estão os métodos de Colilert e
Coliteg.20
20

3.4.3.1 Membrana filtrante

Um dos métodos convencionais mais utilizados é o de Membrana Filtrante


(MF), que se baseia na filtração de grandes volumes de amostra. É altamente
reprodutível, produz resultados numéricos mais rapidamente e é mais preciso do
que a técnica de tubos múltiplos.19
Nesta metodologia, a amostra é homogeneizada e filtrada através de
membranas filtrantes de nitrocelulose ou acetato de celulose, de porosidade
adequada (geralmente de 0,45 µm), onde os micro-organismos ficaram retidos.21 O
sistema de filtração consiste em um funil de filtração com tampa, suporte para
membrana, frasco coletor e bomba de vácuo. A membrana, que contém o micro-
organismo retido, é transferida para uma placa de Petri que contém o meio de
cultura adequado para o desenvolvimento daquele micro-organismo específico. As
placas são incubadas, por determinado tempo, em estufas de acordo com as
características do micro-organismo. A contagem das colônias pode ser realizada de
maneira visual ou através de contadores eletrônicos e é expressa em unidades
formadora de colônia pelo volume filtrado (UFC/mL). A Figura 1 ilustra o
procedimento utilizado na técnica de membrana filtrante.
A técnica de MF utiliza equipamento de custo elevado e não é indicada para
águas com alto índice de turbidez, pois dificulta o processo de filtração. 21 Pode ser
usada para analisar água potável, superficial, subterrânea, de piscina e marinha.19

Figura 1 – Ilustração do procedimento realizado na análise microbiológica utilizando a técnica de


membrana filtrante.

Fonte: CARVALHO, T. (2014)


21

4. OBJETIVOS

4.1 Objetivo Geral

Realizar análise de amostras de água mineral subterrânea e água natural


envasada quanto aos parâmetros físico-químicos e microbiológicos de qualidade da
água mineral de acordo com a legislação.

4.2 Objetivos Específicos

I. Entender a rotina e o funcionamento do laboratório para análises


físico-químicas e microbiológicas de água mineral;

II. Analisar os parâmetros físico-químicos (dureza total, cloreto, ferro,


nitrito, pH e fluoreto) em amostras de água subterrânea;

III. Realizar análises microbiológicas (Coliformes totais, Escherichia coli,


Enterococcus spp, Pseudomonas aeruginosa, Clostridium perfringens
e sulfito redutores) em amostras de água mineral natural envasada;

IV. Avaliar os resultados e comparar com os limites estabelecidos pela


legislação vigente.
22

5. MATERIAIS E MÉTODOS

Todas as análises seguiram a metodologia do "Standard Methods for the


Examination of Water and Wastewater”.19
O esquema 2 mostra, de maneira resumida, os parâmetros analisados,
especificando cada um dos métodos utilizados.

Esquema 2 – Fluxograma das análises físico-químicas e microbiológicas nas amostras de


água mineral.

Fonte: elaborado pelo próprio autor.

5.1 Amostras

As amostras de água mineral subterrânea foram coletadas por profissional


qualificado em frascos de plástico com volume máximo de 500 mL. As análises
físico-químicas exigem certa preservação da amostra, e as informações estão
descritas na Tabela 1. As amostras de água mineral natural envasada foram
analisadas em até 30 horas e as embalagens plásticas contendo as amostras
passaram por devida esterilização e controle de qualidade.
23

Tabela 1. Especificações para preservação e limite máximo para realização da análise das amostras
de água mineral subterrânea.

Parâmetro Preservação Prazo máximo de análise

Dureza HNO3 ou H2SO4 28 dias

Cloreto - 28 dias

Ferro HNO3 6 meses

Nitrito - 48 horas

pH - 15 minutos

Fluoreto - 28 dias

Fonte: elaborado pelo próprio autor.

Para a análise físico-química foram coletadas amostras de água mineral


subterrânea de duas empresas distintas dos meses de janeiro a maio, totalizando
10 frascos de amostra. Para o ensaio microbiológico as amostras de água mineral
natural envasada foram fornecidas por três empresas no período de seis semanas,
totalizando 18 frascos de amostra.

5.2 Parâmetros físico-químicos da água subterrânea

5.2.1 Dureza total

Com o auxílio de uma proveta de 50,0 mL, mediu-se 25,0 mL da amostra e


completou-se com água deionizada. A solução da amostra foi transferida para um
Erlenmeyer e 2,0 mL de solução tampão de amônia foram adicionados. Após
homogeneização, adicionou-se 2 gotas do indicador Negro Eriocromo T. Com um
bureta digital a titulação foi realizada utilizando como titulante solução padronizada
de EDTA 0,01 mol/L. O ponto final da titulação foi observado através da mudança
de coloração da solução de rósea para azul. A dureza total na amostra, expressa
em mg/L de CaCO3, foi calculada pela Equação 2.
24

𝐷𝑢𝑟𝑒𝑧𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ( 𝑚𝑔/𝐿 𝐶𝑎𝐶𝑂3) = (𝐴/𝑉𝑎) 𝑥 1000 Equação 2

Onde: 𝐴 = volume gasto do titulante na titulação


𝑉𝑎 = volume de amostra titulada

5.2.2 Cloreto

Transferiu-se 100,0 mL da amostra para um Erlenmeyer e 2 gotas do


indicador fenolftaleína foram adicionadas. Após homogeneização, foi acrescentado,
gota a gota, NaOH 0,1 N ou H2SO4 0,1 N para ajuste do pH (intervalo de 7-10). Por
fim, foi adicionado 1,0 mL do indicador cromato de potássio. Com uma bureta digital
a titulação foi realizada utilizando como titulante uma solução padronizada de
AgNO3 0,0141 N. O ponto final da titulação foi observado através da mudança de
coloração da solução amarelada para levemente avermelhada. Antes da análise da
amostra, fez-se a titulação do branco utilizando água deionizada, da mesma forma
descrita para a análise da amostra. O resultado foi obtido pela Equação 3 e
expresso em mg/L.

𝐶𝑙𝑜𝑟𝑒𝑡𝑜 = [(𝐴 − 𝐵)𝑥 𝑁 𝑥 35450]/𝑉𝑎 mg/L Cl- Equação 3

Onde: 𝐴 = volume gasto do titulante na titulação da amostra;


𝐵 = volume gasto do titulante na titulação do branco;
𝑉𝑎 = volume de amostra titulado;
𝑁 = concentração do titulante, em normalidade;

5.2.4 Ferro

As análises foram realizadas por espectrofotometria, utilizando um Kit de


reagentes Merck Spectroquant Ferro 1.14761.
Filtrou-se 60,0 mL da amostra para digestão. Com auxílio de uma proveta,
mediu-se 50,0 mL da amostra filtrada e transferiu-se para um béquer de 250,0 mL.
Adicionou-se 0,250 mL de Ácido Sulfúrico 25 % e três medidas de persulfato de
amônio ou potássio. O béquer foi colocado, parcialmente fechado com um vidro
relógio, em uma chapa de aquecimento por 1 hora em ebulição suave. Após a
amostra resfriar até a temperatura ambiente, verificou-se o pH para que estivesse
dentro do intervalo de 1 – 10. A amostra foi transferida para uma proveta de 50,0 mL
e avolumada com água deionizada até o menisco.
25

Para determinação, com uma micropipeta, 5,0 mL da amostra digerida foi


transferida para um tubo de ensaio. Adicionou-se 3 gotas do reagente Fe-1 e agitou-
se vigorosamente no vortex. O tubo de ensaio foi mantido em repouso por 3
minutos. Para a medição, o seletor de método (Merck Fe 1.14761) foi posicionado
no espectrofotômetro. Transferiu-se a amostra para uma cubeta de vidro de 20 mm
e a medição foi realizada no espectrofotômetro Spectroquant Pharo 300 no
comprimento de onda de 510 nm. Após a medida, a amostra foi descartada e a
cubeta foi enxaguada com água deionizada. A concentração de ferro foi calculada
pela Equação 4 e o resultado expresso em mg/L.

𝐹𝑒𝑟𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑀 𝑥 (𝑉𝑎/𝑉𝑏)mg/L Fe Equação 4

Onde: 𝑀 = medição fornecida pelo equipamento;


𝑉𝑎 = volume de amostra na diluição;
𝑉𝑏 = volume total de amostra diluída.

5.2.5 Nitrito

As análises foram realizadas por espectrofotometria, utilizando um Kit de


reagentes Merck Spectroquant Nitrito 1.14776.
Verificou-se se o pH da amostra estava dentro do intervalo permitido (2 - 10),
caso não estivesse, ajustou-se com NaOH ou H2SO4. Transferiu-se com uma
micropipeta, 5,0 mL da amostra para um tubo de ensaio. Uma medida do reagente
NO2-1 foi adicionada e agitou-se vigorosamente no vortex. O tubo de ensaio foi
mantido em repouso por 10 minutos. O seletor de método (Merck NO 2 1.14776) foi
posicionado no espectrofotômetro e a amostra transferida para uma cubeta de vidro
de 20 mm. Após a análise, o resíduo foi descartado e enxaguou-se a cubeta com
água deionizada. A concentração de nitrito foi calculada pela Equação 5 e o
resultado expresso em mg/L.

𝑁𝑖𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 = 𝑀 𝑥 (𝑉𝑎/𝑉𝑏) mg/L NO2- Equação 5

Onde: 𝑀 = medição fornecida pelo equipamento;


𝑉𝑎 = volume de amostra na diluição;
𝑉𝑏 = volume total de amostra diluída.
26

5.2.6 pH

As análises foram realizadas utilizando um pHmetro de bancada de


pH/ISE/mV - Hanna. Um volume suficiente da amostra foi transferido para um
béquer contendo um agitador magnético. O eletrodo e a sensor de temperatura
foram inseridos no béquer, em profundidade adequada. Realizou-se a medição, sob
agitação lenta, quando o valor do pH se tornou estável. O eletrodo e a sensor foram
enxaguados com água deionizada e secos com papel macio absorvente.

5.2.7 Fluoreto

As análises foram realizadas utilizando um potenciômetro de bancada de


pH/ISE/mV- Hanna. Em um béquer de 150,0 mL contendo um agitador magnético
adicionou-se, com o auxílio de uma proveta, 90,0 mL da amostra e, com uma
micropipeta, 10 mL de solução TISAB. Imergiu-se o eletrodo íon-seletivo de fluoreto
no béquer e, sob agitação lenta, a medição foi realizada aguardando-se 3 minutos
ou até que o valor permanecesse estável. Após o procedimento, o eletrodo foi
enxaguado com água deionizada, seco com papel macio absorvente e deixado em
descanso em solução de KCl 3,0 mol/L.

5.3 Análises microbiológicas

Antes de iniciar qualquer análise, fez-se toda a higienização das bancadas


com álcool 70 %. O analista também deve estar com as mãos e antebraços
higienizados e com os EPIs adequados. Na bancada de análise um bico de Bunsen
foi mantido fixo e aceso durante todo o procedimento.
As placas de Petri contendo o meio de cultura foram retiradas da geladeira
para atingir temperatura ambiente. Os meios de culturas foram preparados no
laboratório ou obtidos comercialmente. Fez-se a identificação das placas de Petri de
acordo com a numeração de cada amostra.
Utilizou-se uma membrana de nitrato de celulose, gradeada, com diâmetro de
47 mm e poros de 45 µm. Com o auxílio de uma pinça previamente flambada a
membrana foi colocada no suporte de filtração (Figura 2). Tomou-se o cuidado que
somente a pinça tenha entrado em contato com a membrana, para que não
houvesse contaminação. O funil foi posicionado no suporte e a análise pôde ser
iniciada.
27

Figura 2 - Fotografia do suporte de filtração utilizado nas análises microbiológicas.

Fonte: do próprio autor

Para o ensaio microbiológico, utilizaram-se amostras de água mineral natural


envasada. A amostra foi homogeneizada e o volume adequado para a análise
transferido para o funil de filtração, que foi fechado adequadamente. Ligou-se a
bomba a vácuo e, ao término da filtração, a membrana foi retirada e colocada na
placa de Petri do meio de cultura correspondente à bactéria de análise. Certificou-se
que não havia nenhuma bolha de ar entre o meio e a membrana. A placa foi
incubada na estufa de maneira invertida. Após o tempo de incubação, fez-se a
leitura e a presença de colônias características do micro-organismo indicam um
resultado positivo. Ensaios de confirmação foram realizados caso o resultado tenha
sido positivo.
Para todos os parâmetros microbiológicos o mesmo procedimento foi
realizado. Contudo, cada micro-organismo tem suas especificações, que estão
descritas no anexo deste relatório.
A incubação varia de acordo com a bactéria analisada, bem como a leitura do
resultado obtido, que é expresso como UFC/mL. A incubação das placas de
Clostridium sulfito redutores e perfringens foi realizada de maneira diferente. Estas
foram colocadas em uma jarra de anaerobiose juntamente com um gerador de
atmosfera específico e um indicador de anaerobiose, como mostra a Figura 3. A
jarra foi então incubada na estufa por determinado tempo.
Ao término das análises, foi borrifado álcool 70 % no suporte e funil de
filtração. Colocou-se o funil em um micro-ondas doméstico por 2 minutos e o
28

suporte foi flambado com o bico de Bunsen até secar. O sistema de filtração foi
novamente montado e já está esterilizado para outras análises.

Figura 3 - (a) Jarra de anaerobiose fechada. (b) Interior da jarra de anaerobiose com gerador de
atmosfera específico e indicador de anaerobiose.

Fonte: do próprio autor

5.4 Tratamento de resíduos

Os resíduos químicos provenientes das análises físico-químicas foram


descartados em barris de plástico que foram coletados por uma empresa
terceirizada que faz o tratamento adequado.
As placas de Petri utilizadas e qualquer outro resíduo sólido contaminado
proveniente das análises microbiológicas foram deixados no congelador até a
coleta. Estas foram então transferidas para barris de plástico que foram coletados
por uma empresa terceirizada que faz a incineração destes resíduos. Os tubos de
ensaio com o resíduo líquido contaminado provenientes das análises de
confirmação foram autoclavados por 30 minutos a 121 ºC e então descartados na
pia. O volume restante das amostras de água analisadas foram descartadas
diretamente na pia.
29

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1 Análises físico-químicas

6.1.1 Dureza total

O parâmetro dureza total é importante na análise da potabilidade da água,


pois, em determinadas concentrações, pode apresentar sabor desagradável e
causar efeitos laxativos. A dureza total é calculada como sendo a soma das
concentrações de íons magnésio e cálcio na água, expressos como carbonato de
cálcio e pode ser classificada como temporária ou permanente. A dureza temporária
ocorre devido à presença de bicarbonatos de cálcio e magnésio que, pela ação do
calor, se decompõe em gás carbônico, água e carbonatos insolúveis que se
precipitam, como mostram as equações 6 e 7. A dureza permanente apresenta
sulfatos, cloretos e nitratos de cálcio e magnésio que não se decompõe pela ação
do calor, como representado nas equações 8 e 9.

Ca2+ (aq) + 2 HCO3- (aq) ⇌ H2O (ℓ) + CaCO3 (s) + CO2 (g) Equação 6

Mg2+ (aq) + 2 HCO3- (aq) ⇌ H2O (ℓ) + MgCO3 (s) + CO2 (g) Equação 7

CaCl2 (aq) + Na2CO3 (aq) ⇌ CaCO3 (s) + 2 NaCl (aq) Equação 8

CaSO4 (aq) + Na2CO3 (aq) ⇌ CaCO3 (s) + Na2SO4 (aq) Equação 9

Para a determinação da dureza total das amostras de água mineral


subterrânea, fez-se uma titulação complexométrica. Neste procedimento, o
indicador Negro Eriocromo T complexa com os cátions bivalentes de cálcio e
magnésio, resultando em uma solução de coloração rósea. Ao iniciar a titulação
com EDTA, o ponto final é observado com a mudança de coloração para azul. Isto
acontece porque o EDTA, que é um quelante mais forte do que o indicador Negro
Eriocromo T, complexa-se com os cátions, deixando o Negro Eriocromo T livre em
solução. É importante que o meio esteja tamponado em pH 10,0 para que o EDTA
esteja completamente desprotonado.
30

De acordo com a legislação o valor máximo permitido (VMP) para a dureza


total é de 500 mg/L CaCO3. A Figura 4 mostra os resultados obtidos para a dureza
total nas amostras das empresas 1 e 2 entre os meses de janeiro e maio de 2021.
Observa-se que todas as amostras estão bem abaixo do VMP para dureza total e
que a Empresa 1 no mês de fevereiro apresentou um resultado um pouco mais
elevado, mas que se normalizou nos meses seguintes.

Figura 4 - Dureza total determinada nas amostras de água mineral subterrânea das empresas 1 e 2,
analisadas entre os meses de janeiro e maio de 2021.

Fonte: elaborado pelo próprio autor

6.1.2 Cloreto

A determinação de cloretos em águas fornece informações sobre o seu grau


de mineralização ou indícios de poluição. O íon cloreto (Cl-) é um dos principais
ânions inorgânicos nas águas naturais e residuais. O sabor salgado produzido pelas
concentrações de cloreto é variável e dependente da composição química da água.
De acordo com a legislação, o VMP para cloreto é de 250 mg/L. As águas com
concentração próxima ao VMP de cloreto costumam ter um sabor salgado
detectável, quando o cátion presente é o sódio. Porém, quando os cátions presentes
são o cálcio ou magnésio, este sabor não é detectável mesmo em concentrações
maiores do que VMP.
31

Para a análise de cloretos, a volumetria de precipitação de acordo com o


método de Mohr foi utilizada. Este método baseia-se na precipitação dos íons
cloreto com nitrato de prata (AgNO3) e cromato de potássio (K2CrO4) como
indicador. O ponto final é observado pela mudança de coloração da solução
levemente amarelada para avermelhada, indicando a precipitação de cromato de
prata (Ag2CrO4) na região do ponto de equivalência, conforme mostram as
equações 10 e 11. É importante que o cromato esteja presente na solução em uma
concentração que permita a precipitação de todo o cloreto como sal de prata antes
que o precipitado de cromato de prata seja perceptível.

NaCl(aq) + AgNO3(aq) ⇌ AgCl (s) + NaNO3 (aq) Equação 10

K2CrO4(aq) + 2AgNO3(aq) ⇌ Ag2CrO4(s) + 2KNO3(aq) Equação 11

É necessário que o meio esteja com pH entre 7 e 10, pois em pH menor que
7 ocorre a formação de ácido crômico, diminuindo a concentração de cromato do
meio, conforme representado pela equação 12. Se o pH for superior que 10 ocorre a
formação do precipitado de Ag2O, conforme mostra a equação 13.

CrO4-2(aq) + 2H+(aq) ⇌ H2CrO4 (aq) Equação 12

2Ag+(aq) + 2OH- (aq) ⇌ 2AgOH(s) ⇌ Ag2O(s) + H2O(ℓ) Equação 13

A Figura 5 mostra os resultados obtidos na análise e pode-se observar que


todos os valores estão bem abaixo do VMP. Observa-se também que a Empresa 1
apresentou valores um pouco maiores do que a Empresa 2 e isso pode estar
associado ao local de coleta da amostra, visto que a concentração de cloreto pode
variar de acordo com a localização em que aquela água subterrânea se encontra.
32

Figura 5 - Concentração de cloreto determinada nas amostras de água mineral subterrânea das
empresas 1 e 2 analisadas entre os meses de janeiro e maio de 2021.

Fonte: elaborado pelo próprio autor

6.1.3 Ferro

A abundância média de ferro na água subterrânea é de 0,1 a 10 mg/L e este


está presente nos minerais hematita, magnetita, taconita e pirita. 4 No estado ferroso
(Fe2+) forma compostos solúveis, geralmente hidróxidos. Em ambientes oxidantes o
Fe2+ passa ao estado férrico (Fe3+) que forma o precipitado insolúvel hidróxido
férrico de coloração escura. Não oferece risco à saúde nas concentrações que é
comumente encontrado, mas em concentrações elevadas confere coloração
amarelada e gosto amargo à água. É por este fator que os padrões de potabilidade
exigem uma baixa concentração de ferro.
A determinação de ferro nas amostras de água foi realizada através de
análise espectrofotométrica. Após digestão oxidativa ácida os íons de ferro
provenientes de óxidos, hidróxidos e de complexos ficam livres em solução e se
reduzem a Fe2+. Com a adição do reagente Fe-1, que é uma mistura de Tioglicolato
de amônio e ácido tioglicólico, ocorre a formação de um complexo de coloração
roxa, que pode ser determinado espectrofotometricamente, em ʎ = 510 nm. Este
complexo em pH entre 6 e 10 possui coloração vermelha, porém em pH ácido
adquire coloração arroxeada.
33

De acordo com a legislação, o VMP para o ferro é de 0,30 mg/L. A Figura 6


mostra os resultados para concentração de ferro nas amostras de água mineral
subterrânea. Observa-se que a amostra da Empresa 1, no mês de março,
apresentou um resultado um pouco maior do que o permitido e, no mês de abril, o
resultado estava no limite máximo permitido pela legislação. No mês seguinte, o
resultado foi consideravelmente menor. Além disso, observa-se também que as
concentrações obtidas para as amostras da Empresa 1 foram bem maiores do que s
das amostras da Empresa 2. Isso pode estar relacionado ao local de coleta da água
subterrânea, visto que a profundidade, solo e condições climáticas contribuem com
a quantidade de ferro na amostra.

Figura 6 - Concentração de ferro determinada nas amostras de água mineral subterrânea das
empresas 1 e 2 analisadas entre os meses de janeiro e maio de 2021.

Fonte: elaborado pelo próprio autor

6.1.4 Nitrito

A determinação de nitrito é fundamental na análise da potabilidade da água,


pois sua presença é um indicativo de contaminação recente proveniente de matéria
orgânica vegetal ou animal. Também pode ser encontrado na água como produto da
decomposição biológica, devido a ação de micro-organismos sobre o nitrogênio
amoniacal, ou ser originário de ativos inibidores de corrosão em instalações
industriais.22 O excesso de nitrito em águas representa um potencial risco para a
34

saúde, pois pode causar a metahemoglobinemia ou síndrome do bebê-azul em


recém-nascidos ou em adultos com deficiência enzimática.23
O nitrito é um estado intermediário do nitrogênio, tanto pela oxidação da
amônia a nitrito como pela redução do nitrato, conforme as equações 14 e 15,
respectivamente. Estes processos de oxidação e redução podem ocorrer em
estações de tratamento de água, sistema de distribuição de águas e em águas
naturais.

NH3(aq) + 3/2 O2 (g) ⇌ NO2- (aq) + H3O+ (aq) Equação 14

NO3-(aq) ⇌ NO2- (aq) + 1/2 O2 (g) Equação 15

A análise de nitrito foi realizada por espectrofotometria empregando a reação


de Griess, por meio do reagente NO2-1. Nesta reação (Figura 7), a amostra
contendo nitrito reage com a sulfanilamida em meio ácido. O diazo composto
formado reage com o cloridrato de N-(1-Naftil)etilenodiamina (NED), para formar um
composto de coloração rosa intensa que absorve em λ = 550 nm.

Figura 7 - Reação de Griess para análise de nitrito.

Fonte: RAMOS, Luiz et al. (2006)

De acordo com a legislação, o VMP para nitrito é de 1,0 mg/L e todas as


amostras da Empresa 1 e 2 apresentaram valor < 0,01 mg/L. A baixa concentração
35

de nitrito determinada pode estar associada ao local de captação da amostra de


água ou ainda devido a oxidação do nitrito a nitrato. Estes valores fornecem um
resultado positivo, pois a ingestão frequente de pequenas doses de nitrito pode
levar à hipotensão, taquicardia, dor de cabeça e distúrbios visuais.

6.1.5 pH

A determinação do pH é importante pois este interfere na solubilidade de


materiais orgânicos e inorgânicos, na precipitação de diversos íons e metais
pesados.24 O valor do pH pode ser entendido como a atividade dos íons hidrogênio
presentes em uma solução aquosa e é utilizado para medir o grau de acidez,
neutralidade ou basicidade de determinada solução. É representado por uma escala
que varia de 0 a 14, onde pH < 7 indica solução ácida, pH = 7 soluções neutra e pH
> 7 soluções básica.
O pH foi determinado com um pHmetro, equipamento amplamente utilizado
em laboratórios de análise. É constituído por um circuito potenciométrico e por um
eletrodo que, ao ser submerso na solução de amostra, gera milivolts que são
convertidos em unidades de pH. Para garantir medições precisas, o pHmetro deve
ser calibrado periodicamente.
De acordo com a legislação, o VMP do pH deve estar dentro da faixa de 6,0 a
9,5. A Figura 8 apresenta os resultados obtidos na análise e é possível observar que
todas as amostras da Empresa 1 e as amostras de janeiro e março da Empresa 2
estão abaixo do VMP, conferindo assim caráter ácido à água. Esta variação do pH
pode estar relacionada às características geológicas do local de coleta ou na análise
realizada, visto que, o pH deve ser medido em no máximo 15 minutos após a coleta.
36

Figura 8 - Valores de pH determinados nas amostras de água mineral subterrânea das empresas 1 e
2 analisadas entre os meses de janeiro e maio de 2021.

Fonte: elaborado pelo próprio autor

6.1.6 Fluoreto

O flúor pode ocorrer naturalmente na água ou pode ser adicionado em


quantidades controladas. Sua ingestão acima de 2,0 mg/L é considerada
inadequada para lactentes e crianças com até 7 anos de idade, podendo ocasionar
o surgimento de fluorose dental e óssea. A determinação precisa de flúor tem se
tornado importante devido ao crescimento da prática de fluoretação de fontes de
água como uma medida de saúde pública.4 Além disso, a manutenção da
concentração adequada deve ser mantida para garantir a eficácia e segurança do
procedimento.
A determinação de fluoreto foi realizada com um eletrodo íon-seletivo (ISE), o
qual é sensível a atividade do íon fluoreto em solução. O elemento principal que
constitui o eletrodo ISE é um cristal de fluoreto de lantânio (LaF 3), e um
potenciômetro é capaz de medir a voltagem estabelecida por soluções com
diferentes concentrações de fluoreto.
A atividade iônica do fluoreto depende da força iônica total, do pH da solução
e da presença de espécies complexas de fluoreto. Com a adição de uma solução
tampão (TISAB) a força iônica e o pH são ajustadas, além disso a possível
37

25
interferência por outras espécies é minimizada , permitindo assim que o eletrodo
meça a concentração de fluoreto e não sua atividade iônica.
Segundo a legislação, o VMP para fluoreto é de 1,50 mg/L. A Figura 9 mostra
os resultados obtidos na análise e é possível observar que os valores das Empresas
1 e 2 estão bem abaixo do VMP.

Figura 9 - Concentração de fluoreto determinada nas amostras de água mineral subterrânea das
empresas 1 e 2 analisadas entre os meses de janeiro e maio de 2021.

Fonte: elaborado pelo próprio autor

6.2 Análises microbiológicas

6.2.1 Coliformes totais

Os coliformes totais são encontrados naturalmente no meio ambiente como


na água, solo e nos dejetos humanos ou animais. A presença de coliformes totais
por si só, não implica que a água esteja contaminada, mas pode indicar a presença
de bactérias potencialmente patogênicas.
A determinação foi realizada pela técnica de membrana filtrante, através da
contagem em placas utilizando o Ágar m-ENDO como meio de cultura. O
crescimento de bactérias coliformes é promovido pela seleção de bases nutritivas
versáteis. A flora acompanhante é inibida por lauril sulfato e desoxicolato. As
38

colônias positivas para lactose são de coloração vermelho escuro devido à liberação
de fucsina do composto fucsina-sulfito.35 Após incubação da amostra no meio de
cultura m-ENDO, o crescimento de colônias vermelhas com brilho metálico dourado,
indicam a presença de coliformes totais na amostra, conforme mostra a Figura 10.

Figura 10 - Colônias características de Coliformes totais em meio Ágar m-ENDO.

Fonte: do próprio autor

Observada as colônias características no meio de cultura m-ENDO, transfere-


se algumas colônias para o meio de enriquecimento Caldo Lauril Triptose. A alta
qualidade dos nutrientes e a presença de tampão de fosfato neste meio garantem o
rápido crescimento e aumento da produção de gás, mesmo de bactérias coliformes
de fermentação lenta da lactose. A formação de gás é observada usando tubos
Durham. O lauril sulfato inibe amplamente o crescimento de bactérias indesejáveis.
Após a turvação e produção de gás neste meio (conforme mostra o tubo de
ensaio superior na Figura 11), faz-se então a confirmação utilizando o meio de
cultura Caldo Verde Brilhante, que é um meio de enriquecimento seletivo do gênero
coliformes. A bile e o verde brilhante inibem totalmente o crescimento da flora
acompanhante, inclusive Clostridium que é degradador da lactose. A fermentação
da lactose com formação de gás e turvação do meio confirmam a presença de
coliformes totais (conforme mostra o tubo de ensaio no centro da Figura 11).
39

Figura 11 - Caldo Lauril Triptose (Rosa), Caldo Verde Brilhante (Verde) e Caldo EC-MUG (Turvo).

Fonte: do próprio autor

A legislação exige ausência de Coliformes totais nas águas para consumo


humano. Nas análises realizadas, nenhuma colônia foi observada. Dessa forma,
todas as amostras de água mineral natural envasada das Empresas 1, 2 e 3 estão
de acordo com a legislação para este parâmetro.

6.2.2 Escherichia coli

A Escherichia coli é uma bactéria do grupo coliformes, mais especificamente


coliformes termotolerantes, que fermenta a lactose e o manitol, com produção de
ácido e gás a 44,5 ºC em 24 horas. Produz indol a partir do triptofano, oxidase
negativa, não hidrolisa a uréia e apresenta atividade das enzimas β-galactosidase e
β-glucoronidase. É considerada o indicado mais especifico de contaminação fecal
recente e de eventual presença de organismos patogênicos. 11
A determinação da Escherichia coli está diretamente relacionada à
determinação de coliformes totais, visto que esta bactéria faz parte do grande grupo
de coliformes totais. Após resultado positivo para coliformes totais, através da
incubação no Ágar m-ENDO e caldo Lauril Triptose, para identificar se existe
Escherichia coli na amostra, uma pequena alíquota do caldo lauril contaminado é
transferida para um tubo de ensaio contendo o caldo EC-MUG.
40

O caldo EC-MUG é um meio de cultura específico para detecção da


Escherichia coli. Este meio consiste em um caldo lactose tamponado com a adição
de sais biliares, que tem a função de inibir bactérias formadoras de esporos e, ao
mesmo tempo, propiciar o crescimento da Escherichia coli. No caldo EC-MUG a
lactose é a fonte de carbono, a mistura de sais biliares é o agente seletivo contra
bactérias gram-positivas não fecais, o fosfato dipotássico e monopotássico são os
agentes tamponantes e o cloreto de sódio mantém o equilíbrio osmótico do meio.
A identificação da Escherichia coli se dá devido à produção de uma enzima
que hidrolisa o composto MUG, produzindo um composto fluorescente que é
detectado com luz UV, conforme mostra a Figura 12. Além disso, é possível
observar a turvação do meio e produção de CO2 através de um tubo de Durham,
conforme mostra o tubo com meio turvo da Figura 11.

Figura 12 - Resultado característico para presença de Escherichia coli em caldo EC-MUG.

Fonte: do próprio autor

A legislação exige a ausência de Escherichia coli nas águas para consumo


humano. Nas análises realizadas, todas as amostras das Empresas 1, 2 e 3
apresentaram ausência para esta bactéria, estando assim de acordo com a
legislação.

6.2.3 Enterococcus spp

As bactérias do gênero Enterococcus spp pertencem ao grupo das bactérias


ácido-láticas e possuem morfologia de cocos. Estão presentes no solo, nas águas,
41

em plantas e vegetais e pode desenvolver-se em alimentos crus, devido a sua


habilidade em sobreviver em condições extremas de pH, temperatura e salinidade. 29
São micro-organismos que têm mecanismos bem adaptados para sobreviver no
trato gastrintestinal dos seres humanos. Atuam como patógenos oportunistas
principalmente em idosos, pessoas com doenças graves, imunocompetentes,
30
hospitalizadas por longos períodos , desenvolvendo infecções no trato urinário
como, por exemplo, cistites.31
A determinação foi realizada pela técnica de membrana filtrante, através da
contagem em placas utilizando o ágar m-Enterococcus como meio de cultura. Sua
formulação é rica em peptona que fornece nitrogênio, minerais e aminoácidos. O
extrato de levedura é a fonte de vitamina e a dextrose fornece carbono. O fosfato
dipotássico atua como um tampão para o meio. A azida sódica é o agente seletivo
para suprimir o crescimento de organismos gram-negativos. O cloreto de trifenil
tetrazólio (TTC) é o corante utilizado como indicador do crescimento desta bactéria,
e quando reduzido ao insolúvel formazan no interior da célula bacteriana, resulta na
produção de colônias vermelhas (claras e escuras).32
A água para consumo humano não deve apresentar a bactéria Enterococcus
spp, segundo a legislação vigente. Na análise realizada, nenhuma das amostras das
Empresas 1, 2 e 3 apresentaram colônias vermelhas no meio de cultivo, indicando
ausência desta bactéria. Assim, todas as amostras estavam de acordo com o
resultado exigido na legislação para Enterococcus spp.

6.2.4 Pseudomonas aeruginosa

Pseudomonas podem ser encontradas na água, no solo, no ar, na poeira em


suspensão e nos vegetais.26 Diversas espécies de Pseudomonas são isoladas em
água mineral, mas a que causa preocupação é a Pseudomonas aeruginosa, por ser
a mais comum como patógeno oportunista para humanos, podendo causar
infecções em indivíduos imunocomprometidos. Além disso, essas bactérias são
resistentes a antibióticos e possuem elevada capacidade de se multiplicar em águas
com reduzido conteúdo de nutrientes.27
Para a contagem de Pseudomonas aeruginosa utilizou-se a técnica de
membrana filtrante, que permite uma contagem direta das bactérias. A quantificação
foi realizada pelo método de contagem em placas, utilizando o meio de cultura Ágar
42

m-PAC. A composição deste meio favorece o desenvolvimento microbiano das


bactérias, eliminando os possíveis interferentes. O extrato de leveduras, a lisina e os
carboidratos proveem os micro-organismos de nitrogênio, fonte de energia e
vitaminas para o seu metabolismo.26 O cloreto de sódio mantém o equilíbrio
osmótico, os sais provém de íons, o vermelho fenol é utilizado como indicador, a
canamicina inibe a síntese da proteína em microrganismos gram-positivos, e o
ácido nalidíxico bloqueia o crescimento de gram-negativos.26
A Figura 13 ilustra uma placa de Petri contendo o meio de cultura Ágar m-
PAC com resultado positivo para Pseudomonas aeruginosa, conforme crescimento
das colônias de coloração preta, características dessa bactéria.

Figura 13 - Colônias características de Pseudomonas aeruginosas em meio Ágar m-PAC.

Fonte: do próprio autor

Quando o resultado é positivo, uma análise de confirmação é realizada e,


para Pseudomonas aeruginosa utiliza-se o meio de cultura Ágar Cetrimide que é um
meio bem seletivo para esta bactéria. Colônias verdes indicaram presença de
Pseudomonas aeruginosas.
De acordo com a legislação vigente para água mineral natural envasada é
necessário que o resultado para Pseudomonas aeruginosas seja ausente. De
acordo com a Tabela 3, as amostras das semanas 1 e 4 de maio e as amostras das
semanas 1 e 2 de junho referente a Empresa 3 obtiveram o resultado expressivo de
< 200 UFC/250 mL para Pseudomonas aeruginosas. As empresas 4 e 5
apresentaram apenas 1 UFC/250 mL na semana 1 do mês de junho. Dessa forma,
43

nenhuma dessas amostras pode ser comercializada, visto que o resultado não está
de acordo com a legislação. A contaminação pode ser proveniente do ponto de
extração da água ou de equipamentos envolvidos neste sistema; e no envase da
mesma pois, a exposição ao ar ou contato humano durante o processo pode causar
contaminação.

Tabela 2 - Resultados obtidos na análise microbiológica de Pseudomonas aeruginosa em amostras


de água mineral natural envasada.
Empresa 3 Empresa 4 Empresa 5

MAIO Semana 1 > 200 AUS AUS

Semana 2 AUS AUS AUS

Semana 3 AUS AUS AUS

Semana 4 > 200 AUS AUS

JUNHO Semana 1 > 200 1 1

Semana 2 > 200 AUS AUS

Fonte: elaborado pelo próprio autor

6.2.5 Clostridium perfringens e sulfito redutores

As bactérias do gênero Clostridium são encontradas dispersas no meio


ambiente, como nas camadas superficiais do solo, na poeira, na água e no
conteúdo intestinal do homem e animais. Algumas espécies são patogênicas que
podem causar doenças chamadas de clostridioses, que são infecções e
intoxicações que acometem animais e humanos devido a produção de toxinas. 33
As bactérias desse gênero têm grande resistência e podem sobreviver a
extremas variações de temperatura, permanecendo no ambiente por um longo
período.34 Sua presença em águas é um excelente indicador de contaminação fecal
remota, quando outro indicador como a Escherichia coli não está presente.
A quantificação de Clostridium sulfito redutores e Clostridium perfringens é
realizada pelo método de contagem em placas, utilizando o Ágar m-CP como meio
44

de cultura, através da técnica de membrana filtrante. A sacarose e o indoxil β-D


glucosídeo presentes no Ágar m-CP são os componentes que permitem a
diferenciação dessa bactéria. A fermentação da sacarose é evidenciada pela
coloração amarelo das colônias, devido à viragem do indicador de pH (púrpura de
bromocresol) e a hidrólise do indoxil β-D glucosídeo, pela coloração azul das
mesmas. Como Clostridium perfringens fermenta a sacarose, mas não fermenta a
celobiose (glicose β-D glucosídeo) não hidrolisando o indoxil β-D-glucosídeo, suas
colônias apresentam-se com coloração amarelo esverdeado nesse meio.10 As
colônias característica de Clostridium sulfito redutores apresentam coloração roxa
escura, como mostra a Figura 14.

Figura 14 - Colônias características de Clostridium sulfito redutores em meio Ágar m-CP.

Fonte: do próprio autor

A legislação exige ausência de Clostridium sulfito redutores e Clostridium


perfringens nas águas para consumo humano. Nos ensaios realizados para
determinação dessas bactérias, nenhuma colônia foi observada. Dessa forma, todas
as amostras de água mineral natural envasada das Empresas 1, 2 e 3 estavam de
acordo com a legislação.
45

7. CONCLUSÕES

A análise da água é de grande importância, principalmente quando destinada


ao consumo humano, pois sua falta de qualidade pode trazer malefícios à saúde.
Através de análises físico-químicas e microbiológicas se verifica a qualidade da
água, de acordo com os padrões exigidos pelos órgãos competentes.
O papel que a água desenvolve no nosso planeta é de extrema importância e
é necessário que o monitoramento frequente, bem como boas práticas de
fabricação também sejam. É através desse monitoramento que se conhece a
qualidade da água, evitando que possíveis contaminações ofereçam risco à saúde
humana. Além disso, medidas preventivas nas etapas de coleta e envase da água
devem ser adotadas, para que o produto atenda aos padrões de qualidade exigidos.
Durante o período de estágio, além de aplicar o conhecimento teórico na
prática para realizar análises físico-químicas e microbiológicas em amostras de
água, tive a oportunidade de entender a rotina de cada laboratório, bem como as
práticas necessárias a garantia da qualidade dos resultados. Nas análises físico-
químicas, amostras de água mineral subterrânea foram analisadas e comparadas
com os de padrões de potabilidade estabelecidos pela legislação vigente, levando a
obtenção de resultados que, de maneira geral, se enquadraram nos padrões
estabelecidos.
Na determinação de ferro, a amostra de março da Empresa 1 forneceu valor
um pouco acima do permitido pela legislação. Nas determinações do pH, as cinco
amostras da Empresa 1 e as amostras de janeiro e fevereiro da Empresa 2, não
estão de acordo com a legislação, pois apresentaram valores inferiores ao
permitido. Esses resultados podem estar associados ao local de extração desta
água subterrânea ou pelo longo caminho que a água faz até chegar ao consumidor.
Considerando as análises microbiológicas, dentre os parâmetros
monitorados, apenas a Pseudomonas aeruginosa apresentou resultado não
permitido pela legislação. As amostras da Empresa 3 referentes às semanas 1 e 4
de maio e as amostras da semana 1 e 2 de junho apresentaram valor significativo
para esta bactéria. As amostras da semana 1 do mês de junho, das Empresas 4 e 5
também apresentaram resultado positivo para esta bactéria. Dessa forma, nenhuma
dessas amostras se enquadram nos padrões da legislação.
46

8. CONTRIBUIÇÃO DO ESTÁGIO À FORMAÇÃO PROFISSIONAL

O estágio na JR Hidroquímica me proporcionou uma ampla experiência, pois


pude trabalhar na área de química analítica e microbiológica. O contato com o
laboratório foi mais efetivo e o uso de equipamentos mais atualizados aperfeiçoaram
os conhecimentos adquiridos durante a graduação. Além disso, estagiar em um
laboratório de análises microbiológicas me proporcionou um conhecimento diferente
e até então desconhecido pra mim, da área da química.
Com a rotina de um laboratório de controle de qualidade adquiri experiência
nas diversas áreas que fazem parte do processo, desde a coleta da amostra ao
conhecimento sobre as normas e legislações que regem as análises. Além disso, ter
a responsabilidade de fornecer resultados que de fato influenciam em uma análise e
lidar com problemas reais do laboratório, é de grande experiência profissional.
47

9. REFERÊNCIAS

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Ribeirão do meio, Leme (SP). Artigo Técnico. Vol. 13 - Nº 3 - jul/set 2008.
Disponível em
https://www.scielo.br/j/esa/a/jszfSfZ46W3pkXTdjtCt64w/?lang=pt&format=pdf.
Acesso em agosto de 2021.
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Água para Consumo Humano. Ciênc. agrotec., Lavras, v. 30, n. 5, p. 950-954,
set./out., 2006. Disponível em
https://www.scielo.br/j/cagro/a/3VjMJ4jszQBmsmFfs3srP4j/?format=pdf&lang=pt.
Acesso em agosto de 2021.
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Esgotos. 2º ed. Belo Horizonte:DESA-UFMG, 1996.
4 Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. Disponível
em: https://www.standardmethods.org/. Acesso em agosto de 2021.
5 MINISTÈRIO DA SAÙDE. Anexo XX da Portaria de Consolidação nº 5, de 28
de setembro de 2017. Disponível em:
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/marco/29/PRC-5-Portaria-de-
Consolida----o-n---5--de-28-de-setembro-de-2017.pdf. Acesso em agosto de 2021.
6 CUNHA, Helenilza et al. Qualidade físico-química e microbiológica de água
mineral e padrões da legislação. Revista Ambiente & Água - An Interdisciplinary
Journal of Applied Science: v. 7, n.3, 2012. Disponível em http://www.ambi-
agua.net/seer/index.php/ambi-agua/article/view/908/pdf_735. Acesso em agosto de
2021.
7 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria n° 2914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe
sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade de água para o
consumo humano e o seu padrão de potabilidade. Diário Oficial da União; Poder
Executivo, de 14 de dezembro de 2011. Disponível em
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html.
Acesso em agosto de 2021.
8 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instrução Normativa nº 60, 23 de dezembro de 2019.
Estabelece as listas de padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial da
União. Ed. 249, Seção 1, p. 133. 2019. Disponível em:
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/instrucao-normativa-n-60-de-23-de-dezembro-
de-2019-235332356. Acesso em agosto de 2021.
9 ALMEIDA, Talita et al. Parâmetros físico-químicos e microbiológicos de duas
marcas de água mineral comercializadas no município de Vitória da
Conquista-BA.C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.9, n.2,
p.84-95, jul./dez. 2016.
10 LABORCLIN. m-CP Clostridium Ágar. 2018. Disponível em
https://www.laborclin.com.br/wp-
content/uploads/2019/05/M_CP_CLOSTRIDIUM_AGAR_12042019.pdf. Acesso em
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48

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tratadas na região nordeste do Rio Grande do Sul. Infarma, v.16, nº 11-12, 2004.
Disponível em: https://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/77/i02-
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12 ANVISA. Resistência microbiana - Mecanismos e impacto clínico. 2007.
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https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_
web/modulo3/gramp_entero.htm. Acesso em agosto de 2021.
13 GUERRA, Natália et al. Ocorrência de Pseudomonas aeruginosa em água
potável. Acta Scientiarum. Biological Sciences. Maringá, v. 28, n. 1, p. 13-18,
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Disponível em: https://revistaanalytica.com.br/microbiologia-pseudomonas-analytica-
94/. Acesso em agosto de 2021.
15 MATTOS, Simone. Técnicas de análise química: Métodos clássicos e
instrumentais. 1. ed – São Paulo. 2015. Disponível em
https://books.google.com.br/books?hl=pt-
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de Sergipe/ CESAD. 2009. Disponível em:
https://cesad.ufs.br/ORBI/public/uploadCatalago/18024916022012Metodos_Instrum
entais_de_Analise_-_Aula_01.pdf. Acesso em agosto de 2021.
17 SKOOG, WEST, HOLLER, CROUCH, Fundamentos de Química Analítica,
Tradução da 8ª Edição norte-americana, Editora Thomson, São Paulo-SP, 2006.
18 VOGEL, Análise Química Quantitativa, 6ª Edição, LTCEditora, Rio de Janeiro-
RJ, 2002.
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destinada ao consumo humano. Revista Biociências, v. 16, n. 2, 2010.
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microbiológicas de água para consumo humano voltadas para a detecção de
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e Meio Ambiente. 2015.
22 GADELHA, Francisca et al. Verificação da presença de nitrito em águas de
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CE. Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005. Disponível
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validação de método com eletrodo íon seletivo para análise da água utilizada
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Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/ses-sp/2015/ses-33944/ses-33944-
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26 LABORCLIN - m-PAC Ágar. Disponível em: https://www.laborclin.com.br/wp-
content/uploads/2019/06/M_PAC_AGAR_540174.pdf. Acesso em setembro de
2021.
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Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, 23 (Supl): 190-194 dezembro 2003.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/cta/a/YKXwmhbCYYn993TfCb86znv/?lang=pt&format=pdf.
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Enterococcus isoladas no Hospital Universitário de Santa Maria. Jornal
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31 GAMA, Bianca. Análise da resistência antimicrobiana e de genes de
virulência de Enterococcus spp. Porto Alegre, 2008. 73p. Dissertação (Mestre em
Ciência dos Alimentos) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre.
Rio Grande do Sul. Disponível em:
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/13626/000643877.pdf?. Acesso
em setembro de 2021.
32 LABORCLIN. m-Enterococcus Ágar. Disponível em:
https://www.laborclin.com.br/wp-
content/uploads/2019/05/M_ENTEROCOCCUS_AGAR_12042019.pdf. Acesso em
setembro de 2021.
33 HATHEWAY, Charles. Toxigenic Clostridia. Clinical Microbiology Reviews, v.3,
n.1, p.66-98, 1990. Disponível em:
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https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC358141/pdf/cmr00046-0078.pdf.
Acesso em setembro de 2021.
34 TITBALL, Richard. Bacterial phospholipases C. Microbiol. Rev. 57, 347–366.
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35 MERCK. Ágar m-ENDO LES. Disponível em:
https://www.merckmillipore.com/BR/pt/product/msds/MDA_CHEM-
111277?Origin=PDP. Acesso em setembro de 2021.
36 CARVALHO, Tarcila. Análise Microbiológica de areia de praias do município
de Vitória/ES pelas técnicas de tubos múltiplos e membrana filtrante. Trabalho
de conclusão de curso – Faculdade Católica Salesiana do Espirito Santo. 2014.
Disponível em: https://www.ucv.edu.br/fotos/files/TCC_Tarcila_CB_Reduzido.pdf.
Acesso em setembro de 2021.
51

10. ANEXOS
Especificações para cada micro-organismo de análise.

Clostridium
Clostridium
Micro-organismo Coliformes totais Escherichia coli Enterococcus spp Pseudomonas aeruginosa sulfitos
perfringens
redutores

Volume da amostra /
250 250 250 250 50 50
mL

Temperatura da
35,5 35,5 35,5 41,5 41,5 41,5
Estufa / °C

Tempo de incubação
24 24 48 72 48 48
/ horas

Meio de cultura Ágar m-ENDO Ágar m-ENDO Ágar Enterococcus Ágar m-PAC Ágar m-CP Ágar m-CP

Caldo EC-MUG e Caldo MTS e Ágar Bile


Confirmação CLT e CVB Ágar Cetrimide - Vapor de NH4OH
Luz UV Esculina

Vermelho escuro
Coloração da Vermelho claro ou
com brilho metálico - Preta Roxo Verde
colônia escuro
dourado

Limite
AUS AUS AUS AUS AUS AUS
Microbiológico*
Fonte: do próprio autor.

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